CPI da Copa - se manca senador

Álvaro, os Marinhos vão depor na sua CPI? Os variados necrológios da seleção brasileira erram o alvo. Em nenhum lugar do mundo, muito menos nos decantados campos da Europa Setentrional, existe essa relação promíscua, genética, entre o futebol nacional e uma única emissora privada de televisão. Não adianta vir com as excelências do Bayern ou do Klose. Na Alemanha não tem Rede Globo. É uma excrescência brasileira – uma jabuticaba que cheira mal. A Globo manda na seleção, na CBF e no Campeonato Nacional. Faz ídolos que estão por provar-se – como o Neymar – , desfaz técnicos, marca a hora dos jogos, usa o BV para acorrentar os clubes e passar mel nos cartolas. Qualquer tentativa de reformar o futebol brasileiro depois dos 7 a 1 que omitir o papel nefasto da Globo é puro oportunismo – ou udenismo. Por exemplo: o Álvaro Dias, esse notável contribuinte da Receita Federal, que aparece nos telejornais da Globo mais do que o Alexandre Maluf Garcia. Esse impoluto senador, também chamado de Catão dos Pinhais, tem mania de CPI. Basta ler uma manchete do Globo que ele pede uma CPI. É um exercício pavloviano, que alimenta o Golpe: o Globo escrito faz a denúncia, o Álvaro Dias pede uma CPI, a Globo dá repercussão no jornal nacional, o Globo dá repercussão à Globo, e assim gira o Golpe. No twitter, se soube que o Catão dos Pinhais quer uma CPI para apurar a debacle e os gastos da Copa. Engraçado. Tão engraçado quanto aquela declaração dele, que corre as redes sociais: já está claro que não vai ter estádio, papel higiênico nem apito. E os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – , vão depor na sua CPI, senador ? Ou o senhor acha isso aqui engraçado, também? Faltou: Programa do Neymar; Altas horas Neymar; Neymar de gala; Telecurso Neymar; Caldeirão do Neymar; Domingão do Neymar; Neymar Espetacular; Neymartástico; Neymar Estrelas; Central do Neymar; Bem estar Neymar. Senador Álvaro Dias, o Heitor Cavalcante, nosso amigo navegante, responsável por essa grade de programação da Globo Overseas vai acompanhar a sua CPI com minuciosa atenção. Leia também: Palavras de mudanças

Jânio de Freitas - Palavras de mudanças

A variedade dos adjetivos foi pequena. Não por escassez vocabular de quem os emitiu nos jornais e nas emissoras, mas porque o acontecimento não suscitava mais do que palavras com força dramática. E todas serviram para conduzir à mesma ideia, também expressa com pequena variedade: é preciso mudar tudo no futebol brasileiro, que seja o fim de uma era, é o momento de iniciar uma ressurreição. A ideia é o que importa, e é boa. Para torná-la real, nada seria mais eficiente do que começar pelos que a propõem. A imprensa e os jornalistas são muito democráticos: têm a convicção de que tudo e todos são sujeitos à crítica. Desde que não sejam a imprensa e os jornalistas. Apesar disso, é preciso dizer que os mal denominados meios de comunicação têm uma parcela --de difícil mensuração, mas não pequena-- nas causas do que está chamado de "humilhação, catástrofe e vergonha". E parcela maior no choque emotivo das pessoas em geral, reação que corresponde à expectativa esperançosa de que estiveram imbuídas. Jogadores justificam ou não as expectativas boas ou ruins. Não pregam, porém, ânimos ou desânimos coletivos, sejam ou não fundados. Quem pode fazê-lo são outros. E são muitos os que fazem e por diferentes maneiras. Não cabe dizer que os torcedores são dependentes das induções, porque nos esportes têm a possibilidade do testemunho que lhes falta na política. Mas a verdade é que são cabeças e almas muito sugestionáveis, muito sensíveis ao estímulo a paixões. (Dizem que é uma característica dos povos latinos, mas basta uma olhada na tendência dos americanos para os fanatismos, patrioteiros e outros, e constatar que não temos exclusividade na matéria). E foi isso o que se viu, com origens também perceptíveis. Antes e depois de iniciada a Copa, o nível médio da franqueza foi muito baixo nos comentários sobre a seleção, em contraste com a crítica, em âmbito privado, de muitos dos mesmos autores profissionais. Ou pelo que transparecia nas entrevistas de seu trabalho público. Os amistosos com timecos, inclusive já às vésperas da Copa, com Sérvia e Panamá, prenunciaram o que viria depois. A contenção das análises naquele antes também se mostrou no depois. Já a escolha de Felipão contrariara a amplíssima preferência por outro treinador, talvez Tite, sem que isso se mostrasse com firmeza na imprensa esportiva. Os fatos mostraram que a preferência era justificada, e fez falta. Se o tempo de vida em contato com a imprensa e com a opinião pública vale alguma coisa, é a partir dele que concluo pela contribuição da baixa média de franqueza crítica para a ocorrência do desacerto, continuado e progressivo, que levou à "vergonha". E do mesmo modo se faz a minha convicção de que o ambiente ficou livre para que a falta de observações firmes, a tendência nacional ao oba-oba e os interesses comerciais se juntassem na criação do otimismo mentiroso. Logo, também na decepção doída como um luto. O jornalismo brasileiro está precisando de uma reviravolta mais ou menos como a pedida para o futebol. A na área dos esportes, que poderia ser iniciada com menos obstáculos. Até porque a Olimpíada vem aí. Ainda sobre a adjetivação da goleada engolida, sua destinação pareceu transbordar do alvo justo --a comissão técnica e os jogadores. Nada de "vergonha" ou "humilhação" nacional. Para os brasileiros, a derrota foi não mais do que estonteante. E não para todos. No curto tempo entre o fim do jogo e a edição dos jornais, segundo certo noticiário, o governo foi capaz até de projetar uma nova "estratégia", que "agora é colar sua imagem apenas à organização". Isso é que é governo veloz, segundo o emitido "sinal de alerta" (na expressão idêntica da Folha e do "Globo") decorrente do "temor" e do "mau humor" que a derrota instalou no Planalto. Leia Também: O papel de um Pai

O único dedo que aponto é para mim mesmo. Sempre.

Quando escrevo denunciando um tipo de comportamento, quando escrevo sobre ser prisioneiro do padrão de beleza da mídia, sobre narcisismo e autocentramento, sobre patriotismo e preconceito, não estou nunca escrevendo de cima para baixo, como um guru intocável que conseguiu atingir um comportamento ilibado falando para as pobres coitadas lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação. Pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do meio da multidão, como mais uma rota entre tantas esfarrapadas; estou falando justamente da batalha diária que travo comigo mesmo, todo dia, o tempo todo, para ser uma pessoa menos escrota, menos conformista, menos egoísta, menos superficial, menos vaidosa. O único dedo que aponto é para mim mesmo. Sempre. Se a carapuça que escrevi para mim também servir em vocês, melhor ainda. Quem sabe não conseguimos juntos virar pessoas humanas menos desagradáveis? Não sou guru, não sou perfeito, não sou generoso. Sou profundamente egoísta, patologicamente vaidoso, intrinsecamente autocentrado, fundamentalmente preguiçoso. Mas, e essa é minha esperança, talvez não para sempre. by Alex Castro Leia Também: A vida tem um sentido coletivo

Como usar o Google Now

Conheça todos os recursos O Google Now é uma das ferramentas mais práticas desenvolvidas recentemente pela gigante norte-americana. Com ele é possível procurar por tudo usando um simples comando de voz no tablet ou no smartphone. Há pouco tempo o Google liberou uma atualização que permite à ferramenta atender aos comandos de voz em português, uma ótima novidade para nós, brasileiros. Conheça os principais comandos do serviço!

Leia Também: Novo SO da Google


Pátria sem chuteiras

Ontem morreu o Brasil naif, aquele em que uma bola rolando desmanchava qualquer desdita. Perder faz parte. Perder de sete encerra o mito. Não somos mais diferenciados pela própria natureza, principalmente, não temos mais a patente de melhor futebol do mundo. A pátria tirou as chuteiras. Entramos de pés descalços na descrença e no azedume deste século – que, na verdade, começou no final do século passado, quando foi-se a União Soviética e o muro de Berlim. O 11 de setembro de 2001 zerou também o grande mito da América protegida por um sistema de defesa imbatível. Edward Snowden apagou a luz. Heróis e mitos vão morrendo na overdose da vida online. Ninguém resiste ao tapete levantado. Com todo respeito e deferência aos milhares de mortos, nosso 11 de setembro foi o 8 de julho. Não pela dimensão da tragédia, mas pelo significado de fim do mito. O futebol que nasceu bretão perdeu ontem a cidadania brasileira. Junto vão-se também as crenças no jeitinho que da jeito pra tudo, na ginga capaz de driblar até vudu. Não só no futebol. Os tempos são outros. O mundo é menor, mais feio e mais chato. Não há mais (muitas) crenças. A desconfiança é geral e irrestrita. Nós brasileiros que, mesmo ressabiados, por alguns dias, esquecemos desditas, deixamos a bola rolar e surfamos na alegria da Copa, caímos na real. Não dá mais pra ser naif. Nem aqui, nem na China. Acabou o feriadão. Drummond ajuda? “E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, o povo sumiu (...) e agora, José? e agora, você? ...” Tânia Fusco - jornalista. Leia Também: Argentina x Alemanha

Argentina x Alemanha

Por força do meu destino Prefiro um tango argentino A um canto germany Leia Também: Cinismo do pig fez gol de placa

Eu gosto de ler a coluna de Reinaldo Azevedo

O porta-voz da covardia da direita

Não, não se surpreendam: gosto de conhecer, dito com sinceridade, o pensamento hidrófobo que domina a mente brasileira e que é amenizado e envolvido em palavras bem mais gentis ou, se quiserem, aparentemente mais civilizado.
Reinaldo, não: é a expressão crua e babujante do ódio, própria daquela espécie com que ele foi comparado até por colunistas conservadores.
Ontem e hoje, talvez não haja um brasileiro, inclusive este blogueiro,  que não tenha criticado – e com toda a dureza  natural da nossa frustração – que  a seleção brasileira e, sobretudo, o seu comando técnico.
Acabei de fazê-lo, no post anterior e há erros a serem cobrados e corrigidos.
E coisas inexplicáveis, como não “parar” o jogo no meio daquele vendaval alemão, com uma comissão técnica que tem décadas no mundo manhoso do futebol.
Eu mesmo escrevi aqui que o “politicamente correto” – e Felipão sempre foi dócil a ele, ao contrário do massacrado Dunga, por desastre muito menor – tinha grande parcela de culpa no desastre.
Não é incomum, desde as antigas mesas-redondas de futebol, que estas cobranças sejam duras e as críticas, ácidas.
Mas “a voz sincera do PSDB” revela com toda a crueza e animalidade a imensa satisfação com que eles receberam o desastre do  time brasileiro, porque destila veneno e mal disfarça a alegria com algo que doeu muito fundo em quase 200 milhões de brasileiros.
Ele se espalha na mais sórdida agressividade e desrespeito pessoal.
Pouco falta para chamar Luís Felipe Scolari de “agente de Dilma Rousseff” e do petismo.
O sucesso ou insucesso de uma seleção de futebol no país do futebol pertence a todos.
Mas Reinaldo reage com um “bem-feito”, um “eu disse” , “eu já sabia”  que não lhe escondem o prazer em, para alcançar uma improvável sucesso eleitoral, comemorar a tristeza dos brasileiros.
E desenha, à vista de todos, o que é a direita brasileira.
by Fernando Brito