Bom para os EUA, para o Brasil e para o Ceará

Há vários indicativos de que a crise financeira que se abateu sobre o planeta está chegando ao fim.

Consta que o Brasil foi um dos países de grande economia que menos sofreu.

Não foi exatamente uma marola, mas a onda não ultrapassou os limites das areias praianas.

O presidente Lula apostou e acertou.

Ontem, foi divulgada uma informação importante que sinaliza que o mundo pode retomar a rota do crescimento econômico.

A economia dos Estados Unidos se contraiu em um ritmo bem mais lento que o esperado no segundo trimestre, enquanto a queda no investimento comercial e residencial diminuiu acentuadamente.

O Produto Interno Bruto (PIB), que mede a produção total de bens e serviços dentro dos EUA, caiu 1% na taxa anualizada.

Queda sim, mas um grande avanço se comparado à retração de 6,4 por cento no primeiro trimestre. Atentem que a previsão de queda do PIB divulgada inicialmente era de 5,5%.

Trocando em miúdos, a economia dos EUA deve voltar a crescer nos próximos meses. Com ela, o resto do mundo.

É uma ótima notícia para o Brasil e para o Ceará, que possui grandes projetos com forte relação com o mercado mundial.

É o caso da refinaria e da siderúrgica, cujas plantas estão voltadas para a exportação.

Não custa lembrar: sozinhos, esses dois empreendimentos, sem se levar em conta o encadeamento econômico que geram, têm poder de quase dobrar o tamanho da riqueza produzida no Ceará.

O fim dos direitos individuais

José Sarney:

a teorização da arte da política começa com Aristóteles. Ele foi o primeiro a querer saber tudo sobre o seu tempo e como os homens faziam para gerir essa máquina do tempo.

Baixinho e careca, não lhe faltava senso de humor. Contam que lhe indagaram por que gostava de belas mulheres, e ele respondeu que só um cego lhe indagaria isso.

Mas larguemos as mulheres e voltemos à política, a arte de harmonizar conflitos, já que é mais esta do que ciência. Hitler tinha horror à política.

Na tentativa de evitar a Guerra Mundial, um seu general disse que era chegada a hora da política e ele respondeu: "abomino a política".

O ser autoritário é sempre amargurado com a política: o move a força como solução e, para alcançá-la, veste-se do ressentimento, da inveja, do puritanismo, como uma máscara para esconder a hipocrisia.

O conde Afonso Celso, que escreveu um livro delicioso sobre os anos que passou no Congresso, conta que dois grupos eram constantes em cada legislatura, embora mudassem os seus integrantes: os que viviam à custa da honra da Casa e os que faziam política à custa da honra dos colegas. Em geral, eram sepulcros caiados.

Foi Lênin quem aplicou como método as leis da guerra à política. Ele não a via como um instrumento democrático para a conquista do poder, mas como uma disputa cuja finalidade não era o jogo das ideias, e sim, como na guerra, uma luta entre inimigos não para vencer o adversário, mas exterminá-lo -e nisso toda crueldade devia ser usada.

Daí o pensamento dele tão divulgado de que os fins justificam os meios. Quem lê os seus textos sobre o uso do terror fica arrepiado, porque seus exemplos são buscados nos piores momentos do terror da Revolução Francesa, em 1793/94.

Hoje, com a sociedade de comunicação, os princípios da guerra aplicados à política são mais devastadores do que a guilhotina da praça da Concorde. O adversário deve ser morto pela tortura moral disseminada numa máquina de repetição e propagação, qualquer que seja o método do vale-tudo, desde o insulto, a calúnia, até a invenção falsificada de provas.

Como julgar uma democracia em que não se tem lei de responsabilidade da mídia nem direito de resposta, diante desse tsunami avassalador da internet e enquanto a Justiça anda a passos de cágado? Como ficam os direitos individuais, a proteção à privacidade, o respeito pela pessoa humana?

Há alguns anos discutimos esses temas numa Conferência das Nações Unidas em Bilbao. Conclusão: saímos todos certos de que acabou a privacidade e os direitos individuais estão condenados a serem dinossauros de letras nas Constituições.

Os ratos do Mainardi

Veneza está infestada de ratos. Quatro ratos para cada habitante. Um total de 200 000 ratos. Perambulo todas as noites à procura deles. Olha o rato saindo do tubo do esgoto! Olha o rato atravessando o canal a nado! Olha o rato morto com um fiozinho de sangue escorrendo pelo canto da boca!

Eu tenho um imenso respeito pelos ratos venezianos. Um respeito que beira a vassalagem. Eles, por sua vez, me tratam com certa soberba. Eu entendo. Os ratos venezianos pertencem a uma estirpe nobre. O impacto que seus antepassados –rattus rattus – tiveram no desenvolvimento das artes foi incomensuravelmente maior do que o de todos nós – brasileiros brasileiros – em mais de 500 anos de história.

A igreja do Redentor é obra dos ratos venezianos. Melhor dizendo: a igreja do Redentor é obra de Andrea Palladio, um dos mais importantes arquitetos de seu tempo, mas ela só foi erguida para comemorar o fim de uma epidemia de peste, em 1576. Quem propagou a epidemia? Os ratos venezianos e suas pulgas. Eles voltaram a disseminar a peste em 1630, matando outras dezenas de milhares de pessoas. O resultado foi melhor ainda: para comemorar o fim da epidemia, Baldassare Longhena projetou a igreja de Santa Maria della Salute.

Nos períodos de epidemia, os navios com pestilentos a bordo tinham de permanecer ancorados ao largo de Veneza, em quarentena, com uma bandeira amarela no mastro. Alguns dias atrás, a imagem se repetiu, quando passageiros e tripulantes de um navio proveniente da Turquia foram impedidos pela guarda costeira de desembarcar na cidade, porque as autoridades temiam que eles fossem portadores de gripe suína. As barreiras sanitárias erguidas pelos italianos funcionaram até agora. Ninguém morreu de gripe suína na Itália. É o contrário do que ocorre no Brasil. Nós já conquistamos uma primazia nesse campo: de acordo com as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, temos a segunda maior taxa de mortalidade por gripe suína do mundo. Atrás apenas deles – os argentinos nos argentinos.

Michel de Montaigne passou por Veneza em 1580, quatro anos depois da epidemia que inspirou a igreja do Redentor. Ele associou a peste ao mau cheiro dos canais venezianos, ignorando o papel dos ratos no contágio. Nos Ensaios, ele filosofou que filosofar é aprender a aceitar a própria morte. Nisso ninguém supera os brasileiros. Nós morremos pacatamente, resignadamente, bovinamente, sem atribuir responsabilidades pelas epidemias, sem protestar contra o ministro da Saúde, sem jogar tomates no presidente da República. No Brasil, falta um Andrea Palladio, falta um Baldassare Longhena. Falta também Tamiflu. Por outro lado, morremos melhor do que os outros. Morremos como Montaigne.

Por Diogo Mainardi

E a mídia tradicional?

É um modelo elitista, excludente, monopolista - em uma única palavra, afrikaner.

Ela trabalha hoje, acima de tudo, tentando tapar com os dedos os furos no dique de contenção. Trabalha pela manutenção de um monopólio privado sobre a disseminação de informação, o debate público e a formulação de políticas públicas. Na visão dos empresários, tudo deve se dar na esfera dos leitores dos grandes jornais, na esquina da Veja com a Globo que dá para os fundos do palácio.

Os empresários trabalham para criminalizar as formas de comunicação que escapem de seu controle, dizendo que a internet dá câncer, que usar computador na lanhouse engravida ou que ouvir rádio comunitária causa gripe suína auricular.

É por isso que, quando digo que o Octavio Frias é reacionário, não falo isso com ódio no coração. Não tenho nada de pessoal contra ele.

É que a manutenção do status social do empresário Octavio Frias -- e, portanto, da robustez de sua conta bancária -- depende da reprodução de um modelo ultrapassado. Aquele, em que o publisher fica com o chicote na mão no topo da pirâmide, algumas centenas de jornalistas ocupam posições intermediárias e você, caro leitor, é um zé ninguem que pode debater, sim, mas dentro dos parâmetros determinados pelo Otavinho. Leia mais no Vio o Mundo

Ney Matogrosso interpreta Cartola

Bom dia minha linda, te amooo!

Ney Matogrosso interpreta Cartola

Para você aprender a gostar de coisas boas rsss
Abração,

Botando no mau caminho

Um dia destes, amigo recente me convidou a um almoço para que eu melhor o conhecesse. O papo se desenrolou inteligente e intimista, irrigado por não sei quantas doses de caipirosca. Sabia que ele há décadas estava sem beber. De véspera, ante o convite, disse lhe não dispensaria um aperitivo. Qual não foi meu espanto ao vê-lo me acompanhar, passo a passo, em cada drinque consumido. É que ouvira falar de que sua abstinência era deliberada pelo mal que o consumo das chamadas bebidas espirituosas fazia a seu comportamento, a sua carreira. Não era, porém, hora de dar conselhos a um velhote, exatamente da minha idade. Ele bebeu todas. Ao final, na afetuosa despedida, só lhe enderecei um pedido: “Não vá dizer à sua mulher nem à sua mãe que o obriguei a beber”. É que a família acha sempre que o outro é que corrompe nosso irmão, nosso filho. Tão inocentes, eles se deixam levar por qualquer proposta de terceiros ao caminho do vício, do prazer.

Lustosa da Costa