Crônica da tarde
Crônica dominical
Esqueça o trânsito caótico, a urucubaca política, o tal balancete no final do ano. Deixe de lado a cobrança interna, a dívida externa, a tão eterna dúvida. Viver é assim. Não há como negar. Para ficar ligado é preciso saber desligar. Fácil? Nem tanto. Descobrir qual é o seu tempo é tarefa nobre: exige um grande conhecimento sobre si mesmo. Portanto, esqueça o relógio. Seu tempo está dentro de você. Chega de viver com a ansiedade no colo e o celular na mão. Não deixe a agenda ocupar ? sem querer - o lugar do coração. Respeite sua hora. Desacelere. TURN OFF. Mais do que correr, é preciso saber parar. Não adianta viver no piloto-automático e deixar de sorrir. Nem tirar folga e levar uma enorme culpa dentro da mala. O mundo lá fora exige produtividade e imediatismo. Aqui dentro, corpo e alma pedem menos, muito menos. Como fazer, então, para conciliar tempos tão diferentes? A resposta não está em livros. Mas dentro de cada um. Quer tentar? Respire fundo. Desencane. Perca seu tempo com você!É uma responsabilidade enorme desconectar-se, eu sei. Mas vida ao vivo é pra quem tem coragem. Coragem de arriscar. Cuidado em saber a hora certa de parar. Difícil? Pode ser. É um exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que somos e acreditamos. Uma aceitação suave dos próprios defeitos, um rir de si mesmo, um desaprender contínuo, um aprender sem fim sobre o que queremos da vida. Não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara para você. Esqueça. Se esqueça. Hora de se perdoar. RENASÇA. Eu sei pouca coisa da vida, mas uma frase eu sigo à risca: é preciso respeitar o próprio tempo. E eu respeito! Acredito no que diz o silêncio na hora em que a mente cala. E meu silêncio - que não é mudo e também escreve - dita com voz desafiante: confie em si mesma. Quebre a rigidez. Ouse. Brinque. Viva com mais leveza. E - por favor - desligue-se. Só assim você vai transformar vida em letra e letra em vida. E ter coragem e fôlego pra ser VOCÊ, no momento em que o mundo te atropelar sem licença e disser:
Crônica dominical
Provocações
A primeira provocação ele não aguentou calado. Na verdade, chorou e esperneou muito. Nada demais, quase todo bebê faz assim, mesmo os que nascem em maternidade por cesariana. E não como ele, numa caverna, aparado apenas pelo chão de pedra.
(Luis Fernando Veríssimo)
Crônica dominical, de Luis Fernando Veríssimo
Mamãe, por Neto Braga
Carta de Cavani para Pelado (um garoto de 9 anos)
Crônica da tarde
Dicas para fazer o casamento durar
Um pouco mais de mim, por Elba Silva
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Crônica dominical
Veríssimo: O Brasil alterou a famosa frase do Marx
Tijolaco
O símbolo é mais forte que o fato
POR FERNANDO BRITO
Nós – para usar a expressão de Graciliano Ramos – , desgraçados materialistas, frequentemente temos a tendência, no final da vida, de sermos pragmáticos e indulgentes com nossos pecados, tanto quanto intolerantes com pecados alheios.
Há os que, por terem sido remadores contra as marés de dias, anos, meses, anos e até décadas, se vêem agora como sócios remidos da existência, que deram a sua parte de sacrifícios e, agora, têm o direito de se refestelarem, confortáveis na preguiça do “politicamente correto” e do relativismo moral.
A política não é, lamento, a arte de deitar-se sobre a folha corrida de serviços prestados, daquelas que dão direito a alguém de ganhar um relógio e se recolherem.
Nem a de empoleirar-se sobre um muro, dizendo que vêem virtudes no vício e, por isso, tolerando-o.
Hoje, dois homens idosos postaram-se à porta da Polícia Federal de Curitiba, em defesa de outro, pouco mais jovem, aos seus 72 anos.
Adolfo Pérez Esquivel, Leonardo Boff e Lula.
Os três, por tudo o que fizeram, poderiam e mereciam estar agora descansando e vivendo confortavelmente os seus últimos anos , ao menos os de vida ativa.
Esquivel passou mais de um ano no cárcere e nas torturas da ditadura argentina; Boff perdeu suas ordens franciscanas, Lula perde agora seu direito de caminhar pelo seu país.
Será mesmo que perderam tanto?
Sobreviveram no mundo dos descartáveis.
Recolho do meu sempre inspirador Nilson Lage o lamento sobre a foto de Boff, com sua bengala, à sentado num banco à frente da PF:
À porta, um sábio espera.
Ideias não se caluniam, não se processam, não se supliciam.
Sempre tentam aprisionar ideias, mas só podem aprisionar homens. …
Acho que nem isso.
Porque as idéias tornam homens em algo maior que simples homens, os transformam em símbolos.