por Luis Fernando Verissimo

‘For chayote’

Há tempos o Millôr se divertiu especulando sobre como seria a versão para o inglês de alguns ditos nacionais, como "a vaca foi para o brejo".

Fez até um livro, cujo título era justamente "The cow went to the swamp". Não me lembro se ele incluiu a expressão "pra chuchu" — como em "O Eike tem dinheiro pra chuchu" — na lista. Qual seria a sua tradução? Fui procurar chuchu no meu português-inglês e dei com "chayote". Chayote?!
Pode ser, mas a palavra não existe em dicionários só de inglês, pelo menos nos que eu tenho à mão.
Consultas a pessoas que poderiam me ajudar não ajudaram muito. As respostas iam de "o chuchu só existe no Brasil" a "chuchu é tão sem graça que ninguém mais no mundo se incomodou em lhe dar um nome, só nós, por piedade".
Apareceu "chou-chou" do francês antilhano, mas sem especificar se era o nome do legume ou de alguma safadeza. Na falta de alternativas, portanto: "Eike has money for chayote."
De onde vem a expressão "pra chuchu" significando "muito", afinal?
O significado da vaca atolada no brejo é pelo menos deduzível, se não é perfeitamente claro.
"Pra daná" e "pra burro" também querendo dizer "muito", com um pouco de boa vontade, fazem sentido. Mas "pra chuchu"?
Nem todo o mundo concorda que o chuchu não tem gosto de nada e parece um sólido fazendo força para não se transformar em água, sua verdadeira vocação. Há quem faça o elogio do suflê de chuchu, e rapsódias em defesa do ensopadinho de chuchu com camarão. Mas suflê de qualquer coisas acaba sendo bom e a única virtude discernível do chuchu no ensopado é a caridade, pois ele só está ali para fazer companhia aos camarões.
Curiosamente, se chuchu é um símbolo do insosso e do imprestável, seu diminutivo, "chuchuzinho" — "little chayote" —, é um termo amoroso, para descrever uma mulher apetitosa. Vá entender.
FOBIAS
Por falar em curiosidade. Quando o deputado Jair Bolsonaro, tempos atrás, lamentou publicamente que a ditadura não tivesse matado o então presidente Fernando Henrique Cardoso quando teve a oportunidade, a reação não foi a metade da causada pelas suas recentes declarações racistas e homofóbicas.
Fobias por fobias, a FHCfobia extrema pareceu só um destempero enquanto as manifestadas agora chocaram todo o mundo. Mas o Bolsonaro é o mesmo, com o mesmo cargo. Talvez, antes, só não se tivesse prestado atenção 

Skinheads

[...] São antes de tudo um bando de covardes. Só agridem quando estão em maioria.
Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos. Têm ensino fundamental e médio. Pertencem, em sua maioria, às classes C e D. Usam coturnos com biqueiras de aço ou tênis de cano alto, jeans e camisetas. São brancos e pardos -negros, não. Cultuam Hitler, suásticas e o número 88. A oitava letra do alfabeto é o H; HH dá "Heil, Hitler", a saudação dos nazistas. Consomem baldes de álcool. As outras drogas têm apenas uso marginal. Ostentam tatuagens enormes em que se leem "Ódio", "Hate", ou "Ame odiar". A propósito, odeiam gays e negros. São de direita. Gostam de bater, bater e bater. E de brigar.
O perfil dessa turma, auto-denominada skinheads por influência do movimento surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes como Combate RAC (Rock Against Communism- rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (sempre o 88).
São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como agressores de negros, gays e em pancadarias entre torcidas organizadas, quando encarnam a faceta "hooligan".
Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em quebra-quebra entre torcedores. 
"FAIXA DE GAZA"
A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi, é quem lidera o esforço de identificação dessas gangues. Atualmente, na delegacia, há 130 inquéritos envolvendo os "crimes de ódio"- motivados por preconceito contra um grupo social.
"O alcance e a repercussão desses ataques, entretanto, é muito maior do que em um crime comum. Se um homossexual é atingido, todo o grupo sente-se atingido", exemplifica a delegada do Decradi. "É uma comoção."
Pelo levantamento da polícia, o foco dos "crimes de ódio" é a região da avenida Paulista e da rua Augusta, na região central da cidade. Segundo a delegada, ali é "a nossa faixa de Gaza".
O motivo é que a área tem a maior concentração de bares frequentados por gays e por skinheads -cada turma no seu reduto, mas todos muito perto uns dos outros. "Eles acabam se encontrando pela rua", diz a delegada.
Ex-punk, policial monitora agressores
Investigador acompanha as ações de grupos homofóbicos em SP; torcidas organizadas também estão na mira.
Delegacia especializada também investiga os crimes contra negros, judeus e nordestinos cometidos na internet.
DE SÃO PAULO
Um investigador de polícia, ex-punk, é quem monitora os skinheads e os punks homofóbicos na Decradi.
Outro investigador, responsável por se antecipar aos movimentos dos "hooligans" nos estádios, está em permanente contato com as torcidas organizadas.
Uma delegada-assistente é quem cuida da frente de crimes de ódio na internet.
No total, 20 policiais, incluindo a delegada Margarette Correa Barreto, 44, integram a força-tarefa paulista para cuidar dessas modalidades de ataque.
Foi assim que se conseguiu localizar, intimar, colher o depoimento e concluir o inquérito no caso da jovem que, nos dias seguintes à eleição de Dilma Rousseff, usou o seu perfil no microblog twitter para conclamar: "Nordestisto [sic] não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!".

"O problema é que o crime de ódio tem características de onda. Depois da repercussão daquele caso, ocorreu um tsunami de manifestações antinordestinos na internet", afirma a delegada.
No total, 40% de todas as ocorrências atuais da Decradi já se referem a casos cibernéticos, envolvendo, pela ordem, ataques a negros, judeus e nordestinos.
Essa é apenas a pequena parte sobre a qual existem denúncias e investigações.
Um breve passeio no Orkut permite que se encontrem comunidades dedicadas a defender que "uma bomba atômica seja despejada na África", o "estupro corretivo de lésbicas" e a destruição do Japão, entre outros ataques.
ORGULHO
Outra dificuldade particular dos crimes de ódio é que, para muitos agressores, torna-se motivo de orgulho ser pego pela polícia -é como se fosse um atestado de devoção à "causa".
"Tivemos o caso de um skinhead que, flagrado quando ia atacar uma vítima, foi detido e trazido ao Decradi. O rapaz estava eufórico. Dizia que, enfim, conseguira se igualar ao irmão e teria um quadro no quarto com seu próprio BO por agressão", lembra a delegada.
A terceira ordem de problemas refere-se à produção de provas dos crimes de ódio. Não basta que um homossexual seja atacado na rua para que se configure a prática de crime de ódio.
"É preciso que fique provado que o ataque teve como motivo a orientação sexual. Se foi, por exemplo, um assalto que teve a circunstância de ter uma vítima homossexual, descaracteriza-se a ação como crime de ódio."
Por fim, os alvos do crime de ódio mudam, conforme também muda a sociedade. "Pouquíssimo se falava nos Estados Unidos a respeito de ataques à comunidade islâmica do país", afirma.
"Mas depois da explosão das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, houve uma avalanche de agressões -motivadas pelo puro preconceito- a mesquitas e a símbolos do Islã."
No Brasil, a delegada aposta: a próxima onda de intolerância terá como alvo a comunidade de bolivianos, muitos deles imigrantes ilegais subempregados nas fábricas de roupas do Brás (centro de São Paulo).
"Os bolivianos são muito vulneráveis, porque não têm organizações próprias fortes e porque têm medo que, denunciando os maus-tratos que sofrem, tornem-se visados pela imigração brasileira", diz a delegada.
(LAURA CAPRIGLIONE)

Games

Indústria aprende o português

De olho num mercado em expansão, gigantes do setor lançam produtos totalmente vertidos para a língua
Renata Honorato
Games em português: estratégia para atingir diferentes gerações e reforçar os laços com o público aficionado
Games em português: estratégia para atingir diferentes gerações e reforçar os laços com o público aficionado(Workbook stock/GettyImages)
Gigantes da indústria dos games estão decididos a falar a língua portuguesa. 
  • A Nintendo lança este semestre seu primeiro aparelho com menus e funcionalidades em português do Brasil, o portátil 3DS, e promete verter também a página de sua loja online, a Nintendo eShop. 
  • A Sony apresentou em fevereiro seu primeiro jogo para PS3 totalmente traduzido, o Killzone 3, e lança ainda este ano um segundo título de peso, o inFamous 2
  • A Microsoft, que já experimentara a prática de verter títulos importantes em 2007, reforça a estratégia com o lançamento em setembro de Gears of War 3 todo legendado.

Videogame deixou há muito de ser brinquedo de crianças e adolescentes. Em muitos lares, o eletrônico faz as vezes de plataforma multimídia para a reprodução de filmes e músicas. Com isso, a indústria passou a atingir perfis com pouca familiaridade - e eventualmente nenhuma paciência - com o jargão dos games, todo em inglês. É esta plateia que os gigantes do ramo querem mimar. "O videogame saiu do quarto e foi para a sala", resume Guilherme Camargo, gerente de marketing para o Xbox 360 na Microsoft Brasil. "No formato de uma central de entretenimento, ele atinge outro tipo de público: a mãe, o pai, os avós etc."
A tradução de games também é vista como estratégia para aumentar a adesão da classe B e atingir a emergente classe C. No Brasil, os consoles de videogame ainda são artigo de luxo: estão presente em 90% dos lares na classe A, mas em apenas 40% das casas na B e 24% na C, conforme pesquisa NC Games, a maior distribuidora de jogos da América Latina.
Tela em inglês do jogo Halo: Reach, da Microsoft. Versão em português evita a a tradução apressada de 'party' por 'festa'. No contexto do jogo, o termo se traduz por 'grupo'.
Tela em inglês do jogo Halo: Reach, da Microsoft. Versão em português evita a a tradução apressada de 'party' por 'festa'. No contexto do jogo, o termo se traduz por 'grupo'.
Há, é claro, a barreira econômica. Consoles são vendidos no Brasil a um preço até quatro vezes acima do praticado nos Estados Unidos, o que as empresas atribuem à pesada carga tributária. O americano paga 284.99 dólares (cerca de 460 reais) pelo PlayStation 3 160 GB, e o brasileiro, 1.999 reais. O Kinect sai nos EUA por 150 dólares (241 reais) e aqui por 600 reais. O Xbox 360 250GB está à venda lá fora por 299.99 dólares (483 reais), e aqui, 1.899 reais (com direito a dois jogos).
Experiência plena - Além de conquistar um público maior, falar a língua local é também uma maneira de reforçar os laços com os aficionados. É certo que nenhum gamer tropeça em termos como 'game over', 'score' ou 'fatality'. Mas só a fluência no idioma permite vivenciar plenamente games com roteiros cada vez mais elaborados e fases que podem tomar dias e a até semanas do jogador.
“Mesmo quem tem um bom inglês acaba deixando algo escapar", diz Anderson Gracias, gerente da Divisão Playstation na Sony Brasil, cujas operações começaram em 2010. "O vocabulário de um jogo de guerra, por exemplo, é muito específico.” Gracias conta que o retorno obtido por KillZone 3, recém-lançado em português, é animador. “Algumas pessoas que já tinham jogado outros games da franquia em inglês me falaram que só agora conseguiram entender a história”.

PT-BR

Os próximos lançamentos em português

  • Gears of War 3X360
  • inFamous 2PS3
  • Mortal KombatPS3, Xbox 360
  • Lanterna VerdeX360, Wii, PS3, 3DS e NDS
  • The Sims Vida ao Ar LivrePC
Mais vendidos - "Localização" é o jargão da indústria para a estratégia de adaptar um produto para o idioma ou a cultura local. Requer investimento e exige confiança no mercado. Bertrand Chaverot, diretor da produtora francesa Ubisoft, presente no Brasil desde 2008, explica que a tática exige escala. “Um game traduzido vende 30% a mais do que um jogo em inglês”, calcula. "Para ser adaptado para outro idioma, precisa vender pelo menos 20.000 ou 30.000 unidades."
A empresa filipina Level Up!, que distribui jogos online, faz estimativas bem mais otimistas. “A adaptação de um jogo aumenta em até dez vezes o nosso número de assinantes”, diz Júlio Vieitez, diretor da multinacional no Brasil. Em março deste ano a empresa lançou uma versão do game Allods Online com as vozes do músico João Gordo, do comediante Leandro Hassum e da apresentadora Pietra Príncipe.
A Microsoft foi a primeira no Brasil a sentir no bolso a boa recepção de um jogo vertido para o português. Em 2007, a multinacional lançou para Xbox 360 o game Halo 3, totalmente adaptado. O sucesso fez com que os demais jogos da série (ODST Reach) também ganhassem traduções, que também se tornaram os títulos mais vendidos da companhia no país. Foi com base nesses resultados que a Microsoft decidiu verter mais três jogos, o Viva Piñata, o Viva Piñata Party Animals e o Joy Ride, para Kinect, o carro-chefe da empresa, lançado em novembro de 2010.
Mercado 
A indústria de games segue no Brasil o caminho já percorrido com sucesso em outros países na América Latina (México), Europa (Alemanha e Suécia) e Ásia (Coreia do Sul e China).  Em todas essas regiões, as versões de games contribuíram para o crescimento do mercado local. Para efeito de comparação: o México, com uma população quase duas vezes menor, tem hoje um mercado de games três vezes maior que o brasileiro. Diz Claudio Macedo, presidente da NC Games: "Precisamos de volume para fazer a indústria local crescer, e um dos caminhos é falar o português".

Veja

[...] A rede do terror no Brasil

O blog tem acesso a documentos da C&a , FBaí, Tesouro americano , e PF - prato feito que mostram tucademopiganalhas que usam o PIG para prejudicar o país. Veja abaixo  5 deles:
  • A Globo
  • O Globo
  • A Folha
  • O UOL
  • O Estadão 

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por Zé Dirceu

Às ruas PT, já, pela reforma política!
Publicado em 02-Abr-2011
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A despeito dessa proposta de plebiscito na eleição municipal do ano que vem, a reforma política anda e  o  tempo corre contra nós. A Comissão especial do Senado que trata dela já deliberou sobre quase todos os 11 pontos da agenda que elaborou, e daqui a 4 dias conclui seus trabalhos.

O PT tem que ir para as ruas já e mobilizar a sociedade organizada que o apoia. E precisa chegar a um acordo com os partidos de esquerda, aliás, processo que já se iniciou entre as bancadas, direções e fundações partidárias.

Tem que fazer o debate público sobre o voto em lista fechada, o financiamento público de campanhas eleitorais, a fidelidade e o fim das coligações proporcionais. A alternativa a essas propostas é a pior possível, ruim para o país e enfraquece os partidos políticos.

PT tem essa responsabilidade e obrigação

As alternativas são, entre outras, o distrital puro e o Distritão. Na prática, uma regressão no sistema político brasileiro. Vão eliminar as minorias, enfraquecer os partidos, municipalizar a disputa nacional, fortalecer as oligarquias e o poder econômico.

Fora o risco da manipulação na organização dos distritos e a imposição do poder econômico nas campanhas e eleições, no caso do Distritão. Já é hora, portanto, de irmos para as ruas e para o debate defendendo, inclusive, nossa proposta de Constituinte exclusiva para a reforma política e/ou um referendo.

O PT tem essa responsabilidade e obrigação por ser o maior partido do país, o mais votado há três eleições sucessivas, o partido do governo, e por ter um projeto nacional para o Brasil.

Maternidade

Mais do que informação, mulheres buscam acolhimento, afirma pediatra que modera comunidade numa rede social; na prática, com famílias cada vez menores, muitas mães só descobrem o que é criar um bebê quando recebem o seu nos braços
No início, era um projeto pessoal. Um espaço para registrar momentos memoráveis do primeiro bebê e exibi-los orgulhosamente a amigos e parentes distantes. Aos poucos, descobriram que não falavam sozinhas. Estavam dialogando com centenas de mulheres. Trocando experiências, partilhando angústias, refletindo sobre a maternidade.
Essa é a história de muitas integrantes da chamada "blogosfera materna", uma rede de mães que encontrou nos blogs, no Twitter e nas redes sociais um espaço para a boa e velha conversa de comadres.
Dúvidas e dicas sobre como tirar a fralda ou a chupeta ou sobre como fazer o filho comer ou dormir melhor são recorrentes nesse universo.
"Quando você se torna mãe, fica monotemática. Para não parecer chata, canalizei para o blog minha vontade de falar sobre o assunto", diz a arquiteta Thais Rosa, de 33 anos, mãe de Caio, de 3, e autora do Aprendiz de Mãe. Ela se sentiu perdida quando teve de lidar com a fase de birras e chiliques do filho. Desabafou no blog e a ajuda foi imediata.
"Tem coisa que pediatra não fala e outras mães sabem por experiência", diz a psicóloga Camila Colla, de 30 anos, mãe de três crianças e autora do blog Mamãe Tá Ocupada, que tem em média 500 acessos diários.