Privataria dá nisso

Leiam com atenção e isenção a noticia abaixo e respondam: fosse a Light uma estatal qual seria o tratamento que os tucademopigospistas dariam ao caso?...

Depois de mais três incidentes - um bueiro explodiu e dois soltaram fumaça -, num total de sete casos em menos de 36 horas, a Light fechou ontem um acordo com o Ministério Público, que estipulará multas de R$ 100 mil por danos causados em cada explosão de bueiro. Os promotores haviam ameaçado cobrar na Justiça R$ 1 milhão por acidente no subterrâneo. O Procon multou ontem a Light em R$ 6,4 milhões. O prefeito Eduardo Paes disse que as explosões estão levando pânico à cidade.

por Alon Feuerwerker

Fatos e salameques

O PSDB vem construindo ao longo dos anos uma teoria conveniente para explicar a longa ausência do poder.

Segundo a teologia tucana, o governo Fernando Henrique Cardoso foi muito bom, mas a oposição implacável do PT na época e a desconstrução propagandística promovida pelo petismo no poder petrificaram a impressão de ter sido ruim.

Uma lavagem cerebral coletiva. Com as decorrentes consequências eleitorais.

A casa seguinte nesse tabuleiro é o PSDB vir lançando a fatura das três últimas derrotas presidenciais na conta da suposta falta de empenho em defesa das realizações de FHC no Palácio do Planalto.

A construção ideológica tucana para explicar seus problemas é frágil mas aconchegante. Ela exime, por exemplo, de fazer um balanço crítico do período FHC. Mais fácil considerar -e propalar- que o povo não está bem informado sobre aqueles tempos.

Foram anos de estabilização monetária e democracia. Mas também de baixo crescimento e pouco emprego. A privatização da telefonia produziu um país em que todo mundo tem telefone. Mas usá-lo ficou caríssimo. Foram lançados programas sociais. Mas a timidez deles evidenciou-se quando veio o PT e lhes deu prioridade.

São os fatos.

O PSDB reage aos fatos com ideologia. Parecido com o PT pré-2002. Para os tucanos, tratar-se-ia apenas de corrigir a hipotética lacuna comunicacional, de partir para a desconstrução da desconstrução.

Daí o panegírico em que se transformou a passagem dos oitenta anos de FHC.

Esse foi o terceiro movimento.

E qual é o quarto? Vem do governo, por perceber a espetacular relação custo benefício embutida em qualquer palavra simpática dirigida por um petista a FHC. Especialmente quando o elogio é de petistas graduados.

O PT e o governo ganham duplamente. Mantêm o PSDB imobilizado no culto ao passado impopular e constrangem a oposição formal. Não pega bem você chutar a canela de quem, no fundo no fundo, diz lhe querer tanto bem.

E o PT não perde nada.

Quando vier a próxima eleição, poderá dizer que as privatizações de FHC foram muito ruins, mas com todo o respeito. E que os programas sociais do PSDB foram muito tímidos, apesar das boas intenções. E que o PSDB de FHC, apesar de ter ajudado a atacar a inflação, fez isso sacrificando o crescimento.

Enquanto o PSDB fica embasbacado com os salamaleques, o seu problema eleitoral continua exatamente no mesmo lugar, e do mesmo tamanho.

Câmbio: o Brasil a beira do abismo

O tsunami cambial brasileiro


Há anos - e, mais ainda, agora - a política econômica brasileira fica na dependência do que poderá ocorrer no mundo.

Semana sim, semana não, o Ministro da Fazenda Guido Mantega adverte os países industrializados sobre os riscos da guerra cambial, dá lições (necessárias) aos Estados Unidos, conclama a OCDE, o FMI, o G7, o G20 e o G70 a agirem.

Internamente, até se permite algumas medidas legais para segurar o movimento especulativo.

De resultado concreto, nada. Fica-se nessa "vitória moral" de sustentar que, sem as medidas, o quadro poderia ser pior.

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No começo do ano, havia o nó da bolha de commodities pressionando a inflação. Sabia-se que tenderia a refluir a partir de maio, junho.

Mesmo assim, o terrorismo mercado-midiático inibiu a atuação do Banco Central, amarrou medidas mais drásticas contra o fluxo especulativo e o induziu a novos aumentos da taxa de juros.

Agora, a inflação está cedendo. E o dólar continua a cair.

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Antes de ontem, na gravação do programa "Brasilianas.org" - sobre a proposta de transformar o Brasil em uma potência siderúrgica - o que se viu foi o mapa do desastre imposto ao país pelo câmbio.

Presidente do INDA (Instituto Nacional de Distribuidores de Aço) Carlos Jorge Loureiro esteve esta semana em um congresso internacional de siderurgia. Há problemas de monta no mundo, com a formidável explosão da produção chinesa. Hoje em dia a China tem capacidade de produzir 700 milhões de toneladas/ano, contra 33,1 milhões do Brasil. Há ameaças permanentes de formação de bolhas especulativas seguidas de estoques enormes, que são despejados no mercado a preço vil.

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Em suma, um quadro de borrasca e tempestades. E nada pode ser feito no país porque o câmbio inviabiliza qualquer tentativa de recuperação do setor. Não há nenhuma possibilidade de investimento novo.

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A ArcellorMital de Tubarão, por exemplo, teve problemas em um alto-forno no passado. Foi resolvido. Mas a empresa prefere manter desligado porque a produção destina-se apenas à exportação. E, mantido o câmbio atual, qualquer tentativa de exportação será gravosa.

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No setor de distribuição, criou-se enorme bolha em cima de produtos. Até transportadoras se tornaram importadoras de produtos siderúrgicos, graças aos enormes ganhos proporcionados pela bolha cambial e creditícia.

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No setor de máquinas e equipamentos ainda não houve demissão em massa em função de um fenômeno registrado a partir dos anos 90. O setor se desverticalizou, criou uma enorme estrutura de pequenas empresas terceirizadas que trabalham o aço, depois de comprado. As importações têm garantido a produção do setor - embora o volume de equipamentos importados ocupe cada vez mais espaço nas vendas. Mas a cadeia de fornecedores está sendo dizimada e não aparece nas estatísticas porque é setor não organizado, sem dados consolidados.

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Quando um preço fundamental, como o câmbio, fica fora de lugar, pipocam desajustes por toda a economia. Criam-se bolhas cambiais, bolhas de crédito (graças ao dinheiro mais barato trazido do exterior) e até essa loucura de bolha especulativa com aço.

A pior herança não são esses movimentos pontuais de bolhas infladas e furadas, mas o tempo que se levará para recompor no tecido industrial puído por esses tempos de incúria cambial.

Importações de aço

Em 2010, as importações internas de aço supriram 20% da demanda no Brasil - historicamente essa margem foi de 4% a 6%. Em 2010 o consumo aparente de aço no Brasil foi de 26,8 milhões de toneladas - quantidade 44% superior a consumida em 2009 e 11% acima de 2008. Desse total (26,8 milhões de toneladas), 5,9 milhões de toneladas foram importadas - crescimento de 154% em comparação ao que foi importado em 2009 e 123% em relação a 2008.

Produção interna

A produção de aço bruto no Brasil estimada pelo Instituto Aço Brasil (IABr), em 2010, foi de 33,1 milhões de toneladas - quantidade 25% superior a de 2009. As vendas internas aumentaram 30,4% em relação a 2009 (21,3 milhões de toneladas). As exportações de produtos siderúrgicos no ano de 2010 totalizaram 8,7 milhões de toneladas e 5,5 bilhões de dólares - apenas 1% superior em relação ao total de dólares comparado a 2009.

O excedente de produção mundial

Segundo o WorldStell Association, existe hoje no mundo um excedente de capacidade de produção de aço em torno de 500 milhões de toneladas. Em consequência disso os preços no mercado mundial estão artificialmente baixos.




Blog do Charles Bakalarczyk: A inclusão sócio-econômica na Bolívia de Evo

Blog do Charles Bakalarczyk: A inclusão sócio-econômica na Bolívia de Evo: "Evo Morales retira mais de 1 milhão de bolivianos da pobreza extrema Apesar de toda a campanha negativa que grande parte da imprensa conti..."

Flip

A 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que começa amanhã, é uma boa oportunidade para os brasileiros conhecerem dois talentos argentinos que estão honrando a tradição literária do país de Borges e Cortázar: Andrés Neuman e Pola Oloixarac.
Neuman tem 34 anos, nasceu em Buenos Aires, mas vive desde os 14 em Granada, Espanha, onde é professor de literatura latino-americana. Chega ao Brasil para divulgar seu quarto romance, O Viajante do Século, o primeiro traduzido ao português.
A obra chega super bem recomendada. Em 2009, o livro foi eleito um dos cinco melhores romances do ano em língua espanhola pelos críticos dos jornais El País e El Mundo. E em 2010 recebeu o Premio da Crítica, que concede a Associação Espanhola de Críticos Literários, deixando para traz 523 obras escritas na América Latina e Espanha.
Além disso, Neuman foi aclamado por Roberto Bolaño como um grande nomeliterário do século XXI.
Elogio por elogio, Pola também tem o seu. Foi saudada por ninguém menos do que Ricardo Piglia como “o grande acontecimento da nova narrativa argentina”.
Detalhe: ela tem só 33 anos e já encabeça a lista de escritores argentinos mais traduzidos, com publicações em farsi e finlandês.
Pola lançará durante a Flip sua obra de estréia, Las teorias salvajes (As teorias selvagens), de 2008. O livro foi traduzido ao português por um grande amigo, o escritor Marcelo Barbão. A obra não é fácil de ler, cheia de citações, muito polemica e de difícil “classificação”. A prestigiada ensaísta argentina Beatriz Sarlo afirmou que o livro é um “tratado de microetnografia cultural”. Ahhh? Tem que ler para entender...
De qualquer forma, vocês ouvirão falar muito nessa moca nos próximos dias, porque ela certamente será a musa da Flip. Além de escrever bem é filósofa e linda! Tem um blog sobre orquídeas, vive entre hackers, surfa, pinta as unhas de azul, canta num dueto que musica poemas de uma duquesa do século 17 e mora em uma casa em Bariloche. Alguém duvida que faça barulho?
Em 2010, os dois escritores foram incluídos na lista da Revista Grantados “Melhores Jovens Romancistas de Língua Espanhola”, recentemente lançada em português pela Alfaguara Brasil. Nela constam nomes de escritores que estão levando a literatura hispânica para novos rumos.
Em setembro autores brasileiros fazem o caminho inverso e vem participar do Festival Internacional de Literatura em Buenos Aires (Filba), que este ano terá uma seção dedicada à nossa literatura. Já estão confirmadas as participações de João Gilberto Noll, Adriana Lisboa, Santiago Nazarian, Vilma Áreas e Joca Reiners Terron.
Gisele Teixeira

Visitas íntimas para presidiários homossexuais


Acesso é a um só parceiro

Demétrio Weber, O Globo
Presos homossexuais poderão ter direito a visitas íntimas, assim como já ocorre com detentos heterossexuais. Recomendação nesse sentido, válida para homens e mulheres, foi publicada ontem, no Diário Oficial, pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária — órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
A juíza Christine Kampmann Bittencourt, que foi relatora da resolução, disse que caberá aos governos estaduais implementar a nova medida. Ainda que a decisão não tenha caráter impositivo, ela disse acreditar que todos os estados adotarão a visita íntima para presos homossexuais. A periodicidade mínima é de uma vez por mês.
— As diferenças precisam ser respeitadas. Temos que deixar os preconceitos de lado. Estamos no século XXI — disse Christine.
A juíza lembra que o acesso dos visitantes às penitenciárias obedecerá às mesmas regras de antes. Ou seja, o preso ou presa deve cadastrar seu marido ou mulher, parceiro ou parceira. Cada detento só pode cadastrar uma pessoa para receber em visita íntima.
— Não se vai abrir espaço para que pessoas fiquem entrando nos presídios sem controle. As relações terão que ser comprovadas— diz a juíza.
O direito a visita íntima já era regulado por resolução de 1999. O texto, porém, não fazia menção a detentos homossexuais. A nova redação diz que as visitas íntimas devem ser asseguradas às "relações heteroafetivas e homoafetivas".

Dentro de 4 anos, Brasil terá menos pobres que os EUA

Embora tenha autoridade para fazê-lo, dessa vez nem é o governo que faz as últimas projeções sobre o desenvolvimento futuro do Brasil. Promotor de um seminário sobre a América Latina, realizado em Santander (interior da Espanha), o banco de mesmo nome divulgou estudos de seu Departamento Econômico, pelos quais em 2025 o Brasil (então com um PIB de US$ 4,9 trilhões) será a 6ª economia mundial, atrás da China, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia.

Melhor ainda: estes estudos indicam que a continuidade nos próximos anos do crescimento econômico e da expansão da classe média alçarão o Brasil a um patamar social próximo ao das grandes potências mundiais, e em breve nosso país terá menos pobres que os EUA.

O vasto conjunto de políticas sociais desenvolvidas pelos governos Lula nos últimos 8 anos e a continuidade delas no governo Dilma -  dentre as quais destacam-se o Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria - tem tudo para assegurar a continuidade dessa caminhada e confirmar os estudos do Santander.

Estudo prevê: país cresce em 2011 e 2012

"Em poucos anos, o Brasil terá menos pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza que os EUA", afirmou Marcial Portela, presidente do Santander no Brasil ao divulgar as projeções do estudo aos jornalistas.

Elas indicam que o crescimento brasileiro este ano será de 3,7% e em 2012 de 4% - índice pouco inferior aos 4,5% estimados para os dois anos pelas autoridades econômicas brasileiras. Esse estudo do Santander prevê uma inflação de 6,2% este ano e de 5,1% no ano que vem.

"As taxas de crescimento no Brasil devem garantir o fortalecimento da classe C. O fenômeno da classe média brasileira é impressionante. O país deve ter um ingresso de 25 milhões de pessoas no sistema bancário nos próximos anos, advindas dessas camadas de renda mais baixas", completou Portela.

Segundo José Juan Ruiz, diretor do Santander para a América, por estes estudos, e a prosseguirem no ritmo atual, os países emergentes deverão superar taxas de crescimento de vários desenvolvidos daqui a quatro anos,  já em 2015.

Brasil Sem Miséria começa com marca histórica


A divulgação dos estudos do Santander coincide com o anúncio, pelo governo federal, de que inicia, pelo interior da Bahia e de Minas, o censo de pequenos proprietários rurais que ainda vivam em situação de absoluta carência para torná-los beneficiários do Brasil Sem Miséria, o programa do governo Dilma Rousseff que vai contemplar 16,2 milhões de pessoas.

Vejam que no deslanche do programa há até uma inversão histórica no Brasil: antes era a população mais carente que recorria ao Estado. Agora é este que vai ao encontro dela para cadastrá-la, torná-la beneficiária de projetos sociais e incluí-la nos programas de distribuição de renda.
por Zé Dirceu