O golpe continua



Retomada a ofensiva contra Lula para fechar o roteiro do golpe, por Tereza Cruvinel
São redundantes e ociosas as considerações morais sobre o que fez Antonio Pallocci, o primeiro petista a delatar o ex-presidente Lula em busca da salvação numa delação premiada. Há algum tempo circula no PT um diagnóstico atribuído a José Dirceu: "Pallocci já virou cachorro". Na ditadura, cachorros eram os militantes que se tornavam colaboradores da repressão, levando companheiros à prisão e à morte. Certo é que a Lava Jato, Janot e Moro retomaram a ofensiva contra o PT e o ex-presidente, apesar das lambanças envolvendo Temer, Geddel e outros partidos da coalizão governista, e pode estar em curso uma ação coordenada para fechar o cerco com a prisão de Lula. E Pallocci, com seu depoimento, forneceu uma das peças mais importantes para o roteiro que começou a ser montado esta semana. Um roteiro de filme de ação vertiginosa, em que o telespectador perde o encadeamento das cenas e o significado da narrativa.

É preciso que o telespectador se confunda e permaneça assistindo passivamente ao filme, sem compreender claramente o papel dos personagens, até que venha o desfecho.

Tendência de investimento

***

André Barrocal o atiradores viraram alvo

Um ex-procurador de Justiça da Operação Lava Jato, Marcelo Miller, é suspeito de ter tramado com a JBS-Friboi um jeito de induzir o presidente Michel Temer se incriminar, e agora tem de se explicar. O juiz Sérgio Moro, estrela da operação, tem um padrinho de casamento acusado de comercializar vantagens para delatores lá na 13a Vara Federal de Curitiba, e também tem de se explicar.
No Congresso, símbolo maior da presa nas caçadas de Miller e Moro, a classe política, há quem considere os episódios pedagógicos.
“Estamos vendo acontecer aqui o que aconteceu com os jacobinos dos comitês de salvação pública da Revolução Francesa: os algozes – juízes, procuradores – viraram vítimas”, diz o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). “É para a sociedade ver que o problema do Brasil é um pouco mais complexo, não é só da política, dos políticos.”
Os jacobinos eram os radicais da Revolução Francesa (1789), mais ligados às massas. Comandaram a segunda fase do movimento, a do “Terror”, em que a guilhotina trabalhou sem descanso. Criaram os Comitês de Salvação Pública para defender a Revolução e depois membros dos comitês acabaram sem a cabeça, caso de Danton. Quando terminou a fase do Terror, o máximo líder jacobino também perdeu a dele, Robespierre.

Tem provas contra Lula? Não!

de Setembro de 2017
- Mano do céu...
- Que foi?
- O Palocci fudeu o Lula. Você viu?
- Não vi. O que foi que ele falou?
- Que o Lula sabia de tudo.
- Eita. Tipo o quê?
- O esquema com a Odebrecht.
- Vixe. Agora vai.
- Vai.
- E ele mostrou uns áudios?
- Não.
- Uma sala repleta de mala de dinheiro?
- Não.
- Já sei: contas no exterior?
- Não.
- Extratos bancários?
- Não.
- Uma compra de sentença?
- Não. Nada disso.
- Pelo menos um helicóptero com coca?
- Não.
- Algum depósito na conta da Marisa?
- Neca.
- Palocci pelo menos participou das negociações?
- Diz que não. Mas o molusco contava para ele depois.
- Contava?
- É.
- Tem vídeo disso?
- Não.
- Gravação?
- Não.
- Grampo?
- Não.
- Testemunha?
- Não.
- Eram só ele e Lula? Ninguém mais viu?
- Só os dois. Petralhas.
- E a delação foi homologada?
- Foi.
- O juiz aceitou?
- Claro!
- Saquei.
- Não é incrível?
- Realmente. É incrível.

(Camilo Vannucci)

Ulysses Ferraz - delação contra Lula é assim


Resultado de imagem para charge stf

O dinheiro nunca sai da conta do corruptor e entra na conta de Lula
Os terrenos nunca são utilizados por Lula
Os imóveis nunca lhe são entregues
Nenhum recurso é transferido para seu patrimônio
Nenhum bem ou serviço é usufruído por ele
Nenhuma prova documental ou gravação em flagrante delito é apresentada
Nenhum indicio de vantagem ou enriquecimento ilícito é encontrado
Não é nenhuma conta na Suíça ou em paraíso fiscal em seu nome
Nada!
E por mágica, a mera palavra do delator se materializa em prova. Do nada!

***

Papo reto sobre Palocci, por Breno Altman

Algumas pessoas, por espírito humanitário e extrema generosidade, tratam o comportamento de António Palocci como se ele, vítima das notórias pressões da Lava Jato, não tivesse resistido a essa tortura psicológica e que, portanto, não deveríamos julgar suas atitudes.

Essa complacência com o ex-ministro da Fazenda não tem cabimento, penso.

Assistam o interrogatório de ponta a ponta: sua atitude não é a de alguém envergonhado, constrangido, mas de um colaborador ativo e cúmplice da República de Curitiba e suas mentiras.

Palocci se transformou em um "cachorro", nome que recebiam aqueles que, militantes de esquerda, passavam a auxiliar o aparato repressivo da ditadura, assumindo o lado do inimigo.

As raízes políticas desse comportamento são longínquas, suas posições há muito passaram para o campo da colaboração de classe: desde os anos 90, pouco a pouco seu pensamento evoluiu para ideias próprias do capital financeiro.

Mas o que se consolidou essa semana é muito mais grave: houve ruptura moral e ideológica, Palocci se entregou ao papel de instrumento ativo dos piores inimigos do povo brasileiro.

Qualquer contemporização com seu comportamento é um tapa na cara da militância petista, um insulto aos que bravamente resistem nos cárceres da Lava Jato, uma desonra a todos os que, ao longo da história, tiveram que suportar privações muito, mas muito piores que as sofridas por Palocci, muitas vezes ao custo da própria vida.

Moro - minha mulher e meu amigo são honestos, mais não investigue eles não


(...) sabe lá se eles não cometeram algum deslize. 
Ah, mas isso não vem ao caso e a gente esconde porque acha melhor.
***