Receita do dia

Torta de carne moída com massa de macaxeira
Ingredientes:
01 ovo
01 cebola grande
02 dentes de alho
02 macaxeiras médias
03 colheres (sopa) de amido de milho
04 colheres de leite em pó desnatado
03 colheres (sopa) de farelo de aveia
02 colheres de farelo de trigo
01 colher (sopa) de fermento em pó
Salsinha e cebolinha a gosto
Sal ou caldo de legumes a gosto
Meio quilo de carne moída refogada com 2 dentes de alho, meia cebola, 2 tomates sem sementes, salsinha e meio caldo de carne ou sal

Porquê Putin?

Vladimir Putin?
Um tirano, um oportunista, um déspota, um anti-democrático, praticamente um ditador segundo os media ocidentais.

Problema: na Rússia, a grande maioria dos eleitores gosta de Putin. E muito até. 

A mais recente pesquisa do Instituto Vciom-Levada, considerado o mais confiável no País, credencia o líder do Kremlin dum índice de popularidade de quase 76 por cento (75,7% para sermos mais precisos). Sim, sem dúvida, o número cresceu após os factos da Crimeia: mas em Maio de 2012 já era 68,8 % e ,em média ao longo dos últimos 13 anos, esse número tem-se mantido mais ou menos estável, sempre acima de 60%.

Comparem com a popularidade dum Barack Obama, por exemplo: nas últimas sondagens (Outubro de 2013), apenas 42% dos entrevistados apoiavam as suas decisões, enquanto 51% declaravam como "não satisfatório" o trabalho do Presidente. O facto é que o Nobel da Paz fica apenas 5% acima do pior resultado de Bush.

Explicação? Complicada, pois as palavras têm um significado muito diferente quando pronunciadas em Lisboa ou em Moscovo.

Democracia? Para os russos comuns, especialmente na periferia do País, muitas vezes é uma palavra suja. A nova classe média? Nas margens do rio Moskva a palavra soa pejorativa. A arrogância do regime contra um оligarca democrático como Khodorkovsky, que queria desafiar Putin nas urnas? Para muitos nas redondezas do Kremlin é um acto de justiça contra os muitos oligarcas enriquecidos nunca saciados de dinheiro e poder.

Ucrânia, Crimeia, o preço do gás que aumenta...quase impossível entender-se.
E tudo começa nos anos noventa.

Na noite de 25 de Dezembro de 1991, os russos não conseguiam dormir. Um dia antes eram cidadãos dum País, a União Soviética, no dia seguinte já não. Foi um choque. Milhões de pessoas de nacionalidade russa encontraram-se abandonadas pela pátria, cidadãos em Países que não os queriam e que, muitas vezes (como aconteceu nas Repúblicas Bálticas), negou-lhes os direitos mínimos de cidadania. Mas não havia nem tempo nem força para lidar com isso.

Logo as coisas começaram a piorar. Chegou a política do Fundo Monetário Internacional, chegaram os Meninos de Harvard, tudo introduzido pelo governo de Boris Yeltsin: liberalização e privatização.

Era chamado de "terapia de choque". Um choque no choque. A promessa era de que, no fim do túnel, haveria um País finalmente livre, democrático e próspero. Os russos confiavam, estavam prontos para sacrificar-se: pensavam que o Ocidente, depois de ter sido capaz de proporcionar bem-estar, democracia e justiça em casa própria, teria feito o mesmo com a Rússia.

A confiança desmoronou lentamente, sob os golpes da realidade.
Cedo percebeu-se que o Ocidente via na Rússia um novo território de conquista.

Sob os olhos de pessoas impotentes, para "o bem do País", as empresas começaram a ser vendidas por um preço próximo do zero, entre 1,5 e 2 % cento do real valor. Ao todo, o Estado conseguiu da operação cerca de 10 % daquilo que poderia (e deveria) ter conseguido com a venda de empresas, bens móveis e imóveis.

As pessoas comuns receberam um pedaço de papel, chamado de voucher, que era o equivalente ao que era considerado "justo" segundo o mercado. Cada voucher valia 10 mil Rublos, 200 Euros no câmbio de hoje. Mas o valor real era muito mais baixo: os voucher eram vendidos nas esquinas em troca duma garrafa de vodka, três mil Rublos.

Como escreve a jornalista Naomi Klein no seu Shock Economy:
Em 1998 mais de 80% das empresas agrícolas russas foram à falência e cerca de 70 mil fábricas estatais foram fechadas: tudo isso resultou numa epidemia de desemprego. [...] 74 milhões de russos viviam abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.

Não havia nenhum trabalho, os rapazes sonhavam a fuga e pediam computador, as reformas estavam atrasadas​​, os salários não chegavam: médicos, professores, engenheiros, quem podia procurava um emprego no estrangeiro.

As filas nas lojas tinham desaparecido, simplesmente porque tinha desaparecido o dinheiro para comprar. Floresciam lojas temporárias, nas ruas, onde tudo era pago em Dólares. Os hospitais nem os lençóis entregavam, o crime floresceu ao ponto que tornou-se muito arriscado sair à noite mesmo numa cidade como Moscovo.

Enquanto isso, o dinheiro foi para ​os bolsos de alguns empreendedores, que tornaram-se bilionários e poderosos, os chamados "oligarcas".

Khodorkhovskij, por exemplo: quando foi preso em 2003, era o dono da Yukos, o terceiro gigante do petróleo do País, e tinha adquirido a empresa através da participação num leilão. Pormenor: ele era o dono do banco Menatep, que tinha organizado o leilão. Assim, conseguiu obter 77% das acções da Yukos com 309 milhões de Dólares. E dado que o valor real era de cerca de 30 biliões de Dólares, entrou directamente na lista dos homens mais ricos do mundo (segundo Forbes).

Isso é o que vêem os russos.
Quando Putin foi para o poder, reencontraram um pouco de confiança.

De acordo com Freedom House e outras organizações sem fins lucrativos, Putin é um político oligárquico e autoritário, com contornos ditatoriais. Putin e o seu governo são também acusados ​​de inúmeras violações de direitos humanos e de limitar a liberdade de expressão.

Pode ser.
Mas agora os russos têm comida nas lojas e dinheiro para adquiri-la. Recebem reformas e ordenados. E também a criminalidade baixou: no ano 2000 houve mais de 41.000 homicídios; em 2010, menos de 19.000.

Segundos o dados da CIA, em 2010 a Rússia tinha 13.1% da população abaixo a linha de pobreza (  2 Dólares por dia): nos Estados Unidos, a percentagem era de 15.1%. 

A Rússia apresenta uma taxa de crescimento entre as mais elevadas no Mundo. 
E ainda não invadiu um País estrangeiro, nem tem tropas que controlam os cultivos de opio.

Há Nobels da Paz que não podem dizer o mesmo.


Ipse dixit.



Nilva de Souza - Minha homenagem a meu pai

Benedicto de Souza - 22/10/1012 - 08/04/2014
Um currículo singelo e exemplar

Minha homenagem ao meu pai

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

101 anos
14 filhos – todos vivos - de sua união com Augusta Rodrigues de Souza - falecida em 1994
34 netos
24 bisnetos
7 tataranetos

Uma das passagens mais lindas da sua vida foi quando, ainda no interior de São Paulo, em Santa Cruz das Posses, região de Ribeirão Preto, onde nasceu, na década de 20, semi-alfabetizado, ganhou uma lousa de um fazendeiro para alfabetizar jovens e adultos.

Ele, que só tinha o primário incompleto, dava aulas para quem não tinha acesso à educação e trouxe esta experiência para São Paulo, ensinando a seus filhos como ajudar na educação do próximo.

Em São Paulo morou a princípio no bairro de São Judas Tadeu/Jabaquara, mudando para a Vila Dalila em 1959, onde viveu por 55 anos, e costumava dizer a todos que era aqui na Vila Dalila/Vila Matilde que estava sua vida e seus amigos.

Foi coletor de lixo, desde a época das carroças com burros, passando pelos caminhões basculantes , entre outras atividades. Sempre reforçou aos filhos que todos os trabalhos são dignos e honrados, desde que feitos com honestidade.

Ele sempre nos dizia : “ Estudem, a educação é a única coisa que eu posso deixar de herança pra vocês”

Era um excelente frasista e cada frase sintetizava seus ensinamentos e experiência de vida. E assim era reconhecido por seus familiares, amigos, vizinhos. Era comum ouvirmos da boca das pessoas a última frase que ele havia dito depois de conversarem. “Como disse o seu Dito: devagar e sempre” e outras.

Chegou aos 101 anos e no Centenário explicou com suas frases como chegou aos 100.

- Devagar e sempre, alegre e contente, foi assim que eu cheguei aos 100 (ensinando prudência e gratidão pela vida).

- E vamos que vamos, porque se não formos ficamos e quem fica não vai. Quem fica parado não sai (ensinando a olhar pra frente e seguir adiante).

- Eu nasci só, mas eu sou nós (ensinando solidariedade e empatia).

- Enfim, eu sou eu, e não o que eu quero ser (aceitação de si e dos fatos da vida).

- E nem tampouco o que os outros dizem ( seguir à frente, com confiança sempre, pois sempre alguém irá discordar do caminho que escolhemos trilhar).

- Criando novas amizades, com sinceridade (a importância de termos e sermos amigos leais, fiéis).

- Nunca fiz o que eu quis, sim o que eu pude e devia fazer (fazer o melhor possível no que for possível fazer ).

- Com o respeito e o amor na frente (fazer tudo com amor e respeito).
- E continuo assim, para que não falem mal de mim.

- Todo pau pintado é bonito (ensinando que não basta ser bonito por fora, que o que vale é a beleza interior).

Nos últimos tempos, já conformado por andar doente e depender de outros para sua locomoção, quando perguntado como estava e se queria ir a algum lugar, respondia : “Estou como posso” e “Vou aonde me levarem”.

Ensinou-nos a fé e a gratidão a Deus. Pôs em prática seus ensinamentos “Fazer o bem sem olhar a quem, fora da caridade não há salvação, e amar ao próximo como a si mesmo".

Obrigada / obrigado – pai, avô, bisavô, tataravô pelo seu legado – O GRANDE EXEMPLO DE VIDA.

LUTO: Para ele um verbo
Para nós, saudades
Saudades eternas da família Souza

Roberto Freire, Alckmin e a "nova política" de Campos e Marina

Eduardo Campos mal teve tempo de celebrar a confirmação de Marina Silva como sua vice e já está às voltas com um problema mal resolvido de sua coligação. Nesta segunda-feira, dia em que se dissiparam as dúvidas quanto à ordem dos nomes na chapa, o presidenciável do PSB foi instado pelo deputado Roberto Freire, presidente do PPS, a reconsiderar a decisão de lançar um candidato próprio ao governo de São Paulo, como defende Marina.
Integrante da minúscula coligação de Eduardo Campos, o PPS deseja um acordo com o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. “Qualquer candidatura que for criada no improviso, seja pela Rede seja pelo PSB, não terá o efeito de uma aliança com Alckmin”, disse Freire ao blog, confirmando que reabriu o debate em conversa com Campos.
Freire diz estar convencido de que a sucessão de 2014 será decidida pelo eleitorado de São Paulo. E acha que, se quiser entrar na briga para valer, Campos não pode improvisar no maior colégio eleitoral do país. “O Eduardo tem perspectivas de crescer. Eu disse a ele que não dá para imaginar uma disputa real pelo poder ficando isolado com uma candidatura inexpressiva em São Paulo.”
Alckmin deseja o acordo com o PSB. Não desistiu de organizar um palanque duplo — com Campos e o presidenciável do PSDB, Aécio Neves. O governador tucano já havia oferecido a vaga de vice na sua chapa para o deputado Marcio França, seu ex-secretário de Turismo e presidente do diretório paulista do PSB. Ante a resistência de Marina, Alckmin sinalizou a disposição de ceder também a vaga de candidato a senador.
“Mesmo com todos os problemas, o Geraldo concentra ao seu redor uma estrutura de poder, é uma força política que tem representatividade, é democrática e convive bem com setores de esquerda”, afirmou Freire. “Não há razão para não marcharmos junto com ele. É isso que eu defendi junto ao Eduardo.”
E qual foi a resposta? “Ele diz que gostaria de buscar algo ‘novo’ em São Paulo. Mas não está excluindo a outra possibilidade. Sinto que a preocupação com o ‘novo’ é uma questão política que o Eduardo levanta. Diria até que o problema não é Marina. Até porque Marina sabe que não tem uma candidatura consistente em São Paulo.”
A seção paulista do partido de Freire já tomou sua decisão. Em São Paulo, o PPS manterá sua aliança com Alckmin mesmo que os parceiros PSB e Rede insistam em lançar um candidato próprio ao governo do Estado. Na conversa com Campos, Freire aconselhou-o a “levar em conta que Aécio está imprimindo um bom comando à sua campanha, fechando bons acordos. Já não está isolado no Rio. E fechou um bom entendimento na Bahia, o quarto colégio eleitoral do país.”
Não fosse por outras razões, prosseguiu Freire, o desempenho de Aécio reforça a necessidade de Campos de “ter uma presença maior em São Paulo.” O presidente do PPS pensa em voz alta: “O Alckmin já percebeu que é bom para a reeleição dele ter a presença dos dois candidatos de oposição do seu lado. Para o Eduardo também seria ótimo. Pode não ser muito bom para o Aécio.”
São Paulo foi tema de outra conversa mantida por Eduardo Campos, dessa vez com Márcio França, o dirigente do PSB paulista que Alckmin gostaria de ter como vice. Desde que o nariz torcido de Marina conduziu o partido para a tese da candidatura doméstica, França declarou-se, ele próprio, candidato. Fez isso para evitar que a opção recaísse sobre um nome vinculado à Rede —Walter Feldmann, por exemplo.
Segundo apurou o repórter, Campos sondou França sobre a hipótese de ele trocar a candidatura ao governo de São Paulo pela coordenação da campanha presidencal do PSB. Conforme relato que fez a amigos, o deputado afirmou que, se recebesse o aval do partido para aceitar a posição de número 2 na chapa de Alckmin, poderia conciliar as duas atribuições.
Porém, se a opção de Campos for mesmo pelo lançamento de um candidato próprio em São Paulo, França prefere manter seu nome na disputa, a despeito de avaliar que a tarefa será inglória. Sem o apoio do PPS e com escassos 50 segundos de propaganda no rádio e na tevê, o PSB iria à briga de São Paulo como um fiasco esperando para acontecer.
E se lançássemos em São Paulo a candidatura de Luíza Erundina?, perguntou Campos em privado. Recordaram-lhe que a octagenária Erundina talvez não seja enxergada pelo eleitorado como a encarnação do “novo”. De resto, embora seja amiga de Marina e desfrute do respeito de todos, Erundina não parece disposta a arrostar o desafio de uma campanha para o Palácio dos Bandeirantes.
De concreto, por ora, apenas a impressão de que, na campanha de Edurardo Campos, São Paulo é um palanque por fazer. No dizer de Roberto Freire, não houve, ainda uma mudança. “Mas Eduardo pelo menos começou a dialogar e não deixa de levar em consideração que Alckmin é uma alternativa”.
por Josias de Souza

São as ideias

Dois homens iam andando por uma estrada, cada um com um pão, ao se encontraram, trocaram os pães, cada um foi embora com um.

 
Se dois homens forem andando por uma estrada, cada um com uma ideia, e, ao se encontrarem, trocarem as idéias, cada um vai embora com duas.

A origem da impopularidade do PSDB

A origem da economia impopular do PSDB
Como o próprio nome indica, medidas impopulares irão comprometer consumo, emprego e salário
por Paulo Moreira Leite na IstoÉ

Aos poucos, começa a se desfazer o mistério em torno do pacote de “medidas impopulares” que Aécio Neves prometeu  apresentar durante a campanha presidencial.
Numa nota de 6 de abril, eu já havia cobrado uma definição a respeito.
Nos dias seguintes, outros comentaristas e até politicos fizeram o mesmo.
Responsável pela area economica da campanha de Aécio,  Armínio Fraga acaba de explicar o eixo das “medidas impopulares” em entrevista ao Estado de S. Paulo. Ele disse:
 O  Brasil precisa também adotar um limite para relação gasto público e PIB."
Por lei?, perguntam os repórteres?

“Por lei ou por decisão de governo, num primeiro momento. Mas é preciso trabalhar para isso.

Qual seria o teto de crescimento do gasto público?

“Os gastos teriam que crescer igual ou abaixo do PIB. E na trajetória que está os gastos crescem mais que o PIB. “

Com palavras técnicas, o que se anuncia é uma ofensiva à  política de preservação do emprego e melhoria da renda dos últimos anos.
É claro que, comparando com aquilo que se viu e se fez entre 2003 e 2010, pode-se fazer muitos reparos a economia de hoje. Não é este o debate quando se fala em limite para gastos publicos. 
Com o argumento de que é preciso combater a inflação,  pretende-se desestimular o crescimento, e, pela via mais selvagem,  reduzir o consume, medidas  que, classicamente, costumam fazer os preços cairem.
Embora a inflação preocupe todo cidadão que vai às compras, é preciso em primeiro lugar não confundir realidade com propaganda política.
A inflação média de Dilma Roussef é de 6,1%. A de Lula foi de 5,7%. A de Fernando Henrique, 12,5%. E se você acredita que ah, no tempo de Fernando Henrique havia a crise cambial, a hiperinflação, blá, blá, blá, cabe recorder que desde  2008 a humanidade convive com a pior – e mais prolongada – recessão do sistema capitalista em 90 anos.  E não é difícil associar essa crise prolongada, catastrófica, a política de austeridade, corte de gastos e redução de consuma aplicada a União Europeia, endereço do maior PIB do planeta.
Os  numeros que comparam a media de inflação brasileira dos três últimos governos mostram que o esforço para apontar  a alta de preços como uma decorrência automatica de políticas de defesa do emprego e do crescimento é uma construção retórica de quem pretende elevar o desemprego e diminuir a renda – mas reconhece a dificuldade para se defender essas medidas às claras, num regime democrático, onde cada eleitor vale 1 voto.  
A inspiração política para o controle de gastos em lei nasceu nos Estados Unidos, no interior do núcleo mais radical e conservador do Partido Republicano.
Sua matriz ideologica encontra-se na chamada escola austríaca de economia, um reduto de fanáticos pelo Estado mínimo que se dedicou a combater as ideias de John Maynard Keynes por várias década, até conseguir instalar-se na Casa Branca com a vitória de Ronald Reagan, nos anos 1980.
O patrono desse mundo mental é Friederick Hayek, economista de ideias muito primitivas. Para ele, as medidas de bem-estar social que dão bases materiais a democracia, sob o regime capitalista, não passam de um caminho transitório para uma ditadura comunista. Para Hayek, mercado é sinônimo de liberdade e o estado, de opressão. As classes sociais são uma ficção e cada indivíduo é soberano sobre seu destino. Nada mais 1%, vamos combinar.
Não por acaso, no atual universo ideológico dos Estados Unidos, os adversarios de politicos moderados e amedrontados como Barack Obama gostam de chamá-los de comunistas e leninistas.
A partir da versão original da lei que criou um limite para o endividamento publico, os republicanos transformaram a população do  país em refém de uma chantagem política, explica o Premio Nobel Paul Krugmann. Isso porque o Tea Party consegue aplicar a linha mestre de seu pensamento econômico mesmo quando se encontram fora do governo.
Este milagre da anti-democracia funciona assim:  ou os governantes – republicanos ou democratas– aceitam cortar gastos  por vontade própria, ou o Estado é paralisado por força da lei e o president pode até sofrer impeachment se tentar gastar o que não pode.  
A austeridade, assim, deixa de ser uma opão que pode ser aceita, ou não, pela maioria dos cidadãos, para se transformar numa política compulsória do Estado. Da mesma forma que se deve punir homicídios e roubos, por exemplo, deve-se combater gastos acima do limited definido.
Não estamos falando da classica medida de apertar os cintos que os governantes podem aplicar em momentos de crise – como Antonio Palocci realizou no início do governo Lula, por exemplo – mas na institucionalização permanente de um programa de crescimento baixo e recessivo, e todas as consequências malignas daí decorrentes.
Deste ponto de vista, a condução da política economica deixa de ser um assunto da maioria dos cidadãos, para se transformar numa questão de contabilidade.
Pouco importa se o governo eleito é favorável a uma política expansionista. De nada adiante o cidadão preferir o candidato x ou y. O limite de gastos autoriza o calote e a falência como medidas administrativas e não como uma decisão política.  
Explica Krugman:
“Os republicanos ameaçaram bloquear a prorrogação dos cortes de impostos para a classe média a menos que Obama cedesse e concedesse prorrogação semelhante aos cortes de impostos que beneficiam os ricos.”
A quem pergunta como isso foi possível, Krugman explica:
“a resposta está na radicalização do Partido Republicano; Normalmente, um partido que não controla nem a Casa Branca e nem o Senado reconheceria que não está em posição de impor sua agenda ao país. Mas os modernos republicanos não acreditam em seguir as regras normais.”
Krugman explica:  ao atingir o limite de suas dívidas, o governo é forçado a deixar de pagar tudo aquilo que estiver além. O Premio Nobel pergunta: “o que governo deixará de pagar? Suspenderá o envio de cheques de aposentadoria? Deixará de pagar os médicos e hospitais que tratam pacientes cobertos pelo programa de saúde Medicare? Deixará de pagar os fornecedores de combustível e munições às forças armadas? Ou suspenderá o pagamento dos juros da dívida pública?”
Avaliando o impacto dessas medidas, Krugman explica:
“E que efeito teria essa suspensão de pagamentos sobre a economia? Nada de bom. O consumo provavelmente despencaria, porque os idosos, preocupados, não saberiam como exatamente pagar seus aluguéis e sua comida. As empresas que dependem de contratos governamentais teriam de demitir funcionários e cancelar investimentos.”
Traduzindo essas medidas para o Brasil, 2015, só há uma grande diferença a constatar. O desastre seria muito maior.
Isso porque no Brasil o papel do Estado no investimento publico  -- e também em áreas como saúde publica, ensino universitário, sem falar em investimentos de infrastrutura – é muito mais importante e decisivo.
    Pode-se prever, assim, uma campanha de duas faces em 2014.
    Propostas impopulares podem ser discutidas, às claras, nos circulos elitizados do país. Eles não farão sacrifícios. Não vão perder empregos nem diminuir as perpectivas melhores para seus filhos e netos. Podem apoiar medidas duras – seus defensores chamam de corajosas, o que é confortável, pois  envolve dores alheias --  e sustentar candidatos que irão defendê-las. Mas é claro que essa discussão, de caráter técnico, não terá traduzida de forma a ser compreendida pelo cidadão comum.
   O projeto de economia impopular brasileira pode prosperar, em 2014, porque conta com a cobertura dos meios de comunicação. A maioria evita todo debate e encobre as consequencias do que vem por aí.
   Faz o possível para esconder o conflito de interesses sociais em jogo, permitindo a oposição apresentar sua plataforma antipopular com ares de verdade científica. Sem o mais leve pudor, sem sequer a compaixão universal pelos que têm menores oportunidades e serão atingidos por medidas de austeridade, os jornais e revistas do país repetem o comportamento do Partido Republicano nos Estados Unidos: tornam-se mais radicais a cada eleição.
Em março de 2010, na abertura da campanha pela sucessão de Lula, a postura política dos meios de comunicação foi expressa com toda clareza por Judith Brito, superintendente da Folha de S. Paulo e presidente da Associação Nacional dos Jornais. Há quatro anos, ela já explicava a opção para auxiliar uma oposição – sem voto.  
--A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada 

Autores na internet


Do amigo (e leitor) Enondino, vem uma mensagem para refletir sobre a 'nossa' omissão em relação a fatos que de alguma forma representam a angústia da sociedade contemporânea, a violência que campeia, por exemplo. O texto, na sua integridade, apoia-se em poemas equivocadamente (ou má-fé?) atribuídos a Maiakóvsky, Jorge Luís Borges e Bertold Brecht.
 
Desde que, por inevitável, incluí a Internet como meio de minhas leituras diárias, há muitos anos, deparo frequentemente com essa experiência, um desserviço à literatura e  --  por que não dizer?  --  um tipo de acinte contra a cultura intelectual das pessoas. Os casos mais comuns, pelo que já pude constatar, envolvem, no Brasil, nomes de poetas conhecidos, como Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Vinicius de Moraes e, o que me chama mais a atenção, o alemão Bertold Brecht, o argentino Jorge Luís Borges e o russo Vladimir Maiakóvsky. 
 
Ao último, quase sempre, é atribuída a autoria do poema No caminho com Maiakóvsky, com alterações estruturais que comprometem a sua qualidade, que é indiscutível, diga-se em tempo, na forma como o produziu o poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa: 

"[...] Tu sabes, / conheces melhor do que eu / a velha história. / Na primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor / do nosso jardim. / E não dizemos nada. / Na segunda noite, já não se escondem: / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada. / Até que um dia, / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz e, / conhecendo nosso medo, / arranca-nos a voz da garganta. / E já não podemos dizer nada."