Engolidores de sapo

Por Carlos Chagas


Lealdade costuma ser produto em falta nas prateleiras da política, mas, de vez em quando, registram-se exceções. Quais as duas maiores estacas de sustentação da candidatura Dilma Rousseff, fora, é claro, o pilar chamado Lula?

Não haverá quem deixe de referir José Dirceu e Antônio Palocci. Este, já escolhido para chefiar a campanha formal, quando ela começar, mas já atuando na informalidade, encarregado de convencer a nata do empresariado de que, se eleita, a candidata manterá as linhas-base da atual política econômica neoliberal. Aquele, costurando a intrincada e às vezes furada rede de sustentação do PT, viajando pelos estados como bombeiro a apagar incêndios verificados com a indignação de companheiros frustrados em pretensões eleitorais.

O singular nesse caso é que Dirceu e Palocci devem olhar com certa ironia a presença de Dilma na pole-position governista quando, tempos atrás, a corrida parecia indicar um deles para o pódio. Tanto o ex-ministro da Fazenda quanto o antigo chefe da Casa Civil despontavam como herdeiros do trono. Decidiriam mais tarde quem receberia a indicação de candidato e até se entendiam para adiar a disputa. Mas era um ou outro, sem dúvida alguma.

Como a realidade parece sempre mais surpreendente do que a ficção, foram ambos atingidos por corpos estranhos às suas carreiras. Um envolvido, justa ou injustamente, nas tramas do mensalão. Outro, desestabilizado por um humilde caseiro que teve devassada sua conta bancária.

Pois não é que o presidente Lula, depois de submetê-los a tortuosa e cruel quarentena, apela para os dois na hora de tentar a eleição de Dilma Rousseff? Antes atropelados, Palocci e Dirceu ressurgem como esperança de salvação para a escuderia. A vida, realmente, dá voltas que ninguém imagina. E a lealdade, de quando em quando, dá o ar de sua graça.

Combater a corrupção é assim

A Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas, da Controladoria-Geral da União, e a Secretaria de Direito Econômico, do Ministério da Justiça, firmaram acordo para combater fraudes em licitações.

O objetivo é “o desenvolvimento e o aprimoramento das técnicas e procedimentos de apuração, prevenção e repressão de fraudes em licitações”.

A CGU encaminhará informações e indícios obtidos em averiguações preliminares ao Ministério da Justiça, que, por sua vez, informará as provas obtidas em expedientes internos, cujas investigações tenham relação com o mesmo tipo de infrações.

E o Sarney que nãi cai?

Evanilda Barcelos Morato

Pois é, e o Sarney que não cai, hein rapaz! Que coisa, hein? Nosso líder varonil José Serra necessita tanto que o Sarney caia, para que o Marcone Perillo (aquele que transita pelo Código Penal de cabo a rabo) assuma o senado, tumultue de vez a câmara alta e sangre o governo Lula até à eleição de 2010!

Mas o Sarney não cai! Oh, quem poderá nos salvar?

O heróico vingador Artur "10 mil doletas do Agaciel" Virgílio?

O diáfano Álvaro "vazador de dados sigilosos" Dias?

O puro Sérgio "anões do orçamento" Guerra?

O casto Demóstenes "viagem à New York com a amante" Torres?

Oh, suspeito que nenhum deles!

Acho que o único salvador possível é mesmo o Chapolim Colorado!

50 conselhos de um político para outros políticos

  1. Nunca mude de personagem.
  2. Não fale mal de seu adversário na frente da família. Ela nunca entenderá quando for seu parceiro.
  3. Nunca minta. Fale o necessário.
  4. Mais importante que ganhar eleição é seu antagônico perder. Dentro ou fora.
  5. A internet não substitui a imprensa.
  6. A imprensa continua importante.
  7. A imprensa não é fundamental.
  8. A noticia de hoje desaparece duas horas depois.
  9. Cuidado quando as noticias forem em série.
  10. Nunca tranque as portas. No máximo as feche.
  11. Há uma diferença em buscar recursos para fazer política e buscar a política para fazer recursos.
  12. A eleição de hoje não é a ultima da historia.
  13. Ninguém sabe no exterior que o brasileiro é alegre e festivo. Nem aqui.
  14. Atire sempre na pessoa jurídica de seu adversário. Nunca na pessoa física.
  15. Ideologia na política não é tudo. Política sem ideologia é nada.
  16. Fique bravo por fora, e tranqüilo por dentro.
  17. Na TV se fala com voz escandida. No rádio se faz discurso.
  18. Seu assessor de imprensa não conhece a imprensa.
  19. Seu publicitário sabe muito menos que você sobre política.
  20. Sempre haverá um bêbado numa reunião. Dê a palavra a ele.
  21. Político: Mulheres se cumprimentam com olhar fixo e aperto de mão rígidio. Política: Homens se cumprimentam, com olhar esguio e aperto de mão frouxo.
  22. Só polemize se souber o que vai dizer na quinta jogada.
  23. Seu adversário sabe tudo de você. Você só precisa saber uma coisa dele.
  24. Enxugue o suor de sua mão antes de apertá-la.
  25. Abrace o eleitor envolvendo-o. Ele é seu intimo. Nunca use freio de mão.
  26. Ouça seu eleitor envolvendo-o. Olhe para seus olhos olhando os cantos do rosto. Preste atenção.
  27. Cada aperto de mão é uma pesquisa qualititava,
  28. As pesquisas tratam do que você deve fazer e não do que já fez.
  29. Case com uma mulher mais velha. Case com um homem muito mais velho.
  30. Aprenda a sorrir como o Blair e faça assim na TV e nos velórios.
  31. Os âncoras da TV tem mais credibilidade que você. Não os desminta.
  32. É na pré-campanha que se fixa a imagem no celulóide. Na campanha se revela.
  33. Ataque com palavras sinonímicas. Nunca subindo o tom da voz.
  34. Use parábolas, eufemismos,mas sempre...............curtos.
  35. Deus não vota.
  36. O fotojornalismo é mais importante que o jornalismo escrito. Até que as manchetes.
  37. Fale com narrativas e imagens. Só assim vai gerar memorabilidade.
  38. Escolha a biografia de no mínimo dois políticos, e as conheça bem.
  39. Historia é o fundamento da política.
  40. Leia o noticiário do dia do veiculo que o vai entrevistar e o use como argumento.
  41. Os números quebrados impressionam mais.
  42. A retórica pomposa, ridiculariza.
  43. Conheça umas 4 piadas sobre políticos. Curtas. E as use.
  44. Nunca desminta a imprensa: faça uma nova afirmação.
  45. Não é você que é bonito, mas o poder que você tem. Dura seu mandato.
  46. Em plenário, responda concordando, e prossiga,... discordando.
  47. A ultima palavra é a de Deus.
  48. O voto se pede. Mas não se suplica.
  49. A cada contato com o eleitor você deve estar como se estivesse acabado de tomar banho: alegre, perfumado, arrumado.
  50. Prometer o possível.

CNI, CNA, CNC e CNIF abandonam codefat

4 confederações de empresários -CNI, CNA, CNC e CNIF- abandonaram o Codefat - Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - em reação à eleição de Luigi Nese, apoiado pelo ministro do Trabalho - Carlos Lupi -.

Agora, as entidades patronais ameaçam ir à Justiça reclamar a falta de representatividade do conselho, responsável pela gestão de um patrimônio de R$ 158 bilhões.

Sinceramente, essa é demais...
Abandonam o conselho por não aceitarem uma derrota e recorrem à justiça...
E sabe o que é pior?...
É que o judiciário - o mais corrupto dos poderes, na minha opinião - é capaz de dar guarida a esta pretensão deslavada deles.

Corja!

Tucano pode

Nunca houve campanha tão violenta para destruir um homem público como a que move a mídia contra o presidente do Senado José Sarney, com a finalidade de tirá-lo do posto para colocar ali alguém que sirva à natimorta candidatura José Serra à presidência da República. Ah! sim. Houve a do mensalão contra o presidente Lula que envolveu até o irmão dele, acusado pela facção tucana da Polícia Federal de haver pedido dois mil reais a um amigo para pagar aluguel atrasado do barraco. Aliás, no fundo o que a imprensa quer é impedir que Lula eleja o sucessor. O alvo é praticamente o mesmo.

Inaceitável é que os senadores do PSDB não exijam que a filha de FHC, colocada por ele no gabinete do senador Heráclito Fortes, devolva o salário de 7 mil reais que recebia do Senado, sem trabalhar. Sem sequer comparecer ao prédio da Câmara Alta. Tucano pode!!!

Quem quer liquidar Sarney

Wladimir Pomar

O senador Sarney é um dos remanescentes das antigas oligarquias, que participaram, por longo tempo, do comando do Estado brasileiro. Como todos os demais, ele migrou da classe dos latifundiários para a burguesia. Apoiou o golpe militar de 1964 e foi figura de proa na Arena. No final desta, foi para a Frente Liberal. Mas apercebeu-se, antes dos outros de seu partido, que o regime militar estava no fim e que, para salvar sua classe, era preciso trocar de lado e realizar uma transição negociada.

Foi essa visão que lhe valeu a candidatura a vice-presidente, na eleição indireta de Tancredo, e a presidência, ante a morte prematura do cabeça da chapa. Seu governo foi medíocre, embora tenha contribuído positivamente para a concretização das primeiras eleições presidenciais diretas, após mais de 25 anos, fundamentais para a consolidação do processo democrático no Brasil. O que não foi pouco.

Bem vistas as coisas, Sarney foi, antes de tudo, um fiel servidor de sua classe social. Algumas vezes esteve na frente dela, ao captar as tendências sociais e políticas. O que o levou a adotar posturas para salvá-la de seus próprios desacertos. Em certo sentido, ele parece acompanhar os passos sagazes de Vargas que, em seu tempo, salvou tanto os latifundiários quanto a burguesia com seu faro agudo para as mudanças em gestação na base da sociedade.

Provavelmente, foi essa intuição que levou Sarney, em 2002, bem à frente de seus partidários, a vislumbrar que era o momento de permitir que representantes dos trabalhadores experimentassem o mel e o fel de ser governo, sem ter o poder. O que lhes garantiu canais de negociação e influência no governo Lula, e benefícios evidentes para sua classe, como um todo

Diante desse histórico, o que se pergunta é: por que uma parte da burguesia decidiu liquidar, com desonra, um de seus mais sagazes representantes políticos? Seus pecadilhos, assim como vários dos seus grandes pecados, não são em nada diferentes dos que a maioria dos senadores e deputados deve confessar a seus pastores. E não se diferem em nada da prática diária da burguesia, ao realizar seus negócios. Então, por que a fúria para derrubar o senador?

A resposta a essas questões pode estar no fato do senador Sarney haver demonstrado propensão a considerar que o governo, com participação de representantes dos trabalhadores, deva ter continuidade, em 2010. Isto pode resultar na negativa de utilizar a presidência do Senado como instrumento para paralisar o governo atual. Se isso for verdade, a suposta falta de decoro parlamentar do senador não passa de cortina de fumaça. Ela esconde apenas a tentativa de derrubar o senador para, através da presidência do Senado, virar o jogo de 2010 no tapetão, impedindo o governo Lula de realizar seus principais projetos.

Porém, a resposta pode mesmo estar relacionada com deslizes na emissão de decretos secretos, ou na omissão diante deles, assim como com atos de favorecimento para empregos no Senado e na Câmara dos Deputados. Se esta for a verdade, os senadores deveriam acabar com a hipocrisia e realizar uma investigação séria, colocando-se todos sob suspeição.

Com uma investigação desse tipo, separando-se os que realmente não participaram de qualquer daqueles atos dos que os praticaram, é provável que o senador Sarney não saia ileso. Mas, certamente, levaria muita gente consigo. Seria o justo. O resto não passa de engodo de falsa moralidade e objetivos escusos.