por Edilmar Norões

Diálogo oportuno

A euforia de dirigentes petistas se justifica pelo fato de a presidente Dilma Rousseff ter conseguido, depois de se reunir com as centrais sindicais, afastar as divergências que marcaram as relações trabalhadores X governo, quando da votação do salário mínimo. 

Ao PT, convenhamos, cabe mesmo é comemorar pelo que tais divergências contribuíram para dificultar o diálogo com o sindicalismo, uma área com quem tem sintonizado ao longo do governo Lula. S

ão razões, portanto, a justificarem a comemoração pelo "final feliz" do encontro que a presidente Dilma promoveu para ouvir os representantes das centrais que haviam declaradamente criticado e acusado o governo por impor um faixa salarial do mínimo que os trabalhadores entendiam não atender às necessidades da categoria.

Diálogo oportuno II

O governador Cid tem um sólido apoio na Assembleia. Se isso se dá pela base aliada que respalda sua administração, mas também por ter procurado manter um bom relacionamento com os deputados. Inclusive, até mesmo os de partidos de oposição.

De olho na sucessão

Ao assumir seu segundo mandato, Cid convidou todos os deputados para mostrar seu projeto de governo, prática que vem mantendo. Convenhamos, se é importante em termos administrativos, também o é para quem está de olho em 2012 e 2014.

Candidatura à vista

A alguns deputados com quem conversa, Cid tem reafirmado que o irmão Ciro tem seu apoio para disputar o Senado. Uma eleição que por ter apenas uma cadeira (hoje ocupada por Inácio Arruda) tende a ser das mais disputadas. A começar dentro da base aliada.

por Zé Dirceu

Vergonha e cinismo

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Tropas rumo ao Bahrein
 

A ocupação do Bahrein pelas forças armadas da Arábia Saudita - uma ditadura religiosa das mais atrasadas e repressivas de todos os tempos - e por contingentes policiais de um chamado Conselho de Cooperação do Golfo (CGC) diz tudo do mundo de hoje, de como se manipula as crises e a realidade.

Já era gritante a diferença de atuação das potências ocidentais, que parecem viver na época do colonialismo. Faziam de tudo por uma intervenção, mesmo que unilateral, para apoiar os rebeldes na Líbia, e pediam aos países vizinhos que invadissem o Bahrein para sustentar a atual monarquia sunita, liderada pelo rei Hamad Ben Isa al-Khalifa.

O rei sunita representa uma dinastia que impera no Bahrein há mais de dois séculos, mas os sunitas são apenas 30% da população do país. Os outros 70% são da etnia xiita. Raras vezes na história prevaleceu tanto a política dos dois pesos e duas medidas quanto na atual conflagração dos países árabes e do Oriente Médio.

A prevalência dos dois pesos e duas medidas

Lá, mais do que nunca, para os amigos todo apoio, pouco importa se ditaduras ou não; para os inimigos ou adversários o banimento da comunidade internacional e, se possível, invasão para depor o governo - situação da qual a Líbia é o caso mais flagrante.

No caso do Egito e da Tunísia, os Estados Unidos e a Europa fizeram de tudo para controlar a transição quando se deram conta que os regimes comandados por ditadores amigos seus, levados ao poder e sustentados por eles por várias décadas - casos do egípcio Hosni Mubarak e do tunisiano Zine el-Abidine Ben Ali  - iam cair ante as revoltas populares e o clamor das ruas.

Essa é a realidade. Vamos ver como se comportarão nossa mídia e seus articulistas. A invasão do Bahrein foi ontem, e hoje eles ainda se mostram tímidos no noticiário e nas análises, mas já encampando tudo o que vem a respeito via agências internacionais, que todos sabemos, manipuladas pelas potências, pelos EUA e Europa.

Francamente, encampar como faz a mídia hoje, a posição de Washington, que diz não se tratar de uma invasão do Bahrein e que não endossou a ação da Arábia Saudita é conto da carochinha, história para boi dormir, não? Até porque a Arábia Saudita é  um de seus maiores aliados regionais e que os EUA usam como contraponto à presença do Irã na região.

Japão

É PROVÁVEL TER HAVIDO FISSURA CAUSADA PELA EXPLOSÃO DA CENTRAL!
          
Alejandra Portatadino, Engenheira Membro da American Society of Mechanical Engineers da "Ong Greencross" - (Clarín, 14).
      
1. O Japão tem sua matriz energética baseada principalmente na geração de energia nuclear, produzidas por 54 usinas nucleares, e seu maior problema é que estão em áreas chamadas "geologicamente instáveis". Uma central de usina nuclear funciona como uma caldeira, cujo núcleo ou gerador de calor é alimentado pela fissão nuclear - choque e liberação de nêutrons - produzidos pelo urânio. Devemos levar em consideração que a energia gerada por 1 kg de urânio é equivalente a 1.000 toneladas de carvão.
      
2. O choque, e a posterior fissão, produzem uma grande quantidade de energia térmica. O urânio é encontrado na natureza em uma de suas formas, o U238. Quando este é centrifugado, se converte no que conhecemos como urânio enriquecido ou U235, que é o utilizado nas centrais do Japão. Para resfriar estas centrais, conhecidas como PWR – Água de Alta Pressão – tem que se ter circuitos de refrigeração forçada, que é água a 150 atmosferas, pois a temperatura atinge 320º C. Quando se interrompe o fluxo de refrigeração, o reator aumenta a temperatura até 800 °C.
      
3. A água é utilizada não somente como elemento refrigerante, mas também como elemento "moderador", já que controla a velocidade dos nêutrons para que a fissão seja controlada. Quando não existe nem moderador nem refrigerante, a reação se acelera e, em função dela, se produz césio 237 e estrôncio 90, que se depositam nos ossos agravando o dano. O Japão diz que está tudo sob controle, mas segundo informes teria sido detectado césio 137, material radioativo.
      
4. O único local que produz este elemento é o núcleo do reator, portanto, deve haver uma fissura causada pela explosão da central, o que agrava a situação. A distância para a qual se deve evacuar a população quando é detectado césio 137 é de 30 km. Estima-se que a vida útil do césio-137 na atmosfera é de 30 anos. Não sabemos ao certo como o Japão está lidando com a crise, uma  vez que a área está isolada, mas é um fato significativo que os EUA estejam enviando líquido refrigerante, que geralmente é usado com base de ácido bórico mais água, pois o boro é exclusivo para absorver nêutrons e melhorar a refrigeração.

por Cesar Maia




CONVENÇÃO NACIONAL DO DEMOCRATAS! UM TIPPING POINT!
                  
1. No início dos anos 90, o PFL e o PP da Espanha estabeleceram uma parceria estratégica em relação à dinâmica partidária. O foco da mesma era o caminho ao Centro. O PP vinha da Falange franquista, e esse caminho foi muito mais penoso. Esse caminho foi percorrido com diversas oscilações, depurações e aglutinações, que partiram de um partido quase único (como a Arena aqui), em direção a um partido majoritário. Em 1982, o PSOE (como o PT daqui) elegeu 202 deputados, de 350. Isso produziu um ciclo de 14 anos, dentro do qual o PP foi enraizando a sua estratégia. Ali, ocorreu debacle eleitoral.
                  
2. O PP, com esta denominação, foi fundado em 1989. A Aliança Popular, seu nome anterior, obteve 8,2% dos votos e 16 deputados em 1977. Apenas em 1996 o PP vence as eleições nacionais. Um longo trajeto de aglutinações, exclusões, derrotas e fortalecimento. Três foram as virtudes principais para chegar ao poder: acreditar na estratégia proposta, ser persistente e ser paciente.
                  
3. Em 1990, parte do PFL terminou mergulhando no pantanal do governo federal. Em 1995, recupera prestígio fazendo a gestão política do governo federal,  elegendo o presidente da câmara de deputados. Em 1995, o presidente do PFL -condutor desta estratégia- atraiu para essa proposta de construir um partido de Centro, o prefeito do Rio e o governador do Paraná. Em 1999, numa longa reunião com dirigentes nacionais do PFL, em Madrid, Ariola, consultor do presidente do PP, aconselhava que o PFL não tivesse objetivos eleitorais para presidente por alguns anos e que se fixasse no caminho ao Centro.
                  
4. Mas as pesquisas terminaram alterando essa estratégia em 2002 e em 2006, com consequências significativas. Em 2002, sem ter candidato a presidente, após a renúncia de sua candidata, o PFL se dividiu. Cada liderança regional definiu seu apoio. Em 2006, com atraso de vários meses, e açodamento em lançar candidatura,  o PFL terminou se dividindo na escolha do candidato a vice, debilitando sua participação. O derrotado na época será o presidente do DEM, agora.
                  
5. Em 2003, foram tomadas decisões importantes em relação àquela estratégia. O PFL adotaria um nome que denotasse seu compromisso com o Centro, e mudaria o programa. Por isso, o Congresso de 2004 foi chamado de Refundação e seu novo programa afirma esses compromissos. E não há nada a ser retocado. Em 2003 foram tomadas decisões de renovação, começando pela liderança na câmara de deputados, processo que se mantém inalterado até hoje com a escolha do líder em 2011. Em dezembro de 2007 veio a mudança geracional, coerentemente com a proposta do PP.
                  
6. Algumas das lideranças anteriores saíram do partido no início desse processo, com destaque para o líder, por muitas vezes, na câmara de deputados. Essa era uma dinâmica anunciada. O fortalecimento viria após um ciclo dietético, onde os sinais da Arena iriam desaparecendo, o que produziria uma perda de gordura, construída ainda nos anos de chumbo. O hábito faz o monge, diz o povo. Não são simples e nem de curto prazo, ajustes, especialmente os político-ideológicos.
                  
7. A Convenção deste 15 de março de 2011 é o momento fulcral em que o DEM culmina esse processo e com a mesma estratégia e com mais integridade e unidade, acelera o passo na direção do que havia proposto desde o início dos anos 90. Os percalços eram inevitáveis, como o foram no PP.
                  
8. O texto colocado no Wikipédia ajuda a entender esta dinâmica.

Reforma política

Faz muito  a expressão “nem que a vaca tussa” vem sendo utilizada para definir propostas irrealizáveis.  Há no Congresso, porém, quem se anime a anunciar que a vaca está próxima desse milagre da natureza, no caso da reforma política. 

Reúnem-se esta semana as comissões especiais da Câmara e do Senado designadas para elaborar sugestões  a respeito. 

Começarão por uma espécie de consolidação dos mais de 50 projetos já apresentados nas duas casas, hoje dormindo nas gavetas de comissões técnicas variadas.  

As tendências entre deputados e senadores são  conflitantes, os objetivos de PT e PMDB batem de frente e fica difícil imaginar o consenso, mas sendo o Brasil o país das impossibilidades possíveis, como dizia Gilberto Freire, quem sabe a vaca nos fará alguma surpresa?
Carlos Chagas

Vai gostar de cinema lá em Floripa!

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País rico é país sem pobreza

O plano de erradicação da extrema pobreza terá três eixos: transferência de renda, ampliação de serviços públicos e ações de inclusão produtiva
A nova marca do governo federal demonstra o compromisso da presidente Dilma com a erradicação da pobreza extrema no país. E o primeiro passo nessa direção é o fortalecimento do Programa Bolsa Família, que recebeu significativo aporte de R$ 2,1 bilhões.

Essa medida permite não apenas repor o poder de compra das famílias beneficiárias, com ganho real médio de 8,7% sobre a inflação acumulada de setembro de 2009 a março de 2011, mas, principalmente, concentrar o reajuste na faixa de idade mais vulnerável -entre zero e 15 anos-, que recebeu aumento de 45,5%. A ampliação do valor dado aos jovens entre 16 e 17 anos também foi expressiva, de 15,2%.

Essa determinação torna o programa ainda mais efetivo no combate à pobreza, reforçando os pontos centrais de sua origem: foco nas famílias mais pobres e nas crianças e jovens, parcela da população que apresenta as maiores taxas de pobreza e extrema pobreza.
Hoje, 25% dos beneficiários do Bolsa Família têm até nove anos de idade, e mais de 50% têm idade inferior a 20 anos. O aumento médio de R$ 19 (de R$ 96 para R$ 115) no benefício equivale ao gasto mensal com arroz e feijão de família com quatro membros, por exemplo.

Estudo sobre o perfil dos beneficiários mostra que as famílias direcionam os recursos à compra de alimentos, roupas, remédios e material escolar, dentre outros itens básicos. Garantir mais recursos às famílias pobres tem efeitos positivos na alimentação, saúde e frequência escolar de milhões de crianças e jovens, além de inibir o ingresso precoce no mundo do trabalho.

Assim, manifesta-se uma dimensão estratégica do Bolsa Família: a interrupção do ciclo intergeracional de pobreza. A oferta de educação e saúde é condicionante do programa. O índice de crianças e adolescentes do Bolsa Família fora da escola é 36% menor em relação aos filhos de famílias não atendidas, revela o Inep; a evasão de adolescentes no ensino médio cai à metade, comparada aos jovens não beneficiários.
A progressão escolar também é maior entre as crianças e jovens do Bolsa Família. A desnutrição infantil das crianças menores de cinco anos (período estratégico para o desenvolvimento das capacidades cognitivas) atendidas pelo programa caiu de 12,5% para 4,8%, nos anos de 2003 a 2008.

Além de garantir melhores condições de vida a 50 milhões de brasileiras e brasileiros, o programa ajuda a economia do país. Cada R$ 1 direcionado ao programa aumenta em R$ 1,44 o PIB. 

Os beneficiários estão distribuídos por todo o país, mais um instrumento de apoio à redução das desigualdades regionais. Tais números comprovam a importância do Bolsa Família como parte da estratégia do governo de enfrentamento à pobreza.

O plano de erradicação da extrema pobreza terá três eixos: a transferência de renda é um deles. 

Os outros dois são a ampliação e qualificação dos serviços públicos, com ênfase no acesso, para melhorar as condições de vida dos brasileiros; e as ações de inclusão produtiva, para ampliar as oportunidades. Os três eixos expressam o convencimento de que a pobreza não se reduz ao indicador de renda, mas incorpora a dimensão de bem-estar social. Finalmente, estamos inovando no modelo de gestão e monitoramente para garantir o cumprimento das metas do plano.

O melhor investimento público é aquele direcionado ao ser humano. Não seremos uma nação capaz de desenvolver todo o seu potencial enquanto persistir a pobreza, entrave ao desenvolvimento econômico e social. País rico é país sem pobreza.

TEREZA CAMPELLO ministra de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.