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Todos contra Dilma

[...] Lula e o PT

O fenômeno tem se repetido – na Bolívia, na Argentina, no Equador, no Brasil. Setores que saem dos governos – ou que sempre tinham se oposto – supostamente pela esquerda, percorrem uma trajetória que os leva a se situarem como oposições de direita.

Evo Morales, Rafael Correa, os Kirchner, Lula e Dilma – teriam “traído”. E seriam piores que outros contendores, porque seguiriam fingindo que defendem as mesmas posições que os projetaram como grandes líderes nacionais. Por isso tem que ser frontalmente combatidos, derrotados, destruídos, sem o que os processos políticos seguiriam retrocedendo e não poderia avançar.

Foi assim que setores que eram parte integrante do governo de Evo Morales declararam que ele é o inimigo fundamental a combater, porque teria “traído” o movimento indígena. Daí a proposta de uma frente nacional contra ele, que incorporaria a todos os setores opositores, não importa quão de direita sejam. 

A mesma coisa com Rafael Correa. Teria “traído” a defesa da natureza e se passado a um modelo extrativista, tornando-se o inimigo fundamental a combater. Daí que setores que se reivindicam porta-vozes dos interesses dos movimentos indignas e ecologistas, se aliam expressamente à direita, para combater a Correa.

Na Argentina, os Kirchner teriam “traído” o peronismo, daí setores que faziam uma critica de esquerda ao governo – expressados, por exemplo, no peronista Pino Solanas – se aliam a setores de direita – como Elisa Carrió, entre outros -, para combater ao governo de Cristina Kirchner.



Poderíamos seguir com a Venezuela, com o Uruguai, porque o fenômeno se repete. Para poder operar essa transição de uma oposição de esquerda a uma de direita, é preciso demonizar os lideres desses processos, que seriam, piores do que a direita, daí a liberação para alianças com esses setores contra os governos. 

No Brasil o fenômeno se deu, inicialmente, com o PSol e Heloisa Helena, que abertamente fizeram aliança com toda a oposição contra o governo Lula. Com a Globo, com os tucanos, com todos os candidatos opositores, na ação desenfreada e desesperada para tentar impedir a reeleição do Lula. 

Abandonaram as críticas de esquerda – sobre o modelo econômico e outros aspectos do governo – para se somarem à ofensiva do “mensalão”, sem diferenciar-se do tom da campanha da direita.

O fenômeno teve continuidade com a Marina, que repetiu de forma mecânica a trajetória da Heloisa Helena na volúpia contra o governo Lula e a Dilma, quatro anos mais tarde. O destempero faz parte do processo de diabolização, que se caracteriza sempre, também, pela ausência de qualquer tipo de critica à direita – à mídia monopolista, ao sistema bancário, aos tucanos, aos EUA.

A relação desses setores com a direita tradicional é explicita: a essa ausência de criticas à direita corresponde uma promoção explícita dos candidatos que se dispõem a esse papel: Heloisa Helena, Marina, agora Eduardo Campos.
Todos contra o Evo, todos contra o Rafael Correa, todos contra a Cristina, e assim por diante. Aqui, agora, todos contra a Dilma.



Não há nenhuma duvida que o campo opositor está composto pelas candidaturas do Aecio, do Eduardo Campos, ao que se soma agora a Marina. As reuniões de Eduardo Campos com Aecio, a entrada do Bornhausen, do Heraclito Fortes, entre outros, para o PSB e o discurso “anti-chavista” da Marina, completam o quadro. Vale tudo para tentar impedir que o PT siga apropriando-se do Estado brasileiro para seus fins particulares, impedindo que o Brasil se desenvolva livremente.

Nenhuma palavra sobre o tipo de modelo econômico e social que desenvolveria caso ganhassem. Nenhuma palavra sobre o tipo de inserção internacional do Brasil. Nada sobre o papel do Estado. Silêncio sobre tudo o que é essencial, porque do que se trata é de tentar derrotar a Dilma.

Na verdade hoje a direita – seus segmentos empresariais, midiáticos, partidários – já se contentaria em conseguir que a Dilma não triunfasse no primeiro turno. O que vier depois disso, será lucro. 

Em todos os países, esses setores tem sido derrotados fragorosamente. Suas operações politicas não tem dado resultados, por falta de plataforma, de lideranças e de apoio popular.

Aqui também tem acontecido isso. O PSol foi ferido de morte por suas atitues em 2006. Marina abandona a plataforma ecológica para assumir o anti-comunismo de hoje (o anti-chavismo) e se somar à politica mais tradicional, sem sequer ter conseguido as assinaturas para registrar seu partido.

Termina no Todos contra a Dilma, cada um do seu jeito, mas com o objetivo comum. Esse cenário politico tem Evo, Correa, Cristina, como teve a Lula e agora tem a Dilma, como referência central. Os outros são os outros, sem plataforma, sem lideranças e sem apoio popular.


por Emir Sader

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Os arranjos da oposição brasileira ganham ares de vale-tudo.

Marina Silva entra no PSB e todo mundo pensa que é para ser vice de Eduardo Campos.
E aí descobre-se que é, mas não é, talvez e quem sabe o que vai dar.
Eduardo Campos, diz Marina, é apenas uma “candidatura posta”.
E, olha lá, deposta.
Aécio, até dias atrás, “dono do PSDB” – ao ponto de Fernando Henrique e Sérgio Guerra dizerem que Serra não era mais nada dentro do partido – agora corre atrás de fazer dele seu vice.
Serra, com toda a razão, chamou a ideia de “delírio”.
É candidatíssimo e sabe que Aécio precisa desesperadamente de São Paulo e Alckmin precisa desesperadamente dele, Serra.
Serra aposta – não sem chances – na incapacidade de Aécio crescer.
O dono das Minas mal consegue, depois de ser quase ser uma unanimidade e ver Antonio Anastasia ser reeleito com 62% dos votos, livrar 10 pontos de vantagem sobre Dilma, segundo pesquisa publicada no Estado de Minas, de cujo “aecismo” ninguém tem dúvidas.
O “vamos conversar” de Aécio desapareceu na mídia, soterrado pela “disruptura” de Marina.
Aécio e Campos não estão sendo fritados: Serra e Marina pacientemente os estão cozinhando, à espera de que se dissolvam até março do ano que vem.
São “alianças” de puro sangue, sem hífen.
A “nova política” brasileira é velha como a traição.
Fernando Britto no Tijolaço
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Oposição já definiu quantos ministérios terão o próximo governo

Em reunião secreta a oposição - Aécio/Serra e Marina/Campos - já decidiu quais os ministérios que defenderão a extinção durante a disputa eleitoral.

A lista teve unanimidade por parte da equipe de trabalho dos oposicionistas.

Eis a lista:
  1. Ministério da Fazenda
  2. Ministério do Banco Central
  3. Ministério da Saúde
  4. Ministério da Educação
  5. Ministério da Cultura
  6. Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação
  7. Ministério da Minas e Energias
  8. Ministério dos Transportes
  9. Ministério das Cidades
  10. Ministério da Integração Nacional
  11. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Interior
  12. Ministério da Previdência Social
  13. Ministério da Comunicação
Também ficou decidido:
Se o candidato(a) eleito for do PSB o governo terá 4 ministérios.
Se o candidato eleito for do PSDB o governo terá 4 ministérios e meio.

As últimas pesquisas sugerem que as eleições mais interessantes, em 2014, serão as que definirão quem vai governar São Paulo.

Aparentemente, no plano nacional, a coisa está resolvida a favor de Dilma. As manifestações de junho chacoalharam – mas não derrubaram – o prestígio de Dilma. Marina teve um instante de brilho, então, mas este brilho vai se pondo. Isso se vê não apenas nas pesquisas mas na dificuldade dela em amealhar as assinaturas necessárias à criação de sua Rede.
Em São Paulo a disputa parece aberta. O PSDB domina há muitos anos a política paulista, mas o desgaste nacional trazido pela Era Serra pode cobrar seu preço regionalmente.
O PSDB não se renovou apenas em ideias, mas também em gente. Faz tempo que tudo gira em torno de FHC, Serra, Alckmin e Aécio.
Disse algumas vezes que o PSDB precisa de um Bergoglio para sair do atraso e da letargia, ou para simplesmente não morrer na irrelevância progressiva, mas é possível que qualquer Bergoglio acabe expelido do partido pela estrutura viciada que sobretudo Serra montou.
A sensação que os líderes tucanos transmitem é que não estão enxergando o problema, e muito menos a solução.
Padilha, diante de tudo isso, terá chance de desalojar Alckmin?

FHC, e a estaca no peito de Nosfaratu

Encerrada a reunião, decidiu-se que FHHC iria enfiar a estaca no peito do gato, digo do Nosferatu inconveniente e ao resto da confraria caberia junto a mídia amiga e a de desgarrados amigos, divulgar o feito como feito e bola pra frente.
Decidido, FHHC, munido de toda coragem que é possuído - Nenhuma -, ao invés de ir até Nosferatu de estaca em punho, achou mais conveniente manter distância e considerar cravada a estaca no peito do atrapalhão e que só restava a esse recolher-se a cripta em silêncio obsequioso ou mudar de cemitério, pouco importando a opção que escolhesse.  A banda da confraria, ouvido o guru, tocou a sua parte decretando a morte do imortal.
Nosferatu, ouviu seu companheiro de imortalidade bafejar a nova pela CBN, levou a mão ao peito, certificou-se de não ter sido atingido de fato pela estaca anunciada, sentiu esquentar a careca, cerrou os dentes, espumou excessos pelo canto inferior direito da boca e urrando para dentro, desabafou:  
- P.Q.P!  Esse "sátiro pé-na-cova" e sua troupe "no limite da irresponsabilidade", não perdem por esperar, não aprenderam "niente" que, não se abandona um amigo ferido na estrada, ainda mais se vampiro e sem estaca enfiada no peito, para valer, e justamente por eles. Me aguarde, certa noite encarnarei no teu cadáver.  "No de todos... no de todos", completou em tempo a sinistra figura, já ao longe.
Quem diria! De Zé Bolinha a Zé no Caixão, o certo é que penas voarão para felicidade quase geral da nação.
Fr@ncisco

José Dirceu: A prévia tucana é conto de vigário


Ninguém acredita nela. Nem os pré-candidatos do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014. 
Até porque já esta decidido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o único que toma decisão no tucanato: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o candidato e ponto final. Não adianta o outro presidenciável tucano, José Serra, espernear.

Inclusive porque José Serra está cada vez mais isolado. E pelo visto não tem a candidatura garantida nem no PPS, um dos partidos para o qual ele estuda se mudar se não conseguir sair candidato no PSDB. Seu braço-direito no tucanato, o governador que o sucedeu em São Paulo, Alberto Goldman, contribuiu ainda mais para a descrença na prévia tucana ao afirmar que ela tem de se realizar em março do próximo ano.

Alguém, em sã consciência, imagina que José Serra ficará no PSDB até março do próximo ano quando, se perder a prévia, não terá mais condições legais de se filiar a outro partido e concorrer à Presidência da República? Serra decidirá essa troca dentro de pouco mais de um mês, até 5 de outubro, data-limite para quem é candidato a qualquer cargo na eleição de 2014 filiar-se a partido pelo qual vai concorrer.

Cúpulas estaduais do PSDB não querema consulta

Além disso, levantamento feito pela Folha de S.Paulo durante a semana que passou - reportagem publicada ontem - ouviu 23 dos 27 presidentes de diretórios estaduais tucanos. 22 foram contra prévias e só um, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) as defendeu. E apenas 
formalmente, sem nenhuma paixão. O levantamento do jornal mostra que a entrada de Serra na disputa presidencial no PSDB não sensibilizou os dirigentes estaduais e que eles temem que o partido rache ainda mais com a consulta.

No fim de semana o senador Aécio anunciou que não vai deixar a presidência nacional do partido caso o PSDB se defina mesmo pela realização de prévias para escolher o candidato à Presidência. Na 4ª feira pp. Serra disse aos jornalistas que pretende participar de prévias, desde que todos os pré-candidatos conheçam as regras e disputem em igualdade de condições.

Lançado por FHC no final do ano passado, Aécio é o nome com maior apoio na cúpula da sigla para disputar o Planalto, mas Serra passou a exigir prévias e que elas se façam sem Aécio no comando do partido. "Fui eleito. Não costumo renunciar aos cargos que ocupo", disse Aécio, em viagem a Barretos, numa alfinetada a Serra que não concluiu nenhum mandato para o qual foi eleito.

A estranha paixão de Serra por prévias agora

Nassif, um dos mais lúcidos e críticos da imprensa brasileiro, apoiando Aécio

[...]e colocando entre aspas o desvio de dinheiro da Saúde. 
Mas Nassif, não foi só na Saúde. Não sei de suas conversas em Araxá, mas dê uma passada em BH. Hospede-se no OuroMinas e converse com porteiros, garçons, arrumadeiras, motoristas de táxi, professores, gente do povo. Pela manipulação e por um suposto patriotismo mineiro, talvez aécio (em minúsculas) vença em Minas, sua concorrente (Dilma) também é mineira, será uma boa briga lá. Em São Paulo, a unidade mais reacionária da Federação (foi bem condicionada na Ditadura Militar) não vejo chances para o Aécio Never. Ser detido dirigindo bêbado no Rio com carteira vencida não vai pegar bem, quando a campanha verdadeira começar. E mineiros que acreditam que Aecim mora em Minas, quando souberem que seu endereço é na Lagoa, mas pode ser encontrado no Baixo Leblon em grandes farras, os mineiros vão pensar bem antes de votar. Em eleições, tudo pode acontecer no Brasil, pode até aparecer um candidato com o nome de Steve Jobs e ganhar as eleições, mas a coisa está muito difícil para o PSDB. O fracasso de 20 anos na administração do estado de São Paulo vai pesar. Nem os mais boçais direitistas vão se alinhar com o partido. Eles fazem parte da turma do "Cansei" dos tucanos...

Comentário de Alvaro Tadeu no blog do Nassif

Fernando Rodrigues: Pax tucana chegou ao fim

Penas para tudo que é lado
O que parecia para alguns ser o início de uma duradoura "pax tucana" acabou se desfazendo no ar por causa da entrada do ex-governador de São Paulo José Serra na disputa pela vaga de candidato a presidente pelo partido em 2014.
O enredo se desenrolou rapidamente nas últimas duas semanas. Serra manifestou, por meio de entrevistas, o desejo de disputar a vaga de candidato a presidente da República no próximo ano.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), dado como favorito para ficar com essa incumbência, respondeu dizendo que aceitaria uma eleição interna prévia para a escolha do nome.
Serra treplicou de maneira ambígua. Disse ser necessário ter "igualdade de condições" para entrar numa disputa na legenda. O paulista cogita também sair do PSDB e se filiar a um outro partido.
Ocorre que isso precisa ser executado até 5 de outubro, quando faltar um ano para a eleição de 2014 -- prazo legal mínimo para entrar em uma agremiação política e disputar um cargo público. 
DIFICULDADES

José Serra: Se é assim, governo pra quê?

O sonho de consumo da presidente Dilma/Lula/PT e cia é disputar a eleição contra um candidato que use esse ultrapassado e surrado discurso durante a campanha. Se fosse possível o PT votaria numa prévia realizada no PSDB para escolher o candidato do partido à presidência ano que vem. José Serra seria escolhido com folga. Leiam o artigo abaixo:
Não é segredo, mas o fato de a coisa ser óbvia não faz brotar do chão as obras: o principal problema econômico do Brasil é o imenso déficit na infraestrutura – estradas, ferrovias, hidrovias, mobilidade urbana, portos, aeroportos e energia. Esse déficit se deve à incapacidade do governo federal de dar realidade aos investimentos públicos.
Como proporção do PIB, o Brasil está entre os dez países do mundo onde o governo menos investe. Um paradoxo, sem dúvida, se levarmos em conta o tamanho da carga tributária – a maior do mundo em desenvolvimento – e a excepcional bonança externa que favoreceu a economia brasileira desde meados da década passada até recentemente.
Os frutos dessa bonança e os maiores recursos fiscais não foram aproveitados para elevar investimentos, mas para financiar gastos correntes do governo, consumo importado (que substituiu a produção doméstica), turismo no exterior e grandes desperdícios.
Não é por menos, aliás, que o Brasil caminha firme rumo à desindustrialização e, com ela, à queda de investimentos no setor, a exportação de postos de trabalho mais qualificados e à renúncia dos benefícios do progresso técnico que acompanha a atividade manufatureira.
Mais ainda: o país tornou-se vítima, novamente, do desequilíbrio externo, com um déficit em conta corrente caminhando para 4% do PIB. Nota: é bobagem relativizar o peso desse número com a máxima de que temos reservas altas. Relevante é a tendência observada, que piora as expectativas, leva à contração dos investimentos privados e à pressão sobre a taxa de câmbio.
Parece paradoxal, mas o fraco desempenho dos investimentos públicos se deve à inépcia, não à uma escassez de recursos. O teto dos investimentos federais pode até ser baixo, e é, mas o governo não conseguiu atingi-lo. A falta de projetos, de planejamento, de gestão e de prioridades é o fator dominante.
Há exemplos já "tradicionais" de obras que, segundo o cronograma eleitoral propagandeado, já deveriam ter sido entregues, mas que percorreram de zero à metade do caminho, como a Ferrovia Transnordestina, a transposição do São Francisco, a Refinaria Abreu e Lima, a Ferrovia Oeste-Leste (Bahia), as linhas de transmissão para usinas hidelétricas prontas (Santo Antônio e Jirau) etc.
A ponte do Guaíba, no Rio Grande do Sul, nem saiu do projeto. Dez aeroportos da Infraero estão com contratos paralisados. Os atrasos nas obras nas estradas federais contemplados no PAC são, em média, de quatro anos — para a BR-101, no Rio Grande do Norte, serão no mínimo cinco: deveria ter sido entregue em 2009 e foi reprogramada para 2014. Depois de um pacote de concessões de estradas muito malfeito, em 2007, só agora, seis anos depois, o governo anuncia um novo, e em condições adversas devido às incertezas da economia e dos marcos regulatórios.
O emblema da falta de noção de prioridades o trem-bala, anunciado em 2007. Transportaria somente passageiros e, segundo o governo, custaria uns R$ 33 bilhões. O Planalto garantia que seria bancado pelo setor privado. O aporte do Tesouro Nacional não passaria de 10% do total.
Graças à inépcia — nesse caso, benigna porque se trata de uma alucinação — e ao desinteresse do setor privado em cometer loucuras (apesar dos subsídios fiscais e creditícios que receberia), não se conseguiu até hoje licitar a obra. Depois do recente adiamento, o ministro dos Transportes estimou que a concorrência ficará para depois de 2014. Ao ser lançado, o governo dizia que já estaria circulando durante a Copa do Mundo...
Desde logo, os custos foram grosseiramente subestimados. Esqueceu-se das reservas de contingência, e foram subestimados os preços das obras. O custo dos 100 km de túneis foi equiparado ao dos túneis urbanos, apesar de serem muito mais complexos e não disporem de rede elétrica acessível.
Esqueceram de calcular o custo das obras urbanas para dar acesso rápido às estações do trem. A preços de hoje, a implantação do trem bala se aproximaria de R$ 70 bilhões. Além dos subsídios do BNDES, que saem do bolso dos contribuintes, o banco seria investidor direto, ao lado da... Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos!
A obra não foi adiante, mas o governo não desistiu. Para variar, criou uma empresa estatal para cuidar do projeto, que já emprega 140 pessoas. Até o ano que vem, o alucinado gestor governamental do Trem Bala anunciou o gasto de R$ 1 bilhão, sem que se tenha movido ainda uma pedra. O atual ministro dos Transportes desmentiu-o, assegurando que seriam apenas... R$ 267 milhões! Sente-se mais aliviado, leitor?
Admitindo-se que seria possível mobilizar R$ 70 bilhões para transportes, um governo “Padrão Fifa”, como pedem as ruas, poderia, sem endividar estados e municípios, fazer a linha do metrô Rio-Niterói, completar a linha 5 e fazer a linha 6 do metrô de São Paulo, concluir o de Salvador, tocar o de Curitiba e de Goiânia, a linha 2 de Porto Alegre, a linha 3 de Belo Horizonte, construir a ferrovia de exportação Figueirópolis-Ilhéus, a Conexão Transnordestina, a ferrovia Centro Oeste, prolongar a Norte-Sul de Barcarena a Açailândia, Porto Murtinho a Estrela do Oeste, o corredor Biooceânico Maracajú-Cascavel e Chapecó-Itajaí. E, é certo, poder-se-ia fazer uma boa ferrovia Campinas-Rio de Janeiro, com trens expressos normais, aproveitando-se a infraestrutura já existente.
Nessa perspectiva, seriam investidos R$ 35 bilhões em transportes de cargas e outros R$ 35 bilhões em transporte de passageiros, beneficiando mais de 5 milhões de pessoas por dia. O trem-bala, na suposição mais eufórica, transportaria 125 mil pessoas por dia...Trinta e nove vezes menos!
É evidente, leitor, que nada disso é fácil. Ocorre que, no geral, as facilidades se fazem por si mesmas. Populações criam o Estado e elegem governos para se façam as coisas difíceis e necessárias. Só por isso aceitamos todos pagar impostos, abrir mão de parte das nossas vontades e sustentar uma gigantesca burocracia. Os governos existem para tornar mais fáceis as coisas difíceis, mas não para fazer o contrário.


José Serra, eu disputo as prévias. Desde que não seja contra o presidente do PSDB

Aécio Neves aceitará esta condição? Este é a dúvida no ninho tucano.

O ninho é de tucanos, mas o contencioso entre José Serra e Aécio Neves virou balé de elefantes. Os dois agora rodopiam ao redor do vocábulo “prévias”. Eles se desentendem falando o mesmo idioma.
Não mudei de ideia, disse Aécio ontem. Era a favor em 2009, continuo apoiando agora. Dependendo das condições, eu participo, respondeu Serra hoje. O mesmo Serra que, há quatro anos, tinha sapituca toda vez que ouvia falar em prévias.
Quem ouve pensa que o candidato do PSDB à Presidência será definido em eleições prévias. Mais: as prévias estariam na bica de acontecer. Bobagem. O tucanato continua sendo um grupo de amigos 100% feito de inimigos.
Aécio esclareceu: prévias só depois que expirar o prazo legal para a troca de partidos, em outubro. Ou, por outra, só depois que ficar claro que Serra não pretende trocar de lengeda. Ficando, teria que se apresentar como candidato.
E Serra: Aécio está falando como presidente do partido, embora seja candidato. Quero saber em que condições seriam realizadas essas prévias: a abrangência, os prazos, a taxa democrática de participação das prévias. Só faltou dizer que Aécio tem de renunciar à presidência do partido.
O tucanato jurava que havia recuperado a unidade. Considerando-se que dizia o mesmo em 2002, 2006 e 2010, talvez devesse abandonar as tentativas de reconciliação. Tucanos que se desentendem deveriam jurar que vão viver separados até que a morte os junte.
Josias de Souza

José Serra fritará Aécio Neves?

A política mineira é marcada por vários traumas. Um deles deu origem à expressão “cristianização”, derivada do nome de Cristiano Machado (1893-1953), que se lançou, em 1950, candidato à Presidência pelo PSD. Foi “cristianizado” porque o partido apoiou Getúlio Vargas, do PTB. Nos dias de hoje “cristianizar” é “fritar”.
Em duas eleições presidenciais (2006 e 2010), o mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo, foi “fritado” por candidaturas paulistas (José Serra e Geraldo Alckmin), estado que controla o PSDB.
Mais jovem naquelas ocasiões, optou por esperar sua oportunidade. Finalmente parecia ter conseguido fixar o nome dele dentro do partido. Engano. Sofre todo o tempo sabotagem de José Serra e dos “serristas”.
Aécio previa isso. Assim, continuou cauteloso, mesmo tendo sido elevado à condição de presidente do partido. Ele sente que não pisa em terra firme. Por isso, nunca se declarou abertamente “o candidato a presidente” pelo PSDB.
“Se tiver mais de um candidato, as prévias se justificam. O PSDB tem um único candidato e está unido em torno dele. Não há possibilidade de esse clima de divisão contaminar a candidatura de Aécio”, insiste Sérgio Guerra, presidente do Instituto Teotônio Vilela, notório adversário de Serra.
Ah, se fosse assim! Serrista de carteirinha, o senador Álvaro Dias (PR) lamenta não terem havido os debates e as prévias. Aí, sim, “o nome de Aécio teria se fortalecido”.
Esse pessoal não é fácil. Não é de se excluir que Serra possa ganhar uma prévia no partido.  Sem dúvida ainda é o preferido de muitos eleitores e filiados, eternamente certos do seu “melhor preparo”.
Serra nunca se fingiu de morto. Ele circulava pelas sombras e conversava pelas noites atento a tudo o que acontecia no mundo político. Continuou a acalentar o sonho “da vida inteira”, como já disse, de chegar ao cume do poder mesmo após duas derrotas. Em 2002, perdeu para Lula e, em 2010, para Dilma.
A oportunidade para Serra ressurgir “dos mortos”, veio com os números das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha. Como parecia aos institutos que ele estivesse fora da corrida, Serra pediu pessoalmente a inclusão do seu nome às intenções de voto dos eleitores.
Com a queda de 17% para 13% das intenções de voto, a candidatura de Aécio sofreu. Serra alcançou 14%. A rigor, embora com alto índice de rejeição, o nome dele sempre oscilou em torno desse patamar. Essa é uma das provas da preferência do eleitor tucano.

O acerto o levou a uma avaliação forte, tão sutil quanto presunçosa, sobre a diferença entre ele e Aécio na moldura de candidaturas possíveis: “Pode ter uma linha de que precisamos ter gente que saiba fazer acontecer. Claro que eu me identifico não como ator, mas como observador e analista”.

Resta saber como os eleitores de Minas Gerais reagiriam à derrota interna de Aécio e como os de São Paulo se comportariam com o veto à aspiração de Serra.
Certo é que, ao fim e ao cabo, alguém pretende “fritar” alguém.

José Dirceu: quem antecipa a eleição


A mídia e a oposição
A imprensa já está engajadíssima numa campanha pró-José Serra, no apoio a uma candidatura sua que nem se sabe a que será, como será viabilizada e quando nem será lançada, já que até agora ele só adianta que "certamente" será candidato a alguma coisa. Os jornalões entraram com tudo num trabalho para ajudá-lo a ser candidato a presidente da República.

Vejam só hoje: todos os grandes jornais, midia e mais midia, dão amplo espaço para José Serra e sua provável candidatura; para sua eventual filiação ao PPS; suas gestões para manter uma aliança com o PSD e o apoio do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab; para prévias no PSDB - que seriam contra o DNA do partido e do próprio Serra; suas viagens; o almoço que lhe foi oferecido pelo deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP); seu comparecimento à Livraria Cultura para o lançamento do último livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso...

Caso Siemens desmoraliza de vez o pig

Nunca foi tão fácil enxergar o cinismo, a desfaçatez e a hipocrisia da imprensa brasileira. Bastou que um escândalo atingisse seus aliados políticos tradicionais, para que essa postura viesse à tona. Do escândalo Siemens, emerge uma mídia que opera com dois sistemas métricos distintos: um para os amigos, outro para os adversários.
De todas as peças produzidas até agora, a mais cara de pau é o editorial de Veja, assinado por Eurípedes Alcântara. "Há indícios, mas não provas", diz o diretor de Veja. No mundo da Editora Abril, os olhos estão fechados para os emails da Siemens e da Alstom que falam em licitações combinadas e até em propinas para grão-tucanos como Robson Marinho, ex-secretário da Casa Civil, e Andrea Matarazzo, figura próxima a Mario Covas, José Serra e Fernando Henrique Cardoso.
No mundo de Veja, não existem provas, apenas indícios, mas há três anos a imprensa noticiou o bloqueio de uma conta na Suíça atribuída a Robson Marinho, braço direito de Mario Covas, cujos recursos seriam provenientes da Alstom (leia aqui reportagem do Estado de S. Paulo). Documentos agora revelados – e ignorados por Veja – falam que a propina da Alstom cobriria RM (Robson Marinho), o partido (o PSDB) e a Secretaria de Energia (ocupada, à época, por Matarazzo).
Como Eurípedes sabe que empresta sua pena a um argumento indefensável, ele praticamente dá um piti, no seu editorial. "A esta altura, porém, não há como esquecer que o PR, o PTB, o PMDB e, claro, o PT acostumaram o Brasil a um padrão de escândalos tão abundantes em provas e com enredo tão ousado quanto primário que é impossível ser igualado. São dólares na cueca, mansão cheia de prostitutas em Brasília, Land Rover, jatinhos, governo paralelo montado em quartos de hotel, balcão de negócios dentro do Palácio do Planalto, filme de corrupto embolsando dinheiro, confissão, drama, condenação à prisão pelo STF – só não tem arrependimento".
O que ele não afirma é que o padrão do metrô supera toda a sua descrição. Mais sofisticados, os tucanos operaram com empresas internacionais, indicaram a elas que empresas deveriam ser subcontratadas e, em alguns casos, como parece ser o de Robson Marinho, apontaram as contas no exterior que deveriam receber os recursos.
Diante das evidências, cai por terra o argumento de que a imprensa brasileira representa "os olhos e ouvidos da ação". Veja, por exemplo, é claramente caolha. Só enxerga o lado que interessa. Mas não está só. Antes dela, o colunista Merval Pereira lamentou a corrupção tucana e se apressou em inocentar o ex-governador José Serra (leia aqui). Reinaldo Azevedo deu um chilique e afirmou que a teoria do domínio do fato, usada pela Polícia Federal para indiciar Andrea Matarazzo e pelo Supremo Tribunal Federal para condenar José Dirceu, não poderia ser aplicada ao político tucano (leia aqui).
Ora, se a mesma cautela fosse aplicada aos adversários dessa mesma imprensa, o julgamento mais emblemático dos últimos anos teria transcorrido de forma bem menos turbulenta. No entanto, se para os amigos as provas podem ser transformadas em indícios, para os adversários os indícios também podem ser convertidos em provas. Além disso, essa mesma imprensa que faz da ética seu cavalo de batalha se julga no direito de colocar a faca no pescoço de juízes – como Veja faz nesta semana em relação a Ricardo Lewandowski (leia aqui) – para defender seus interesses políticos, que, na prática, são interesses comerciais.
Pobres dos juízes e procuradores que se deixam manipular por uma imprensa partidária, seletiva, autoritária e, agora, totalmente desmoralizada.
PS: o editorial de Eurípedes termina com a piada do ano. "Ao escândalo Siemens faltam evidências sólidas. Tanto quanto as autoridades, os repórteres de Veja as estão buscando".
Podem rir à vontade.
do 247

Merval Pereira: o discurso de cada um

Sem praticamente abrir a boca, a ex-senadora Marina Silva sobe sem parar nas pesquisas de opinião. Abrindo mais a boca do que o costume, e viajando sem parar, a presidente Dilma recupera alguns pontos de sua popularidade, investindo mais do que nunca em propaganda oficial.
Abrindo pouco a boca em público, mas trabalhando muito nos bastidores, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mantém atitude dúbia em relação à sua candidatura a presidente em 2014, aguardando que os cenários fiquem menos nebulosos.
O senador Aécio Neves trabalha em silêncio, aprofundando suas características mineiras, fazendo acordos de bastidores que hoje parecem improváveis, mas que mais adiante poderão ser viabilizados pelas trapaças da política.
Falando muito, e negociando bastante, o ex-governador José Serra tenta manter-se na disputa, avaliando que as mutações do cenário eleitoral podem levar um dia, quem sabe, a que a maioria do eleitorado se decida por escolher “quem sabe fazer acontecer”.

Geraldo Alckmin mente

Ao contrário do que informou ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Justiça manteve confidencialidade das investigações sobre formação de cartel e corrupção no Metrô e na CPTM

José Dirceu: Tucanos agora cobram para si respeito a segredo de justiça, que nunca respeitaram


É de morrer de rir - ou chorar - o cinismo dos tucanos com relação ao segredo de justiça determinado em processos judiciais e neste que tramita no CADE para investigar, a partir de confissão e entrega de documentos ao órgão pela Siemens, as denúncias de formação de cartel em licitações na área de transportes em contratos e aditivos firmados nos governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Eles nunca respeitaram esse sigilo, esse segredo de justiça. Sempre se aproveitaram dos vazamentos para a luta política e o denuncismo. Agora, vítimas de sua própria prática, derramam lágrimas de crocodilo.

Serra, um mastim. Aécio, um poodle

Serra voltou a movimentar-se com desenvoltura, reativou seus espaços cativos na mídia e deu um leve ânimo aos “comentaristas” políticos –  ávidos por alguém que encarne, com o mesmo ódio vigoroso que têm, a oposição ao governo.
E,  nisso, reconheçamos: Serra é um mastim, enquanto a Aécio, por mais que se esforce, com uma gritaria contínua, não consegue se livrar de um certo ar de um tão estridente quanto inofensivo poodle. Leia na íntegra>>>

O PSDB não tem Francisco


O último Datafolha é cruel para os tucanos 
O último Datafolha é particularmente penoso para o PSDB.

Aécio é um candidato morto em vida, fica claro. Não pegou nem no rastro da queda de Dilma com as chamadas Jornadas de Junho.

2014 pode ter dois cenários, e nenhum inclui o PSDB.

Num, Dilma é protagonista sozinha, e leva no primeiro turno, com a popularidade recuperada.

No outro, Dilma não inteiramente refeita, haverá espaço para a candidatura antigoverno. Mas este papel será de Marina, não de Aécio.

2014 tende a ser a primeira vez, em muito tempo, em que os tucanos disputam sem chance de vencer, na condição de figurantes.

FHC: missão impossível

O ex presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a conclusão que seja Aécio ou Serra o candidato do PSDB a presidência ano que vem, no máximo conseguirá manter a segunda colocação na disputa. 

Em conversa com correligionários íntimos, FHC prega que o melhor para o partido seria convidar Marina Silva para se filiar ao PSDB e encabeçar a chapa puro-sangue, Marina/Aécio ou Marina/Serra.

Porém, o cacique tucano sabe que essa ideia é coisa de jênio, portanto nem Serra, nem Aécio tem a capacidade de entender e abrir mão da cabeça de chapa. 

Parte do tucanato defende que Aécio volte de onde nunca saiu

Em conversa com um tucano do seu grupo, o presidenciável José Serra ouviu uma avaliação que conduz à seguinte conclusão: diante das provocações de Aécio Neves, é fundamental conservar a presença de espírito. Mas, o ideal é conseguir a ausência de corpo do desafeto. No popular: antes só que mal acompanhado. Ou pior, acompanhado de um correligionário cheio de más intenções. Serra absteve-se de discordar.

O Josias de Souza publica exatamente o contrário deste texto. Ou foi eu que o parodiei? rsss