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Dilma discursa na celebração dos 10 anos do Programa Bolsa Família

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, durante a comemoração de dez anos do programa Bolsa Família, nesta quarta-feira (30), que o “Programa Bolsa Família vai existir enquanto houver uma só família pobre no país”. Dilma destacou que a tecnologia social criada para transferir a renda para os mais pobres foi capaz de varrer “as políticas clientelistas centenárias do nosso país”.
“Quando criamos o Cadastro Único e colocamos os entes federados, União, estados e municípios. Aderimos a uma prática republicana e colocamos o Estado ao lado do cidadão comum. Conseguimos colocar todo o aparato do estado envolvido no atendimento às famílias do Bolsa Família sem criar relações de dominação do Estado sobre os cidadãos. Esse é um fato fundamental”, afirmou.
A presidenta ressaltou que as críticas ao programa têm por trás críticas de um “velho preconceito assistencialista”. Segundo Dilma, o dinheiro usado no Bolsa Família não é esmola, e sim transferência de renda de quem paga os impostos para uma parte da população com quem o Brasil tem uma dívida.
“Bolsa Família não é caridade, e sim uma tecnologia social de distribuição de renda e combate à desigualdade. Aí é que está a questão. Renda é poder de compra, de quem ganha o Bolsa Família que tem autonomia para decidir o que compra. (…). À medida que o Bolsa Família transfere renda dessa forma, gera liberdade de escolha, de cidadania e de consideração da pessoa que recebe como cidadã brasileira”, destacou.

Distribuir renda é desenvolvimento

O texto abaixo e os números é a prova que mais importante que crescer é distribuir renda. Leiam com atenção:

Pela primeira vez em 20 anos, o número de brasileiros na classe de renda mais alta do país está maior do que o da mais pobre. Estudo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) mostra que o ano passado terminou com 10,3 milhões pessoas ou 5,2% da população na classe alta-alta, que inclui as famílias com renda per capita mensal acima de R$ 2.555,50, conforme informou o colunista Ancelmo Gois no GLOBO de domingo.
Na classe baixa-baixa, que abriga pessoas com renda de até R$ 83,20 por mês, havia 7,97 milhões, ou 4% da população total do país. Em 2011, essas classes tinham praticamente o mesmo tamanho: 4,7% dos brasileiros estavam no topo dessa pirâmide e 4,8%, na base. 
Quando se olha as últimas décadas, o avanço foi enorme: em 1992, apenas 2,1% da população estavam no grupo de renda mais alta e 15,5% entre aqueles com menores ganhos.

Quem recebe o bolsa família não deve votar?

A cruzada de Almeidinha contra a 'Bolsa Esmola'

Na Suíça, o Bolsa Família recebe o "Nobel" da seguridade social. Aqui, há campanha para suspender o direito político de seus beneficiários
Por Matheus Pichonelli
Meme de Facebook pede a suspensão do título de eleitor de beneficiários de programas sociais
O programa Bolsa Família recebeu, na terça-feira 15, o 1º prêmio Award for Outstanding Achievement in Social Security, espécie de Nobel concedido a cada três anos pela Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA), entidade com sede na Suíça. É o mais importante reconhecimento de um programa responsável por ajudar a quebrar no País um ciclo histórico de fome e miséria. É o reconhecimento, também, de que a aposta em promover a autonomia dos beneficiados por meio de um cartão magnético passou longe de um mantra brasileiro quase pré-histórico: o de que dinheiro na mão de pobre é, na melhor das hipóteses, desperdício; na pior, um mero instrumento de troca de apoio e voto.
A notícia, em meio à tensão pré-eleitoral, deixou a turma do Almeidinha em polvorosa. Nas mesas de bar, do trabalho ou em memes de Facebook, a reação ao prêmio foi quase previsível. Houve uma avalanche de revolta e cusparadas contra o que chamam de Bolsa Esmola. Uma das montagens é uma peça-rara: 

  • uma enxada e outros utensílios de mão-de-obra rural com os dizeres “no meu tempo, Bolsa Família era quando os pais de família trabalhavam” (algo assim). 
  • Uma outra mostrava a confusão em uma agência da Caixa após os boatos sobre o fim do benefício: “Brigar por esmola é mais fácil do que brigar por saúde, emprego e educação”. 
  • Outra, um “apelo ao fim do voto de cabresto”, questionava a legitimidade dos beneficiários em participar das eleições. 
O raciocínio é de uma sofisticação invejável. A vítima do cabresto, afinal, é sempre o pobre. E pobre, de barriga cheia, é incapaz de pensar por si: automaticamente, devolve a esmola com a gratidão em forma de voto vendido. (O cabresto, para quem não sabe, é a correia fixada na cabeça de animais, como as mulas, para amarrá-los ou dirigi-los; o uso da expressão, a essa altura do campeonato, diz mais sobre a consciência e os pressupostos do autor do que sobre o sistema político que ele finge combater).

Bolsa Família vence o Nobel Social

Issa 
- Associação Internacional de Seguridade Social - concede seu maior prêmio ao Bolsa Família; reconhecimentos ocorrem apenas de três em três anos; atacado no Brasil, programa foi julgado como "experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza"; em entrevista coletiva no Ipea, nesta manhã, ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, afirma que "premiação internacional reconhece o esforço do país para construir uma rede de proteção social"; estudo inédito do instituto sobre o impacto da iniciativa na economia revela que se o Bolsa Família fosse extinto, a pobreza passaria de 3,6% para 4,9%; além disso, cada real gasto com o programa faz a economia girar 240%.

A Folha supera-se

O jornalão da rua Barão de Limeira já gastou desde o sábado, muita tinta e papel com o que ele quer fazer crer, baseando-se na PNAD-2012 divulgada na 6ª feira pelo IBGE, que o processo de inclusão social estagnou no Brasil no biênio 2001/2012A. A Folha superou-se no sábado, no entanto, em material da Raquel Landim.
Ela chega a afirmar que a estabilidade na queda da desigualdade e na renda dos brasileiros pode significar o fim da “década inclusiva”. Mas, o pior nesse material é a afirmação de que a queda da desigualdade dos últimos 10 anos “foi provocada principalmente, pela política de fortes reajustes do salário mínimo, pelos programas de transferência de renda e pela explosão do credito”.

A concentração da renda e da riqueza é uma marca inalienável do Brasil

5 mil clãs apropriam-se de 45% de toda a riqueza e renda nacional, embora o país tenha mais de 51 milhões de famílias.
Quando o autoritarismo predominou, os ricos foram os mais beneficiados, mantendo inalterado o padrão distributivo excludente no país.
… a composição fundiária segue muito concentrada. A estrutura tributária permanece regressiva, com a população pobre pagando mais impostos e os ricos quase que incólumes, enquanto a estrutura social permanece distante das possibilidades governamentais de garantia da universalidade e qualidade necessária dos bens, serviços e equipamentos sociais básicos para toda a população.
… perceber que a distância da separação entre o menor e o maior salário no país chega a atingir quase 2 mil vezes parece inacreditável nesse início de terceiro milênio.
Os avanços registrados ao longo dos mandatos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff tangenciaram o problema. A insatisfação popular não deveria surpreender ninguém. Leia mais>>>

1,69 milhão de famílias abrem mão do Bolsa Família



Dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome mostram que 1,69 milhão de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família deixaram espontaneamente o programa, declarando que sua renda já ultrapassava o limite de R$ 140 por pessoa. Estas famílias representam 12% de um total de 13,8 milhões de famílias atendidas. Os dados abrangem todo o período de existência do Bolsa Família, entre outubro de 2003 e fevereiro de 2013. 

Os dados do ministério contrariam a alegação dos críticos do Bolsa Família de que o programa de transferência de renda estimularia os beneficiados a não procurar emprego e melhores condições de vida. De acordo com o secretário de Renda e Cidadania, Luís Henrique Paiva, estas famílias declararam ultrapassar a renda limite na atualização cadastral, realizada pelas prefeituras a cada dois anos. Por sua vez, a fiscalização excluiu 483 mil beneficiários flagrados com renda superior a permitida pelo programa. 

Mãe de cinco filhos, a diarista Selma Patrícia da Silva, de 42 anos, é uma das beneficiadas que deixaram espontaneamente o Bolsa Família após melhorar sua condição de vida. Na época em que fazia bicos como doméstica, e o marido com pedreiro, Selma era beneficiária do Auxílio Gás, Bolsa Escola e Bolsa Família. Depois de construir a sua casa, a diarista decidiu devolver o cartão que garantia o benefício. "Pensei assim: da mesma forma que serviu para os meus filhos, vai ajudar outras pessoas. Acho muita covardia a pessoa não necessitar e ficar recebendo. Entreguei o cartão na mão da primeira-dama (do município), que começou a chorar", disse Selma em entrevista ao jornal O Globo. Hoje, Selma, de Formosa (GO), trabalha como faxineira, fez cursos de artesanato e manicure nos últimos anos e costura bonecas e adereços de pano, vendidos em feiras na vizinhança.

Fonte: PT na Câmara

Paletó dado...e tomado

Todos sabemos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma infância de menino pobre. Fato curioso aconteceu quando ele tinha 12 anos e nunca tinha ido ao cinema. Um amigo lhe emprestou o paletó para irem ao filme, porque naquela época era o traje exigido para que se tivesse acesso à sala.


No meio do caminho, os dois discutiram e o colega, por pirraça, o fez devolver a roupa emprestada, ali mesmo em plena rua e na frente das pessoas. Ainda não foi daquela vez que Lula, que um dia viraria tema de filme, conheceu o cinema.
do É

Retratos do Rio - Favelas cariocas têm o maior aumento de renda

Em dez anos, crescimento foi de 109%, acima do ganho per capita na cidade e no país

Grandes eventos, recuperação econômica e pacificação são as causas do fenômeno

A renda per capita dos moradores das favelas cariocas cresceu 109% entre 2000 e 2010, passando de R$ 244 para R$ 510, mostram dados colhidos pelo IBGE. O ganho ficou acima do que foi constatado nos aglomerados subnormais — como são classificadas as favelas — do país: 85% (de R$ 200 para R$ 370), informam Natanael Damasceno e Selma Schmidt. Na cidade, o aumento foi de 100%. Segundo especialistas, a recuperação econômica do Rio aliada à preparação para os grandes eventos e à pacificação explicam o fenômeno. Estudo do Instituto Pereira Passos revela, porém, que desigualdades entre asfalto e favela persistem.

Bolsa Família transformado em livro


Muito interessante e não pode deixar de ser lida a entrevista que a socióloga Walquiria Leão Rego concedeu à Folha de S.Paulo (leia aqui Bolsa Família enfraquece coronelismo e rompe cultura da resignação, diz socióloga) sobre os 10 anos do programa Bolsa Família. Walquiria, junto com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, pesquisou e escreveu "Vozes do Bolsa Família", lançado na noite de ontem na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis. Vou ler o livro, também, e gostaria que vocês lessem e analisassem comigo.

No livro, quais as principais conclusões dos dois autores? Que 10 anos após de sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais remotos e pobres do país, provocando perda de força do tradicional coronelismo que imperava nessas regiões e abalando seriamente a arraigada cultura da resignação de suas populações.

O livro vale a pena ser lido, também, porque resulta de um grande esforço e pesquisa de seus autores. Durante cinco anos - entre 2006 e 2011 - a dupla fez entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o Recife, e o interior do Maranhão e do Piauí. Investigaram, segundo a autora socióloga diz na entrevista ao UOL, o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa.

Walquiria conta, ainda, que ela e Alessandro Pinzani aproveitaram férias e folgas para realizar o trabalho e que pagaram do próprio bolso os custos das viagens. Ela explica, ainda, que no estudo não se preocuparam com estatística, mas com o aspecto qualitativo. Walquiria é professora de teoria da cidadania na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Para a autora, o programa Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Na entrevista ao jornal, ela trata, ainda, dos boatos sobre o falso fim do programa, que preocuparam os 13,8 milhões de beneficiários do Bolsa há três semanas, das críticas e dos preconceitos que cercam a iniciativa e conclui: "Nossa elite é muito cruel".

Vamos ler a entrevista e o livro? 

José Dirceu

Distribuir Renda é Desenvolvimento

A série de reportagens pintando um cenário de apocalipse na economia brasileira, que marca as edições recentes dos principais jornais genéricos de circulação nacional, traz como pano de fundo uma tese perigosa: a de que a plena oferta de empregos seria uma das principais causas de aumento dos preços no Brasil.

Observe-se que a imprensa brasileira não questiona se estamos de fato imersos no perigoso jogo inflacionário, embora os aumentos de preços tenham se mostrado pontuais e randômicos, não lineares, o que indica a ocorrência de causas múltiplas e não necessariamente um processo consistente de inflação.
Há apenas dois meses, os jornais e os noticiários da televisão e do rádio martelavam a tese da inflação de alimentos; depois, com o tomate voltando ao molho com preços 75% inferiores, a imprensa passou a ressaltar o custo de produtos eletrônicos, depois das viagens aéreas e agora o vilão é o setor de serviços.
Nesse período, artigos e reportagens tentam impor a seguinte teoria: se o crescimento econômico é insatisfatório, o pleno emprego torna-se fator de inflação porque a disputa por bons funcionários aumenta o custo das empresas, o que acaba se refletindo no preço final dos produtos. Por outro lado, dizem esses teóricos, o crescimento da renda dos trabalhadores aumenta a procura, porque há mais gente com dinheiro para as compras e, apesar do aumento recente dos juros, a oferta de crédito segue em alta.
Os defensores dessa tese consideram que, para fazer a economia crescer sem inflação, é preciso manter um exército de trabalhadores sem renda, ou dispostos a ganhar pouco, para que os preços se mantenham estáveis e o Produto Interno Bruto possa crescer a níveis chineses. Para eles, a boa política econômica é aquela que preserva os “bons fundamentos da economia”, e não aquela que produz bem-estar para a maior parcela da população.

Os tucanos perderam sintonia com a maioria da população brasileira

Ao contrário do que eles dizem, o governo Lula rompeu com a política econômica de Fernando Henrique Cardoso.

Lula, em certa medida, tornou real o sonho de Celso Furtado em relação ao desenvolvimento regional.

Os números do PIB não dizem tudo sobre a economia brasileira, que durante a ditadura militar chegou a crescer 12% sem que a população em geral tirasse proveito disso.

As opiniões são de Luiz Dulci, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e hoje é diretor do Instituto Lula. Recentemente, ele lançou o livro Um Salto para o Futuro, no qual defende a tese do rompimento que contraria a opinião da maioria dos jornalistas econômicos da grande mídia — segundo a qual Lula apenas deu continuidade às políticas de FHC.

Dulci admite que não houve rompimento na política monetária, mas sustenta que isso aconteceu nas políticas sociais, externa e no papel assumido pelo Estado na economia.

Ele diz que o crescimento médio durante os dois mandatos do governo Lula foi de 4,4%, contra 2,2% de FHC. Sustenta que quando se trata do PIB não se deve olhar apenas para o número frio, mas para a qualidade do crescimento. Nos 12% de crescimento da ditadura militar o Brasil se tornou mais desigual, afirma Dulci. Agora, não.

O ex-ministro argumenta que a oposição partidária ao governo de coalizão do PT — e aqui ele estende o comentário aos adversários do governo Dilma — está “presa aos dogmas do neoliberalismo”, apesar da crise econômica de 2008 ter resultado no questionamento dos fundamentos do modelo. Daí, o fracasso eleitoral recente dos tucanos. Segundo Dulci, eles teriam perdido a sintonia com a maioria dos eleitores.

Sobre a argumentação de que o governo Lula teria apenas tirado proveito da valorização internacional das commodities, outro argumento brandido pelos tucanos, o ex-ministro rebate exemplificando com o conjunto de iniciativas econômicas de Lula.

As empresas públicas estavam proibidas de investir no final do governo FHC, diz. O crédito, que era de 300 bilhões de reais no conjunto da economia, se multiplicou para atingir R$ 1,5 trilhão atualmente. Foram gerados 15 milhões de empregos com carteira assinada. Os aumentos do salário mínimo — que os tucanos condenavam alegando que poderiam falir a Previdência Social — injetaram R$ 60 bilhões no mercado interno.

Os assaltantes


Alguns ingratos brasileiros consideram impiedosamente que a chamada “grande” imprensa e a tevê nacional são afetadas pela ausência de pluralismo e por atitudes de descriminação racial. Em particular, os três principais jornais do País expressariam exclusivamente “um pensamento de direita”, ou seja, conservador ou reacionário.
Este colunista não pode deixar de compartilhar as perplexidades de tais minorias inquietas. De fato, encontro dificuldade em adquirir informação imparcial sobre a realidade nacional através das principais mídias, as quais tendem à exaltação de notícias que interessam aos próprios donos e chegam ao obscurantismo de censurar as que são incômodas à categoria. Mas, ao contrário dos detratores indômitos, devo confessar sincero reconhecimento ao maior jornal do Rio de Janeiro, por ser fonte inesgotável de inspiração para as minhas colunas quinzenais.
Em temporada de declaração de renda, por exemplo, ouvir em bares e botequins conversas estapafúrdias sobre a insuportável carga do Fisco, é quase normal no mundo inteiro. Em geral, para os alterados fregueses, sejam alemães ou argentinos, o Fisco pior é sempre o próprio. Mas no Brasil constatamos maior originalidade: é possível ler comentários similares na “grande” imprensa. É o que me aconteceu dias atrás ao folhear O Globo: uma ampla crônica escrita por badalada comentarista foi dedicada a descrever o “desgosto” por ter de declarar o Imposto de Renda, descrito, com riqueza de detalhes, como “pior que um assalto”. Depois de minuciosos paralelos com bandidagem comum e agudas descrições psicossomáticas da “violência que praticamos contra nós mesmos” ao preencher o IR, chega-se às inevitáveis queixas sobre os péssimos serviços e as roubalheiras públicas (neste aspeto, concordamos, é óbvio). As conclusões da crônica, não particularmente originais, são que no Brasil se pagam “impostos suecos por serviços dignos do Afeganistão”. Com toda franqueza, fosse eu afegão, ficaria ofendido, mas, como observador internacional, limito-me a algumas observações críticas sobre o que li.
Difundir na opinião pública ideias e sentimentos tão radicalmente hostis ao difícil dever cívico de pagar impostos é fato muito grave em si, em qualquer parte do mundo, e prescinde de qualquer atenuante: estimula egoísmo e incivilidade. Tal atitude é, sobretudo, lastimável da parte de quem pertence à classe privilegiada brasileira, ou seja, aquela que paga menos impostos do que os outros.
A carga tributária, ou seja, a relação porcentual entre o somatório de todos os impostos e a riqueza produzida por um país, é no Brasil muito menor que em outras economias de destaque. Em 2012, foi de 36%, mas na Europa tal relação transita hoje tranquilamente acima de 40%, tocando 45% na França e 46% na Alemanha, até chegar a 55% no caso da Suécia

A tucademopiganalhada não se livra do complexo de vira-latas


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Os programas de transferência de renda e de monitoramento da Amazônia, elaborados e implantados nos últimos 10 anos pelos governos do PT, obtêm imenso respaldo lá fora e estão sendo adotados ou em fase de elaboração em diversos países, particularmente no nosso continente e na África.

O reconhecimento e adoção desses programas por diversos países foram comunicados nesta 2ª feira (ontem) à presidenta Dilma Rousseff pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano. A presidenta está na capital italiana para participar, hoje, da missa e demais cerimônias de entronização do novo papa, Francisco.

No encontro com a presidenta Dilma, Graziano contou que a iniciativa de seguir o modelo brasileiro de combate à pobreza começou com os países africanos de língua portuguesa, mas depois houve pedidos de mais nações africanas. “Também temos uma demanda forte nos outros países, principalmente do Oeste da África, de implementação de programas do tipo Bolsa Família”, disse Graziano.

Governos sul-americanos e da América Central também adotam

José Dirceu: Bolsa Família não é apenas um valor. É um recomeço para milhões


Depois de ajudar a antecipar o processo eleitoral de 2014, a Folha de S.Paulo tenta fazer um balanço negativo dos 10 anos do PT no governo. Ontem, por exemplo, o jornal buscou minimizar o papel do Bolsa Família no país.


Apesar de fartos dados e análises mostrando a importância do programa, o jornal insiste em atacá-lo. Não é a primeira vez.
 

Segundo a reportagem, o valor de R$ 70 per capta adotado para erradicar a miséria extrema no país não é suficiente para comprar alimentos de uma dieta mínima. O jornal faz algumas comparações para sustentar o que diz.


O problema é que a Folha esquece – ou não sabe – que o efeito do Bolsa Família é também social e familiar. O programa aumenta a autoestima e a esperança das famílias que passam a buscar oportunidades de estudo e trabalho.



Não é um número e um valor apenas. É um recomeço para milhões de brasileiros que, com esse mínimo, tem condições de ir à luta. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social lembra que uma série de fatores foi levada em consideração para definir o valor. Entre estão, estudos nacionais e internacionais e linhas regionais de extrema pobreza.



Em artigo na mesma Folha, o sociólogo Arilson Favareto cita o Nobel de Economia Amartya Sen, para quem a pobreza não pode ser definida pela quantidade de dinheiro no bolso. Ela inclui também a privação de capacidades para participar da vida social e de fazer escolhas. Isso tudo depende do contexto e da região. "O valor de R$ 70 mensais não dá para tomar o metrô duas vezes ao dia em São Paulo, mas pode ser crucial para uma pessoa no interior do Nordeste comprar medicamentos ou material escolar", diz Favareto.

PT: o fim da miséria é apenas o começo


A presidenta Dilma anunciou hoje novas medidas para beneficiar mais 2,5 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza no Brasil. Com isso, 22 milhões de brasileiros e brasileiras saíram da situação de miséria desde 2011. É um esforço iniciado por Lula em 2003, com o Fome Zero e depois com o Bolsa Família, e ampliado por Dilma, no Brasil sem Miséria, para melhorar a vida de todos.

“O Brasil vira uma página decisiva na nossa longa história de exclusão social. Nessa página está escrito que mais 2,5 milhões de brasileiras e brasileiros estão deixando a extrema pobreza”, acrescentou. Após a melhoria de renda, será a vez de todos os brasileiros terem direitos a melhores serviços de educação e saúde públicas. É para isso que Dilma tem trabalhado incansavelmente em seu governo.

“Sabemos que a superação da miséria não se faz apenas por meio da renda. Isso é essencial, mas estamos agora enfrentando suas outras faces. E levando cidadania e oportunidades. O grande começo que estamos empreendendo é o acesso ao emprego para os adultos e a educação de qualidade para crianças e jovens.”
 
Leia mais:
Dilma: mais 2,5 milhões deixam a extrema pobreza
Teremos a maior safra de alimentos da História

Luis Nassiff: o fim da miséria

Tenho insistido em um princípio relevante de política pública: não se resolvem problemas históricos no país com soluções convencionais. Existe uma expressão em economia, o “catching up” , que significa cortar caminho, conseguir saltos na inovação que permitam avançar pulando etapas.

Das poucas  políticas públicas que se aproximam desse conceito são as políticas sociais enfeixadas na bandeira genérica do Bolsa Família.
De junho de 2011 a 2012, 19,5 milhões de pessoas superaram a extrema pobreza, entendida como renda per capita inferior a R$ 70,00 mensais. O contingente caiu de 22,1 milhões para 2,5 milhões.
Nesta terça-feira, a partir das 11 horas da manhã, a Presidente da República anunciará a próxima etapa dessa política, que visará tirar os 2,5 milhões remanescentes.
Trata-se da decisão de complementar a renda daqueles que, mesmo recebendo auxílio do Bolsa Família, não tem renda suficiente para chegar aos R$ 70 per capita, dentro do programa batizado de Brasil Carinhoso.
***
É importante saber o histórico das políticas sociais, para entender os saltos que vêm dando.
Ainda no governo FHC havia uma discussão entre os economistas “focalistas” e os “universalistas”. Os primeiros trabalhavam com indicadores sofisticados, visando focalizar os gastos sociais nas populações mais miseráveis. Recebiam uma crítica severa dos “universalistas” que julgavam – não sem razão – que o “focalismo” visava restringir o alcance das políticas sociais.
Havia também discussões sobre a natureza dos benefícios. Do lado “liberal” – e também do infatigável senador Eduardo Suplicy – a ideia da renda mínima. Do lado mais intervencionista, o receio de que dinheiro na mão significasse cachaça no corpo.

Após dez anos de governos do PT, pode-se detectar uma importante melhora no perfil da distribuição da renda no País


Não vivemos em nenhum paraíso. Muito longe disso. Mas, em contrapartida, a situação é muito melhor que a do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Fonte: SCN/IBGE
Fonte: SCN/IBGE

O índice de Gini foi reduzido. Este índice mede a distribuição da renda e varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade e quanto mais próximo de zero, maior a igualdade. O Gini brasileiro caiu de 0,585, em 1995, para 0,501, em 2011. Contudo, este é um número que ainda está distante dos índices de países tais como França (0,308) ou Suécia (0,244).
No início dos anos 1960, o Brasil possuía um Gini inferior a 0,5. Entretanto, os governos militares (1964-1985) adotaram um modelo de crescimento econômico com concentração de renda. O Gini subiu. Em meados dos anos 1990, com a queda da inflação, o índice de Gini sofreu uma redução.

Artigo semanal de Delúbio Soares


NORDESTE, O BRASIL DOS VENCEDORES
O Nordeste brasileiro serviu durante muitíssimo tempo para a manutenção de uma estrutura social cruel, uma distribuição de renda injusta, a deplorável “indústria da seca”, além do constante fortalecimento de oligarquias medievais responsáveis pelo atraso secular da região.

Visto com os olhares preconceituosos de um sul “maravilha”, rico e esnobe, o Nordeste era bom provedor de mão-de-obra barata, lugar longínquo e dotado de praias atrativas e pessoas cordatas. Ou muito pouco mais que isso.

A elite do sudeste e do sul - arraigada em seus preconceitos, reconhecidamente mesquinha e nada disposta a integrar o Brasil ou aceitar as peculiaridades regionais, as identidades culturais de cada Estado da Federação e a valorizar os nossos milhões de irmãos da Bahia ao Maranhão – se esmerou em manter a situação dramática de desigualdade e pobreza. Teve, nesse mister tenebroso, o auxílio luxuoso de chefetes políticos provincianos e das oligarquias econômicas e sociais dos rincões nordestinos.

Josué de Castro, uma das grandes figuras de nossa história, retratou em todo o seu vasto e profundo trabalho, especialmente na insuperável “Geografia da Fome”, a realidade abjeta de uma região potencialmente rica e futurosa onde milhões de pessoas morreram vítimas da fome ao longo dos anos, tão vitimadas pela seca inclemente quanto pela estrutura social perversa. E as crianças mortas no ápice das secas, enterradas com “anjinhos” pelas sofridas família, eram – isso, sim - o mais pronto e acabado retrato de um Brasil miserável e perdedor.

O Brasil opulento e supostamente desenvolvido do Sudeste/Sul, com sua cultura colonizada pelas grandes Nações ricas do hemisfério norte, aceitou como realidade consumada (rejubilando-se, até) as levas de milhões de irmãos nordestinos, transportados desumanamente nos tristemente históricos caminhões “pau-de-arara”. Esse autêntico gado humano, recrutado para os afazeres mais duros e primários, sem saúde ou instrução, tornou-se a mão-de-obra vigorosa que levantou edifícios e construiu cidades, prestou bom serviço e retribuiu com lealdade e honradez a paga escassa que lhes destinou o Brasil rico de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e outros Estados. Foi essa gente boa e explorada, longe de sua terra e de suas famílias, que se tornou a base sólida da transformação econômica do Brasil nos últimos 60 anos.

A asa branca batendo asas e voando para longe de um sertão calcinado pela seca ou a fé inquebrantável no apadrinhamento do Padre Cícero, foram mais visíveis na dura realidade do Nordeste do que a mão forte dos poderes públicos em socorro da região e seu povo. Uma pena.

Enquanto a diáspora sertaneja aumentava a olhos vistos com a concentração de milhões de baianos, cearenses, pernambucanos, potiguares, sergipanos, alagoanos, piauienses, paraibanos e maranhenses nas periferias da grandes metrópoles do Sul, com habitação deficiente e condições de vida sub-humanas, a oligarquia nordestina enriquecia, formando grupos de comunicação, indústrias têxteis e alimentícias, bancos e financeiras, explorando a indústria das secas e mamando nas tetas gordas do aparato estatal.

Quando na década de 60, em seu curto e digno governo, o presidente João Goulart encarregou o brilhante economista Celso Furtado de idealizar um organismo forte de fomento econômico e social para o Nordeste, a Sudene nascia como a primeira grande iniciativa de evolução, apoio e reconhecimento à região e seu extraordinário povo. Definiu-se uma política realista e específica para a vasta região que se inicia no árido Norte/Nordeste de Minas Gerais, englobando o desassistido Vale do Jequitinhonha, até os vales úmidos do Maranhão. Mobilizaram-se recursos e mentes, repensando e formulando propostas exequíveis e ações concretas para que o Nordeste superasse a miséria e a fome.

Muito se fez, mas ainda foi pouco diante de tanta pobreza, tanto abuso e dos enormes problemas encontrados. O golpe de 64 não só liquidou as lideranças populares e progressistas da região, como desmoralizou a Sudene, transformando-a em banca de financiamento à projetos tocados pelas oligarquias locais, que se chafurdaram no dinheiro barato e farto. Ficaram mais ricos e o Nordeste e seu povo ficaram mais pobres ainda. Se quisermos sintetizar em poucas palavras tanto o que os sucessivos governos da ditadura militar quanto o de FHC e dos tucanos, tão elitistas e anti-Nordeste, fizeram com a Sudene e com os sonhos dos nossos irmãos nordestinos, podemos dizer que foram absolutamente cruéis.

Foi com Lula, nascido no coração do Nordeste e que chegou ao Sul na carroceria de um caminhão pau-de-arara com sua mãe e seus irmãos - e continua com Dilma – que o Nordeste reassumiu seu sonho plenamente possível de redenção econômica e de igualdade social. Com a retomada do crescimento, o Nordeste mostrou a que veio no cenário de um novo e promissor Brasil, apresentando índices surpreendentes de crescimento em todos os seus Estados, e em alguns casos, como o de Pernambuco, por exemplo, chegando a mais de 16% ao ano.

Não houve milagre, houve trabalho. Trabalho lastreado em firme decisão política do presidente Lula e no apoio absoluto do povo nordestino, que superou grande parte de seus dramas e tem participado ativamente da construção de um país melhor e mais justo.

Iniciativas de toda ordem, que começaram com o programa de assistência às famílias, que – para terror de madames da elite paulistana e de colunistas da imprensa golpista – passaram a comer três vezes ao dia, com os filhos na escola e, enfim, com emprego e a possibilidade de revolucionar suas vidas. Essa potencialização do Nordeste continua com o incentivo ao turismo, com obras contra as secas, de saneamento básico, da construção de milhares de casas populares, hospitais, pontes, novas estradas e rodovias, além da obra monumental da Ferrovia Leste-Oeste.

Os governos do PT e dos partidos da base aliada tem demonstrado imensa sensibilidade para com o Nordeste e os nordestinos. Nada fazem, em verdade, mais do que reconhecer os direitos negados ao longo do tempo a uma região rica e a seu povo, extremamente trabalhador e talentoso.

O preconceito de uma elite perversa e preconceituosa tentou fazer do Nordeste um Brasil dos coitadinhos. A força dos nordestinos, aqueles que antes de tudo são uns fortes, tem feito da região o Brasil dos vencedores.

Ricardo Berzoini: Caravana de Lula rebate campanha de difamação

A trajetória do brasileiro Luís Inácio Lula da Silva marcou a redemocratização do Brasil de uma forma extraordinária. Uma liderança popular, oriunda do movimento sindical, com a simbólica origem na grande migração interna do Nordeste para o Sul e com o signo na luta pela liberdade de organização dos trabalhadores. Contribuiu decisivamente para o fim da ditadura, somando a mobilização trabalhista de massas ao processo de resistência institucional, comandado pelo velho MDB e por lideranças intelectuais e religiosas. Fundou um partido político de baixo para cima e ajudou a criar uma central sindical democrática, que se transformou numa das maiores do mundo.

Sua biografia já seria magnífica, se terminasse por aí. Mas, disputando quatro eleições presidenciais, venceu em 2002, para assumir um país estagnado e sem perspectivas, subordinado à globalização financeira e apequenado nos fóruns internacionais.


Em apenas oito anos de governo, Lula tirou o Brasil do marasmo, despertou e coordenou forças positivas, transformou a economia e a política, e fez a grande obra referencial do início do Século 21: recolocou a autoestima do povo em alta, como demonstram todas as pesquisas de opinião do final de seus dois mandatos.


A desigualdade caiu fortemente, regional e socialmente, milhões migraram de classe socioeconômica, para melhor. O desemprego caiu pela metade. O país voltou a crescer. Programas inovadores, em várias áreas, tornaram-se referências internacionais. A educação técnica e superior ganharam grandes investimentos. Lula foi reeleito e elegeu sua sucessora, A primeira mulher presidenta da República. Não caiu na tentação de um terceiro mandato, como muitos apregoavam insistentemente, temerosos de sua popularidade. Muitos anunciaram o mito, por mais que ele próprio sempre tenha preferido sua dimensão humana de cidadão. Foi reverenciado em boa parte do planeta como um exemplo de liderança. O cara, como disse um certo presidente de um importante país.


As recente tentativas de desgastar sua imagem não são novidade na história do Brasil, nem na vida de Lula. Mas demonstram a intolerância daqueles que não se conformam com os resultados das urnas e buscam outros territórios para tentar a revanche. Lula nunca se afastou de suas convicções e como pessoa, sempre sacrificou sua vida pessoal para conduzir as lutas populares. Formou uma geração de lideranças, estimulando o surgimento de novos quadros políticos em seu partido, que sabe se renovar, a cada período.


Tentar lhe atingir moralmente, com base em ilações e suposições, é a última esperança dos que não souberam perceber que o  povo brasileiro hoje tem muito mais discernimento e confiança em suas avaliações, exatamente porter percebido que, aquele que sempre foi atacado e desprezado pelas oligarquias, revelou-se o líder necessário que recuperou a confiança nacional. Como com Getúlio e Juscelino, sentem a necessidade de destruir o mito. Mas o mito é líder. E é chamado novamente a percorrer o Brasil, sem medo de ser feliz, para dizer claramente o que está em jogo.