Mostrando postagens com marcador Crônicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crônicas. Mostrar todas as postagens

Crônica do dia


Amante é puta. Fica com meu resto blá, blá, blá...
 Agora me diz qual a graça de estar com um homem que você sabe que te trai? 
Qual o sabor de andar de mãos dadas com um cara que não te respeita? 
Me diz qual a graça de assumir o chifre? 
Que merda de amor é esse que você deixa de amar a si mesma? 
Será que é você mesmo que fica com a parte boa do "mozão"? 
Você acha mesmo que tem mais valor que as outras? 
PORQUE? 
Por ser a boneca de enfeite pra fazer a social dele? 
Já parou pra pensar que tu aceita ser coisa pior do que as amantes dele? 
Já parou pra pensar que você também não tem valor nenhum? 
Será mesmo que as outras são as "iludidas"? 
As desvalorizadas? 
Acorda meu bem!!! 
Relacionamento não é uma disputa, é um compromisso. 
E se teu "mozão" não te respeita, sai dessa vida de ilusão. 
Porque se tu come o prato que serve a todos, tu come resto também, meu bem.

Fael Martin

Com pressa


Eu estava apressada. Passei correndo pela sala de visita, concentrada em me preparar para um jantar de negócios. Glian, minha filha de três anos, estava dançando ao som da sua música favorita, Cool, do filme Amor sublime amor.
Eu estava com pressa, à beira de chegar atrasada. No entanto escutei a voz espontânea que de dentro de mim disse: 
Pare. 
Parei! Olhei para ela. Aproximei-me, peguei na sua mão e a rodopiei. Minha filha de seis anos, Katlin, entrou no nosso clima e também a peguei. Nós três dançamos alucinadamente dançamos até chegar a sala de jantar. Ríamos. Rodopiávamos. Será que os vizinhos estavam vendo a nossa loucura? E se tivessem? Não tinha a menor importância. 
A música chegou ao fim com um floreio divertido e nossa dança terminou com ela. Dei um tapinha no traseiro de cada uma e mandei que fossem tomar banho.
Elas foram, seus risinhos ecoando pelas paredes. Voltei aos meus afazeres. Enfiava papéis pela goela da bolsa quando ouvi a mais nova, Glian, dizer:
- Katlin, você também acha que mamãe é a mais melhor de todas as mães?
Gelei. Congelei. Pela pressa desta vida corrida quase que perdi aquele momento ímpar. Automaticamente meus pensamentos foi para os prêmios e diplomas que cobrem as paredes do meu escritório. Nenhum prêmio, nenhum diploma, nenhuma realização que eu já alcançara poderiam se comparar aquele "- Katlin, você também acha que mamãe é a mais melhor de todas as mães?" 
Minha filha disse isso quando tinha três anos.
Não espero que diga isso quando tiver treze anos. Mas, aos trinta anos, quarenta ou cinquenta anos, quando ela se inclinar por cima de um caixote de madeira para dar adeus ao recipiente descartado da minha alma, quero que diga:
"Mamãe foi a melhor de todas as Mães".
A frase acima não combina com meu currículo. Mas, faço questão que seja escrita na minha lápide.
Gina Barrett Schlesinger

do livro Histórias para aquecer o coração - 1ª das cinquenta histórias de vida, amor e sabedoria - de Jack Canfield e Marck Victor Hansen [Editora Sextante]

Sílvia Lisboa: Deixa eu te contar algumas histórias...




Desde 2018, o Intercept Brasil tem uma editoria chamada Vozes, e eu sou a responsável por ela. Vozes é a seção que utilizamos para publicar histórias relevantes e que têm pouco espaço em veículos tradicionais. São relatos em primeira pessoa que revelam experiências, modos de vida e situações que se tornam importantes porque contribuem para a compreensão da sociedade, suas desigualdades e desafios. 
O Vozes não é feito por reportagens de fôlego – aquelas que você está acostumado a encontrar no TIB. Mas a editoria segue os mesmos princípios de tudo que fazemos. Buscamos relatos de impacto, que levem os leitores a conhecer novas realidades e encarar problemas que se erguem sutilmente na sociedade. Por isso, o universo temático dos textos é muito amplo. Em uma semana, você pode ler sobre a instigante história do rapaz que teve os estudos custeados pelo pai traficante e, na outra, descobrir como é a dura vida dos garotos que, pelo sonho de jogar futebol, precisam suportar as categorias de base de grandes clubes
O que fazemos no Vozes reafirma ainda algo que o Intercept persegue de maneira incansável. O jornalismo também é feito com histórias do cotidiano. É possível olhar para as microrrelações e encontrar nelas fundamentos que nos inspiram. É por isso que nos orgulhamos de contar ensaios com perspectivas únicas que você certamente não leria por aí, como a experiência da Stéfani, aluna de um colégio militar em Passo Fundo, Rio Grande do Sul. O relato dela sobre os abusos que os estudante sofrem na escola é chocante. Este foi um texto que causou enorme revolta entre os leitores, e a mobilização pode dar origem a um núcleo de apoio para os alunos de colégios militares com a intenção de colher relatos e apoiá-los diante da violência que sofrem.
A mobilização por conta do texto da Stéfani não é um caso isolado. Como eu disse, o que nós queremos é impacto! É por isso que você estão conosco nessa, não é mesmo?
Outra boa história que contamos é a do Houssan Nour, refugiado que trabalhava por mais de 14 horas como motorista de aplicativo com o objetivo de juntar dinheiro e trazer sua família da Síria para o Brasil. Depois da publicação, leitores criaram uma vaquinha para Houssan que arrecadou R$ 4 mil com o objetivo de ajudar nos trâmites da viagem.  
Mas talvez o caso mais emblemático tenha sido o do professor Pedro Mara. Ele estava na lista das pessoas pesquisadas por Ronnie Lessa, o PM acusado de matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. 
Pedro tem uma história de luta na educação do Rio de Janeiro e diante das ameaças buscou apoio na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, na OAB e no Sepe-RJ. Apesar do apoio desses órgãos, o professor passou a enfrentar um processo de exoneração por ter faltado duas semanas de aula na qual cumpria um protocolo de segurança. Correndo sério risco de vida, Pedro ficou afastado da escola e sem salário. 
Nós o convidamos para compartilhar sua história, que foi inclusive contada em vídeo. A repercussão foi bastante positiva e contribuiu para a luta que Pedro já enfrentava. Semanas depois ele foi reintegrado aos quadros da secretaria estadual de educação, e o processo, extinto. 
É gratificante fazer parte do Intercept Brasil por essas e muitas outras histórias. O Brasil tem muito para nos contar e queremos ser o megafone. Quem sabe ainda contamos a sua história
Em tempos tão difíceis como estes que estamos vivendo, o que me motiva é fazer um jornalismo que preza pelos ideais democráticos, de justiça social e igualdade. Porque não há jornalismo sem democracia – e vice-versa. Não é à toa que a imprensa é a primeira a ser atingida quando regimes autoritários assumem o poder. 
Editora de Vozes

A emoção de descobrir a origem da minha família negra em um país que ignora suas raízes africanas

Eliana Alves Cruz
Para a esmagadora maioria dos 54% de brasileiros negros, a origem africana é ainda um mistério. Eu consegui desvendar o meu passado.

'Tenho uma doença rara incompreendida pelos médicos': como é conviver diariamente com a dor.

Anália Maia Portela
Cirurgias, disputas com planos de saúde e dores terríveis: o desafio de viver com uma doença rara que afeta o cérebro e causa dores de cabeça que não passam.

Bolsonaro despreza os nordestinos. E ele não está sozinho.

Alexandre Andrada, Nayara Felizardo
Muitos fatores atrapalharam a ascensão do Nordeste na economia e reforçaram preconceitos regionais contra nordestinos. Bolsonaro quer aumentar esse fosso.

Diário de um bombeiro: 'voltarei a atender acidentes graves com reformas de Bolsonaro no Código de Trânsito'

Jorge Anderson da Silva
Bombeiro há 22 anos pensa que Código de Trânsito promulgado em 1997 previne acidentes.
Leia a série com as mensagens secretas da Lava Jato
The Intercept Brasil
Uma enorme coleção de materiais nunca revelados fornece um olhar sem precedentes sobre as operações da força-tarefa anticorrupção que transformou a política brasileira e conquistou a atenção mundial.




Crônica do dia


Às vezes sim, às vezes não

Alguns dias são alegres, outros tristes. Mas os piores, por aqui ou por acolá, são os dias vazios, inodoros, incolores.

Ninguém me ensinou o que fazer com os dias vazios. Tenho medo e logo tento me ocupar, como se houvesse esquecido para que os dias vazios são e servem.

Pego o celular e logo saltitam mensagens sobre como eu deveria me sentir plena comigo mesma, satisfeita com meu corpo e seu formato peculiar, sagrada em relação ao mundo, pequena em relação à existência e organizada em cinco ou seis passos para acabar com aquela eterna vida de pendências. E se encontrar algum problema no meio desse caminho, é claro, posso contar com o cuidado de um life coach que seja, que isso é das coisas mais fáceis de fazer, arrumar a vida do outro.

Que coisa, né? Arruma a vida. Sob os critérios de quem?

Semana passada peguei uma carona pra voltar pra casa. Saímos de São Paulo quatro mulheres e um homem no carro. Papo vai papo vem, me percebo calórica ao defender a ideia de “deixar as antas que sejam antas, quem sou eu pra querer que alguém mude apenas pra caber no meu gabarito? Só não quero conviver, tampouco argumentar de forma a orientar qualquer mudança… mudança vem de dentro, de escolha individual”. Sei que preciso caminhar com mais afinco sobre a estrada do não julgamento, mas é que tem sido tão novo esse separar vidas e olhar os cultivos pra onde direciono energia de forma singular… sei também que em uma viagem de quase quatro horas é improvável que faça sentido alguém que fala em humildade com a voz tão alta, mas basicamente é isso: sob que critérios a gente vem se abrindo ou se fechando para experiências de desgaste? Somos obrigados a nos envolver com toda e qualquer pessoa que passa pelo nosso caminho sob o risco de sermos considerados arrogantes caso não? Não vale apenas um “boa tarde, boa sorte” educado e cada um segue seu baile ali, como bem deseja dançar? Não seria este um cenário muito mais verdadeiro e possível de caminhar do que eu me esforçando pra caber onde você acha melhor pra mim e vice-versa?

Acho mesmo que estamos atolados pelos tempos do online. Leituras curtas. Qual foi o último livro que você leu? Postagens fantasiosas. Qual delas você é, essencialmente? Fôrmas de pessoas que são parecidas demais, equalizadas em sons que não sei se emitem, tamanha uniformidade do que desenharam pra gente ser. Presta atenção, só um pouquinho: não é possível que todo mundo precise ser amigo de todo mundo. É muita gente! Educação, por sua vez, é primordial – vale desenvolver e parece que as regras são mais simples do que pular amarelinha: você usa bom dia/boa tarde/boa noite e diz por favor e obrigada, além de me desculpe quando se equivocar (variáveis aceitas, todas elas, as que passeiam entre a gratidão e o obséquio).

Atolados em falta de tempo pra gente mesmo, que dirá pro outro e, nessa correria moderna imputada pelo acesso ao tudo ao todo a qualquer momento (via smartphone, bem smart mesmo, hein?!), pode ser da gente ficar assim, sem saber o que fazer com os dias vazios e, de repente, de repente mesmo, se pegar pensando em voz alta e compartilhando com um monte de outra gente que sim, tudo bem não saber o que fazer e então pra não ficar ranzinza ou maluquinha da cabeça, escrever, escrever e escrever.

Pensar em dar conta de mim antes e ao mesmo tempo em que me entrego para relações mais verdadeiras entre eu e o outro não me torna egoísta ou arrogante. Me torna autêntica e responsável – mas só com mais tempo do que o rolar da tela é possível refletir sobre isso. Você tem esse tempo?

Eu tento. Me relaciono com o tempo, com o Tempo, como posso. Se eu consigo? Depois de checar e-mail, telefonar perguntando onde está meu parzinho, lavar a louça do café solitário dessa manhã e abrir incontáveis abas do navegador pra eliminar o que me procrastina e xeretar o que bem me faz sorrir, entendo: às vezes sim, às vezes não.

Mariana Nassif

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo"

Casandra vai a Roma

Severina xique-xique era fustigada pelo psicótico Sol, que derramava seu ódio declarado à humanidade, no dia de sua morte. Dia da morte de Severina, não do Sol, que não pode morrer.
Severina tivera filhos. Vários deles. Cada qual, um rumo na vida. Um virou doutor. Outro andarilho. E ainda outro natimorto. O restante, mergulhado em cores cinzas e opacas, cálida sina de seres inanimados, jamais deu notícias.
Agora, a viúva Severina (viúva do último, mas abandonada pelo primeiro) rasteja suas pernas finas cambaleantes pelo árido sertão piauiense.
Antes que ela conseguisse chegar ao próximo vilarejo, Severina caiu morta – um baque elegante de um corpo esquelético, escanzelado, no chão poeirento e inóspito.
Porém, antes do impreciso último suspiro, Severina teve um último pensamento inquietante: “Por que raios o nome desta crônica é Cassandra Vai À Roma”?
Juliano Martinz - escritor, romancista, cronista, redator publicitário, biógrafo etc ... quem quiser entrar em contato com ele visite o Corrosiva 

"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo" Vida que segue...

Crônica dominical



Governador, (afinal era assim que sempre o chamava, porque nunca tive idade para chamá-lo de Brizola nem a bajulação de chamá-lo de “chefe”)


Ontem, 21 de junho, se completaram 15 anos desde a última vez que o vi com vida, entrando como um desesperado com um telefone celular no centro cirúrgico do Hospital São Lucas, para colocar o Dr. Adib Jatene em contato com os médicos que tentavam salvar sua vida, algo impossível, como ouvi dele próprio.


Não fiz questão, ontem, porém, de falar de sua morte e deixo para escrever hoje, um dia 22, como era 22 o dia de janeiro de  outro 22, o ano em que o senhor nasceu Itagiba Brizola –  que virou Leonel por artes do Leonel Rocha, insurreto gaúcho de 1923 – na perdida Cruzinha, beirada do distrito de Carazinho, beirada de Passo Fundo.


Tive o privilégio improvável de conviver com o senhor por 22 anos. Diariamente, por 18 destes anos.


Jamais compreendi como o senhor me suportou.


Nossa relação sempre foi elétrica.


Nos momentos de intimidade, o senhor me chamava, lembro todo dia, de “Brito velho”, embora eu tivesse 36, quase 37  anos a menos.


Brito velho, eu sabia, era o Carlos de Brito Velho, seu contemporâneo  e adversário figadal, nas lutas politicas dos gaúchos, nos anos 50.


Nunca me incomodei com isso, ao contrário.


Sempre gostei desta tensão entre nós, que nunca foi agressiva e intolerante.


Eu fazia o papel que me era vital,  o de ser rebelde, e o senhor, o que lhe era o mais raro a um líder político, o de poder continuar a apreciar a rebeldia.


Tenho saudades deste convívio, embora ele fosse absorvente ao ponto de aniquilar a “vida pessoal”.


Minha mulher à época, permita a indiscrição, dizia que “Leonel Brizola é o melhor anticoncepcional que existe”.


Não havia manhã, não havia fim de noite, não havia férias, feriados, lazer.


Nem para mim, nem para o senhor.


Mas existiam as noites de sexta-feira.


E a ‘balada” era escrever a sua coluna nos jornais, o Tijolaço que nomeia este blog, no qual, sem autorização, busco perpetuar o que fomos.


Era uma tortura – deliciosa, confesso – de décadas.


Como o senhor não podia ir a um botequim, o escrever era uma arte de convívio, de conversa, de troca de ideias.


No início, uma aula para mim. O texto ditado pelo, andando, falando como num debate.


“O bem escrito é o bem falado”, dizia.


Depois, com o convívio, o tema sugerido, sabendo que eu caminharia como pelos seus passos, não por o seguir, mas por ter o mesmo rumo.


Depois, a liberdade de tomar as rédeas e ter apenas a sua mão de taura velho a refreá-las, não deixar que o xucrotomasse o freio nos dentes.


Jamais entendi porque o chamavam de autoritário, porque duvido que alguém gozasse tamanha liberdade de falar sobre e pelo outro como tive com o senhor.


Com o devido perdão de meus contemporâneos jornalistas, perdi a conta das “aspas” que formulei em seu nome, como suas declarações.


Obrigado, governador, por ter tido este privilégio, que jamais foi um sofrimento, apesar dos que acham que a política é garantir um fim de vida com sinecuras e privilégios.


Sei, que apesar de todas as suas diferenças com o Lula – dois bicudos não se beijam – ouvi de sua boca sempre o reconhecimento à natureza exótica dos que são flor da terra.


Não falo nunca em seu nome, mas sei que muito do que falo tem a sua alma, sem a sua verve, é claro.


Mas não creio que fôssemos brigar pelo que digo hoje.


Não levo a sério o “Brito Velho”.


Sou um velho agora, tão velho quanto o senhor era quando o conheci, pelo que creio que finalmente confluimos as nossas idades.


Somos jovens, eternamente jovens!


Com um abraço de quem, agora, o tempo permite se dizer seu amigo,


Fernando Brito


Somos patéticos!

Compartilhando:

“Eu conversei com uma mulher, 27 anos,  faxineira, que nunca ouviu falar de Chico Buarque;
Com uma gerente de banco, 45 anos, que disse saber que Camões é português, mas não sabe quem é;
com um rapaz de 23 anos, desempregado, que não tem a menor ideia de onde fica Cannes;
com um motorista de aplicativo, de 40 anos, que pensa que Paulo Freire foi presidente do Brasil e que o prefeito de PA ainda é o Fortunatti;
com uma florista de 60 anos que acha que Olavo de Carvalho é um general e Paulo Freire um deputado ou senador;
com uma moça, 20 anos,  caixa de SM, que acha que Festival de Cannes pode ser um concurso de cachorros e Camões um rei português;
com um médico, 42 anos, que vive e trabalha em PA e que não conhece o Teatro São Pedro, pois nunca pisou no centro da cidade;
com uma nutricionista, 26 anos, que não conhece o Teatro São Pedro porque não gosta de teatro.
Com um estagiário de arquitetura, 22 anos, que acha que são quatro poderes no Brasil: planalto, assembléia, polícia e juiz;
Com uma  estudante de enfermagem, 34 anos, que nunca ouviu falar em estado democrático de direito, só de estado, e que no Brasil tem um monte;
com uma moça que trabalha de cuidadora de idosos, de 38 anos, que pensa que Albert Einsten é o nome do médico dono de um grande hospital em SP;
com uma atendente de  loja de roupas, 26 anos, que  nunca ouviu falar de Olga Benário. A gerente, 32 anos, não tinha certeza, mas acha que ela foi mulher do Hitler;
com uma estudante que se prepara para o vestibular de medicina, 18 anos, que já ouviu falar em kleber Mendonça e que acha que ele já foi prefeito, só não lembra onde;
com a dona de um salão de beleza, 37 anos, que pensava que  Chico Buarque já tinha morrido;
com um dono de padaria, 41 anos, que me garantiu que  na ditadura tinha mais segurança porque naquela época tinha pena de morte no Brasil e que nos EUA não tem violência porque tem pena de morte;
com um porteiro de prédio, 38 anos, que não sabe quem foi Janio Quadros, mas que acha que era um que tinha o apelido de Jango e que tentou dar um golpe no Getúlio;
com um aluno de cursinho, 19 anos, que quer ser fisioterapeuta e confunde constituição com instituição e estado democrático de direito com estado de sítio (!)
com um taxista, 58 anos, que me disse que Moro é o único deputado que não rouba;
com uma moça que se formou em radiologia e trabalha de  caixa numa lotérica, 29 anos, que acha o Sergio Moro um gato e que até ela queria ser presa por ele. Sobre Camões, me perguntou se era um yotuber;
com um camelô, 29 anos, que não sabe o que é filosofia, mas se querem acabar é porque deve ser putaria;
E todos eles acham que excludente de ilicitude deve ser nome de medicamento.

A questão é: com quem a gente pensa que está falando?!
Nós somos patéticos!”

Recebido por e-mail

Eu te amo - uma crônica, por Orlando De Souza

A gente pode nem se dar conta.
Mas viver é um fechar e abrir de ciclos.

A gente está sempre redesenhando novos fins e começos.

Verdade é que na vida, ciclos se fecham, independentemente das nossas vontades.

Depois que um ciclo se fecha, o que fica é a sensação do dever cumprido, isso em tese, ao menos.

Existe um sentimento que após a passagem de um ciclo permanece em nós: a saudade.

Tem gente por aí sentindo saudade do que não viveu, outros sentem saudade daquilo que nunca tiveram.

Soma-se ainda, os que sentem outro tipo de saudade: saudade do que não disseram.

E, como não disseram, há os que sentem saudade do que nunca ouviram.

Existem três palavras que, separadas, pouco representam e quase nada têm de significado.

Quando juntas, porém, formam uma poderosa sentença capaz de mudar a rota de uma vida, abrir novos horizontes e tracejar sorrisos na cara de quem a escuta.

Não se conta a quantidade dos que fariam qualquer coisa para ouví-la e sentir a força do seu extasiante poder.

Eis as tais palavras:
EU - a Primeira Pessoa do Singular. EU - não passo de um prenome. EU - falo de mim mesmo.

TE - vale um objeto indireto. TE - complemento do objeto indireto. TE – pronome pessoal oblíquo.

AMO – ato de amar. AMO – aquele que é servido, o dono da casa. AMO -  esposo da ama.

Ficou fácil a descoberta da palavra que encanta, que cura e liberta: EU TE AMO.

Tem gente que está em débito, não com a palavra “EU TE AMO”.
Tem gente que está devendo um EU TE AMO para o seu amor. Para quem caminha consigo e faz parte da sua vida.

É quilométrica a fila dos filhos que nunca disseram “pai, EU TE AMO. EU TE AMO, mãe.”
Na outra extremidade dessa fila estão os pais que nunca também disseram aos seus filhos: “EU TE AMO.”

Aliás, não se discute a fantástica e inexplicável magia florescedora que o “EU TE AMO” exerce sobre quem se sente amado ao escutá-la.
Todavia, é bom frisar, há os que jamais irão falar com palavras, mas manifestarão seu amor em ações simples e rotineiras, até.

A gente pode dizer “EU TE AMO” usando as variáveis formas existentes de expressão do amor, ensejando efetivamente o amar no sentido mais puro.
Faz pouco tempo, eu fiz uma postagem na qual se via que coar um café para alguém é uma forma de dizer “EU TE AMO.”

Uma pessoa está falando “EU TE AMO” quando faz um almoço com cuidado pra você.

Quando acrescenta uma fatia de queijo àquele pão quentinho no meio da tarde e te dá um sorriso numa hora qualquer do dia.

Um telefonema e um whatsapp no começo da noite é outra maneira de dizer “EU TE AMO.”

Às vezes a pessoa, por conservadorismo, complexidades de natureza ou mesmo por timidez não se sente livre nem à vontade para pronunciar a frase “EU TE AMO”.

Porém, ela tem um jeito todo especial de dizer isso e o faz com atitudes e gestos tão nobres que ela mesmo pode desconhecer, que aquilo é amor.

Que fique evidente: não falo restritamente do amor romântico, do sentimento de afeto e paixão. Falo também do amor afetivo na família, extensivo aos círculos de amizade envolvendo até amigos do trabalho.

Falar “EU TE AMO” sem usar a palavra ocorre num “descanse um pouco”, ou “já almoçou? Dormiu bem?”
Quando eu digo: “estou com saudade”, e “essa música me lembra muito de você” não precisa dizer mais nada. É “EU TE AMO” que estou dizendo.

Afinal, ninguém sente saudade do que não ama.

Quando o Sol dorme até mais tarde e amanhece chovendo não é nem um pouco fácil enfrentar o tempo lá fora. Nesses dias, eu sinto a minha mulher dizendo “EU TE AMO” nas entrelinhas de sua recomendação: “leva a sombrinha.”

Isso é amor, pensa que não? Eu não tenho dúvida que é.

Era dia dos namorados e na aula, a professora pediu que os alunos definissem a palavra “EU TE AMO.”
Um menininho de oito anos aproximadamente levantou a mão e falou: Eu te amo é quando a mamãe faz o café pro meu pai e experimenta antes que é para ver se o açúcar tá bom.

Sabe tudo de amor aquele garoto.

Teve também o irmão mais velho que todo dia dizia, sem palavras, “EU TE AMO” para sua irmã mais nova.

Ele comprava chocolates para o lanche na faculdade.

Todo dia.

E todo dia, a irmãzinha ia lá, “assaltava” a mochila dele e se empanturrava de chocolate.

E todo dia, o rapaz tornava comprar chocolate e botava no mesmo bolso da mochila. E a pequena ia lá, assaltava a mochila...

O irmão sabia quem era a “assaltante” de seus chocolates. E porque sabia, botava, chocolate na mochila.   

Todo dia...

O objetivo mesmo desta crônica, talvez a mais simples que já fiz, é somente que você exercite e diga “EU TE AMO” para o seu pai, sua mãe, seu cônjuge, seu irmão, seu amigo.

A gente só dá valor depois que perde. Depois que se fecha as cortinas é que percebemos o quão vazia é a sala e como nos entristecemos na sua tristeza e na sua solidão.

Não deixe que um ciclo se feche.
E nunca permita que alguém a quem você ama sinta saudade de ouvir você dizer:

“EU TE AMO!”

(Orlando De Souza)

A arte de ser Avó


"Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu... É como dizem os ingleses, um ato de Deus". Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, o filho do filho, mais que filho mesmo...
Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que você esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações, todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com paixões: a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência. A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade.
Bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as crianças?
Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum suas crianças perdidas. São homens e mulheres- não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha.
Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido.
E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância. Ao contrário, causaria espanto, decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: "Vo!", seu coração estala de felicidade, como pão no forno!

Rachel de Queiroz


"As vezes caio, mas me levanto e sigo em frente, nunca desisto, porque a mão que me ampara não é a do cão, é a de Cristo" Vida que segue...

Crônica do dia, por Luis Fernando Veríssimo


Malucos e malucos no governo
O Lula disse que o Brasil está sendo governado por um bando de malucos. Exagero, claro. É difícil associar o que acontece no Brasil hoje com qualquer atividade que lembre o verbo “governar”. A mesma coisa com o termo “bando”, que, bem ou mal, evoca algum tipo de organização. Lula também exagerou ao chamar de “malucos” os que se aproveitam da confusão para promover seus projetos políticos pessoais, e que de loucos não têm nada. No mais, o Lula tem razão.
A alusão mais precisa que Lula, talvez, procurasse para nossa situação seria a do manicômio dominado pelos pacientes. Este sentimento de um país à deriva, sem entender seu governo e sem entender a si mesmo, é — imagina-se — quase total, mesmo entre os que bolsonaram e esperavam em vão que o “mito” começasse a atuar, nem que fosse só na escolha de um ministério menos exótico. Um bando de malucos se apossando da administração deixa o país tremebundo, mas institucionalmente de pé. Maluco se revoltando contra a instituição é outra coisa, mais grave. Não fica nem uma caneca de pé.
Os generais que ganharam uma nação de graça, sem necessidade de disfarçar farda com terno ou tanque com discurso, estão achando difícil a convivência com civis, chame-se Olavo ou não. Descobrem como eram melhores as revoluções clássicas, com tropas nas ruas. Mas os militares não podem se queixar muito. Se a eleição do Bolsonaro provou alguma coisa — e provou várias — é que boa parte de 60 milhões de eleitores do país não deu a menor bola para o passado e os crimes das Forças Armadas brasileiras nos 20 anos da ditadura que o candidato vencedor diz que nunca aconteceu.
Luis Fernando Veríssimo
Vida que segue

A Velhinha de Taubaté tinha conta no exterior


Prosseguem as investigações sobre a morte da “Velhinha de Taubaté”, que ficou conhecida nacionalmente por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. O inquérito está sendo conduzido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, dada a repercussão do caso. Um promotor sai de cinco em cinco minutos da sala em que está sendo interrogado o gato da Velhinha, o Zé, para informar à imprensa o que se passa lá dentro, embora o gato tenha, até agora, dito muito pouco. “Miau”, basicamente.
Houve um princípio de tumulto entre repórteres quando uma equipe da televisão, gravando clandestinamente no interior da casa da Velhinha, localizou um pedaço de papel com números e o que parecia ser a palavra “off-shore” em letra tremida, o que indicaria que a Velhinha tinha uma conta no exterior, onde receberia para acreditar no governo. Depois se revelou que eram números para jogar na Sena, que a Velhinha sempre acreditava que ia ganhar, e que a palavra escrita era “oxalá”. Mas alguém ficou como papel e é possível que a notícia “Velhinha tinha conta no exterior” apareça em alguma manchete nos próximos dias para atrair atenção, mesmo que o texto diga outra coisa. Sabe como é a imprensa.
Todas as CPIs em andamento no Congresso Nacional disputam a prioridade em convocar o Zé para depor em Brasília, o que tem acirrado o conflito entre elas, que muitos temem possa acabar numa guerra aberta com congressista brigando com congressista pelos corredores e todos se juntando para pegar o ACM Neto.
Só o gato poderia contar o que realmente aconteceu, na improvável hipótese de, ao contrário do que fizeram tantos outros nas CPIs, começar a falar. Mas pode-se deduzir o que levou a Velhinha a morrer – ou se matar com veneno no chá. Ela nunca se recuperou totalmente do choque da notícia da compra de votos para reeleger o Fernando Henrique, seu ídolo na ocasião, apesar de depois acreditar em todos os desmentidos. Debilitada, sofreu outro baque com as denúncias contra o Palocci, seu ídolo atual, e outro baque quando soube que nem no Ministério Publico se podia confiar. Foi demais para a Velhinha.

O curioso é que as alegres multidões que iam até a sua casa na esperança de ver o fenômeno, um brasileiro que ainda acreditava, estão sendo substituídas por tristes romeiros que visitam o santuário improvisado na frente da sua casa, em Taubaté, na esperança de recuperar a fé. A Velhinha pode muito bem se transformar em milagreira depois de morta. As pessoas querem acreditar, pelo menos, em quem acreditou um dia.
Luis Fernando Veríssimo

Vida que segue

Maria Betânia: Lula, eu não solto a tua mão


Mas... antes de tudo eu tenho que te dizer algumas coisas que talvez você não vai gostar. Porém, vou dizer mesmo assim.
Eu não tenho por você nenhuma idolatria como muita gente tem. Eu não penso que você seja perfeito e só tenha virtudes. Eu não acho que você seja ingênuo, puro, inocente em tudo o que você faz. Eu não acho que você só tenha tido acertos na sua vida e no seu governo. Eu não acho que a sua vida política não tenha máculas . Eu não posso dizer que eu tenha ficado satisfeita com o seu governo, sobretudo, no segundo mandato. Eu não gostei da escolha de Dilma para lhe suceder (votei nela para o segundo mandato. Não votei para o exercício do primeiro. Porém, a visão que hoje tenho dela é de uma pessoa grandiosa em vários aspectos... mas isso é assunto para outro momento.
Enfim, Lula, acho que você tem a capacidade de driblar os seus defeitos. Contudo, o você não tem em uma escala incomensurável é a capacidade de não esconder as suas virtudes.
E você tem essa capacidade não porque você seja alguém egocêntrico...e até é...mas é porque suas virtudes são muitas e são intensas.
Elas fogem ao seu controle e quando você fala você deita e rola no tapete das virtudes, deixando muito gente admirada, outras encantadas e muitas outras com raiva. Uma raiva que vem da inveja de não ser como você é: inteligente, espirituoso, perspicaz, disposto, ousado, cheio de si para o outro, afetuoso, atento, inspirado, inspirador e resiliente.
Ser tudo isso de uma só vez ou destacar uma dessas virtudes no momento certo não é algo comum. Não é todo mundo que consegue, sabe? Isso é extraordinário!
Você, sem dúvida, foge ao comum: não é um homem mediano, muito menos medíocre. E mais do que tudo, você não é um homem mau. Você não é um homem perverso. Você não é cínico.
Penso que os erros que você cometeu ao longo de sua vida...não sei se todos eles, mas certamente muitos dos que você cometeu no seu governo, não decorreram de uma intencionalidade mas da ousadia, da coragem de correr riscos na busca de um bom acerto.
Você é um homem extraordinário, Lula!
Mesmo que nesses processos ajuizados contra você existam provas daquilo que lhe acusam (coisa que eu estou convencida que não tem...em outros processos que possam ainda ser ajuizados, talvez, mas nesses que lhe levaram à condenação...) bom, mesmo na hipótese de você ter alguma culpa comprovada judicialmente, eu estou certa de que a prisão não é o seu lugar.
Ao acompanhar a entrevista que você concedeu ontem a Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Junior, Lula, você deu mostras de uma grandeza que somente os seres humanos cientes de suas fragilidades e dispostos a superá-las, podem ter.
Você manteve a sua cabeça erguida, você demonstrou sofrer, você assumiu lutar contra as mágoas que invadem seu coração, você lançou desafios e você espontaneamente respondeu à inquietante pergunta de Mônica Bergamo com uma firmeza admirável.
Quando ela lhe questionou sobre a possibilidade de você nunca sair da prisão, você, Lula, nem deu ao tempo e logo retrucou afirmando que isso não era problema, que podia ficar preso cem anos mas não trocava sua liberdade pela sua dignidade.
Isso me impactou!
E lógico que você tem razão: ficar o resto da vida preso não é um problema para quem, há alguns anos já sem governar - ainda é chamado por simpatizantes e opositores de: Presidente e para quem sobreviveu até aqui a tantas dores.
Não! Você está, dolorosamente, certo.
O problema não é exatamente o tempo que você vai ficar preso, Lula, embora isso seja também um... tempo não é o cerne do problema; o cerne é você ter sido preso da forma que foi e estar sendo mantido nessa situação da forma que está sendo...
O problema é subtraírem do BR a dignidade de todo o povo, aprisionando a sua pessoa.
O problema é jogar o BR numa vala comum, querendo que você caía nela.
O problema é não saber que fazer Justiça não é cultivar ódio ou não saber superar frustração e agir como quem se vinga. Só os medíocres, só os seres medianos sem sensibilidade alguma misturam Justiça com vingança. Esses são os recalcados, os que se condenam a si próprios e que por falta de coragem de assumirem ser o que são atraem para o fosso fétido no qual se movem, todos aqueles que não distinguem o chão do buraco que nele se abre.
Você, não, Lula!
Como você sempre pisou o chão saltando os buracos, você criou "asas": voou e vislumbrou horizontes onde ninguém conseguiu visualizar.
Você continua nesse voo de descobertas, Lula. E nesse trajeto você preserva sonhos.
Eu quero voar junto, eu quero preservar sonhos para o BR.
Eu quero que o meu país tenha a possibilidade de realizá-los.
Eu quero que todos os brasileiros possam alçar voos para chegarem no horizonte que você enxerga.
Por isso, Lula, eu não solto a sua mão. Ela está para além das grades.
Um afetuoso aperto de mão seguido de um grande abraço.
Maria Betânia

Vida que segue