Como eu faço para conquistar aquela gatinha?

Vinte minutos e onze metros. Era o tempo e distância que eu tinha para conseguir conquistar a Ana Carolina, a menina nova da oitava B. Havia duas semanas que ela fora transferida de uma escola do interior de São Paulo para a nossa escola, chamando a atenção imediata do colégio todo. Parecia uma índia, a pele castanha, olhos levemente puxados para cima, maçãs do rosto fortes, cabelo escuro e liso...Continua>>>



Nordestino sim! Nordestinado não!

Nunca diga nordestinu, qui Deus lhi deu um destinu, causadô du padêcer Nunca diga qui é u pecado, qui lhi dexa fracassado, sem condição di viver.

Num guardi nu pensamentu, qui istamus nu sofrimento, pagando u qui devemus A providênça divina, não nus deu a triste sina di sofrê u qui sofremos.

Deus u autô da criação, nus dotô cum a razão, bem livre di preconceitos Mas, uns ingratos da terra, cum guerra, negam us nossus direitus. Continua>>>


Brasil de hoje não é igual ao da época deles

Em campanha no Nordeste, a Presidenta Dilma Rousseff deu o tom da postura que vai adotar no segundo turno, em que enfrenta Aécio Neves (PSDB) na corrida pelo Palácio do Planalto. A candidata à reeleição esteve em João Pessoa (PB), onde comparou as gestões petistas com a do PSDB a frente ao governo federal. 

"Quando eles dirigiam o país o salário era pequeno e desemprego alto. Eles elevaram os juros à estratosfera. O Armínio Fraga (ex- presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso e já anunciado como ministro da Fazenda de Aécio) conseguiu que os juros médios praticados no Brasil fossem de 25%. Hoje, são 11%.", declarou a Presidenta nesta quarta-feira (8).

Em seu discurso, Dilma  enalteceu as medidas de seu governo no combate à corrupção ao lembrar a diferença no número de investigações feitas pela Polícia Federal em seu mandato e no do ex-presidente FHC. "Defendo a PF autônoma, pois, no passado, diretor da PF era filiado ao PSDB. No meu governo, diretor da Polícia Federal não é filiado a partido nenhum. No governo do meu adversário, o Ministério Público era escolhido fora da lista. Nunca tivemos o engavetador geral da República. Eles (PSDB) tiveram a pachorra de engavetar todas as investigações", disse.

A Presidenta ainda citou a última crise econômica para confrontar os números da sua administração com a dos adversários. "Eles quebraram esse país três vezes. Na crise de 1998 e 1999, eles se ajoelharam ao FMI (Fundo Monetário Internacional) porque não tinham dinheiro para honrar as contas do país. A dívida era de R$ 162 bilhões e eles tinham R$ 38 bilhões. Hoje, somos credores líquidos, o mundo nos deve R$ 77 bilhões, inclusive o FMI, porque temos R$ 376 bi de reservas. Nossa  inflação é metade da deles.  Enfrentamos crises e não desempregados nem arrochamos salários.", enfatizou.

"(Eles) Conseguiram uma verdadeira e fantástica maldade com os jovens: eles aprovaram uma lei que proibia o governo federal de investir em escolas técnicas. Em oito anos, eles fizeram 11. Hoje, em quatro anos, fizemos 208 para oito milhões de estudantes. O Brasil de hoje não é igual ao Brasil da época deles. As Universidades chegaram. Os jovens fazem doutorado, mestrado", continuou a Presidenta em referência ao PSDB.

Ao lado do governo Ricardo Coutinho (PSB), que mais cedo havia oficializado o apoio à candidatura petista, Dilma defendeu a criminalização da homofobia e uma reforma política. "O Brasil precisa de uma reforma política. Ninguém aguenta mais e ninguém tem forças para fazer a reforma política sem a participação popular. E eu sou a favor de um plebiscito que defina o tipo de financiamento de campanha", finalizou.



Abaixo, outras frases de Dilma:



Agradeço aos cidadãos da Paraíba o voto que me deram nessa eleição.

Eu só posso agradecer essa honraria que me deram

Eu carrego esses votos com imensa honra, 

Grandes brasileiros, homens e mulheres, perceberam que o Brasil sem o Nordeste não era o Brasil inteiro

Estou aqui porque aqui Paraíba é um estado essencial para o Brasil.

Eu acredito que a Paraíba é essencial para o Brasil ser uma nação rica e soberana. Eu estou falando do Nordeste do Brasil

Estamos (ela e o governador) estamos juntos e misturados

Vamos combater a mentira e o ódio

Quero lembrar a vocês que nessas eleições vamos assistir duas coisas: a mentira e a desinformação

A mentira e a desinformação pra tentar impedir que o povo faça a escolha do desenvolvimento e não do retrocesso

O sentimento é a esperança que temos no Brasil

Nós vamos combater a mentira. A nossa palavra chave é verdade 

Quando o outro projeto, o projeto tucano do PSDB, dirigiu o nosso país, muitos de vocês ainda eram muito jovens


Os jovens estavam condenados a não ter oportunidades.Aconteceu que o Lula fez 214

Só por isso, fizemos o Pronatec. Fizemos uma parceria com o sistema S.

A maioria dos matriculados no Pronatec são mulheres

Eles vivem falando que fizeram o Bolsa Família. Os programas deles são micro para um Brasil que é macro.

O Bolsa Família atingiu 50 milhões de pessoas. Com ele, atingia 5 milhões

Para nós, todos os brasileiros são importantes

Nós, além de colocar no orçamento políticas que equilibram relação regional, portanto colocar Norte e Nordeste no orçamento

No Brasil de hoje as pessoas melhoraram de vida

Brasil de hoje é um q as pessoas melhoraram de vida. Na época deles 52% era classe D e E. Hj, mais de 70% é A, B ou C

Houve uma imensa transformação social. Imensa e silenciosa

Por isso aqui, na Paraíba, investimos em infraestrutura, além de investimento em políticas sociais

Eles não dizem como vão fazer as coisas

Tem muita coisa a melhorar a fazer no Brasil. Eu e o Ricardo Coutinho queremos melhorar saúde, segurança e infraestrutura

A gente não mexe em time que está ganhando

Nós somos um governo que se preocupa com o social: igualdade de oportunidade para todos

Questão que considero fundamental: respeito a homens, mulheres, índios, negros e a qualquer orientação sexual

Temos que combater também a homofobia e criminalizar a homofobia sim

Não teremos democracia, se não criminalizamos a homofobia

É um absurdo querer romper com os BRICS


Alisson Matos, editor do Conversa Afiada




A imprensa marrom volta a carga

Em texto expelido no dia 07/10/2014, o ex-jornalista R. Noblat atribui minhas posições de esquerda ao fato de haver pertencido, no governo Dilma, ao Conselho de Administração da Itaipu Binacional, onde “ganhava algo como pouco mais de R$ 20 mil mensais”. Pena de aluguel barata na imprensa marrom, julga ele que isso é quantia de monta.

Jornalista fosse, ou pelo menos honesto, teria informado aos seus leitores que desse cargo pedi demissão para acompanhar, sem outra renda, a candidatura de Eduardo Campos. Não entende, não pode entender quem não sabe o que é ter opinião própria, o que seja compromisso ideológico.
A lamentar, apenas que um jornal como O Globo sirva de pasto a tamanha infâmia.

de Roberto Amaral -presidente do PSB


Grampo da PF prega PSB e PSDB à "Nova Política"

Investigações revelaram intensa atividade de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção de empresários e políticos ligados ao PSDB e ao PSB.


(*) Publicado originalmente no Blog da Noelia Brito


Grampos realizados pela Polícia Federal, com autorização da justiça, dentro das Operações “Farda Nova” e ”Zelador”, iniciadas ainda em 2007, para investigar ações do doleiro Jordão Emerenciano, com o “Jogo do Bicho” (objeto da Operação “Zebra”), acabou por flagrar a intensa atividade de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, de políticos e empresários, dentro do governo Eduardo Campos e até do que nas conversas se chamou de negócios com “petróleo”.



Dentre os flagrados pelos grampos da Polícia Federal, destacam-se, pela desenvoltura com que operavam e direcionavam licitações e negócios de empresários em SUAPE, em troca de comissões que chegavam a 35% do valor contratado pelas mais diversas secretarias e órgãos do Governo do Estado de Pernambuco, o ex-vereador de Jaboatão dos Guararapes, Geraldo Cisneiros, hoje um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves, em Pernambuco e extremamente ligado a tucanos da mais alta plumagem, o ex-deputado federal Bruno Rodrigues, hoje do PSB, mas quando das práticas criminosas filiado ao PSDB e o até hoje presidente da CEASA de Pernambuco, Romero Pontual, do PSB e ex-tesoureiro de campanha do Partido Socialista Brasileiro e do ex-governador Eduardo Campos.


Da “Operação Zelador” surgiu a Operação “Farda Nova”, onde Romero Pontual é apontado pelos agentes federais como integrante de uma “verdadeira quadrilha” destinada a fraudar licitação para compra de fardamentos para alunos da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. Já ali, chama a atenção dos agentes federais, o fato de que Pontual fora “tesoureiro da campanha” do então governador Eduardo Campos:




Nos grampos, é possível acompanhar a desenvoltura com que o ex-tesoureiro de campanha de Eduardo Campos e do PSB, juntamente com o doleiro Jordão Emerenciano, direcionavam as licitações milionárias nos mais diversos órgãos do Estado de Pernambuco, para favorecer as empresas comprometidas com o esquema de corrupção de seu grupo: fardamento, combustível, merenda, medicamentos, empreiteiras, Petrobras, influência política, instalação de empreendimentos em SUAPE, nada ficava fora do esquema do que a própria Polícia Federal chamou de “Organização Criminosa”, que usava a própria sede da CEASA para reuniões de “negócios”:







Em um dos relatórios a que o Blog teve acesso, fica claro que o doleiro Jordão Emerenciano era uma espécie de Alberto Youseff dos esquemas de corrupção, em Pernambuco, que não poupava nem o FUNDEPE – Fundo de Pensão dos Servidores do Estado de Pernambuco, numa espécie de conluio com o então deputado federal do PSDB, depois filiado ao PSB, Bruno Rodrigues: “aparecem indícios de que o mesmo poderia estar envolvido na prática de crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, possível pagamento de propina a políticos dentre outros crimes contra o Sistema Financeiro, e operações ilegais de câmbio e corretagem, o que, pelo menos em tese, se constatado mediante investigação policial, formaria verdadeira Organização Criminosa”:




O relatório da Polícia Federal chega a comparar o esquema montado pelo doleiro Jordão Emerenciano juntamente com o ex-deputado Bruno Rodrigues com aquele arciculado pela Corretora Bônus Banval: “O esquema montado pelo DEPUTADO FEDERAL BRUNO RODRIGUES e por JORDÃO EMERENCIANO se assemelha ao esquema praticado pela BANVAL CORRETORA que se aproveita dos fundos de pensão para fazer operações(…):




A Polícia Federal flagrou, ainda, nos grampos, articulações do então vereador de Jaboatão dos Guararapes, Geraldo Cisneiros e do doleiro Jordão Emerenciano, junto  ao que chamaram de “caciques da política pernambucana ligados ao PSDB” para “aprovarem projetos e instalações de empresas no PORTO DE SUAPE”:

Outro fato que chama a atenção nos grampos da “Operação Zalador” é o próprio ex-governador Eduardo Campos ser flagrado cobrando Romero Pontual sobre a licitação da Saúde, apesar de Romero Pontual ser presidente da CEASA, órgão, portanto, totalmente dissociado da área a ele cobrada pelo ex-governador. Em outra conversa interceptada entre Romero Pontual e o ex-governador Eduardo Campos, observa-se que o assunto tratado é a licitação da “Educação”. Confiram:




Os grampos ainda apontam para a influência de Romero Pontual, juntamente com Jordão Emerenciano na Casa Militar, além de possível tráfico de influência do ex-deputado Bruno Rodrigues, junto ao governador de São Paulo, também do PSDB, que, na época, era o recém eleito senador José Serra:


Os grampos ainda apontam para vários contatos de Pontual com Antônio Figueira, à época presidente do IMIP, o que leva a crer que o contrato a que se referia o então governador Eduardo Campos, era a terceirização dos Hospitais e UPAS para a entidade presidida por seu futuro secretário de Saúde, que também aparece nos grampos da Operação Assepsia do Ministério Público do Rio Grande do Norte, que resultou na cassação da prefeita de Natal, Micarla, do PV.


O presidente da CEASA de Pernambuco, Romero Pontual, de acordo com as investigações realizadas pela Polícia Federal, nas Opreações “Farda Nova” e “Zelador”, mantinha rotina de almoços com o ex-governador Eduardo Campos, ao mesmo tempo em que manipulava os resultados das licitações e negócios nas mais diversas secretarias e órgãos do governo de Pernambuco, o que demonstra o alto grau de confiança e proximidade do Chefe do Executivo pernambucano com seu subordinado, chefe do esquema de achaques ao Erário, flagrado pela Polícia Federal:



O filho de Romero Pontual, conhecido como Romerinho, é dono de várias empresas fornecedoras de merenda escolar, entre elas a “Casa de Farinha”, fornecedora, por coincidência, de todas as prefeituras do PSB, inclusive para a Prefeitura do Recife, Ipojuca, São Lourenço da Mata, Paulista, Moreno e para o governo do Estado de Pernambuco.

As empresas de Romero Pontual Filho também já foram alvo de Operações da Polícia Federal. Em um trecho das gravações, os policiais flagram uma conversa entre pai e filho sobre um cheque que haveria para eles na sede da Construtora Moura Dubeux e que foi considerada uma “conversa obscura” pelos agentes federais:

O que causa estranheza é que tendo sido iniciadas em 2007, nenhuma dessas operações, apesar dos flagrantes de crimes gravíssimos, até agora resultaram nem no afastamento do senhor Romero Pontual e nem muito menos em processos ou prisões para os criminosos flagrados, pela própria Polícia Federal, com o conhecimento do Ministério Público Federal, em atos atentatórios contra o Erário.

Estelionato eleitoral tucano e midiático

O levanta-e-corta entre o MP e Sabesp


O levanta-e-corta entre MP e SABESP na crise da água

O cenário que conjecturamos há alguns meses começa a se delinear. No dia seguinte à reeleição de Alckmin, os Ministérios Públicos Estadual e Federal protocolaram uma Ação Civil Pública solicitando a redução da vazão de saída do Cantareira. Dois dias depois da reeleição de Alckmin, a SABESP, “em atendimento ao MP”, diz que irá realizar a mencionada redução, ainda em prazo a ser definido. Hoje, três dias depois da reeleição de Alckmin, a presidenta da SABESP, Dilma Pena, admite na CPI realizada na Câmara Municipal que falta água, sim, em São Paulo – e vale dizer que ela postergou por duas vezes o depoimento, fazendo-o apenas agora, após o sucesso de Alckmin logo no 1º turno. Não é preciso ser mais claro para explicar a mecânica do estelionato eleitoral promovido pela gestão Alckmin, apoiada pela imprensa e pelas instituições que deveriam fiscalizar o governo.

O compadrio entre MP e SABESP não começou nessa semana, como sabemos. Em Agosto, o parquet chegou a requerer explicações do Governo de São Paulo sobre a gestão da crise hídrica, demandando respostas em 15 dias. Alckmin não respondeu, e não houve repercussões, críticas ou comentários por parte do órgão fiscalizador. Acabou sendo um jogo de cena. O silêncio permaneceu até agora, curiosamente. A SABESP, a partir dessa manifestação mais recente, ainda poderá ser arvorar do argumento de que está apenas cumprindo uma decisão judicial – mais uma mostra de sua inimputabilidade e, em sentido prático, de sua falta de gestão e de capacidade de conduzir o problema da falta de água de uma outra maneira.

Conforme comentei ontem, é provável que as ações mais impopulares só sejam tomadas após o 2º turno, considerando-se o eventual impacto que elas teriam na candidatura de Aécio Neves – algo admitido pelo próprio Alckmin. O problema é que, em um regime de obras de improviso, há maior suscetibilidade a falhas. A SABESP, então, terá de “segurar as pontas” ao máximo até, pelo menos, o final do mês. Para piorar o quadro, “São Pedro” não está sendo generoso, e Outubro, o primeiro mês da tão mencionada estação chuvosa, está com as piores vazões de entrada da história do Cantareira: 3,9 m³/s. Mesmo com todas as reduções de vazão de saída que já ocorreram, as represas estão perdendo, ao dia, 1,7 bilhão de litros de água – 500 milhões a mais do que a “pessimista” previsão de Mauro Arce, Secretário de Recursos Hídricos. Vale dizer, na verdade, que os próprios relatórios da SABESP, historicamente, consideram como chuvoso, efetivamente, apenas o período Dezembro-Março (é apenas aí, em geral, quando os reservatórios têm as suas perdas do resto do ano compensadas).

É curioso notar o verdadeiro curto-circuito de declarações contraditórias e desencontradas por parte dos próprios representantes do governo, bem como o completo desapego da imprensa em, apenas, dar uma estudada nos números que são apresentados. Como pode, a essa altura do campeonato, um superintendente da SABESP nos dizer que ainda há muito da primeira cota do volume morto a ser extraído e que é bastante improvável que a segunda cota venha a ser utilizada? Como pode a SABESP dizer em nota que há, ainda, 60 bilhões de litros de volume morto a serem retirados se o valor correto é 33? Como podem ainda fazer declarações sobre a chuva como se as precipitações previstas para o final deste mês pudessem vir a recuperar o nível dos reservatórios ao ponto de não mais precisarmos da segunda cota?

Alguns colegas do blog, com razão, aventaram a possibilidade de que a crise da água venha a ser utilizada por Aécio Neves contra o governo federal, naquilo que constituiria uma espetacular inversão de papéis e responsabilidades. Com a conivência (e o apoio) da mídia, isso é, realmente, uma possibilidade. Com efeito, o próprio MP deu um jeito, na Ação Civil Pública, de também responsabilizar a ANA pelo colapso do Sistema, e a SABESP deu a inacreditável declaração de que apenas segue as determinações dessa Agência Reguladora quanto às vazões de saída – quem acompanha minimamente o caso sabe que o Comitê Anticrise, formado por esses dois órgãos mais o DAEE, foi desconstituído após a SABESP se recusar a cumprir o acordo que já havia feito com a entidade federal a respeito das reduções de vazão. A tentativa de reescrever a história apenas 20 dias após esse acontecido nos mostra bem a sensação de controle da opinião pública que possui o Governo de São Paulo.

No entanto, é preciso ponderar o seguinte: ainda que, de forma sui generis, Alckmin venha a tentar expor a sua inimputabilidade por meio da transferência de culpa ao governo federal por uma crise que está totalmente em seu domínio, esse procedimento não poderá ser feito com relação a outras represas que estão sob a égide, inteiramente, da SABESP, como é o caso do Alto Tietê. Hoje, ele está com 11%, e nos próximos dias o volume morto das represas Biritiba-Mirim e Jundiaí, forçosamente, terão de ser extraídos. Na verdade, como cada reservatório está com cerca de 10 cm de cota de água, as bombas já estão sendo utilizadas – eu coloquei fotos ao final do post de ontem que comprovam isso (embora a grande mídia, é claro, não noticie).

Além disso, outras represas também estão secando, e poderão, muito em breve, se tornar um grande problema para o governo recém-reeleito. O Rio Claro, pequeno tanque, está perdendo quase 1% ao dia, e hoje está com 57%; o Alto Cotia, com 34% (mostrei em outro texto que ele já entrou em racionamento, em outra oportunidade, quando chegou a 28%); o Guarapiranga, com 49%. Em parte, a aceleração da redução de seus níveis ocorre por estarem ajudando o Cantareira. Como é improvável que este se recupere, esse auxílio continuará a ocorrer, sobrecarregando esses outros sistemas.

Na eventualidade de o colapso também ocorrer nos outros sistemas, é perfeitamente possível que a gestão tucana, incapaz de formular um discurso que contenha um mínimo civilizado de autocrítica, venha a querer incluir todas no eventual pacote de “transmissão de responsabilidades” para o governo federal. Não seria, também, nenhum conspiracionismo pensar que a grande imprensa, longe de informar, se limitará a reproduzir esses discursos. O que mais lamento, contudo, é que há quem tenha ficado efetivamente feliz com o estelionato eleitoral, apenas porque significou mais uma vitória do PSDB no Estado. E há, também, quem não tenha juízo de assumir suas obrigações constitucionais, os seus encargos legais. O estadismo, esse compromisso com as decisões que se toma e com as virtudes da ação política, deveria não depender de ideologia. Pelo visto, estava enganado.



Literatura gastronômica

Duas mulheres conversam sobre livros. Uma diz:

- Gosto de livros em que a gente não sabe o fim e tudo pode dar em perfeição ou tragédia.

- Por exemplo?

- Livro de receita.