O engenheiro José Roberto Arruda, que foi um diligente secretário de Obras do ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, ganhou a eleição, em 2010, sendo o primeiro governador a ser deposto em um rumoroso e comprovado processo de corrupção. Arruda concedeu entrevista a uma revista que vai causar constrangimentos a políticos do DEM, que são nominalmente por ele citados. O ex-governador declarou ter usado seu posto de único governador do DEM para convencer e sensibilizar empresários a fazer doações eleitorais para colegas de siglas e até para políticos de outros partidos. Arruda comandou um esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal, que o derrubou do governo do Distrito Federal.
"Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira" José Roberto Arruda, Ex-senador e ex-governador do distrito federal
Caixa de Pandora
Expulso do DEM e demissionário do governo após a Operação Caixa de Pandora, que devassou um esquema de corrupção no governo de Brasília, que o deixou preso por 6 meses, Arruda diz não poder garantir que as verbas arrecadadas eram declaradas. "Isto somente o presidente do partido pode responder. Se era oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à liderança que havia feito o pedido" - afirmou. O ex-governador disse que mantinha "excelente relacionamento com os grandes empresários" e que usou tal influência "para ajudar meu partido, nunca em proveito próprio".
Destino
Ele próprio trata de explicar como o mecanismo de corrupção funcionava: "Pedia ajuda a esses empresários! Dizia: "Olha, você sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o partido". Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças fazem". Os beneficiários do esquema de corrupção são citados por Arruda, políticos de renome, muitos por ele classificados de "desleais" e hipócritas", tais como "os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia (novo presidente do DEM), por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda"! Arruda não fica nas generalidades, tratando de contar episódios que provam o envolvimento de políticos do DEM no esquema.
Agripino
Disse que o senador José Agripino Maia (DEM-RN) foi até a sua casa pedir R$ 150 mil para a campanha da sua candidata à Prefeitura de Natal, Micarla de Souza, do PV. "Eu ajudei e até a Micarla veio aqui me agradecer, depois de eleita" - conta José Roberto Arruda. Também afirma ter sido procurado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), solicitando-lhe a contratação de uma empresa de cobrança de contas atrasadas. "O deputado Ronaldo Caiado, foi outro que foi bastante implacável comigo", garante o ex-senador.
César Maia e ACM
"Caiado levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília" - prossegue Arruda, citando o ex-presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ). "Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do César Maia no Rio de Janeiro, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à Prefeitura de Salvador" - sublinha José Roberto Arruda, que declara ainda que fazia outros favores, como "nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários", acrescentando que um dos poucos políticos que nunca ajudou foi o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM. Indiretamente, Arruda diz ter praticado atos ilícitos no exercício do cargo.
Tarcísio Holanda