- (...) “Não tenho esse tipo de prática [receber doações ilegais]. Não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro, porque não houve. Segundo, porque, se insinuam, alguns têm interesses políticos”
- "Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que resistir, porque se não você entrega seus presos"
Dá-lhes Dilma
O investimento do Brasil em infraestrutura só perde para a China
Eleição 2018 já começou
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Grécia: Soberania x Submissão
O próximo golpe
A manchete popular e o dilema do PT
Autor: Fernando Brito

Lembro de quem me contou – o coleguinha Sílvio Paixão, já falecido – e do personagem – o editor Flávio Brito – mas não recordo se foi na Última Hora ou em O Dia – para quem não conhece, um jornal popular do Rio de Janeiro.
Silvio me disse que, antes de mandar "descer" – ir para a oficina gráfica – a manchete, Brito a submetia a um "tribunal" dos contínuos da redação. Se não fosse entendida de imediato, ia para o lixo.
Lembrei-me agora cedo disso, ao ler a coluna de Ricardo Mello, na Folha – cujo trecho inicial, sobre a delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa – deixo para comentar em outro post.
Ao falar das críticas de Lula ao comportamento de muitos petistas, toca num ponto essencial: "baboseiras como governabilidade, superavit primário e obsessão inflacionária são tão convincentes e inteligíveis quanto um alemão de bolso cheio discursando para gregos em petição de miséria".
Obvio que Mello não acha nenhuma das três "baboserias" , baboseira no sentido macroeconômico. Mas, sim, que soam como "baboseiras" para quem tem de enfrentar aumentos impiedosos a cada ida ao supermercado, ora recusando os oito reais do tomate – ou dois reais, depende do dia da "loteria" aquisitiva – os seis da cebola, os quatro ou cinco da batata.
Ou que só recebe notícias da ação do governo quando se trata de cortar ou não conceder benefícios, sejam trabalhistas, sejam previdenciários, seja dos programas de financiamento público da educação (Fies, Pronatec, etc…), enquanto "o Mercado" recebe juros mais altos pelo capital e vamos queimando nossos saldos pagando-os em velocidade muito maior do que aquela em que se cortam despesas.
É absolutamente pertinente a pergunta atribuída a Lula: "há quanto tempo não damos uma notícia boa?".
Ora, se não se mostram razões ou soluções para os problemas que a população enfrenta no seu cotidiano – algo que se rejeita em nome do horror elitista que o PT absorveu em relação ao "populismo" – a que pretendem que as pessoas simples compreendam que eles derivem de algo que não seja "a roubalheira" que a mídia esfrega diariamente no rosto, fazendo com que os milhões surrupiados por Paulo Roberto Costa sejam muito, muito maiores que os bilhões que nos surrupia o mercado financeiro?
Reproduzo o que disse, muito bem, Ricardo Mello:
"Na última semana, Lula soltou o verbo. Lamentou que seu partido parecesse mais interessado em salvar a pele e segurar cargos do que em defender um projeto.
Esse é o ponto. Qual o projeto do PT hoje? Será possível mobilizar a militância para defender cortes em educação, habitação, saúde, em direitos trabalhistas, nas aposentadorias? Lula pode ser –e é– um excelente orador. Mas sem a "mistura", como se diz na casa de gente de carne e osso, o arroz com feijão perde o encanto.
O problema do PT não é a idade dos militantes –embora o afastamento da juventude seja sintomático. Vale a pena citar o professor Paul Singer: "O que acontece é luta de classes. Trabalhadores assalariados e patrões capitalistas têm interesses opostos." Singer tem 83 anos, mas preserva intacta a juventude de raciocínio. Em outras palavras, falta um programa coerente ao partido. O que temos para hoje é uma antítese da pregação original. Uma salada de projetos de longuíssimo prazo condimentada com sacrifícios de curtíssimo prazo para a maioria.
Cabe ao PT mudar a receita se quiser enfrentar uma luta política cada vez mais agressiva. Bem entendido, isso não é garantia de nada após tantas derrapadas. Mas ao menos manteria a legenda dentro do jogo com um discurso definido.
Baboseiras como governabilidade, superavit primário e obsessão inflacionária são tão convincentes e inteligíveis quanto um alemão de bolso cheio discursando para gregos em petição de miséria."