Humberto Teixeira

O Homem Que Engarrafava Nuvens
 Este filme documentário foi apresentado nesta noite de sábado na TV Brasil, infelizmente não pude assistir. Mas vale pelos relatos:
 Folha de São Paulo – por Marcus Preto. 
Em tempos em que o samba se mantém entronado como fundamental matéria-prima na produção de música do país, um filme como “O Homem que engarrafava nuvens” (2010) pode valer como uma iluminação.
Dirigido por Lírio Ferreira, o documentário entrega até mais do que promete, a princípio, vender.
Promete uma biografia do cearense Humberto Teixeira (1915-1979), compositor, advogado, político e criador das leis de direito autoral no Brasil. Mais que isso. Parceiro de Luiz Gonzaga em clássicos como “Asa Branca” e “Assum Preto”.
Entrega um poema visual que, abarrotado de  informações, depoimentos e imagens históricas, se expandem para além do personagem.. E busca recolocar o Baião como o gênero fundamental da nossa tradição musical.
Vídeos: 
Veja o vídeo

O Forte e o Fraco

 O forte agradece, o fraco reclama.

O forte avança, o fraco retrocede.
O forte luta, o fraco foge.
O forte trabalha, o fraco cruza os braços.
O forte crê, o fraco duvida.
O forte ama, o fraco odeia.
O forte persevera, o fraco desiste.
Na vida os verdadeiramente fortes são aqueles fortalecidos por Deus são aqueles que mesmo diante dos grandes desafios da existência, encontram forças para continuar enxergando a plenitude da vida.

 (Pr. Edilson Ramos)

Cachorrinho Manco

 

Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço dos filhotes 'a venda. "Entre 30 e 50 dólares", respondeu o dono da loja.


O menino puxou uns trocados do bolso e disse:

- "Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?"

O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pelo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma visível.

Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou:]

- "O que é que ha com ele?"

O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar. O menino se animou e disse:

- "Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!"

O dono da loja respondeu:

- "Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente."

O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse:

- "Eu não quero que você o de para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por mês, ate completar o preço total."

O dono da loja contestou:

- "Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos."

Ai', o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calca para cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar.

Olhou bem para o dono da loja e respondeu:

- "Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso."


Carnaval

- E aí, cara, pensei que você não vinha mais! E agora chega com essa cara de quem comeu e não gostou, é ressaca de carnaval?

- Eu não estou de ressaca. Aliás, pensando bem, estou. Não tenho mais preparo físico para aguentar um carnaval.

- Onde é que foi que você brincou?

- Eu não brinquei, há muito tempo que não brinco carnaval. Já fui até muito chegado, mas hoje em dia não quero nem saber. Não, eu estou de ressaca é de não dormir direito, com esses blocos parecendo que estavam todos de-baixo da janela do meu quarto, levei dois dias praticamente sem pregar olho. Isso é um absurdo, essa esculhambação na rua, deviam proibir esse negócio.

- Ué, eu não entendo você. Alguns dias antes do carnaval, aqui mes-mo, você disse que era a favor do carnaval de antigamente, o carnaval de rua, o espontâneo, o dos blocos, não sei mais o quê.

- É, dou a mão à palmatória. Não sou mais. Quer dizer, continuo a achar que o carnaval de antigamente era melhor, mas isso era antigamente, não dá para o antigamente ser hoje, eu tenho é que me recolher na terceira idade e ficar na minha, não me adapto mais, estranho tudo. Você viu aquelas mulheres nuas com o corpo pintado, viu a musculatura? Eu vou lhe dizer a verdade, mesmo quando eu tinha trinta anos, não sei se eu encarava uma mulher daquelas. Se uma mulher daquelas aplicar uma chave de perna num infeliz qualquer, ele pode encomendar a alma ao diabo, porque nem um pé-de-cabra solta ele. Eu pensava que as pernas do Adriano eram parrudas, mas perto dessas mulheres ele é franzininho.

- É, antigamente elas tinham curvas mais suaves, tinham cintura...

- E não ficavam peladas o tempo todo! Eu não sou contra mulher ficar pelada, mas o tempo todo é um exagero. Podia haver fantasias até mais sensu-ais, que não mostrassem logo tudo, não é preciso apelar. No meu tempo, por exemplo, as moças se fantasiavam muito de havaiana, com saiote esfiapado e as pernas aparecendo.

- E por baixo um short comprido, um corpete fechado e um calçolão blindado. Deixa de ser saudosista, cara, tem que colocar as coisas dentro do tempo, da atualidade. A fantasia de havaiana que você falou pode continuar a existir, só que dentro da realidade atual. Aliás, você me deu uma ideia, eu vou falar com o Maurição, o Maurição você sabe como é, é o maior produtor de festas de embalo do Rio de Janeiro, de repente rola até uma grana nisso, o Maurição sabe tudo. Isso que você falou me deu a ideia, uma festa com as mulheres todas fantasiadas de havaiana. Ou seja, sem nada em cima, mas de sandália havaiana, sacou? Se a ideia for bem trabalhada, dá para descolar um belo patrocínio com uma dessas fábricas de sandália. E conseguir mulher que pinte lá disposta a aparecer só de sandália vai ser a maior moleza, acho que dá até para cobrar taxa de inscrição. Bota um jornal ou revista nisso, bota umas duas celebridades, o suprimento de mulher pelada é automático. Eu tenho tino para empreendimentos, fico sempre observando as oportunidades que surgem. Ali-ás, que bela ideia, cara! O Festival Carioca do Nu Artístico! Carioca não, na-cional! Internacional! Bota um nome em inglês, o Nude-in-Rio, pega logo! Tem que pensar grande, cara, pode ter certeza de que, se um cara com capital para investir pegar essa ideia, vai encher o rabo de dinheiro! Eu já estou aqui sacando as ramificações, cara, tem uma carroça cheia de grana esperando quem tiver essa iniciativa.

- Você já está de porre a esta hora?

- Não, você é que está querendo viver num mundo que não existe mais. Eu não, eu vivo no Brasil novo, no Brasil onde todo mundo prospera e quem tiver visão fica rico, todo dia estão surgindo novos milionários e são as ideias que fazem esses milionários. Muitas ideias que no princípio pareciam loucas terminaram em grande sucesso. A mulher pelada nacional é um dos nossos recursos naturais, tanto quanto a paisagem da baía da Guanabara. Nós temos é que afastar os preconceitos e dar o destino mais lucrativo possível a nossos recursos, isso é que é desenvolvimento sustentável, a mulher pelada é um recurso altamente renovável. Você está por fora, está fixado no tempo do derrotismo e do atraso. Por exemplo, essa birra que você pegou contra o car-naval de rua é dar murro em ponta de faca, tem mais é que se sintonizar com os novos tempos e, sempre que possível, procurar tirar partido da situação. O carnaval de rua voltou para ficar, esta é que é a realidade.

- Espero que pelo menos o cheiro de mijo vá embora.

- Taí, você bateu em cima, olha a oportunidade de ganhar dinheiro aí, pensei nisso o carnaval inteiro. E pensei com criatividade. Vou ver se o Maurição tem contatos que consigam um patrocínio das cervejarias, dá para bolar uma série de esquemas, mas o principal é minha ideia. Minha ideia é pegar uns caminhões gigantes, desses de trio elétrico, e converter num conjunto de banheiros para uso dos blocos. O bloco anda e o Mijomóvel vai atrás, tudo arrumadinho, dá para uma série de bolações, é só soltar a criatividade, eu tenho anotado uma ideia atrás da outra.

- Eu também tive uma ideia. Neste caso, por que não criar também o Bloco do Fraldão? Em vez de ir ao banheiro, todo mundo se mija na fralda e fica despreocupado, vai ser um bloco muito tranquilo.

- Você está de gozação, mas é isso mesmo, são as ideias! Essa ideia do fraldão pode dar samba, acho que é possível pegar o patrocínio de um grande fabricante, botar umas popozudas sambando de fraldão...
Jõao Ubaldo Ribeiro

por Pedro Malan

Pedro S. Malan,  O Estado de S.Paulo
A expressão "pós-Lula", por estranho que pareça, causa desconforto e mesmo irritação a muitos adeptos do lulopetismo. A princípio, não deveria ser assim. Afinal, é um fato inegável que "o cara" não é mais de jure e de facto o presidente da República há exatos dois meses e treze dias.
Nesse sentido, a expressão "o pós-Lula" poderia, e deveria, ser entendida apenas como uma forma abreviada, e portanto melhor, de se referir ao "período que se segue ao término dos oito anos da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Simples assim. Factual e incontroverso, não?
Não, dizem lulopetistas que respeito. E é importante, a meu ver, tentar entender suas razões.
Primeiro, porque veem no uso da expressão "pós-Lula" disfarçada ironia e inconfessáveis propósitos políticos, todos expressando veladas expectativas e obscuros desejos de que o ex-presidente pudesse "sair de cena", privando a sociedade brasileira de sua marcante presença, de seus conselhos, opiniões e lições de vida.
Vale lembrar que foi isso o que fez em 2003 o então - como ainda hoje - estrategista-mor do petismo (J. Dirceu), reagindo a um comentário público do então ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: "Ele deveria estar calado em casa, de pijama e chinelos cuidando dos netos".
Que eu tenha tomado conhecimento, ninguém sugeriu o mesmo a Lula. Que, por sinal, disse mais de uma vez que iria mostrar a todos "como deve se comportar um ex-presidente quando desencarna". Deixo ao eventual leitor imaginar a qual (ou a quais) ex-presidente(s) se referia Lula.
Há uma segunda razão para o desconforto e a irritação com a expressão "pós-Lula", por vezes interpretada como uma tentativa de excluir do rol das possibilidades futuras "o retorno" de Lula à Presidência da República em 2014 ou 2018 - o que exigiria sua constante presença e visibilidade nos meios de comunicação.
Essa possibilidade de retorno certamente existe tanto para o principal estrategista do lulismo (o próprio Lula) quanto para o estrategista-mor do petismo.
Tanto é assim que um dos mais fiéis escudeiros do ex-presidente, hoje ministro importante do governo Dilma Rousseff, já disse em entrevista que se a presidente Dilma fizer um bom governo será candidata à reeleição.
Se não, o lulopetismo deverá ter Lula de volta em 2014 (ou 2018). Como falar em pós-Lula nesse contexto?
Leia a íntegra do artigo Aqui

Prá desopilar

Um banqueiro tomava banho de sol na praia quando de repente, não mais que de repente surge o Briguilino e pergunta: 
Fulano, beltrano, que fazem aqui? 
O banqueiro responde: 
"Estou roubando alguns raios de sol". Ao que Briguilino retrucou:
 "Vocês, banqueiros... sempre trabalhando"...

por A. Capibaribe Neto

Tristezas, lamentos e lamúrias

Existem aqueles que só conseguem chamar a atenção alheia como arautos de notícias ruins ou debruçados em lamentações as mais diversas. A vida não é feita só de alegrias, de festas, de carnaval, de folia, de boas taças de vinho. A tristeza é o contraponto. 

O dia seguinte pode deixar um sorriso bobo no rosto do que participou ou a cara fechada ou arrependida pelo que fez consciente ou, principalmente, inconsciente. A vida também é feita de cansaços e ressacas, de dores de cabeça e promessas de "nunca mais" que só duram até uma nova oportunidade. Aquele que está feliz dentro de uma relação, dificilmente dispõe de tempo para dividir com os circunstantes as razões de tanta completude.

É um egoísta justificado. No máximo, quando é ingênuo ou gabola, se lambuza com as facilidades da permissão alheia, fazendo comentários sobre o que fez, com quem fez ou deixou de fazer porque não quis, por aí. Para as confissões sobre as tristezas que se instalam, para as lamentações, as dores, principalmente as que doem na alma, via coração despedaçado, ou as lamúrias, que a nada levam como a sua própria definição, existe sempre um ouvinte paciente ou um confessor de plantão para escutar ou oferecer um ombro amigo para o conforto do desconfortável confidente. 

A vida é feita de desafios, a começar pelo desafio de viver, que, nos dias atuais, é quase uma façanha de sobreviver diante de tantas ameaças urbanas, mundanas, corriqueiras em cada esquina, em todo lugar. A vida é feita de conquistas, das menores, das mais supostamente insignificantes àquelas que exigem maior esforço, maior dedicação, objetividade e perseverança. A vida também é feita de calma, de calmaria, aquela que sempre chega depois das procelas, a chamada bonança. A vida é um perde-e-ganha, como um dia é da caça e o outro pode ser do caçador. 

Nessa vida, muitas vezes somos um alvo fácil para a alça da mira de um atirador anônimo, capaz de acabar, numa fração de tempo, com o sonho de uma vida inteira... Mas, quantas vezes não estivemos apontando as nossas armas implacáveis para o inimigo que consideramos mortal, muito embora o nosso disparo seja apenas para satisfazer um momento de ódio sem perdão. 

A vida é um misto de muita coisa, de pouca coisa, de quase nada. De discursos longos, prolixos, infindáveis; de explicações amarelas, desnecessárias, de justificativas que dependem do juiz que existe dentro de cada um de nós: o mais severo, o que não aceita mentiras, por mais disfarçados que sejamos, descarados, caras de pau, cínicos, artistas. 

A vida é cheia de silêncios oportunos que podem significar muito mais que um milhão de palavras, porque esconde, com fidelidade, o que realmente sentimos, o que vai na nossa alma, no nosso coração. "El silencio puede ser una resposta..." - foi assim que começou uma história de amor da qual fiz parte e depois deixei de ser na moldura de um silêncio cínico. 

Na vida, somos quase sempre juízes a nosso favor e dificilmente apontamos nosso dedo, mesmo para as culpas mais bobas, mais banais. Temos sempre razão, mesmo quando passamos muito longe do que isso possa significar. 

Ao longo da vida, somos capazes, competentes, fracassados, arvorados, seja lá do que for; somos arrogantes, prepotentes, valentões contra os que reconhecemos como mais fracos ou covardes diante da certeza da nossa fraqueza ou vulnerabilidade.

A vida é assim, cheia dessas divagações, quando não brincamos carnaval, quando preferimos ficar dentro de casa, cercado por silêncios conhecidos ou pela algazarra moleque de vizinhos indesejáveis. O título da crônica... bem, o título, vejam bem, é apenas um título, não uma apologia a essas mazelas que chamam atenção, nem que seja por um breve momento no alto de uma página. 
A vida é assim mesmo!