Apesar de PIB menor em 2009, pobreza recua


Cássia Almeida e Fabiana Ribeiro – O GLOBO

Num movimento que se repete desde 2003, a parcela de pobres na população brasileira caiu no ano passado, mesmo com a leve retração do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país) de 0,2% em 2009. Tomando por base os dados da Pesquisa Mensal de Emprego, que acompanha apenas seis regiões metropolitanas, o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), chegou a uma redução de 1,25% na taxa de pobreza. Inferior à observada em anos anteriores, mas a primeira num momento de crise desde os anos 80.
A proporção de pobres caiu de 30,17% para 18,23% entre 2003 e 2008, segundo Neri.
— Os dados mostram que a crise se deu em janeiro de 2009, que comeu parte dos avanços do passado. Após essa ressaca, o que se viu foi um movimento de recuperação ao longo de 2009 — disse Neri, acrescentando que um aumento da taxa de pobreza de 6,7%, observado na passagem de 2008 para 2009, foi revertido ao longo do ano passado.
Desde setembro de 2008, mês que marcou o início dos reflexos da crise financeira global no Brasil, até janeiro deste ano, 600 mil pessoas saíram da pobreza. Esta voltou a cair depois de subir muito em janeiro de 2009.
— Nas crises anteriores, a pobreza nacional não aumentou.
Não caiu, porém. Em 2009, apesar da crise, a pobreza apresentou essa redução média de 1,25%, que pode ser uma estimativa conservadora.
A recuperação da economia que foi ganhando corpo nos meses seguintes de 2009 permitiu que a alta da pobreza fosse se revertendo, a ponto de fechar o ano passado com queda. A melhora prossegue. A taxa de desemprego de janeiro registrou 7,2%, o menor patamar para o mês desde 2002.
— Em janeiro de 2010 houve uma melhora forte no bolso dos brasileiros que moram nas seis principais metrópoles do país — disse Neri, acrescentando que a classe E, que reúne hoje 17,37% da população brasileira, apresentou queda da pobreza de 7,95% frente a janeiro de 2009.
Já a desigualdade andou de lado. O Índice de Gini, que quanto mais próximo de zero indica que a distribuição de renda é mais igualitária, ficou em 0,5779 em dezembro de 2009, contra 0,5778 de dezembro do ano anterior.
Esses números são uma prévia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, que será divulgada pelo IBGE em setembro. Como o levantamento é nacional, a Pnad pode mostrar um resultado diferente.

Dilma reforça agenda em SP


Cristiane Agostine e Vandson Lima, de São Paulo – VALOR

A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, intensificará na próxima semana sua agenda em São Paulo, em busca de votos no Estado comandado por seu principal rival na disputa eleitoral, o governador paulista, José Serra (PSDB). Junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma participará de eventos relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na capital, na região metropolitana e na Baixada Santista, onde está concentrada a maioria do eleitorado paulista. As visitas serão feitas dias antes do anúncio do PAC 2 e às vésperas de a ministra deixar o cargo para participar da campanha presidencial.
Nos eventos previstos pela Casa Civil para São Paulo, a ministra deverá falar de projetos do PAC nas áreas de habitação e saneamento. Dilma visitará a comunidade de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, na zona sul da capital. O PT tenta consolidar a vantagem em relação ao PSDB na periferia da cidade de São Paulo, em redutos tradicionalmente petistas. Nas duas últimas eleições, os tucanos conquistaram parte do eleitorado das zonas sul e leste, áreas populosas que concentram grande parte da população mais pobre.
A ministra também participará de evento em Guarulhos, segundo maior município paulista, com mais de 765 mil eleitores. É a cidade mais populosa comandada pelo PT no Estado, com o prefeito Sebastião Almeida. Na mesma semana, a pré-candidata irá ao Guarujá, na Baixada Santista, litoral sul paulista. O governador José Serra visitou, segundo seus correligionários, quase três dezenas de vezes a Baixada Santista desde que assumiu o mandato — só na semana passada foram duas vezes. Serra tem anunciado fortes investimentos para o litoral paulista em saneamento e habitação. Alguns desses projetos estão no PAC.
A preocupação do PT em São Paulo é tentar minimizar a derrota do partido na eleição presidencial no maior colégio eleitoral do país, com cerca de 23% o total dos eleitores. O Estado é um reduto tucano, onde o PT historicamente enfrenta dificuldades. Lula só venceu no primeiro turno em São Paulo em 2002 e o partido nunca elegeu um governador.
Na semana passada, Dilma participou de evento no interior paulista, nas cidades de Araçatuba e Cubatão, e na capital. Também na semana passada o PT começou divulgação de propaganda partidária no Estado tentando aproximar Dilma do eleitorado paulista, uma “mineira com a cara e a alma de São Paulo”, segundo o presidente Lula.

Operação “Tempestade no Cerrado”: o que fazer?


por Mauro Carrara


(O PT é um partido sem mídia... O PSDB é uma mídia com partido).


“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.
A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.
Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.
A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.
A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.
As conversas tensas nos "aquários" do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.


1)    Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.


2)     Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.


3)     Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.


4)     Elevar o tom de voz nos editoriais.


5)     Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.


6)     Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.


7)     Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.


8)     Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.
 
Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.
 

É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.
A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.
Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.
 
O conteúdo


As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.
Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.
Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.
Criam deturpações numéricas.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.
Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.
O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.
Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.
A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.
A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.
Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.
É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.
Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material  é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.
É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.
 
Crimes anônimos na Internet
 

Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.


Três deles merecem destaque...



  • O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.
  • Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.
  • O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.



O que fazer


Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.
Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.
Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.
São cinco as tarefas imediatas...

  1. Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.
  2. Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faça isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.
  3. Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.
  4. Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.
  5. Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.

A guerra começou. Não seja um desertor.

Coisa de tucanos e demos

Marcado para o dia 29 deste mês o lançamento do PAC II, a oposição já tem o seu refrão pronto:

Se o PAC I não foi concluído, como lançar o PAC II?

Rsss, é por isso que essa gente vai demorar muito a voltar ao planalto.

Querem que o Brasil ficasse sem planejar o seu desenvolvimento até que termine todas as obras do PAC I.

Depois não sabem porque nós (povo) não votamos mais neles. Continuam nos tratando como bobos.

Pois que continuem, e daremos nossa resposta a ocês é nas urnas.

É, é, é agora é a Muié!

O efeito Lula

Mauricio Dias
Não há mais como duvidar da capacidade do presidente Lula de multiplicar votos. Isso é efeito inegável dos elevados índices de aprovação do governo e de popularidade do presidente.

As pesquisas recentes mostram o crescimento veloz e consistente da ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência. O eventual candidato tucano ainda vê a adversária pelo retrovisor, mas Dilma já está no vácuo de José Serra.

Nada é imutável na dinâmica do processo eleitoral. E se o desejo da oposição era de que o apoio da população a Lula não oxigenasse a candidatura de Dilma, deve, agora, torcer para que isso não continue e, se possível, se desfaça.

Eis, porém, o resultado de pesquisa realizada na Baixada Fluminense (RJ), até então mantido sob reserva, feita pelo Instituto Mapear entre os dias 23 e 29 de janeiro. Foram ouvidos 1,4 mil eleitores. A margem de erro é de 2,6%. Todo o trabalho foi orientado e coordenado pelo estatístico Sergio Ribeiro dos Santos.

O instituto definiu 11 municípios mais populosos da região. Eles reúnem cerca de 2,4 milhões de eleitores. Quase 25% do eleitorado total do estado do Rio.

Quando o eleitor escolhe em quem vai votar (Dilma, Serra, Ciro ou Marina), surge um empate numérico entre Dilma e Serra: 26,9% contra 26,3%.
Após isso, o eleitor respondeu à seguinte questão: “O presidente Lula decidiu apoiar uma candidata do seu partido, o PT, chamada Dilma, para concorrer como sua sucessora. O(a) senhor(a) sabia ou não sabia disso?”

Dilma, candidata de Lula, é conhecida por 51% do eleitorado. Entretanto, 48,7% – quase a metade – não sabia.

A segunda tabela mostra um resultado diferente. A pergunta é feita colando o nome de Dilma ao de Lula. Ela salta para 42,4%. Serra perde 5%, aproximadamente. Ela agrega indecisos, demovidos pelo vínculo com Lula. 

Em Nova Iguaçu, cujo prefeito é Lindberg Farias, do PT, o porcentual de Dilma cresce cerca de 12 pontos, quando o nome é associado a Lula. Curiosamente, em Duque de Caxias, governada pelo tucano Zito, é onde Dilma põe a maior frente sobre Serra.

Não há teoria social que explique como os votos se transferem do criador para a criatura. Só é possível invocar uma evidência óbvia: o mau -administrador não faz o sucessor. Isso aconteceu em 2002, quando Serra era a criatura de FHC. 

A despedida de Dilma Rousseff no comando da Casa Civil


O tom que o governo quer imprimir à temporada inicial da campanha de sua candidata ao Palácio do Planalto. 
A equipe do PT tentará a todo custo popularizar a imagem da ministra - ainda desconhecida de metade do eleitorado - e, ao mesmo tempo, carimbá-la como a mulher com capacidade de resolver problemas e apontar soluções.  
O roteiro que Dilma cumprirá, nos últimos dez dias de governo, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reflete com todas as letras a estratégia traçada pelo comando petista. A maratona de viagens inclui visita à favela de Paraisópolis - a segunda maior de São Paulo -, no próximo dia 25, para uma cerimônia de licenciamento de rádios comunitárias e inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Encravada no Morumbi, Paraisópolis tem cerca de 80 mil moradores e só perde em tamanho para a favela de Heliópolis, também na zona sul. A urbanização, ali, é obra do PAC, carro-chefe da campanha de Dilma, e teve parceria entre governo federal, Prefeitura e Estado, comandado por José Serra - pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula.
Do palanque popular na maior cidade do País, Dilma irá para o sul da Bahia, onde vestirá novamente o figurino da mulher capaz de cuidar de temas intrincados, como energia elétrica. Vinte e quatro horas após receber na favela "a mesma força do povo" conferida a Lula - como diz um de seus jingles, copiando refrão da música que embalou a reeleição do presidente, em 2006 -, a ministra participará da cerimônia de inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).
O lançamento da segunda edição do PAC, previsto para o dia 29, embalará o discurso de Dilma até a eleição de outubro. Ao encarnar o pós-Lula, a chefe da Casa Civil vai pregar um novo projeto nacional de desenvolvimento, com Estado forte, e bater na tecla de que é necessário transformar crescimento em prosperidade. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente dizem, porém, que o Brasil não pode crescer mais do que 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para não haver repique inflacionário.
Grandes Cidades
"As políticas sociais serão temas essenciais nesta campanha", afirma o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha. 
"Vamos dar prioridade à qualidade da educação, à saúde e aos problemas das grandes cidades." 
Para Marco Aurélio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais da Presidência e coordenador da plataforma de Dilma, quem está sofrendo não quer saber se o sofrimento é da alçada "municipal, estadual ou federal".
Feito sob medida para ser anunciado como último ato sob a coordenação de Dilma no governo, o PAC 2 terá investimentos na casa de R$ 600 bilhões e forte ingrediente eleitoral. Na tentativa de conquistar o voto feminino, a ministra incluiu no programa a construção de 6 mil creches - 1,5 mil por ano - no período de 2011 a 2014.
"Se nós quisermos, de fato, enfrentar a desigualdade na raiz, temos de tratar da questão da creche no primeiro ano de vida das nossas crianças", insiste ela, de olho no apoio das mulheres.
Sempre acompanhada por Lula, Dilma encerrará o périplo na condição de chefe da Casa Civil no dia 31, quando visitará Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). As cidades não foram escolhidas por acaso: a ministra, que nasceu na capital de Minas, construiu carreira no Rio Grande do Sul após cumprir pena de três anos como presa política.
A origem mineira da candidata será destacada na campanha. Após passar o bastão da Casa Civil para Erenice Guerra, atual secretária executiva, Dilma fará roteiro afetivo pela região das Alterosas, reencontrando a família e locais onde viveu e estudou, como o Estadual Central, de grande efervescência política nos anos 60. Ela já capricha no sotaque. "Eu, hein, Rosa?", brincou há três dias, na abertura da Conferência de Cultura, usando expressão comum em Minas.
Na prática, a equipe de Dilma trabalha para neutralizar sua desvantagem em São Paulo e Minas - os dois maiores colégios eleitorais, hoje administrados pelo PSDB. Embora pesquisas indiquem que a ministra está quase encostando em Serra, a região Sudeste é o ponto fraco.
"A Dilma vai entrar numa fase boa agora, ao deixar o governo", disse Lula ao Estado
"A tendência é crescer porque vai virar candidata e correr o Brasil. Eu estarei espiritualmente com ela."
A aparente tranquilidade de Lula vai na contramão do estado de espírito de dirigentes do PT. 
"Serra e Alckmin estão circulando São Paulo inteiro", constata o presidente do PT paulista, Edinho Silva, preocupado com a movimentação do governador e do secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, provável candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes. 
"O nosso jogo é para definir logo quem vai aglutinar forças em torno do palanque da Dilma em São Paulo."

Documentos da PF indicam acerto 'por fora' de consórcios; empresas e governos negam fraude

Documentos que constam de inquéritos da Polícia Federal indicam que empreiteiras repartem, à margem das licitações, a execução e o pagamento de obras públicas, informam Renata Lo Prete e Leonardo Souza. Segundo os documentos, as construtoras acertam quem vai executar uma obra. Depois, participam separadamente da licitação. Escolhida a vencedora, a partilha é feita por fora, num "consórcio paralelo". 


Esse esquema, relata a PF, operou nas licitações dos metrôs de Salvador e do Rio, entre outras. 


Ao todo, 12 construtoras são investigadas por suposta formação de cartel; juntas, têm receita anual de R$ 20 bilhões. 


Esse valor equivale ao que o país estima gastar na realização da Copa-2014. Governos envolvidos negam fraude. 


Cinco empresas não quiseram falar, entre elas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. 


Quatro empresas, entre as quais a OAS, não ligaram de volta. 


A construtora Queiroz Galvão disse que não se manifestaria por não ter conhecimento das acusações, e a Odebrecht negou irregularidades.


A lei de licitações deve ser mudada completamente, como está serve muito bem aos maus propósitos dos corruptos e dos corruptores. 


E que o congresso aprove a lei que pune com mais rigor os corruptores.