ARMANDO NOGUEIRA, UM SEDUTOR IRRESISTÍVEL


Como jornalista, Armando Nogueira foi um excelente poeta e um prosista de texto refinado. Entrou no jornalismo da TV Globo em 1966, quando o golpe militar estava ainda fresquinho, e lá ficou até 1990, quando o novo presidente, Fernando Collor, convenceu Roberto Marinho a promover Alberico Souza Cruz ao posto máximo do jornalismo global, não que tivesse qualquer objeção a Armando, simplesmente porque precisava premiar o amigo Alberico que teve participação decisiva na edição do debate presidencial e ainda palpitou nos programas especiais que transformaram Collor no indômito “caçador de marajás”.


Armando não foi demitido, pior que isso, sofreu uma “capitis diminutio”. Foi "promovido" a assessor especial da presidência, o que a plebe chama carinhosamente de “aspone”. Dedicou-se então ao jornalismo esportivo, onde, aí sim, foi um verdadeiro mestre da palavra escrita e falada. Fui revê-lo anos mais tarde apresentando um programa de esportes num dos inúmeros canais a cabo da Globo.


De Armando, pessoalmente, guardo duas passagens. Eu estava há menos de um ano à frente do Jornal da Globo quando cruzamos no corredor onde ficava a redação do Globo Repórter. Ele me parou e disse: “olha, eu quero te cumprimentar porque desde Heron Domingues não aparecia aqui um apresentador como a mesma naturalidade dele”. Heron era o ícone de toda uma geração de telejornalistas e ser comparado a ele era um elogio e tanto que elevou meu ego às alturas. Hoje, honestamente, não sei se foi sincero ou apenas uma frase de efeito com a qual seduzia todos que estavam entrando no império global.


Doutra feita, estava eu no Eng, a sala da técnica que comanda a transmissão dos telejornais, quando alguém me chamou ao telefone. Era o Armando: “Tenho uma boa notícia para lhe dar, a partir de agora você vai passar a ganhar cinco mil cruzeiros por mês”. Entre surpreso e curioso, rebati de primeira: “e o que é que vocês vão querer em troca?” Armando ficou visivelmente decepcionado com minha reação, esperava talvez um emocionado agradecimento de quem ganhava dois mil cruzeiros. Ora, pensei naquele momento, onde já se viu um patrão mais que dobrar o salário do empregado sem um motivo especial? Depois se esclareceu que eu, e todos os demais apresentadores, perdiam ali o status de funcionários da Globo e passavam a Pessoa Jurídica com contrato de firma. Na época uma novidade, hoje uma prática comum no mercado televisivo.


Mas apesar de todas as virtudes de Armando, cantadas em prosa e verso nos depoimentos de personalidades das artes, da política e do jornalismo, não dá pra esquecer que ele esteve à frente do jornalismo mais comprometido do Brasil: o que foi praticado pela Globo durante os anos da ditadura militar. O JN era conhecido como "o porta-voz do regime". As ordens que emanavam dos governos militares eram obedecidas sem questionamento. Não me lembro, sinceramente, de ter visto por parte dos profissionais da Globo alguma tentativa de desobediência ou de driblar a censura, como fez por exemplo o Jornal do Brasil, que saiu com aquela capa histórica no dia seguinte à decretação do AI-5, 13 de dezembro de 68, iludindo os militares fardados que ocuparam as redações assim que terminou a leitura do ato discricionário.


Eu estava na TV Globo durante o primeiro mandato de Leonel Brizola à frente do governo do Estado do Rio. Entrei em maio de 83, pouco depois da posse do novo governo, e o jornalismo da Globo passava por uma grave crise de credibilidade, com seus repórteres e carros ameaçados nas ruas pela população. Pesava sobre a emissora a acusação de, junto com a Proconsult, empresa contratada pelo TRE para apurar os votos da eleição direta para governador do Estado, em 1982, tentar fraudar o resultado para dar a vitória a Moreira Franco, o candidato do regime militar, apoiado pela família Marinho. Por engano ou má-fé, a emissora divulgava números que não refletiam a verdade da apuração.


Em 1984, no episódio das Diretas Já, onde atuei como narrador em off no comício da Candelária, no Rio, a postura da Globo foi a de ignorar por completo os movimentos populares que cresciam em todo país. Mas não bastava ignorar, era proibido usar a palavra “diretas” em qualquer situação, mesmo como notícia, contra ou a favor. Até que a pressão popular tornou-se irresístivel e a emissora foi obrigada a render-se ao apelo da população brasileira.


Em 1989, no segundo e último debate entre Collor e Lula nos estúdios da TV Bandeirantes, no Morumbi, quando eu tinha acabado de deixar a Globo e estava lá representando a Manchete, observei que Lula estava visivelmente cansado e abatido. Além do esforço da reta final da campanha, ele tinha sido acusado no programa de Collor por uma ex-namorada, Mirian, de tentar convencê-la a abortar uma criança (a filha dele, Lurian). Depois se soube que a estratégia (financeira) de colocar a enfermeira Mirian no foco da mídia a três dias da votação partiu de Leopoldo, o irmão de Collor e muito amigo dos Marinho. A família Collor é dona da emissora que retransmite a programação da Globo em Alagoas. Toda essa lembrança histórica é para dizer que Lula foi mal naquele segundo debate, mesmo assim a Globo, na edição da matéria, destacou os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.


Os que têm boa memória hão de se lembrar da severa campanha do Jornal Nacional contra o então ministro da Justiça do governo Figueiredo, Ibrahim Abi-Ackel, que ousou impedir a liberação de uma carga de equipamentos supostamente contrabandeados destinados à TV Globo. Durante várias edições, o JN acusou o ministro de envolvimento no contrabando de pedras preciosas, no qual Abi-Ackel não teve, comprovou-se depois, nenhuma participação. Mas pouca gente lembra disso. É provável até que os jovens executivos da Globo “desconheçam” o fato ou, se souberem, contem uma história diferente.


Armando Nogueira estava à frente do jornalismo em todos esses episódios nebulosos que narrei com absoluta fidelidade. De uma maneira ou de outra compactuou com esse tipo de jornalismo corporativo e subserviente.
Talvez tenha faltado em Armando a coragem de assumir sua responsabilidade como diretor de jornalismo da Globo que notoriamente era o braço da ditadura militar na mídia. Sua memória estaria resgatada para sempre se um dia ele tivesse contado toda a verdade, que apenas cumpria ordens que vinham do oitavo andar, mais precisamente da sala do Doutor Roberto. Armando, como eu e todos os que trabalharam na emissora nos anos de chumbo, fomos cúmplices do regime. Uns por total desinteresse político, outros por opção ideológica, outros ainda por necessidade profissional.


Deixo aqui minha homenagem ao Armando Nogueira, poeta, cronista e escritor de texto sensível. E um adjetivo que ainda não ouvi nos inúmeros depoimentos sobre ele: um sedutor irresistível.
Eliakim Araújo

Dia do trabalhador: trabalhar menos para trabalhar todos


Gasto com juros está quase igual ao de pessoal


Do Valor

João Villaverde, de São Paulo
Uma diferença que já foi superior a cinco pontos percentuais hoje é menor que 0,5 ponto. Se o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano for de 6%, como as estimativas do mercado apontam, os gastos do governo com pessoal e encargos podem atingir a marca de 5% do PIB, ao mesmo tempo em que as despesas com pagamentos de juros da dívida pública oscilarão num nível pouco superior a isso. Na década, será a menor diferença entre as duas rubricas do orçamento federal e, mantida essa dinâmica, os gastos podem eliminar a diferença histórica já no ano que vem, com ambas alcançando 5% do PIB.
As despesas com juros, que como proporção do PIB já beiraram os 10% nos anos 90, já são metade disso. Os R$ 169,1 bilhões empenhados pelo governo com pagamentos de juros da dívida pública em 2009 equivaleram a 5,4% do PIB. Ao mesmo tempo, os gastos com encargos e pessoal vêm ganhando força rapidamente. Em 2008, foram, segundo dados do Tesouro, R$ 130,8 bilhões. No ano passado, os gastos tiveram ampliação de 15,9%, alcançando R$ 151,6 bilhões – o equivalente a 4,84% do PIB. Para 2010, após o corte promovido pelo Planejamento na semana passada, os gastos com pessoal devem alcançar R$ 167,5 bilhões e, com isso, bater em 5% do PIB. As despesas com juros, por outro lado, devem diminuir um pouco, alcançando 5,3% – uma vez que o impacto da alta da Selic, que virá a partir do mês que vem será diluído pelos títulos pré-fixados, mais procurados.
Os gastos com juros são impactados principalmente pelas oscilações da Selic, a taxa básica da economia. Entre 2000 e 2006, a taxa Selic média anual foi sempre superior a 15%, com auge de 23,45% em 2003. Em 2007 e 2008 variou na faixa dos 12% e, no ano passado, atingiu a mínima de 10,07%. Já as despesas com pessoal respondem à decisões do Executivo, que pode ampliar o salário de carreiras do setor público ou arrochar salários. Nos últimos dez anos, despesas com pessoal e encargos sociais oscilaram em níveis próximos a 4,5% do PIB, elevando-se mais consideravelmente a partir de 2007.
As despesas mais elevadas com pessoal, no entanto, só passaram a ocupar parcela maior do PIB quando a atividade recuou – em 2007 e 2008, com alta de 6,1% e 5,1% no PIB, respectivamente, a elevação dos gastos foi diluída. No ano passado, quando o PIB sofreu queda de 0,2%, a relação atingiu 4,8%. A previsão de gastos para essa rubrica em 2010 é de R$ 167,5 bilhões, uma alta de 10,4% em relação a 2009. Com isso, os gastos com pessoal em proporção do PIB devem atingir 5% neste ano, a maior fatia do PIB na década.
Em movimento contrário, as despesas com juros perdem espaço no Orçamento. Entre 2000 e 2007, os gastos com pagamento de juros tomaram pelo menos 6% do PIB, tendo alcançado 8,5% em 2003. A partir de 2008, a parcela do PIB transferida a detentores de títulos públicos foi inferior a 6% pela primeira vez – 5,4%.
Dos R$ 169,1 bilhões pagos em juros nominais pelo setor público em 2009, o governo central foi responsável por R$ 149,8 bilhões, ou 88,5% do total. Em 2008, por outro lado, a participação do governo central foi bem menor: 58,8% da carga total de R$ 163,6 bilhões gastos com juros. O aumento da participação do governo central no bolo, em detrimento das estatais e dos governos regionais, se deu mesmo em cenário de queda na Selic. Entre 2008 e 2009, a Selic caiu de 13,75% para 8,75% ao ano. “Não fossem algumas medidas anticíclicas, as despesas com juros poderiam ter sido ainda menores no ano passado”, afirma Amir Khair, especialista em contas públicas.
Segundo Khair, duas estratégias de R$ 100 bilhões cada acabaram por aumentar a dívida corrigida pela Selic: o aumento de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a liberalização do depósito compulsório. “O capital repassado pelo Tesouro ao BNDES foi corrigido pela Selic e os R$ 100 bilhões liberados do compulsório foram todos revertidos pelos bancos às operações compromissadas”, diz o economista.
As operações compromissadas são modalidades financeiras em que os bancos emprestam reais ao BC e são remunerados pela Selic. “O dinheiro do compulsório, em sua maior parte, não foi repassado para o crédito, mas passou a onerar os cofres públicos”, avalia.
Na semana passada, o BC sinalizou que voltará a elevar a Selic, após 19 meses de cortes ou manutenção da taxa. A alta, segundo calcula o mercado, deve levar a Selic para algo entre 11% e 12% ao ano até o fim de 2010. Segundo Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, o impacto nos gastos será diluído pela forte alta do PIB.
Além disso, diz Borges, os títulos pós-fixados colocados em mercado ao longo do ano terão custo mais baixo que os pré-fixados, que embutem altas maiores que as que virão na Selic. “O mercado está cobrando prêmios muito altos para adquirir títulos públicos”, afirma ele, que calcula que “se todos os títulos vendidos daqui para frente pelo governo fossem corrigidos pela Selic, ainda que ela suba ao longo do ano, os gastos com juros seriam menores”. Nas contas do economista, o valor despendido com juros seria de 4,8% do PIB e não 5,3%, mantida a gestão de rolamento da dívida mobiliária.
Para Fernando Montero, economista-chefe da Convenção Corretora, gastos menores com juros não deveriam, necessariamente, refletir-se em aumento de despesas com pessoal e encargos. Segundo o economista, mais dinheiro transferido para pessoal acarreta em mais juros. “Quanto mais se amplia o gasto primário, maior é o estímulo ao consumo e o fortalecimento da demanda. Como a oferta não cresce de maneira tão dinâmica, passamos a consumir os investimentos estrangeiros”, raciocina. “Ao fim de 2010, teremos consumido toda a poupança externa disponível”, diz. Assim, avalia Montero, os juros precisarão subir para compensar o alargamento do déficit com o exterior e ao mesmo tempo controlar a demanda interna.
“Mas é claro que um ajuste fiscal seria mais eficaz, porque não atrapalharia o crescimento e não ampliaria os custos do Estado com pagamento de juros”, afirma Montero, para quem um aperto nas despesas com pessoal não ocorrerá em 2010, mas em 2011. “O início de governo, tanto em nível federal quanto estadual, costuma ser mais firme nos gastos, que são expandidos em anos eleitorais”.
A maior participação dos gastos com pessoal e encargos no PIB – de 4,3% em 2005 para 5% neste ano – deve ser analisada de outra forma, diz Khair. “É preciso verificar quanto da receita anual é revertida nos gastos.” Ele calcula que as despesas com pessoal e encargos em 2009 foram equivalentes a 20,5% da receita total, tendo se acelerado frente aos 18,3% apurados em 2008. Entre 2003 e o ano passado, diz Khair, os gastos com pessoal responderam por 19,8% da receita, em média. “Quase quatro pontos percentuais inferior à média apurada entre 1997 e 2002″, afirma.
Para Borges, da LCA, os gastos com pessoal devem ser analisados de forma “detalhada”. “É fácil olhar os números e achar preocupante”, afirma, mas “houve recomposição salarial em uma série de carreiras do funcionalismo, especialmente a partir de 2007″. São gastos que não serão repetidos. Afinal, avalia Borges, o aumento salarial só ocorre uma vez e seu impacto tende a se diluir com o crescimento da economia.

RENDIÇÃO

O Brasil mudou de patamar

Trechos do discurso de despedida da Dilma Rousseff do governo


“Eu terei que fazer um imenso esforço para falar de improviso, mas sei que não vou ser igual ao Lula. Vou seguir um roteiro. Pode ser que eu o esqueça e me emocione, mas vou tentar”
“O governo do senhor [Lula] é importante porque significou o ápice, a vitória daqueles que lutaram muito e conseguiram vencer. Nós vencemos a miséria, a pobreza, a subvenção, a estagnação, o pessimismo e o conformismo”
“Nós somos companheiros de uma jornada, de uma missão. Uma missão especial, uma alegre melancolia, ou uma alegria triste. Nós saímos de um governo, que nós consideramos que mais fez pelo povo deste país, e nós o abandonamos hoje. Sentimos uma estranha alegria triste, mas a alma está cheia de otimismo e fé”
“Mas não somos aqueles que estão dizendo ‘adeus’, somos aqueles que estão dizendo ‘até breve’. Sob a sua inspiração de quem fez tanto, estamos prontos para fazer mais e melhor. Talvez o mais longo momento de vitória que lutaram e experimentaram ao longo de suas vidas. Sim, com o senhor nós vencemos. E estamos vencendo a cada dia. Vencemos parte da miséria desse país. Vencemos a estagnação, o pessimismo. Vencemos o conformismo e vencemos a indignidade.
“Nos orgulhamos de ter participado do seu governo. Não importa perguntar porque alguns não têm orgulho dos governos de que participaram. Eles devem ter seus motivos. Mas nós temos patrimônio, fizemos parte da era Lula. Vamos carregar essa história e levá-la para os nossos netos”
“Nós mudamos o Brasil. Quando olhamos o Brasil em 2002, vemos o caminho que foi percorrido. Os viúvos da estagnação teimam em ignorar as mudanças. Elas têm medo. Não sabem o que oferecer ao povo, que hoje é orgulhoso, tem certeza que sua vida mudou e não aceita mais migalhas, parcelas e projetos inacabados”
“Eu tive o privilégio de conviver com o senhor [Lula], de ser honrada pela sua confiança. Eu e os outros ministros saímos melhores e maiores do que entramos. Nós participamos da mudança do Brasil, mas nós também mudamos. [...] Isso, em qualquer experiência de vida, é inestimável. Nós saímos felizes e revigorados. Pessoas melhores são pessoas necessariamente felizes.”
Só mesmo os babacas do pig prá tentar enfiar na cabeça das pessoas que a Muié é um "poste". 
Oh, falta de criatividade da tucademopiganalhada.

"Lula negociará o fim do pecado original"

do Escrevinhador 

 Lula para Deus: "o Senhor não deve saber por que não sente fome, mas maçã nem é tão bom assim.”
PARAÍSO - Depois da bem sucedida missão ao Oriente Médio, onde conseguiu estabelecer uma paz duradoura entre judeus e palestinos, Lula declarou que intercederá junto a Deus Pai para que Ele nos perdoe de uma vez por todas pelo pecado original. A caminho de Barcelona, onde pretende resolver a questão basca, Lula disse que é preciso chamar o Misericordioso para o diálogo.
Chega de tratar o Supremo Arquiteto como um ente distante e poderoso. Durante muito tempo vivemos com esse complexo de vira-lata em relação a Ele. Está na hora de acabar com isso e conversar de homem para Deus”, disse Lula, enquanto negociava um acordo entre os armênios e os turcos. Segundo os termos da proposta, em troca do perdão o Verbo Encarnado receberá três bolsas-família pelo resto da eternidade.
Não faz sentido a gente discutir se é verdade ou não essa história da Santíssima Trindade. Perdoou, recebeu por três”, explicou o presidente. Lula deixou claro que não negociará com o Arcanjo Gabriel nem com São Pedro, como sugeriram algumas agências de notícia. Só falo com o Bem Absoluto. É uma questão de protocolo. Para o presidente, o Arcanjo Gabriel não passa de um sub do sub, e São Pedro, apesar de simpático, no fundo seria apenas um porteiro qualificado.
Não tenho tempo a perder, explicou Lula, que até o fim da tarde pretende anunciar um armistício entre Suzana Vieira e todos os seus ex-maridos. Aproveitando a ocasião, a ministra Dilma Rousseff confirmou que proporá a criação de uma estatal para explorar o mel e o maná que emanam do céu. Rousseff acrescentou que não procedem as notícias de que José Dirceu fará a indicação do diretor responsável pelo fundo de pensão da nova empresa. Em notícia paralela, após longas conversas com a serpente, o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia concluiu que o réptil não passa de uma vítima da imprensa burguesa. 
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Fico muito orgulhoso porque quem me enviou o texto acima  é um sujeito que - por acaso - vem a ser meu pai. E que nunca foi "lulista" ou "petista". Mais orgulhoso - ainda -  pela forma como ele apresenta a peça de humor que enviou aos amigos pela internet:
"Tenho sido um defensor do presidente Lula, sobretudo quando percebo nas manifestações contra ele o preconceito e o rancor das elites intelectualizadas que, definitivamente, não lhe perdoam o êxito. Continuo convencido de que, apesar dos erros e desvios que possam ser apontados em seu governo (e são muitos), ele tem méritos extraordinários e entregará o Brasil muito melhor do que encontrou. Está cada vez mais difícil atribuir unicamente à sorte e a circunstâncias conjunturais favoráveis o sucesso dos seus (quase) oito anos de mandato, que se expressam em números incontestáveis. Por isso, sinto-me muito à vontade para concordar com o Paulo Afonso. Eu também ri muito com o texto garimpado pelo Wilson (...) Quem sabe assim o nosso Presidente deixa de "se achar" e toma um chá de humildade, descobrindo que, mesmo para ele, que realmente nasceu virado pra Lua, nem todas as coisas são possíveis. Acho que é tudo isso que compõe o subtexto da crônica do "The i-Piauí Herald". Por isso ela é tão engraçada. Não sei quem é o seu autor, mas, pelo menos nessas poucas linhas, ele se colocou à altura de Stanislaw Ponte Preta e do Barão de Itararé, dois dos maiores demolidores de egos e críticos da babaquice nacional, de todos os tempos." (Geraldo Vianna)
Acima, falou o pai. Agora, volto eu, o filho (o Espírito Santo, por hora,está vetado nesse blog)...
Todo mundo já deve ter recebido esses e-mails preconceituosos, a chamar o presidente Lula de "vagabundo", "nordestino 4 dedos", entre outros expressões que nos fazem lembrar do caráter "amistoso" do homem brasileiro - especialmente de sua classe média no Sul e no Sudeste. Até um jornal de São Paulo aceitou publicar, recentemente, artigo com acusações absurdas contra o presidente, incluindo suposta violência sexual contra um companheiro de cela durante a ditadura.
Pois bem. Textos como esses fazem com que muitas pessoas (entre as quais me incluo) fiquem absolutamente na defensiva contra qualquer peça de humor que atinja o presidente. Mas uma coisa é atacar Lula usando (e reproduzindo) o preconceito social. Outra coisa é fazer a crítica do Lula poderoso, estadista...
O texto acima  fez-me relembrar essa obviedade.
Rir faz bem! Rir dos poderosos, então, é uma forma de preservar a sanidade e a liberdade. Lula (com suas eventuais "crises" de grandeza exacerbada) pode (e deve) ser criticado - especialmente pela via do humor. Por que não? 
P.S.: o texto sobre Lula e Deus foi publicado no site da revista "Piauí" - que nem costumo ler, por achar (a revista) um pouco esnobe. Mas a verdade é que muitas vezes a turma lá acerta a mão -http://www.revistapiaui.com.br/herald/capa.aspx.