Wadih Damous: a Lava Jato age como milícia

Antes de mais nada é preciso dizer, como bem fez outro dia o jurista Marcelo Semer, que a operação lava jato é apenas um nome fantasia. Procuradores, delegados e magistrados que a compõem ou a compuseram são servidores públicos e como tal sujeitos aos deveres e responsabilidades inerentes ao exercício da função pública.

Isso pode parecer básico em um primeiro momento, mas não é a conduta seguida pelos integrantes de dita operação desde o seu início. Esses servidores agem como se estivessem em um órgão paralelo do Estado, sem regras, sem leis, sem observância de códigos de ética profissional à semelhança de agrupamentos milicianos que acusam, julgam e punem terceiros investidos de uma jurisdição extralegal e, portanto, superior e em confronto à estrutura administrativa do Estado. O Ministro Gilmar Mendes caracterizou tal comportamento como típico de gangsteres e nominou os que o adotam como cretinos.

O mais recente exemplo desse completo descontrole na investidura do exercício da atividade estatal é a tentativa de servidores (procuradores) da operação lava jato acessarem as custas ou os rendimentos de condenações e acordos que sejam resultantes de sua fiscalização ou julgamento, para deles fazer o que bem entender. A cifra, pelo que foi noticiado, é de 2,5 bilhões de reais que iriam para os procuradores da equipe de Deltan Dalagnol utilizarem em uma entidade privada a ser criada por eles próprios.

As raposas tomam conta do galinheiro (e dos ovos de ouro), por Rafael Patto










A sanha privatista dessa corja que 57 milhões e 700 mil imbecis colocaram no poder é inacreditável. Nunca vi tamanha esganação:
  • "Cerca de 40% a 50% do funcionalismo federal irá se aposentar nos próximos anos, e a ideia é não contratar pessoas para repor. Vamos investir na digitalização." (paulo guedes, ministro da economia, em 15/03/2019)

Patranha que previa Fundação da Lava Jato foi suspensa








O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu hoje sexta-feira (15/03) o acordo espúrio entre a força tarefa de Lava Jato e os EUA que pretendia criar uma Fundação para que os procuradores da quadrilha de Curitiba administrassem mais de 1,250 bilhão. Também foi decidido que os 2,5 bi depositado numa conta da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Por enquanto, e pelo andar da carruagem, os moralistas sem moral da republiqueta de Curitiba (Dallagnos e sua turma) vão ficar xupando os dedos, sentindo o gostinho ruim de que lhes tomaram o doce.

Bem feito.

Vida que segue

Bolo mole da Vovó Briguilina








Ingredientes
3 ovos
1 xícara de acúcar
4 xícaras de leite integral
1 lata de leite condensado
100 gramas de coco ralado
2 colheres (sopa) de margarina
2 xícaras de farinha de trigo sem fermento

Como fazer
Reserve o coco para colocar na massa apenas depois de bater bem todos os outros ingredientes no liquidificador. Unte uma forma com margarina e farinha de trigo. Leve ao forno (pré-aquecido) deixe até dourar. Espere esfriar e bom apetite.

Vida que segue

Tijolaço: Laudos encobrem evidências de chacina em favela do Rio

Está aberto para não-assinantes e é leitura imperdível, embora repugnante, o relato do repórter Caio Barreto Briso, da revista Piauí, sobre como os laudos cadavéricos dos mortos na chacina policial no morro do Fallet, em Santa Teresa (RJ) encobrem o fuzilamento brutal de 15 pessoas, ocorrido no mesmo dia em que o país, comovido, estava voltado para os meninos mortos no CT do Flamengo.
Reproduzo os dois primeiros da reportagem, que pode (e deve) ser lida aqui, na íntegra.
Felipe Guilherme Antunes queria deixar o morro do Fallet e levar a família para Vassouras, terra da avó materna, mas acabou na gaveta 582 do Cemitério São João Batista. No dia 8 de fevereiro o rapaz de 21 anos tornou-se o cadáver 5857/2019, número do laudo de necropsia no Instituto Médico Legal. Dois vídeos aos quais piauí teve acesso, gravados naquele dia por uma funcionária do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio de Janeiro, revelam o estado do corpo de 1,60m. Cheio de feridas, o cadáver tem sangue no rosto, no nariz e nas orelhas, marcas no pescoço e no peito, cabeça inchada, com um lado mais fundo que outro. Um tiro perto do coração. Os vídeos mostram o resultado mais brutal da operação policial que matou quinze pessoas na manhã daquela sexta-feira: Felipe estava eviscerado, com os intestinos totalmente expostos, em cima da barriga. Um mês depois, ainda não se sabe como isso aconteceu. Oficialmente, não aconteceu.
“Cadáver de um homem pardo”, diz o laudo feito no dia seguinte. Embora tenha observado “bom estado nutricional”, “cabelos castanhos curtos”, “barba e bigode” no cadáver, o perito legista Reginaldo Franklin Pereira, ex-diretor do Instituto Médico Legal, não mencionou que as vísceras de Felipe estavam para fora. O documento de quatro páginas diz que o corpo foi atravessado por sete tiros de fuzil, que provocaram catorze feridas no crânio e no tronco – sete marcas de entrada, sete de saída. Segundo a análise, as balas vieram de todos os lados: de frente para trás, de trás para frente, da esquerda para a direita, e o inverso. Acertaram cabeça, pulmão esquerdo, coração, diafragma, fígado, estômago e alças intestinais. Três tiros deixaram rastros de pólvora, o que significa que foram disparados a menos de trinta centímetros de distância, mas o laudo de necropsia não tem imagens das feridas. Cita que foram “tiradas tomadas fotográficas para reconhecimento”, ou seja: apenas  fotos do rosto.

O extermínio virou política de Estado. Não é preciso tornar a polícia livre para matar, ela já está.
Vida que segue

Não armar-se - uma crônica

Esta crônica não era para ser. E não seria se, numa quarta-feira, 13 de março, um daqueles dois rapazes não tivesse um 38 à mão. A sensação é de que escrevi esta crônica tendo um revólver apontado na minha direção.


Vocês sabem que eu faço rodeios, invento temas amenos, escrevo levezas, assumo. Eu me reservo o direito de abdicar da caligrafia da dor. Muito excepcionalmente a estática melancolia do cinza compõe as cores na minha paleta. Assim é.


Até que uma tragédia sem nome entra portão adentro. Lá dentro tem uma escola. Ela fica em Suzano. Que fica em São Paulo. Que fica no Brasil. E o Brasil é aqui.


Aqui onde jovens e crianças todos os dias saem para estudar, sob o elevado risco de que um dia possam não mais voltar para suas casas. Porque é possível - e é provável - que algum jovem possa aparecer com máscara de caveira e uma arma na mão. Atirando e matando. Impiedosamente. Sem motivos e nada que justifique tamanho massacre e brutal tragédia.


A Escola Raul Brasil é a escola onde eu e você trabalhamos e onde nossos filhos passam a maior parte do dia. Foi ali e é em cada escola que perdemos – todos nós – também um pouco dos nossos filhos e nos perdemos a nós mesmos.

A escola de Suzano é a representação das escolas brasileiras com quase nem uma exceção. Desestruturas e carentes de recursos de toda ordem e abandonadas pelos governantes.

Na minha escola falta vigia, não se vê um guarda. Alguém para controlar a entrada e oferecer o mínimo de segurança.
Na Escola de Suzano, também.

É legítimo pensar que o simples fato de haver um guarda no portão de todas as escolas do País, sistematicamente em todos os horários de funcionamento, tragédias como esta seriam muito raras e mais difíceis.

É absolutamente racional perceber que é papel do Estado a proteção de seus cidadãos. A segurança coletiva das pessoas – e não individual – é resultante da Democracia. No entanto, há quem insista na divergência.


É estarrecedor ver no dia do massacre de Suzano, as mais altas e constituídas autoridades defenderem o porte de arma como direito à defesa.

Causa aversão seus discursos torpes soando como deboche às famílias que perderam seus entes queridos. Eles afirmam que se professores e servidores estivessem armados tal tragédia teria sido evitada.

Me impacta o chefe da Nação revelar que dorme com um revólver ao lado da cama. Ele mora no Palácio do Planalto!

Pessoal, se isso não é culto à arma, é algum tipo de patologia, desculpem! É a suprema comprovação do mito que virou mico.

Me recuso a construir o cenário de uma comunidade escolar armada, onde cada um tenha direito de portar a sua arma de fogo. Uma aberração dessas tem saído de quem tem pólvora no lugar do cérebro e reiteradamente sido dita por infames de paletó e gravata. Que não acreditam em democracia. Que redigem e assinam decretos que decretam seu fim. E escancaram mais portões para a ocorrência de mais tragédias como a de Suzano.

Alguém avise pra essa gente que no regime democrático o povo escolhe seus representantes e estes é quem estabelecem políticas públicas e formulam leis que lhe garantem segurança e proteção pelo Estado.

Digam-lhes que quem respeita a democracia acredita que a solução contra a violência não está na liberação de armas.

Ninguém, a não ser agente do Estado, deveria ter nem porte nem posse de armas.

Porém, os que não respeitam a democracia e acreditam na força como solução para os problemas condizentes ao Estado, defendem o porte e a posse.

Eu vejo na cara dessa gente a caveira que encobria a cara do jovem atirador... Fantasmas recém saído dos porões da História cujas ideias são de vergonhar os republicanos da antiga República da Espada.

O Brasil não precisa de armas para voltar a ser a 5ª economia do mundo e gerar emprego e renda para os brasileiros.
O brasileiro não precisa de armas. 
O brasileiro precisa é da manutenção de seus direitos trabalhistas e previdenciários.
O brasileiro não quer morrer trabalhando sem se aposentar.









A política de governo de armar o cidadão corresponde a dar armas ao bandido, sobretudo, e vai de encontro à democracia.
Armar a todos vincula toda forma de violência e qualquer tragédia à essa tresloucada política de governo.
O outro nome de uma arma é violência. É barbárie.
Isso tudo tem nos deixado irremediavelmente tristes.
Não precisamos chorar sobre nossos jovens assassinados.
Precisamos olhar o mundo sobre outro prisma que não o do ódio.
Não precisamos marcar encontros com tragédias assim.

Irmãos, não vamos nos armar. Vamos sim, nos amar sempre mais.
Uma dor, lágrimas, preces.
Silêncio pela vítimas da Escola de Suzano
[entre elas incluo a família dos autores]

Vida que segue

Poesia singular

- Vovó, a senhora já teve algum sonho realizado?
- Tive sim.
- E agora?
- Agora meu sonho realizado está ao meu lado fazendo perguntas.

Resultado de imagem para avô e neto sentados ao lado

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