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Pai e filho prestam serviços a Globo

A decretação da prisão dos réus condenados no Mentirão foi uma decisão monocrática do capitão-do-mato joaquim barbosa.
Nenhuma outra pessoa participou da decisão.
Dependeu unica e exclusivamente do jb, verdade?...
Não.
Ele é um empregadinho da Globo, portanto foi ela que determinou o rito, dia, hora e minuto.
Para provar isso, basta constatar que antes da PF receber a documentação expedida pelo moleque de recado, os profissionais da empresa já estavam sabendo e ficaram na espreita com o circo montado. Imaginaram que fariam um grande espetáculo. Quebraram a cara.
Dirceu e Genoino se entregaram e melaram a trama.
É, as imagens que eles sonharam publicar e mostrar ao vivo no Jornal Nacional, não deu.
Quanto a nossa resposta?...
Daremos nas urnas.
Para começar, que o PT priorize em São Paulo a candidatura de Miruna Genoino a Câmara Federal.
Vamos elege-la com votação espetacular.
Melhor homenagem a José Genoino não há.


Texto que dedico ao Laguardia e demais da sua laia

A mansão do Genoino [ em destaque amarelo ]
Brecht, num de seus melhores momentos, falou que o pior analfabeto é o analfabeto político, que aqui vou tratar por AP, por razões de espaço e de facilidade.
O AP, como sublinhava Brecht, facilita a vida da direita predadora, da plutocracia empenhada apenas em acumular moedas. O AP é facilmente manipulado pelos poderosos.
No Brasil, como se fosse miolo de pão para pombos, a direita – pela sua voz, a mídia corporativa – arremessa ao AP denúncias de corrupção, quase sempre infladas ou simplesmente inventadas.
E o AP é assim manipulado como se estivesse com uma coleirinha. Veja, Globo e Folha são mestras na arte de manobrar o AP.
Penso nisso tudo ao ver o drama pelo qual passa José Genoino. Mal saído de uma cirurgia delicada no coração, Genoino foi preso por um capricho de Joaquim Barbosa, um heroi do AP.
A filha de Genoino, Miruna, numa entrevista ao blogueiro Eduardo Guimarães, fez um pedido singelo. Pediu aos brasileiros que não se deixassem contaminar pela trinca suprema da canalhice jornalística brasileira – Veja, Globo e Folha.
Miruna, 32 anos, é uma professora. Herdou do pai a simplicidade. É quase que o contrário de Verônica Serra, a multimilionária filha de Serra.
“Tudo que meu pai fez, desde que saiu do Ceará, foi lutar por justiça social”, disse Miruna.

Revanche torpe

Novo capítulo exibe cenas que reacendem o arbítrio em julgamento de viés político e ambições ocultas

Não tenho nada a ver com o peixe, não sou petista, nem simpatizante, não participo, nem nunca participei do governo dessa coligação  heterogênea, mas não posso calar diante do circo montado em pleno feriado nacional, tendo como protagonista um ministro do STF que só saiu do anonimato e chegou lá por que o ex-presidente Lula quis fazer um carinho político aos afro-descendentes. E que agora cismou de ser a alternativa dos órfãos da ditadura e do império decadente. 

Não posso calar por que toda a espetaculosidade dessas prisões só serve para induzir à cidadania mal informada à idéia de que finalmente os corruptos estão indo para a cadeia, justo na hora em que certos desvios de conduta transpõem à fronteira, como no caso dos trens e metrôs de São Paulo, onde um dos envolvidos foi condenado na Suíça, embora aqui permaneça impune, em meio a queixas de que todos os pilares da Justiça brasileira, inclusive o Ministério Público, foram lentos e indolentes diante dessa roubalheira que atravessou três governos tucanos e somou mais do que bilhões.
Tudo nesse julgamento do Supremo cheira mal, independente do verniz que o escândalo ganhou já na fase de sua CPI, quando se calculava que seria bastante para levar Lula à renúncia ou tornar inviável sua reeleição.
Não posso deixar essa maquinação passar em branco por que cada um dos seus capítulos parece urdido sob as piores intenções e movido pelos ranços mais odientos de onde o jogo de cena produzido em laboratórios de alto teor conspirativo.

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Homens com H

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A luta continua 

Luis Nassif - Com a prisão de Dirceu e Genoino, fecha-se um ciclo

Fecha-se um ciclo?...
A democracia se consolida nos grandes processos bem conduzidos de inclusão social e política.
Em determinados momentos da história, emergem novas forças políticas, inicialmente em estado bruto, ganhando espaço com a radicalização do discurso contra o status quo.
Em todos os tempos, as democracias passam por processos de estratificação nos quais os grupos que chegaram antes ao poder levantam um conjunto amplo de obstáculos – políticos, econômicos e legais – para impedir a ascensão dos que chegam depois.
Trava-se, então, uma luta feroz, na qual os grupos emergentes radicalizam o discurso, enfrentam as leis, as restrições e vão abrindo espaço na porrada.
É a entrada definitiva no jogo político que disciplina esas forças, enriquece a política e reduz os espaços de turbulência. Todos ganham. Rompe-se a inércia dos partidos tradicionais, amaina-se o radicalismo dos emergentes; abre-se mais espaço para a inclusão; permite-se uma rotatividade de poder que derruba a estratificação anterior.
Sem essas lideranças, as disputas políticas iniciais enveredam para o conflito permanente, deixando o legado de nações conflagradas, como na Colômbia e no México.
Daí a importância essencial dos líderes que unificam a ação, impedem a explosão das manadas e montam estratégias factíveis de tomada do poder dentro das regras do jogo.
Acabam enfrentando duas espécies de incompreensão. Dos adversários políticos, a desconfiança sobre suas reais intenções, manobrando o receio que toda sociedade tem em relação ao novo. Dos aliados, a crítica contra o que chamam de “acomodamento”, a troca do sonho por ações pragmáticas.
Em seu estudo sobre Mirabeau, Ortega y Gasset define bem o perfil do estadista e de outros personagens clássicos da política: o pusilânime e o intelectual. O estadista só tem compromisso com a mudança do Estado. É capaz de alianças com o diabo, desde que permita a suprema ambição de mudar um país, um povo. Já o intelectual se vale todos os argumentos do escrúpulo como álibi para a não ação.
Aliás, nada mais cômodo que o niilismo de um Chico de Oliveira, do bom mocismo de Eduardo Suplicy, dos homens que pairam acima dos conflitos, como Cristovam Buarque, dos apenas moralistas, como Pedro Simon. Para não se exporem, não propõem nada, não se comprometem com nada, a não ser com propostas genéricas de aprovação unânime que demonstrem seus bons sentimentos, sua boa índole, sua integridade intelectual – e que quase nunca resultam em mudanças essenciais.

As mudanças no PT

É por esse prisma que deve ser analisada a atuação não apenas de Lula, mas de José Dirceu e José Genoíno.
Ambos passaram pela luta armada. Com a redemocratização, ingressaram na luta política e das ideias. E ambos foram essenciais para a formação do novo partido e para a consolidação do mito Lula.
Na formação do PT, cada qual desempenhou função distinta.
José Genoíno sempre foi o intelectual refinado. Durante um bom período dos anos 90 tornou-se um dos mais influentes formadores de opinião do Congresso e do país, com suas análises sobre regimento da Câmara, sobre reforma política, sobre defesa.
Já José Dirceu era o “operador”, trabalhando pragmaticamente para unificar o PT em torno de um projeto de tomada do poder e, a partir daí, de reformas.
A estratégia política do PT passava por sua institucionalização, por um movimento em direção à centro-esquerda, ocupando o espaço da socialdemocracia aberto pelo PSDB – devido à guinada neoliberal conduzida por Fernando Henrique Cardoso e à ausência de lideranças sindicais.
Não foi um desafio fácil. O PT logrou juntar em torno de si uma multiplicidade de movimentos sociais, a parte mais legítima do partido mas, ao mesmo tempo, a parte menos talhada para a tomada de poder. Foram movimentos que surgiram à margem do jogo político, desenvolvendo-se nos desvãos da sociedade civil e sem nenhuma vontade de se sujar com a política tradicional.
Por outro lado, o papel unificador de Lula o impedia de entrar em divididas. Tinha que ser permanentemente o mediador.

O papel do operador Dirceu

Sobrava para Dirceu o papel pesado de mergulhar no barro. De um lado, com o enquadramento das diversas tendências – o que fez com mão de ferro -, dando ao PT uma homogeneidade que tirava o brilho inicial do partido, mas conferia eficiência no jogo político tradicional trazendo-o para o centro.
E o jogo político exigia muito mais do que enquadrar os grupos sociais do PT.
As barreiras eram enormes. Passava por montar formas de financiamento eleitoral, pela aproximação com o status quo econômico, pelos pactos com os grupos que atuam na superestrutura do poder, com os operadores dos grandes interesses de Estado, pelo mercado, pelo estamento militar, pela mídia.
Dirceu foi essencial para essa transição, tanto para dentro como para fora.
Um retrato honesto dele, mostrará a liderança inconteste sobre largas faixas do PT, o único a se ombrear com Lula em influência interna e com uma visão do todo que o coloca a léguas de distância de outros pensadores do partido.
Mas também era dono de um voluntarismo até imprudente.
Lembro-me de uma conversa com ele em 1994 em Brasília, com Lula liderando as pesquisas. Falava do projeto popular do PT e do projeto de Nação das Forças Armadas, sugerindo um pacto não muito democrático.
Não por outro motivo, em diversas oportunidades Lula confessou que, se tivesse sido eleito em 1994, teria quebrado a cara.
Com o tempo, o voluntarismo foi sendo institucionalizado. Internamente, no governo, Dirceu exercia uma pressão similar à de Sérgio Motta sobre FHC. Queria avançar mais, queria menos cautela na política econômica, queria um projeto de industrialização.
Sua grande obra de arte política, nos subterrâneos do poder, no entanto, foi ter mapeado os elos da superestrutura que garantia FHC e inserido o PT no jogo.
Esse mapeamento resultou na viagem aos Estados Unidos, desarmando as desconfianças do Departamento de Estado, dos empresários e da mídia; a ocupação de cargos-chave no Estado, que facilitaram negociações políticas com grupos de influência. Nada que não fosse empregado pelos partidos que já haviam chegado ao poder e que precisaram garantir a governabilidade em um presidencialismo torto como o nosso.

O veneno do excesso de poder

Assim como Sérgio Motta, no entanto, as demonstrações de excesso de poder tornaram-no alvo preferencial da mídia.
Trata-se de uma regra midiática clássica, que não foi seguida por ambos. Quando a mídia sente alguém com superpoderes, torna-se um desafio derrubá-lo. Com exceção de ACM e José Serra – a quem os grupos de mídia deviam favores essenciais e, em alguns casos, a própria sobrevivência -, todos os políticos que exibiram musculatura excessiva – de Fernando Collor ao próprio FHC (no período de deslumbramento), de Sérgio Motta a José Dirceu - terminaram fuzilados.
No auge do poder de Dirceu, creio que foi o Elio Gaspari quem o alertou para o excesso de exibição de influência. Foi em vão.
O reinado terminou em um episódio banal, a história dos R$ 3 mil de propina a um funcionário dos Correios. Tratava-se de uma armação de Carlinhos Cachoeira com a revista Veja, visando desalojar o grupo de Roberto Jefferson para reabilitar os aliados de Cachoeira (http://bit.ly/19sMvtX).
O que era claramente uma operação criminosa midiática, de repente transformou-se em um caso político, por mero problema de comunicação. Roberto Jefferson julgou que a denúncia tinha partido do “superpoderoso” Dirceu, para amainar sua fome por cargos. E deu início ao episódio conhecido por “mensalão”.
E aí Dirceu – e o próprio Genoíno – sentiram o que significa ter chegado tardiamente ao jogo político, não dispor de “berço” e de blindagem contra as armadilhas institucionais do Judiciário e da mídia.

A cara feia da elite

É uma armadilha fatal. Para chegar ao poder, tem que se chegar de acordo com as regras definidas por quem já é poder. Mas, sem ter sido poder, não se tem a mesma blindagem dos poderosos “de berço”.
O episódio do “mensalão” acabou explodindo, revelando – em toda sua extensão – a hipocrisia política e jurídica brasileira, o uso seletivo das denúncias, o falso moralismo do STF (Supremo Tribunal Federal).
Nos anos 40, Nelson Rockefeller tinha um diagnóstico preciso sobre o subdesenvolvimento brasileiro: havia a necessidade de um choque de modernidade, de criação de uma classe média urbana que superasse o atraso ancestral das elites brasileiras, dominada pelo pensamento de velhos coronéis.
Uma coisa é a leitura fria dos livros de história, as análises de terceiros sobre a República Velha, sobre o jogo político dos anos 30, 40, 50. Outra, é a exposição dos vícios brasileiros em plena era da informação.
Para a historiografia brasileira, o “mensalão” é um episódio definitivo, para entender a natureza de certa elite brasileira, a maneira como o conservadorismo vai se impondo, amalgamando candidatos a reformadores de poucas décadas atrás, transformando-os em cópias do senador McCarthy. E não apenas no discurso antissocial e na exploração primária ao anticomunismo mais tosco, mas na insensibilidade geral, de chutar adversários caídos, de executar adversários moribundos no campo de batalha, de abrir mão de qualquer gesto de grandeza.
Expõe, também, de maneira definitiva as misérias do STF.
Aliás, Lula e o PT foram punidos pela absoluta desconsideração pelo maior órgão jurídico brasileiro. Só o desprezo pelo STF pode explicar a nomeação de magistrados do nível de Ayres Britto, Luiz Fux, Joaquim Barbosa e Dias Tofolli, somando-se aos inacreditáveis Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello, à fragilidade de Rosa Weber e Carmen Lucia e ao oportunismo de Celso de Mello.
O resultado final do julgamento foi o acirramento da radicalização, o primado da vingança sobre a justiça, a exposição do deslumbramento oportunista de Ministros sem respeito pelo cargo.
No plano político, sedimentam no PT a mística de Genoino e Dirceu.
Se deixam ou não o jogo político, não se sabe. Mas, com sua prisão, fecha-se um ciclo que levou um partido de base ao poder, institucionalizou um novo jogo político e, sem o radicalismo dos sonhadores sem compromissos, permitiu mudar a face social do país.
Não logrou criar um projeto de Nação, como pensava Dirceu. Mas deixou sua contribuição para a luta civilizatória nacional.
A democracia brasileira deve muito a ambos.

Palavras e imagens vale mais

joaquim barbosa compra apartamentozinho de 1 milhão de reais em Miami e documenta como tivesse pago 10
Essa suntuosa mansão de José Genoino deve ter sido comprado por uns 100 reais visto que na realidade deve valer uns 10 milhões de no mínimo.
Não é mesmo?
[...] A ‘capa’ que o/a desinformado/a da UOL se refere é um painel bordado por Rioco em 2005/2006 e simboliza a solidariedade dos companheiros que visitaram Genoino quando ele passou um longo tempo sem sair de casa após o achincalhe do jornalixo produzido pela grande mídia. Genoino, que sempre viveu no mesmo bairro, não podia nem ir à padaria próxima a sua casa sem ser hostilizado.

Rioco fez então muito pássaros, um para cada amigo que não o abandonou, que não achou que a solidariedade fosse coisa privada. Rioco fez uma releitura de Mario Quintana: ‘eles passarão, eu passarinho’.
Por isso Genoino se cobriu com este manto de solidariedade de seus companheiros de luta e demonstração de amor da sua companheira de uma vida inteira.


Desabafo da filha de José Genoino

Eu encontro com amigos queridos, recebo dois convites lindos de casamento, trocamos conversas, desabafos, carinhos, tanta coisa... e chega o pedido de ir à casa de meus pais. Quando entro, vejo minha mãe tentando manter o semblante tranquilo, meu irmão olhando para o infinito, e meu pai, meu amado pai, meu Genoino pai, descomposto.

O novo procurador geral da república solicitou a prisão imediata dos condenados do processo que vocês já sabem qual é. Não, os recursos que eles têm direito não foram julgados. Não, ainda não foi publicada a sentença, não, não e não para muitos dos direitos dos envolvidos. Mas nada disso importa. Num mundo em que o que mais vale é conhecermos o rei do camarote, nós, a família Genoino, não podemos ter paz. Não podemos respirar, não podemos nos planejar, não podemos dormir sabendo minimamente o que nos espera amanhã. De novo estamos nas mãos do STF.

E o pior é ver meu pai, meu guerreiro pai, esse Homem com H maiúsculo, que já lutou tanto, que já deu tudo de si, que fez da sua vida uma única luta, a de sonhar com a liberdade e a igualdade, quebrado, ferido, açoitado no corpo e na alma. Ver esse Homem que nunca pensou em si mesmo por um segundo sequer, antes que em seus ideais, passar por isso, sentir que não existe saída, quando tudo o que fez na vida foi dedicar-se ao coletivo, é triste demais.

Eu já pedi muito a vocês, meus amigos, amigas, família. Mas peço de novo, porque é o único que nos resta. Peço a vocês que rezem, que orem, que mentalizem, que sonhem até, para que um dia possamos ter paz. Só isso, paz. Porque justiça, isso parece que nunca teremos.

Mimi Ka Ge, filha de José Genoíno numa declaração em uma rede social.

Com indignação, cumpro as decisões do STF e reitero que sou inocente Não tendo praticado nenhum crime

Fui condenado porque estava exercendo a presidência do PT. Do que me acusam, não existem provas. O empréstimo que avalizei foi registrado e quitado.


Fui condenado previamente numa operação midiática inédita na história do Brasil. E me julgaram num processo marcado por injustiças e desrespeito às regras do Estado democrático de direito.

Por tudo isso, considero-me preso político.

Aonde for e quando for defenderei minha trajetória de luta permanente por um Brasil mais justo, democrático e soberano.

José Genoino

O vinho aguado que será tomado para festejar a prisão de Dirceu

Colunistas da mídia estão festejando com sua habitual hipocrisia estridente a decisão do Supremo de ontem de mandar prender boa parte dos réus.
Dirceu preso era o sonho menos deles do que de seus patrões.
Num momento particularmente abjeto da história da imprensa brasileira, dois colunistas chegaram a apostar um vinho em torno da prisão, ou não, de Dirceu.
Você vai ler na mídia intermináveis elogios aos heróis togados, aspas, comandados pelo já folclórico Joaquim Barbosa.
Mas um olhar mais profundo, e menos viciado, mostra que o Mensalão representou, na verdade, uma derrota para a elite predadora que luta ferozmente para conservar seus privilégios e manter o Brasil como um dos campeões de desigualdade social.
Por que derrota, se a foto de Dirceu na cadeia vai estar nas manchetes?
Porque o que se desejava era muito mais que isso. O Mensalão foi a maneira que o chamado 1% encontrou para repetir o que fizera em 1954 com Getúlio e 1964 com João Goulart.
Numa palavra, retomar o poder por outra via que não a das urnas. A direita brasileira, na falta de votos, procura incansavelmente outras maneiras de tomar posse do Estado – e dos cofres do BNDES, e das mamatas proporcionadas por presidentes serviçais etc etc.
A palavra mágica é, sempre, “corrupção” – embora nada mais corrupto e mais corruptor que a direita brasileira. Sua voz, a Globo, sonegou apenas num caso 1 bilhão de reais numa trapaça em que tratou a compra dos direitos de transmissão de uma Copa como se fosse um investimento no exterior.
Foi assim como o “Mar de Lama” inventado contra Getúlio, em 1954. Foi assim com Jango, dez anos depois, alvo do mesmo tipo de acusação sórdida e mentirosa.
E foi assim agora.
Por que o uso repetido da “corrupção” como forma de dar um golpe? Porque, ao longo da história, funcionou.
O extrato mais reacionário da classe média sempre foi extraordinariamente suscetível a ser engabelado em campanhas em nome do combate – cínico, descarado, oportunista – à corrupção.
A mídia – em 54, 64 e agora – faz o seguinte. Ignora a real corrupção a seu redor. Ao mesmo tempo, manipula e amplia, ou simplesmente inventa, corrupção em seus adversários.
Agora mesmo: no calor da roubalheira de um grupo nascido e crescido nas gestões de Serra e Kassab na prefeitura, o foco vai se desviando para Haddad. Serra é poupado, assim como em outro escândalo monumental, o do metrô de São Paulo.
Voltemos um pouco.
A emenda que permitiu a reeleição de FHC passou porque foi comprado apoio para ela, como é amplamente sabido. Congressistas receberam 200 000 reais em dinheiro da época – multiplique isso por algumas vezes para saber o valor de hoje — para aprová-la.
Mas isso não é notícia. Isso não é corrupção, segundo a lógica da mídia.
O caso do Mensalão emergiu para que terminasse como ocorreu em 1954 e 1964: com a derrubada de quem foi eleito democraticamente sob o verniz da “luta contra a corrupção”.
Mas a meta não foi alcançada – e isso é uma extraordinária vitória para a sociedade brasileira. No conjunto, ela não se deixou enganar mais uma vez.
O sonho de impeachment da direita fracassou. Ruiu também a esperança de que nas urnas, sob a influência do noticiário massacrante, os eleitores votassem nos amigos do 1%: Serra conseguiu perder São Paulo para Haddad, um desconhecido.
O que a voz rouca das ruas disse foi: estão tentando bater minha carteira com esse noticiário.
O brasileiro acordou. Ele sabe que o que a Globo — ou a Veja, ou a Folha – quer é bom para ela, ou elas, como mostram as listas de bilionários brasileiros, dominadas pelas famílias da mídia. Mas não é bom para a sociedade.
E por estar acordado o brasileiro impediu que o Mensalão desse no que o 1% queria – num golpe.
Por isso, o vinho que será tomado pela prisão de Dirceu será extremamente amargo.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

José Genoino: o corruptor só possue uma humilde casa para morar

Um dos seus verdugo - senhor da moral e ética da humanidade, quiça do universo - possui apartamento de hum milhão de reais em Miami que usa para quando vai passear, comprado ilegalmente. Tem filho beneficiado com recursos da empresa de Marcos Valério e esconde provas que mostraria a inocência de réus da AP 470, enquanto deixa mofar em suas gavetas processos que condenariam alguns dos grandes corruptores do país - vide a Satiagraha -.

Não me surpreende o resultado do linchamento.

O que esperar do mais corrupto dos poderes - o Judiciário -?

Corja!

Perdemos!

"Mas não é só meu pai que vai perder a liberdade. 
O que se perde é algo muito maior.
Alguém que já esteve preso para que todos nós hoje sejamos livres, volte a perder sua liberdade por uma injustiça é algo que não dá nem para comentar"...

Mimi Ka Ge filha de José Genoino um cidadão que honra o Brasil. 

Ao contrário dos seus verdugos togados e midiáticos que envergonham a nação.

Que nessa injustiça está muito bem representados pelo corrupto Joaquim Barbosa.

PT afirma haver campanha para tachar Lula de corrupto

Num documento em que prega a necessidade de produzir uma narrativa histórica própria sobre os dez anos em que comanda o governo federal, o PT se diz vítima de uma campanha de desmoralização e compara o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Getúlio Vargas e João Goulart.


Chamado de "carta convocatória" para seu quinto congresso nacional --que é o fórum máximo para decisões sobre o rumo do partido--, o texto é assinado pela direção do PT e aponta temas que deverão ser debatidos.

Na carta, o PT afirma que Vargas e Goulart foram vítimas de uma "insidiosa campanha de forças políticas" que visavam desestabilizar seus governos, mesmo processo que estaria sendo orquestrado, desde 2003, para desconstruir a era Lula.

O presidente Vargas se suicidou em 1954. Em sua carta-testamento, tratou o gesto como uma resposta a "forças e interesses contra o povo". Jango foi deposto em 1964, o que deu início à ditadura militar no país.

"A partir de 2003, de forma intermitente, tratou-se de anular os notórios êxitos do governo, com campanhas que procuravam ou desconstruir as realizações do governo Lula ou tachá-lo de 'incapaz' e 'corrupto'", diz o documento petista.

A posse de José Genoino (PT-SP) é legal e legítima

Ilegal e ilegítimo é 5 ministros do STF decidirem que uma lei aprovada por mais de 400 parlamentares - a cassação de mandato -, artigo 55 da Constituição é letra morta.

O Judiciário imagina que conseguirá criar leis, regulamenta-las, enfim usurpar os poderes do Legislativo.

Ah, coitados.

Claro que uma parcela mínima de membros do parlamento e a totalidade da opinião publicada - Pig -, apoiarão essa megalomania dos togados - enquanto lhe interessar -. Porém, a grande maioria do Poder Legislativo não abrirá de maneira alguma o direito e dever de exercer a vontade popular.

A máxima: "Todo poder emana do povo e em seu nome deverá ser exercido"... é o que fortalece e une o poder Legislativo e será isso que colocará o Judiciário e Imprensa no seu devido lugar, por bem ou por mal.

Quem acredita que o Parlamento se curvará aos togados e penas pagas do Pig, vai quebrar a cara.

Anotem e depois me cobrem.

A verdade é para todos os ouvidos

Quando no dia 2 de Janeiro de 2013 José Genoino tomar posse como deputado federal (PT) por São Paulo, honrando os mais de 92 mil eleitores que votaram nele em 2010, o que ele deve fazer?...

Se fosse eu, no primeiro dia que subisse a tribuna faria o seguinte:
  1.  Reafirmar a decisão dos Constituintes de 88 de ser prerrogativa do Congresso - Câmara e Senador - a cassação de mandato parlamentar.
  2. Abrir seus sigilos - fiscal, financeiro, etc -, e exigir que os que o condenaram façam o mesmo.
  3. Deixar bem claro para o sr. Barbosa e seu parceiros que condenam sem provas que está no parlamento, ocupando a tribuna por conta da vontade soberana de mais de 92 mil cidadãos e não indicado a custas de pedidos a autoridades, Ex: Ministro da Casa-Civil, José Dirceu - réu no processo, ex-Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Ex-ministros Delfim Netto, Líder do MST, Pedro Stedille, ex-presidenta da Câmara, João Paulo Cunha -  réu no processo -, Chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho etc, etc, etc
Acredito, confio que meu conterrâneo - com muito orgulho -, fará exatamente isso que sugeri, mesmo que de uma maneira diplomática, educada.

Fosse eu...mandava esse bando de fuxlecos que me condenaram sem provas irem todos tomarem no centro do cu. Assim mesmo com a rudeza e ignorância que esta corja merece.

Entrevista com José Genoino

PHA – Deputado José Genoíno, o senhor foi condenado pelo fato de ter assinado dois cheques avalizando empréstimos considerados fantasmas, quando o senhor era presidente do PT. Como o senhor se defende disso?

Genoíno – Em primeiro lugar, Paulo Henrique, os dois empréstimos que eu assinei, um com o Banco Rural e outro com BMG, esse dois empréstimos foram registrados na contabilidade do PT junto à Justiça Eleitoral.
Quando eu saí da Presidência, eles foram cobrados judicialmente, inclusive com minha conta bloqueada, com a do PT. O presidente do PT que me substituiu, Ricardo Berzoini, negociou com os advogados dos bancos e com os advogados do PT o pagamento dos empréstimos em quatro anos. Eles foram pagos com aval judicial.

Portanto, a Justiça cobrou e a Justiça avalizou o pagamento em quatro anos. Não foi em 2011, foi de 2007 até 2011. Os empréstimos, portanto, são atos jurídico perfeitos e absolutamente legais.
PHA – O senhor foi condenado porém, por ter conhecimento,  domínio de fatos considerados ilegais e criminosos. Como o senhor avalia esse tipo de interpretação? De que o senhor tinha domínio dos fatos de uma ilegalidade, e, por fim, de uma criminalidade.

Genoíno – Eu sempre disse, desde a minha primeira defesa na apresentação da denuncia, que eu estava sendo acusado, e fui condenado, por ser presidente do PT. Não pratiquei nenhum ato ilícito nem criminoso. Os empréstimos são legais. E as reuniões que eu fazia eram para cumprir minha missão como presidente do PT. Não só em relação à base do PT, como em relação as forças aliadas. Portanto, eu fui condenado por ser presidente do PT.
Eu considero que isso é o que se chama no direito penal de “responsabilidade objetiva”.  E a “responsabilidade objetiva”,  que é uma releitura da teoria do domínio do fato,  não exclui a necessidade de ter provas. O próprio autor dessa”  teoria Roxin”,  um alemão [Claus Roxin], afirma que o domínio do fato exige prova concreta.
Portanto, eu me considero inocente, eu estou com a minha consciência tranquila. Cumprirei as imposições do Supremo Tribunal Federal. No Estado democrático de Direito, a gente cumpre o que as instituições e o que os poderes determinam.  Mas,  continuarei até o fim da minha vida a lutar pela minha inocência e pela história da minha vida.
A minha vida, Paulo Henrique, a minha vida, de 47 anos de militância sempre foi dedicada a causas. Movimento estudantil de 68, guerrilha do Araguaia, cinco anos como preso político, fundador do PT, 24 anos como deputado federal, e a minha vida não representou acumulo de riqueza e de bens. Eu tenho, portanto, a minha inocência e a minha dignidade pra defender e vou defender. Mesmo, democraticamente, cumprindo as determinações do Supremo Tribunal Federal.
PHA – O senhor tem como pagar a multa de 468 mil reais?

Genoíno – Eu não tenho bens. O único bem que tenho é uma casa que eu comprei com o BNH, quando assumi o cargo de deputado federal em 1983, e moro na mesma casa desde 1984. Não tenho outro bem e nenhuma fonte de renda. Eu vivo com uma aposentadoria complementar que eu paguei desde 83, portanto há 29 anos.
PHA – Como deputado federal ?

Genoíno – É, mas como previdência complementar. Tenho uma vida modesta, trabalho na minha casa, não tenho escritório, não tenho assessoria, trabalho na minha casa, onde moro há 28 anos e é isso… Minha família é muito simples. Aliás, o meu pai costuma dizer uma coisa: ‘meu filho, você é o filho mais velho, ia ser o doutor da família e ai a política lhe tirou da universidade’. Eu não me formei, o AI5 me excluiu da universidade, pelo (decreto) 477.  Eu queria sair da roça para estudar. Voltei para a roça pra fazer a resistência contra a ditadura na guerrilha do Araguaia. Depois, fiquei cinco anos preso,  virei deputado federal por São Paulo, um estado grande, que não conhecia e não fiquei rico. 
Portanto, Paulo Henrique, o meu destino é lutar. Eu sou um militante de ideias, eu sou um militante de causas, eu sempre fiz isso no Congresso, sempre fiz no movimento de fundação do PT, no movimento estudantil. Eu estou muito tranquilo, e eu vou – evidentemente, o processo não acabou, existe a fase de recurso, existe um processo ainda em curso – eu vou continuar sempre lutando pela minha inocência. Jamais aceitarei a humilhação e a subserviência. Respeito e cumprirei as imposições do Supremo Tribunal Federal, repito, mas sempre vou discuti-las.
PHA – O senhor cogita de recorrer a alguma instância internacional ?

Genoíno – Essa questão nós não discutimos ainda, eu não conversei com os meus advogados, porque nós temos um processo em curso no Brasil. O processo ainda não acabou. Nós temos a fase da publicação do acórdão. Depois temos a fase dos recursos na forma de embargos. Espero que esse clima de criminalização, esse clima maniqueísta, dê lugar a um clima de lucidez, a um clima de individualizar as condutas, de examinar prova.
O processo penal não pode ser binário. Nós não podemos ficar à mercê de uma grande mídia que fez campanha pela condenação. Nós não podemos ficar à mercê de um maniqueísmo do bem contra mal. Isso já
causou grandes prejuízos à humanidade. Eu sou um democrata, sou um militante de esquerda, sou um socialista. E dei a minha vida pela democracia. Por isso, eu respeito as instituições democráticas do meu país. O Executivo que é o poder que emana do povo, o Legislativo que é o poder que emana do povo, e o Supremo Tribunal Federal.  Eu não confundo as instituições com as pessoas das instituições.
PHA – O senhor sabe evidentemente que a maioria dos juízes do Supremo Tribunal Federal foi escolhida pelo presidente Lula e pela presidente Dilma, ambos do PT.  Como o senhor explica o comportamento do Supremo diante dos réus do PT?
Genoíno – Em primeiro lugar, eu não tenho elementos para examinar a conduta desse ou daquele ministro, e nem posso examinar. Eu tenho respeito pelo Supremo e não confundo a instituição com essa ou aquela pessoa. Em segundo lugar, isso é uma prova de que os governos do Lula e da Dilma não tiveram critérios partidários, nem políticos e nem ideológicos para escolher esse ou aquele ministro. Portanto, eu prefiro manter essa posição de equidistância em relação a avaliar as escolhas ou condutas desse ou daquele ministro. Eu, como democrata, respeito o STF, mesmo considerando minha condenação injusta, e me considerando inocente.
PHA – O senhor acha que o senhor vai assumir o mandato de deputado?

Genoíno – Isso não depende de mim, Paulo Henrique. O que dependia de mim foi conquistar 92 mil votos. Isso é um problema que depende da Constituição, artigo 55. Depende da Câmara. Eu entendo que haverá uma relação de independência e de autonomia entre os três poderes, que é fundamental na democracia. Nós que lutamos tanto pela democracia, queremos que os poderes tenham uma relação harmoniosa, independente e autônoma. Espero que isso tenha uma solução. Isso não depende de mim, o que dependia de mim, repito, foi concorrer à eleição e ter 92 mil votos.
PHA – Como o senhor vai continuar, depois dessa condenação, como político?

Genoíno – Olha eu sou militante político, independente do cargo, independente da roupa que vou vestir. Porque eu fui militante político quando eu estava na selva, eu fui militante político quando eu estive cinco anos preso, fui militante político quando dava aula em cursinho… Enfim, sou militante político. A política é a minha vida, a política tá no meu sangue, nos meus neurônios, eu não vivo sem a política, em qualquer situação eu vou fazer política. Às vezes é um gesto, um hino, às vezes é um olhar, às  vezes é um microfone, as vezes é uma fala. Teve épocas que a gente fazia política cantando, quando a gente  tava incomunicável. E apanhava porque cantava. Então, a vida nos ensina que a política pode ser feita das mais diferentes formas. Não há um padrão de como fazer política. Eu vou ser sempre um político, e me orgulho da minha história política. Não me arrependo do que fiz, sempre me dediquei às causas cem por cento, nunca tive medo do risco, nunca tirei a cara do risco, e nem coloquei a culpa nesse ou naquele companheiro. Eu só assumo as minhas responsabilidades.
PHA – O senho se referiu ao papel da imprensa no julgamento da ação penal 470, e eu lhe pergunto: como o senhor explica que  nem Lula nem Dilma tenha tomado qualquer posição institucional  em relação à hegemonia, por exemplo, da Rede Globo, que teve papel tão importante no julgamento do mensalão ?

Genoíno – Bem, Paulo Henrique, em primeiro lugar, eu conheci o lado poético e o lado sanguinário da mídia. Você sabe, teve uma época em que eu era a estrela da mídia. Inclusive quando eu conheci você pessoalmente, em um debate, quando eu representava a Câmara dos Deputados, em Nova York. E você me levou a um debate numa universidade.
PHA – Quando o senhor era o chamado de “o PT que pode entrar na Rede Globo”.

Genoíno – É, e eu conheci também o lado sanguinário, o lado perverso, o lado do julgamento, o lado da campanha, o lado do julgamento de qualquer jeito. Eu  lutei pela liberdade de imprensa na Constituinte  e vou continuar defendendo  a  liberdade de imprensa.
Segundo, eu acho que a informação é um bem público, nem estatal e nem privado, a informação é um direito da cidadania.
Terceiro, eu acho que tem que haver uma democratização. Não tem nada a ver com censura. A mídia não pode interditar esse debate. A mídia não pode, de maneira maniqueísta, dizer: ‘qualquer pessoa que discute esse assunto quer censura’. Ninguém quer censura. Quem se autocensurou, quem foi censurado – e a maioria da imprensa se autocensurou na época da ditadura – não fomos nós, que lutamos contra a ditadura. Portanto, eu fico muito à vontade.
Agora, sobre a posição dos dois governos, eu respeito as escolhas, as opções que são feitas. Acho que a questão também depende do Congresso Nacional.  Não se trata de ser contra A, B ou C, se trata de democratizar o acesso à informação. É disso que se trata, e acabar com essa visão maniqueísta, porque, no Brasil, a imprensa funciona como aquilo que o Gramsci fala: é o partido do status quo, o partido da ordem. Então, isso é um desafio que tem de ser enfrentado democraticamente, sempre reafirmando a liberdade de imprensa como um valor fundamental.



Clique aqui para ler “ quer dizer que o senhor é corrupto …”.

Paulo Moreira Leite: Poderosos e "poderosos"


Num esforço para exagerar a dimensão do julgamento do Supremo, já tem gente feliz porque agora  foram condenados “poderosos…”

Devagar. Você pode até estar feliz porque José Dirceu, José Genoíno e outros podem ir para a cadeia e cumprir longas penas.
Eu acho lamentável porque não vi provas suficientes.

Você pode achar que elas existiam e que tudo foi expressão da Justiça.

“Poderosos?” Vai até o Butantã  ver a casa do Genoíno…

Poderosos sem aspas, no Brasil, não vão a julgamento, não sentam no Supremo e não explicam o que fazem. As maiores fortunas que atravessaram o mensalão ficaram de fora, né meus amigos. Até gente que estava em grandes corrupções ativas,  com nome e sobrenome, cheque assinado, dinheiro grosso, contrato (corrupção às vezes deixa recibo)  e nada.

Esses escaparam, como tinham escapado sempre, numa boa, outras vezes.

É da tradição.  Quando por azar os poderosos estão no meio de um inquérito e não dá para tirá-los de lá, as provas são anuladas e todo mundo fica feliz.

É só lembrar quantas investigações foram anuladas, na maior facilidade, quando atingiam os poderosos de verdade… Ficam até em segredo de justiça, porque poderoso de verdade se protege até da maledicência… E se os poderosos insistem e tem poder mesmo, o investigador vira investigado…

Poderoso não é preso, coisa que já aconteceu com Genoíno e Dirceu.

Já viu poderoso ser torturado? Genoíno já foi.

Já viu poderoso ficar preso um ano inteiro sem julgamento sem julgamento?

Isso aconteceu com Dirceu em 1968.

Já viu poderoso viver anos na clandestinidade, sem ver pai nem mãe, perder amigos e nunca mais receber notícias deles, mortos covardemente, nem onde foram enterrados? Também aconteceu com os dois.

Já viu poderoso entregar passaporte?

Já viu foto dele  com retrato em cartaz de procurados, aqueles que a ditadura colocava nos aeroportos. Será que você lembrou disso depois que mandaram incluir o nome dos réus na lista de procurados?

Poderoso? Se Dirceu fosse sem aspas,  o Jefferson não teria dito o que disse. Teria se calado, de uma forma ou de outra. Teriam acertado a vida dele e tudo se resolveria sem escândalo.
Não vamos exagerar na sociologia embelezadora.

Kenneth Maxwell, historiador respeitado do Brasil colonial, compara o julgamento do mensalão ao Tribunal que julgou a inconfidência mineira. Não, a questão não é perguntar sobre Tiradentes. Mas sobre  Maria I, a louca e poderosa.

Tanto lá como cá, diz Maxwell, tivemos condenações sem provas objetivas. Primeiro, a Coroa mandou todo mundo a julgamento. Depois, com uma ordem secreta, determinou que todos tivessem a vida poupada – menos Tiradentes.

Poderoso é quem faz isso.

Escolhe quem vai para a forca.


“Poderoso” pode ir para a forca, quando entra em conflito com sem aspas.

Genoíno, Dirceu e os outros eram pessoas importantes – e até muito importantes – num governo que foi capaz de abrir uma pequena brecha num sistema de poder estabelecido no país há séculos.

O poder que eles representam é o do voto. Tem duração limitada, quatro anos, é frágil, mas é o único poder para quem não tem poder de verdade e  depende de uma vontade, apenas uma: a decisão soberana do povo.

Por isso queriam um julgamento na véspera da eleição, empurrando tudo para a última semana, torcendo abertamente para influenciar o eleitor, fazendo piadas sobre o PT, comparando com PCC e Comando Vermelho…

Por isso fala-se  em “compra de apoio”, “compra de consciências”, “compra de eleitor…” Como se fosse assim, ir a feira e barganhar laranja por banana.

Trocando votos por sapatos, dentadura…

Tudo bem imaginar que é assim mas é bom provar.

Me diga o nome de um deputado que vendeu o voto. Um nome.

Também diga quando ele vendeu e  para que.

Diga quem “jamais” teria votado no projeto x (ou y, ou z) sem receber dinheiro e aí conte quando o parlamentar x, y ou z colocou o dinheiro no bolso.

Estamos falando, meus amigos, de direito penal, aquele que coloca a pessoa na cadeia. E aí é a acusação que tem toda obrigação de provar seu ponto.

Como explica Claudio José Pereira, professor doutor na PUC de São Paulo, em direito penal você não pode transferir a responsabilidade para o acusado e obrigá-lo a provar sua inocência. Isso porque ele é inocente até prova em contrário.

O Poder é capaz de malabarismos e disfarces,  mas cabe aos homens de boa fé não confundir rosto com máscara, nem plutocratas com deserdados…

Poder é o que dá medo, pressiona, é absoluto.

Passa por cima de suas próprias teorias, como o domínio do fato, cujo uso é questionado até por um de seus criadores, o que já está ficando chato

Nem Dirceu nem Genoíno falam ou falaram pelo Estado brasileiro, o equivalente da Coroa portuguesa. Podem até nomear juízes, como se viu, mas não comandam as decisões da Justiça, sequer os votos daqueles que nomearam.

Imagine se, no julgamento de um poderoso, o ministério público aparecesse com uma teoria nova de direito, que ninguém conhece, pouca gente estudou de verdade – e resolvesse com ela pedir cadeia geral e irrestrita…

Imagine se depois o relator resolvesse dividir o julgamento de modo a provar cada parte e assim evitar o debate sobre o todo, que é a ideia de mensalão, a teoria do mensalão, a existência do mensalão, que desse jeito “só poderia existir”, “está na cara”, “é tão óbvio”, e assim todos são condenados, sem que o papel de muitos não seja demonstrado, nem de forma robusta nem de forma fraca…

Imagine um revisor sendo interrompido, humilhado, acusado e insinuado…

Isso não se faz com poderosos.

Também não vamos pensar que no mensalão PSDB-MG haverá uma volta do Cipó de Aroeira, como dizia aquela música de Geraldo Vandré.
Engano.

Não se trata de uma guerra de propaganda. Do Chico Anísio dizendo: “sou…mas quem não é?”

Bobagem pensar em justiça compensatória.

Não há José Dirceu, nem José Genoíno nem tantos outros que eles simbolizam no mensalão PSDB-MG. Se houvesse, não seria o caso. Porque seria torcer pela repetição do erro.

Essa dificuldade mostra como é grave o que se faz em Brasília.
Mas não custa observar, com todo respeito que todo cidadão merece: cadê os adversários da ditadura, os guerrilheiros, os corajosos, aqueles que têm história para a gente contar para filhos e netos?  Aqueles que, mesmo sem serem anjos de presépio nem freiras de convento, agora serão sacrificados, vergonhosamente porque sim, a Maria I, invisível,  onipresente, assim deseja.

Sem ilusões.

Não, meus amigos. O que está acontecendo em Brasília é um julgamento único, incomparável. Os mensalões são iguais.

Mas a política é diferente. É só perguntar o que acontecia com os brasileiros pobres nos outros governos.  O que houve com o desemprego, com a distribuição de renda.

E é por isso que um deles vai ser julgado bem longe da vista de todos…

E o outro estará para sempre em nossos olhos, mesmo quando eles se fecharem.