Marina não minta! Divulgue a verdade: Dilma entregou 98,3% das creches prometidas em 2010

Marina Silva, passou da hora de você prestar atenção nas suas "fontes": a acusação de que Dilma Roussef teria entregue menos de 6% das seis mil creches prometidas durante a campanha eleitoral de 2010, que vem sendo veiculada pelo sua turma é mais um tiro no seu pé. Um levantamento do Folha de São Paulo publicado segunda-feira 29\09 mostra que a presidente já fez e entregou 5.902, ou seja 98,3% das unidades que prometeu - ainda serão entregues mais, até o final do mandato -

De acordo com critérios próprios da reportagem da Folha, Dilma não teria cumprido apenas 14 dos 69 compromissos firmados em seu programa de governo de 2010. Entre os 16 pontos que o jornal elenca como de "pouco avanço", encontram-se equívocos como a suposta descontinuidade do programa de desmatamento, redução e pouca diversificação do comércio internacional, falta de integração das polícias ou ausência da reforma política.




Na verdade, a gestão Dilma registra os menores índices de desmatamento da história, as exportações quadruplicaram nos últimos 12 anos, a diversificação de mercados protegeu o Brasil da crise mundial e o sistema de integração das polícias foi uma dos grandes sucessos da Copa do Mundo. Em relação à reforma política, Dilma diversas vezes expressou sua vontade em implementá-la - inclusive tentou passar um projeto de reforma em 2013, que não avançou. Para que as mudanças surjam, é necessária uma ação mais forte do Congresso Nacional e, como Dilma tem defendido, uma maior participação popular, por meio de plebiscito.

Novas pesquisas

[...] o que mais chama a atenção é a virada eleitoral da presidente Dilma

Pesquisas em profusão à medida que estamos a pouco mais de 72 horas do início da votação no 1º turno da eleição deste ano. Só ontem saíram duas, Datafolha e IBOPE. O que mais chama a atenção em ambas é a virada da presidenta Dilma Rousseff nos três principais Estados do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas que juntos concentram cerca de 40% do eleitorado nacional.

Uma virada que consolida a vantagem da presidenta candidata à reeleição e lhe garante um 1º lugar com ampla vantagem no primeiro turno e sedimenta sua vitória, mais do que provável, no 2º turno. Já sua adversária, a candidata do PSB, ex-senadora Marina Silva, perde votos e se aproxima do rival concorrente pelo PSDB-DEM, senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Pelo Datafolha, por exemplo, Aécio tem ele 20% das intenções de voto e Marina 25%, quando ela tinha há apenas 12 doze dias uma vantagem de 13 pontos sobre ele. Marina está em queda livre, portanto e, tudo indica, isso pode levar a uma disputa pela vaga no 2º turno entre eles por menos de um 1% dos votos.

Melhora da avaliação do governo e maior conhecimento sobre Marina explicam virada

Essa mudança no quadro eleitoral se deve fundamentalmente a uma melhora da avaliação do governo (no apoio e aprovação populares ao governo) e do país entre os eleitores-cidadãos, uma melhora fruto, em parte, da campanha no rádio e TV da presidenta Dilma, e por outro lado, pelo fato da candidata Marina ter assumido na prática o programa tucano.

Vejam, sequer a questão ambiental, uma das marcas da história de Marina, sobrou, foi o carro chefe da campanha dela. Por outro lado seu conservadorismo comportamental desbragado afastou dela o eleitor jovem das grandes cidades.

Na virada, o grande mérito da campanha da presidenta é que ela priorizou e politizou o debate político e confrontou, para além das realizações de seu governo (que já lhe garantiam 36% dos votos, conforme atestavam as pesquisas), os modelos econômicos e as políticas públicas – confrontou as propostas por Marina X as praticadas pelos governos do PT nos últimos 12 anos.




Bolsa de Valores, termômetro mais claro da derrocada da candidata do PSB

Some-se a isso tudo a fragilidade política e emocional de Marina. Ela se expôs perante o eleitorado e se mostrou como não preparada para ser presidente da República. Suas alianças desmoralizaram sua “nova política”, suas coligações partidárias ditas pragmáticas são as conhecidas coligações fisiológicas – agora têm outro nome… – suas propostas econômicas a igualaram ao mais descarado neoliberalismo e a identificaram com os bancos e as elites, o caminho seguro para a sua derrota.

O sinal mais claro da derrocada da candidatura Marina, que já era dada por um bom tempo pela mídia e por uma parte da oposição como vencedora, é a reação do mercados via Bolsa de Valores, que descambou para a mais desbragada especulação, principalmente com o objetivo de prejudicar a candidatura da presidenta Dilma.

Isso ocorreu, em parte como fruto da situação internacional (incógnita quanto a recuperação da economia dos EUA, da Europa, crise na China-Hong Kong, as dificuldades de o mundo superar os resquícios da crise global de 2008), porém ocorre aqui de forma despropositada. Aqui é a especulação pura e simples com a qual espertalhões ganham as custas de incautos que acreditam piamente no que diz nossa mídia totalmente engajada no projeto de derrotar o PT a qualquer preço.

do blog do

Dilma Invocada: não mendigarei a indulgência do mercado

A assombração na urna
por Saul Leblon

Uma parcela majoritária dos brasileiros rejeita delegar o futuro do país aos candidatos dos mercados. Não é pouco. Mas está longe de encerrar a disputa.

Quando as urnas de outubro emitirem o seu veredito, sendo ele o que se espera, terá início um novo turno.

Ele desenhará um capítulo decisivo na história da luta progressista no Brasil.

É recomendável acalmar o país após um pleito encarniçado, aconselham setores do PT à Presidenta Dilma.

É verdade. A primeira obrigação de um Presidente vitorioso é desarmar os espíritos, reabrir canais de diálogo, propor uma agenda de negociação. Pacificar a crispação eleitoral.

Mas é preciso ter claro: repetir o que já vem sendo feito será pouco mais que mendigar indulgência aos mercados.

Eles não a concederão.

A menos que o vencedor adote o programa derrotado.

Não se trata, portanto, apenas de exercer um quarto e sucessivo mandato progressista em um país em desenvolvimento.

O ponto a reter é que estamos diante de desafios que prenunciam o ciclo mais delicado da trajetória nacional desde 2002.

A vitória nas urnas será um passo do caminho.

Entre outros recados, a reeleição de Dilma significará que uma parcela majoritária dos brasileiros se recusou a delegar a tarefa do futuro à livre escolha dos mercados.

Não é pouca coisa.

Dadas as condições da disputa, contra uma frente única conservadora local e global, em meio a uma crise internacional que se arrasta por seis anos, e considerando-se o desgaste inevitável de 12 anos de governos progressistas, chega a ser um feito histórico.

O safanão dos votos nos apetites plutocráticos, portanto, demarca as linhas de campo do jogo.

Mas está longe de encerrar a disputa.

O nome do jogo é construir uma alternativa à lógica dos puros-sangues cevados na alfafa rentista, que exaurem a sociedade, tem maioria no legislativo, detém meios financeiros para sabotar a economia e dispõem de um oligopólio midiático para acabrunhar as expectativas de toda a sociedade.

Indiferentes ao veredito das urnas, eles não cessarão de escoicear as estrebarias cobrando a validação da rédea solta que a vitória de Marina ou Aécio lhes facultaria.

Mudar essa correlação de forças é o turno histórico que começa imediatamente após a contagem do último voto em outubro.

Trata-se de encurtar a rédea do tropel xucro para devolver ao Estado e à sociedade a capacidade de mobilizar forças e recursos e assim coordenar o passo seguinte do país no século XXI.

O Brasil dispõe hoje de uma incontrastável rede de controles financeiros e ideológicos, públicos e privados, nativos e forâneos, com braços que se articulam de dentro e de fora do país, indo das universidades às consultorias de mercado, da prontidão midiática aos partidos políticos conservadores.

Esse redil articulado e eficiente trabalha sob prontidão máxima para não deixar escapar um objetivo central.

Qual?

Assegurar a valorização real à liquidez rentista, independente do seu custo social.

Garantir que anualmente se reserve algo como 3% do PIB em recursos fiscais ao pagamento de juros da dívida pública (cujo serviço efetivo atinge quase o dobro disso, somadas rolagens, vencimentos, capitalizações).

Esse é o dogma angular da catedral conservadora.

Foi sobretudo em torno dele que se estruturou a lengalenga do discurso da terceira via vocalizado pela doce Marina, assim como a promessa de resgate ‘dos fundamentos’, ecoada por Aécio e seus armínios.

Os efeitos colaterais da ração rentista –uma taxa de retorno irreproduzível no investimento produtivo, nas mesmas condições de liquidez, segurança e rentabilidade– explicam em boa parte a anemia na formação bruta de capital fixo no país.

Com os desdobramentos sabidos.

O investimento (em máquinas, tecnologia) é a alavanca da inovação e da produtividade sistêmica.

Sem ele, a economia cresce pouco, a indústria murcha, os empregos de melhor qualidade escasseiam.

O país perde competitividade internacional. Seu mercado é invadido por importados.

Empregos, renda e impostos vazam para o exterior. Cadeias produtivas locais são corroídas, ademais de desequilibrar a contabilidade externa: hoje, mais de 1/5 da manufatura consumida no país é importada. O déficit cambial da indústria é de quase US$ 100 bi, o valor equivale a cerca de 25% das reservas brasileiras.

O conjunto favorece a arenga do ‘custo Brasil’, que em certa medida pretende compensar a atrofia do investimento com a hipertrofia da exploração dos assalariados.

Mas também com privatizações e sucateamento de serviços –recurso ortodoxo para emagrecer a máquina pública exposta a uma espiral de demandas que as receitas atrofiadas do baixo crescimento não dão conta de atender.

O saldo da condicionalidade rentista é tão compatível com o equilíbrio macroeconômico quanto enxugar o chão com a torneira aberta.

Não é uma questão técnica ou uma queda de braço apenas local.

Thomas Piketty que o diga.

A renda média da família norte-americana hoje é 8% inferior a existente em 2007, antes da crise. E já estava estagnada em relação ao nível de 1999.

Ou seja, há 15 anos a renda da classe média da nação mais rica da terra não cresce, enquanto nesse meio tempo a bocarra financeira já se empanturrou de lucros e bolhas suficientes para levar o capitalismo mundial a sua pior crise desde 1929.

Essa é a determinação central da luta de classe em nosso tempo, que tem na bomba norte-americana de sucção de capitais um abrigo seguro para o dinheiro arisco de todo o mundo.

É assim que a livre mobilidade dos capitais desautoriza as urnas e afronta governos progressistas em todo o planeta.

Ao mesmo tempo que impede o controle dos juros pelo Estado, sabota impostos e taxas que compensem a sua sangria no poder fiscal dos governos.

A ‘solução’ proposta pelo conservadorismo nas eleições presidenciais de 2014 consiste em resgatar o Estado mínimo, dar independência ao BC em relação à democracia, ‘flexibilizar’ a correção do poder de compra das famílias assalariadas.

Enfim, oficializar o descompromisso entre as urgências da população e as obrigações do Estado.

É forçoso repetir: se tudo ocorrer como se prenuncia, essa diretriz terá sido rechaçada nas urnas de 2014 no Brasil.

O desafio será substituí-la por uma coordenação –interna e de alianças internacionais– que propicie a delicada sintonia política entre a agenda do Bem-estar Social e a produtividade capaz de suportá-la.

A prioridade recente à infraestrutura e o impulso industrializante do pré-sal em toda cadeia de fornecedores da Petrobrás constituem trunfos invejáveis do Brasil na disputa pela competitividade em nosso tempo.

O conjunto, porém, ainda carece da legitimidade de um projeto ancorado em amplo escrutínio social, que dê ao governo meios políticos para agir além da margem incremental que desacredita o Estado e enerva a cidadania.

Hoje, esse debate sobre custos, prazos, metas, concessões, sacrifícios e salvaguardas flutua acima da sociedade, restrito à linguagem cifrada do jornalismo econômico conservador.

Será preciso politizá-lo, como Dilma e Lula começaram a fazer na campanha em relação ao BC independente, para explicitar escolhas e pactuar compromissos de curto, médio e logo prazo.

Embora a Presidenta Dilma tenha repelido a ideia de promover desemprego e castrar direitos trabalhistas –‘nem que a vaca tussa’, disse ela– para reduzir a inflação ou baixar custos’, hesita-se em transformar a encruzilhada brasileira em uma agenda de debate popular.

Tal blindagem permite que se difunda a confusão proposital entre eficiência e exploração.

Na vida real de uma nação, as urgências da sociedade, quando despolitizadas e tratadas em regime incremental de longo prazo, não raro levam ao desatino regressivo.

Massas de forças descomunais em conflitos insolúveis podem arrastar uma nação para correntezas incontroláveis, sujeitando-a a predadores ferozes.

Sacudir a agenda do futuro brasileiro a salvo da entropia do arrocho, requer uma alavanca capaz de irradiar impulsos tão fortes quanto aqueles derivados das assembleias históricas registradas no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo nos anos 80.

Não será o PT exaurido por 12 anos de governo que fará isso sozinho –ele próprio carente de um aggiornamento só crível se tiver forças dirigentes que o reconduzam a um mergulho de volta à organização de base dos movimentos sociais.

O terceiro turno das eleições de 2014 é uma tarefa para o engajamento democrático de amplas forças da sociedade brasileira, cujo catalisador pode ser a luta pela Constituinte da reforma política.

Nisso o destino do PT e o do desenvolvimento progressista se entrelaçam firmemente.

Por exemplo, no desafio de engajar politicamente 24 milhões de jovens brasileiros moradores das periferias urbanas.

Eles representam cerca de 17% da população ,conforme estudo da Serasa Experian, divulgado esta semana, que traça o perfil de 11 segmentos que compõem o mosaico de renda da sociedade.

Hoje, a inserção desse contingente se dá, predominantemente, pelo rally do consumo.

Embora desfrutem de renda baixa, esse grupo de moços e moças entre 21 e 35 anos captou um quinto de todo o crédito liberado pelo sistema financeiro brasileiro.

Seu caso evidencia uma dimensão não mais adiável do terceiro turno à vista.

Nela, as forças progressistas vão se defrontar com seu principal fantasma e a mais grave omissão.

A abrangência das mutações econômicas e sociais registradas no país desde 2004 não se fez acompanhar de uma contrapartida no plano da representação política.

O economista Márcio Pochman, arguto observador desse assombração político, sugere que ele lança a luz mais esclarecedora sobre irrupção de protestos registrados nas ruas brasileiras em 2013.

Sua angulação expõe um flanco pouco debatido das políticas sociais desse período, na verdade, quase um tabu.

O carro-chefe delas, o decano Bolsa Família, chega hoje a 14 milhões de lares, reúne o formidável contingente de 50 milhões de beneficiados.

Não possui um único fórum próprio que os expresse.

O engajamento dos principais interessados talvez até barateasse a estrutura do programa, obsessão do conservadorismo que, todavia, vetou os comitês gestores formados por representações locais do Fome Zero, logo no início de 2003.

Do alto de seus 380 anos de casa grande e senzala, as elites brasileiras são acometidas de surtos psicóticos ao menor ensaio de organização democrática dos interesses populares.

‘Bolivarianismo’ , sapecam de bate pronto, como o fizeram agora contra a Politica de Participação Social do governo –um bem-vindo sinal de autocrítica do governo, ao lado da proposta de plebiscito pela Constituinte da reforma política.

Outros paradoxos associados às politicas e programas desenvolvidos nos últimos anos sugerem que o próprio PT se deixou amedrontar pelo preconceito conservador.

Cerca de 1,7 milhão de jovens beneficiados pelo Programa Universidade para Todos (PROUNI) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) somam 31% do total das matrículas no sistema privado de ensino superior no Brasil.

Todavia, pergunta Pochmann, onde estão as entidades estudantis revigoradas por esse aluvião de juventude popular no ensino superior?

Não acabou.

Mais de 20 milhões de trabalhadores conquistaram um emprego no mercado formal desde 2003. Mas e a taxa de sindicalização? Ela permanece estagnada, fuzila o economista.

O Programa Minha Casa Minha Vida completou cinco anos em abril tendo contratado 3,39 milhões de unidades (das quais, 1,68 milhão já foram entregues).

Mais de seis milhões de pessoas foram beneficiadas. Quantas associações de moradores foram estruturadas e participam da agenda urbana atualmente?

Assim por diante.

As perguntas incomodas de Márcio Pochmann –já listadas mais de uma vez neste espaço– indicam que certas dimensões do desafio do desenvolvimento foram perigosamente negligenciadas nos últimos anos.

Transformações democráticas fornecem, muitas vezes, a única alavanca capaz de remover obstáculos econômicos intransponíveis quando abordados no âmbito de sua própria lógica.

Por isso mesmo, o baixo incentivo ao engajamento dos contingentes ticados pelas políticas sociais nos últimos anos talvez tenha atingido seu ponto de saturação.

Os impasses sobrepostos na engrenagem do desenvolvimento brasileiro implicam romper estruturas anacrônicas e construir outras novas, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Quase como atravessar um rio de dupla correnteza, uma puxando para cada lado.

Quem acha que pode haver equilíbrio macroeconômico nesse ambiente açoitado por ventos em litígio, acredita em fadas. A fada dos mercados autorreguláveis, por exemplo.

Mas quem acredita que é possível desencadear um novo ciclo de desenvolvimento sem um protagonista social que o conduza, incorre igualmente em perigosas ilusões.

O turno à vista após outubro oferece ao campo progressista a chance de se desfazer dessas miragens.

Talvez a derradeira oportunidade, para não ser engolido por elas.

A penúltima blablarinagem da marinETica silva


"[...]Meus amigos, vamos a luta, vamos a vitória, vamos mostrar que hoje, aqui, tem que se ver relâmpago de caracol, os nevoeiros pararem, dá eclipse no sol, as águas do mar secarem e eu pescar a baleia com anzol..."

Mais blablarinagens Aqui

Como a história desenha o pensamento dos líderes, por Fernando Brito

no Tijolaço

De Nílson Lage, sobre a matéria do Folha em que Lula diz que, após ler a biografia de Getúlio Vargas, que ficou “assustado como um setor da imprensa brasileira e da elite tratavam o Getúlio. Se vocês leem a biografia, vocês têm a impressão que é hoje que está acontecendo”:

“Acredito que, enfim, nessa campanha, Lula e pelo menos parte significativa do PT assumem conscientemente o papel de herdeiros do trabalhismo brasileiro, forma própria de gestão que se apoia no pragmatismo e na tradição positivista de Getúlio Vargas, preservando o duplo compromisso com os trabalhadores e com a Pátria, sem o viés étnico dos nacionalismos europeus.
Trata-se de um passo importante porque o partido, na sua origem, foi tolerado como “novo trabalhismo” formado em “modernas estruturas de produção transnacionais”, com forte matriz católica e, portanto, capaz de “confrontar o populismo e o comunismo” que, na visão de Goibery, fundiam-se no velho PTB de Jango e Brizola.
É exatamente o que a elite paulista não queria.”

Concordo, em gênero, número , grau e experiência de vida política, com o diagnóstico de Lage.

Mas também tenho dito aqui que, por essa origem, o PT sempre foi contaminado por duas distorções, que lhe cobraram alto preço.

A primeira, um “purismo” que é, em si, a apropriação da ideia de ética como um valor pequeno-burguês, alinhado única e exclusivamente ao comportamento individual, o que abandona a dimensão social e política da ética, e reduz este conceito apenas a um paupérrimo significado moral.

O comportamento “ético” pessoal – embora seja de minha formação, índole e convicção – é inútil e até hipócrita quando tergiversa diante do necessário à construção de uma sociedade onde não se viole o significado real da ética que é o de conduzir ao que serve ao bem-estar, à felicidade e à igualdade entre os seres humanos em sua vida coletiva.

Vou traduzir isso de maneira simples: o “tenho jatinho porque posso” de Tasso Jereissati ou “eu tenho direito ao meu Rolex” do assalto a Luciano Huck não podem ser considerados imorais ou violações de uma imaginária “ética pessoal” mas são cruelmente antiéticos quando se trata de pessoas que desempenham, na política e na mídia, papéis sociais em uma comunidade miserável, a mesma que lhes deu avião e relógio, como dera os talheres de prata ao Bispo Myriel, os quais Jean Valjean furta em Os Miseráveis.

O segundo viés petista, que Lage admite agora estar sendo corrigido é o de um certo economicismo, crendo que a simples elevação do padrão de vida dos trabalhadores os conduziriam, sem contradições, a um alinhamento político invencível.
De alguma forma, este pensamento se assemelha ao do “sindicalismo de resultados” que gerou a Força Sindical, de Paulinho (que hoje já dispensa comentários) e à indevida apropriação neoliberal dos versos de Go Back, do Torquato Neto: “só quero saber do que pode dar certo/não tenho tempo a perder”.

O polêmico professor de Filosofia Renato Janine Ribeiro, da USP, numa entrevista ao Brasil Econômico, outro dia, fez um resumo cru disto:

“Vocês não se escandalizam com o fenômeno da fome?”. O jornal espanhol “El País” publicou um artigo sobre a busca do governo pelos chamados “brasileiros invisíveis”. Pessoas extremamente difíceis de localizar, que muitas vezes não têm documentos, e que poderiam ser incluídas no Bolsa Família, mas que não têm acesso porque estão muito, muito invisíveis para o Estado. Isso é um empreendimento ético de primeira grandeza. E olha que “El País” é um jornal simpático ao tucanato, não gosta do PT. Quando li esse artigo, me perguntei: “Como é que o PT não usa esse tema na campanha?”. O PT priorizou a inclusão pelo consumo, o que tem inúmeras vantagens. Uma delas é a de que havia uma demanda reprimida de gente que queria comprar, e não podia. E esse consumo represado era de coisas essenciais, como comida, geladeira… Depois veio, por extensão, o consumo de itens menos essenciais — maquiagem, roupas melhores. Mas o PT não politizou essa inclusão pelo consumo e isso levou boa parte dos beneficiários a acreditar que eles não devem nada às políticas públicas. Uma parte até vai votar em outros candidatos porque não sente que deve ao PT esse acesso ao consumo — pensa que é graças ao esforço individual deles. Os beneficiários nem cogitam que, se a economia estivesse em recessão prolongada, eles ainda estariam na miséria”.

O segundo mandato de Dilma, caso se confirme, terá de ter esta politização, porque não se deve duvidar nem por um instante que o Brasil não vá sofrer, em escala ainda mais intensa, o ataque que passou a sofrer desde que, com o salto obtido durante a crise de 2008, tornou-se um “player” mundial.

Eu espero – e a esta altura, como Nílson Lage, já até creio – que Dilma e Lula (mais ela do que ele, aliás) não acreditem que esta campanha política vá terminar no dia da eleição de primeiro ou de segundo turno. Ela seguirá a cada dia – o seguinte às eleições, inclusive – até que o Brasil renove suas instituições políticas, partidárias e da comunicação e, com elas, um novo sentido de representação.

O que parece antevisto, na declaração que fez Dilma na entrevista aos blogueiros: “Terei um embate (político) mais sistemático; não serei mais tão bem comportada; me levaram para um outro caminho, que não era o que eu queria”

Ninguém quer, mas o próprio estancieiro e positivista Vargas, ao se converter em símbolo da afirmação do Brasil como Nação chegou ao 1° de Maio de 1954 com o discurso que talvez não quisesse, mas que lhe brotou consciência de estar abrindo um país ao futuro:



“ Não me perdoam os que me queriam ver insensível diante dos fracos e injusto com os humildes. Continuo, entretanto, ao vosso lado. Mas a minha tarefa está terminando e a vossa apenas começa. O que já obtivestes ainda não é tudo. Resta ainda conquistar a plenitude dos direitos que vos são devidos e a satisfação das reivindicações impostas pelas necessidades.Tendes de prosseguir na vossa luta para que não seja malbaratado o nosso esforço comum de mais de 20 anos no sentido da reforma social, mas, ao contrário, para que esta seja consolidada e aperfeiçoada.
Para isso não cabe nenhuma hesitação na escolha do caminho que se abre à vossa frente. Não tendes armas, nem tesouros, nem contais comas influências ocultas que movem os grandes interesses. Para vencer os obstáculos e reduzir as resistências, é preciso unir-vos e organizar-vos. União e Organização devem ser o vosso lema.
Há um direito de que ninguém vos pode privar, o direito do voto. E pelo voto podeis não só defender os vossos interesses como influir nos próprios destinos da nação. Como cidadãos, a vossa vontade pesará nas urnas. Como classe, podeis imprimir ao vosso sufrágio a força decisória do número. Constituís a maioria. Hoje estais com o governo. Amanhã sereis o governo.
Não deveis esperar que os mais afortunados se compadeçam de vós, que sois os mais necessitados. Deveis apertar a mão da solidariedade, e não estender a mão à caridade.Trabalhadores, meus amigos, com a consciência da vossa força, coma união das vossas vontades e com a justiça da vossa causa, nada vos poderá deter.”

Este pedaço (imenso) do “populista” Vargas por muito tempo foi desprezado , talvez porque seja da perversa tradição brasileira sonegar ao povo a sua própria história.

Paulo Moreira Leite: Voto em Dilma

A minha razão para votar em Dilma tem origem na convicção fundamental de que o dever principal do Estado e dos governantes é defender os humildes e os desprotegidos, os que não tiveram oportunidade. Também se baseia nas melhores estatísticas, que podem ser lembradas sempre que necessário, e ajudam a entender quem fez o quê, quando, para quem.
Estou falando da distribuição de renda, para lembrar que queremos viver num Brasil de cidadãos iguais, homens e mulheres. Acredito que é preciso manter a  prioridade no emprego e no salário, no mercado interno, porque sabemos que  só progresso no bem-estar da população de baixo gera melhoras reais para o conjunto da  sociedade.
  • Não tenho religião mas tenho  uma fé política: creio que numa democracia todos os poderes emanam do povo. Não imagino um país de cabeça baixa, refúgio de escravos tristes e senhores de sorriso amarelo pelo excesso de esperteza.
  • Não acredito em contos de fada nem admiro heróis de álbum de figurinha.
  • Não creio num futuro de privilégios nem de favores. A hierarquia não eleva. A inferioridade incomoda.





Só a luta pela igualdade é ética.
Penso em Dilma quando tentam nos assustar com o medo ridículo de mais uma queda na Bolsa, querendo ligar o destino do país ao enriquecimento de tubarões de um cassino pobre e podre, habituados a embolsar seus lucros e transferir suas desgraças para a maioria da população.
Penso em Dilma quando vejo um candidato aparecer na TV sem conseguir — apesar de muito treinamento — disfarçar sua conversa vazia. Nada consegue dizer porque muito tem a esconder.
Penso nela quando até um ator de Hollywood,  envergonhado, sentiu-se no dever de informar que fez papel de bobo e retira o apoio a uma concorrente.
Os analistas de gabinete estão atônitos, os economistas de encomenda e os consultores milionários fogem de clientes inconformados. Faltam poucos dias para o povo ir às urnas e tudo que imaginaram,  prometeram, deu errado. Mentiram, apenas mentiram, mentiram de novo.
Apesar do massacre cotidiano, das cortinas de fumaça, das trapaças, das demonstrações de má fé, milhões de brasileiros foram capazes de compreender aonde estão seus interesses, distinguir quem zela por suas necessidades e tem disposição de lutar por elas. Não é de hoje que aprenderam o que é classe social.
Por vários caminhos, com as idéias mais exóticas, incongruentes na origem mas idênticas na finalidade, formou-se uma grande aliança para tentar fazer a roda da história andar para trás. Deu errado.
Dilma só é chamada de agressiva, e suas críticas são chamadas de ataques, porque é assim que acontece com quem desafia o coro das ideias dominantes.
Nunca os mais pobres conseguiram vencer tantos enganos, tantas ilusões.
Nunca tiveram a mesma oportunidade de arrumar o país para ficar um pouco do seu jeito, onde possam fazer valer sua vontade e serem tratados com dignidade.
Nunca foi tão necessário derrotar o preconceito, a ideologia nefasta dos senhores de sempre, o pensamento conservador do eterno obscurantismo — marcas daquilo que muitos anos atrás nosso maior poeta do século XX chamou de mundo caduco.
Em meio a tanta dificuldade, tanta injustiça, tanta mudança a ser feita, vivemos num país onde 94% dos favelados dizem que estão felizes com a vida que levam.
Por isso, voto e peço voto em Dilma.

Ceará eleição 2014: Terceira pesquisa do *Ibop

Se a eleição fosse hoje 01/09 o candidato o petista Camilo Santana, apoiado pelo governador Cid Gomes e demais irmãos (Solidariedade), seria eleito no primeiro turno.
Confira os números:

  • Aílton Lopes (Psol)     1%
  • Camilo Santana (PT) 50%
  • Eleine Novaes (PSB)  1%
  • Eunício Oliveira (PMDB) 48%



O instituto divulga os números como faz o TSE - votos válidos -.

A margem de erro será divulgada apenas na pesquisa de boca-de-urna.

O IC - Índice de Confiança - da pesquisa é de 100%. Isso significa que se forem realizadas 100 levantamentos hoje, darão o mesmo resultado.

*Instituto Briguilino de Opinião Pessoal