A equação dos profissionais

A última moda são manifestações ditas espontâneas, organizadas por cidadãos indignados ou apenas inspirados pela causa genérica comum. Do Cairo a São Paulo, de Madri a Damasco, a receita parece semelhante.

Lança-se a semente nas redes sociais e o fermento da insatisfação, temperado pelo anseio, cumpre a tarefa de fazer o bolo crescer.

Será? Quanto se transformou mesmo a política após a massificação do uso da internet? O meio já cumpre o papel de substituir as organizações partidárias? O indivíduo passou a ocupar o lugar do grupo organizado?

O senso comum diz que sim, que a coisa mudou muito de uns tempos para cá, mas é melhor guardar prudência, para o caso de necessidade, para o caso de não ser bem desse jeito.

Política é política e comunicação é comunicação. Parece acaciano, mas não custa relembrar.

Quando o período dos presidentes militares entrou em declínio não existia ainda nem o fax, hoje obsoleto, e conversar por telefone a respeito de como derrubar o regime era impensável.

Corriam os anos do mimeógrafo a álcool, das gráficas clandestinas e da possibilidade, aqui e ali, de emplacar um texto na imprensa que conseguira sobreviver. E cuja circulação era restritíssima.

Mesmo assim o movimento político e social organizou-se, com os resultados conhecidos. O rio sempre encontra um caminho para o mar. A insatisfação com a economia foi o caldo de cultura para a proliferação.

Nem toda a modernidade, ou pós, conseguiu até agora alterar a receita clássica na disputa política. Ela é missão para profissionais. Da política.

O cidadão comum vive atarefado demais no dia a dia, empenhado demais em sobreviver, em pagar as contas. Pode haver exceções, mas, como o nome diz, elas não são a regra.

Uma andorinha não faz verão sozinha. De vez em quando ela pode até gorjear pela internet, mas é só.

O tempo é um bem escasso. Há uma diferença entre apoiar determinada iniciativa no Facebook e engrossar a militância real.

E essa diferença costuma expressar-se em números. Basta checar.

Os movimentos democráticos no mundo árabe, por exemplo, beneficiam-se da massa crítica reunida no segundo plano da política por organizações islâmicas. Não significa que elas tenham desencadeado ou liderado a emergência dos protestos, mas são fundamentais para a ação adquirir massa crítica.

Todas as revoluções começam mais ou menos de um modo parecido. Resultam da combinação de desarranjos graves na cúpula do poder e fortes insatisfações na base da sociedade, invariavelmente provocadas por dificuldades econômicas e aspirações materiais não atendidas.

Mas nem toda fagulha tem o poder de incendiar a pradaria. É preciso quem se ocupe do trabalho de espalhar o fogo, e de impedir que seja apagado. Nem é indispensável que os espalha-brasas sejam a maioria, eles apenas precisam estar em número suficiente.

Quanto porcento da população egípcia participou dos protestos na Praça Tahrir? Uma porcentagem pequena, bem pequena. E nem vou tão longe. Quantos brasileiros, na ponta do lápis, foram às ruas para exigir as diretas já para presidente naquele hoje algo distante 1984?

Sobre essa última contabilidade, aliás, as mistificações da época vem sendo derrubadas desde que se resolveu lançar sobre elas um olhar de mais precisão matemática.

Dia destes um jornalista espanhol esceveu artigo perguntando por que as acusações de malfeitos não provocam uma reação social e popular no Brasil. A resposta é óbvia.

Não há, no fundo, forças ponderáveis que desejem mudar o status quo, já que todos estão atendidos, de uma maneira ou de outra. No topo e na base, na situação e na oposição, em Brasília ou nos estados e nas cidades.

Ninguém social ou politicamente expressivo deu sinais até o momento de estar vivamente interessado em mudar a equação dominante.

A coisa pode mudar? Sempre pode, mas entre nós seria preciso mobilizar o único foco potencial de insatifação: a classe média que julga sustentar com seu trabalho e seus impostos o bem-estar alheio.

Mas a classe média é uma camada social produzida e cultivada na base do cada um por si. Pode no máximo ajudar a engrossar o caldo quando a onda vem de cima, ou de baixo.
por Alon Feurwerker

Imagine isto tivesse acontecido no Brasil...

A polícia britânica prendeu neste domingo a ex-editora do "News of the World" por suposto envolvimento no escândalo dos grampos telefônicos e compra de informações de policiais.

Dave Wilson, advogado de Brooks, disse que sua cliente foi a um posto policial em Londres por vontade própria em um compromisso pré-agendado.

No entanto, um fonte da "News International" disse que a companhia foi pega de surpresa com a prisão e que não tinha indicação de que iria ocorrer.

por Zé Dirceu

Cinismo e pantomima na Europa
zé dirceu - um espaço para discussão no brasil
Continuamos a assistir uma pantomima patrocinada pela Alemanha e pela França, cujos bancos e governos são os responsáveis por tudo o que aconteceu na Grécia, ainda que joguem toda culpam nas autoridades e empresários gregos. A verdade é que os bancos alemães e franceses quebrariam se a Grécia quebrasse. Todo o resto é pura encenação.

A crise Europeia tem suas raízes na norte-americana e nos mesmo modelo de endividamento das famílias e empresas - via especulação imobiliária e financeira, ou via consumo irreal, estimulado pelos bancos e empresas. Agora só resta a farsa e a conta para os trabalhadores, que pagarão duas vezes a crise, no endividamento dos Estados para salvar os bancos e, agora, no ajuste para salvar o Estado.

O cinismo alemão não tem limite. Um dos seus bancos, o Helaba, de atuação regional, simplesmente se retirou do teste quando se deu conta que seria reprovado. Na verdade são dezenas de bancos no limiar da reprovação. E, na verdade, são 50 bilhões de euros o capital necessário para dar garantias ao sistema. Não se trata apenas 9 bancos e 2,5 bilhões de euros, como alegam algumas manchetes de jornal. Tudo não passa de uma encenação que não resistira aos fatos.

Quintal republicano

Já, nos Estados Unidos, assistimos um espetáculo só maior que o de 2009, quando o governo e o elite financeira americana jogaram no lixo toda pregação e teoria que nos enfiaram goela abaixo durante décadas. Foi como salvaram seus bancos: endividando o pais até o limite. Só não contavam com o fanatismo Republicano, que não aceita o aumento do limite de endividamento do país. Colocam em risco o próprio sistema e a credibilidade da maior economia do mundo. Como vemos cada um cuida de seu quintal e que se dane o mundo...

por Marcos Coimbra

Continuidade e Aprovação

Ao longo da campanha presidencial do ano passado, foi comum a discussão de precedentes para a candidatura Dilma. Nos meios políticos e na imprensa, volta e meia eram lembrados casos parecidos ao dela.
Desde muito cedo, ficou evidente que era a favorita. Apesar de não ter experiência eleitoral. Apesar de começar sua carreira pelo alto, sem ter pleiteado cargos menores. Apesar de ela sequer ser uma militante histórica de seu partido. Apesar de não ter “jeito” para a televisão e o palanque. Apesar de seu visível mal-estar no trato com os políticos tradicionais.
A todas essas limitações, sua candidatura respondia com um argumento: o apoio de Lula. Podia faltar-lhe tudo, mas tinha esse trunfo. Como legítima herdeira do ex-presidente, ela representava algo que a maioria do eleitorado queria: continuidade.
Nisso, a novidade estava apenas em que o cargo em disputa era a Presidência da República. Nosso sistema político já conhecia vários exemplos bem-sucedidos de candidaturas com perfil semelhante, em eleições estaduais e municipais. Em todos, havia alguém encerrando sua administração com alto nível de aprovação popular e que indicava um sucessor para prossegui-la.
Com base nesses casos, ficou mais fácil prever o resultado da eleição de 2010. Parafraseando a famosa (e equivocada) frase “É a economia, estúpido!”, a vitória de Dilma pôde ser antecipada e, depois, explicada por outra: “É a continuidade, estúpido!”.
Esse raciocínio não responde, no entanto, a outras perguntas relevantes. Até quando um governante que se elegeu dessa maneira consegue se sustentar somente assim? Se a continuidade é suficiente para garantir uma vitória, bastará para levar o eleito a governar com aprovação e apreço?
São questões que começam a fazer sentido a respeito do governo Dilma. Passado o primeiro semestre, com a eleição ficando mais longe, o fato de ela ter sido “a candidata de Lula” continua a ser decisivo para sua imagem?
Até que ponto os precedentes de candidatos que venceram por “transferência de prestígio” nos ajudam a entender suas particularidades?
Se nossa imprensa tivesse se interessado pelas pesquisas publicadas de maio para cá, essa seria uma boa discussão. Poderíamos, por exemplo, discutir se Dilma, aos seis meses, se assemelha ou é diferente de governadores e prefeitos que chegaram aos cargos de maneira parecida.
Mas ela não lhes deu atenção, pela simples razão que contrariavam a expectativa (ou terá sido o desejo?) que mostrassem que Dilma caía, por qualquer motivo (crise Palocci, ameaça de recrudescimento inflacionário, crise nos Transportes, etc.). Como diziam o inverso, que ela e seu governo tinham níveis elevados de aprovação, ninguém falou nelas (sequer seus contratantes).
Tomemos um caso muitas vezes lembrado durante a campanha: Celso Pitta, o sucessor de Maluf, que chegou a ter, em São Paulo, números semelhantes aos de Lula no conjunto do país. Formalmente, tem vários pontos de contato com o caso de Dilma. Ambos eram auxiliares de governantes com alta popularidade, técnicos, sem passado eleitoral. Os dois enfrentaram adversários de largo currículo e grande biografia (um deles, curiosamente, o mesmo José Serra) e venceram.
Cessam aí as analogias. Enquanto Dilma chega aos seis meses com números recordes de aprovação, Pitta foi escorregando ladeira abaixo ao longo do primeiro ano. No final de 1997, tinha, segundo dados do Datafolha, 13% de “ótimo” e “bom”, e 52% de “ruim” e “péssimo”. Quase exatamente o oposto do que Dilma obtém agora.
Que lição podemos tirar disso? Talvez que seja possível explicar uma vitória eleitoral pelo modelo da transferência, mas que, à medida que o tempo passa, o prestígio do patrono não é suficiente para fazer com que o eleito sustente uma aprovação elevada.
Em outras palavras: Dilma está sendo bem avaliada pelo que seu governo faz. Lula continua a ser um fator que contribui para explicar o desempenho, mas seu peso tende a ser menor a cada dia.
Se quisermos um caso semelhante: Antonio Anastasia tem níveis iguais aos dela como governador de Minas Gerais. Em parte, por ser o sucessor de Aécio, em parte por ser quem é.

por Luis Fernando Verissimo


Ao contrário

Gustave Flaubert recomendava aos escritores que levassem pacatas vidas burguesas e enlouquecessem na sua obra.

Arthur Conan Doyle seguiu a receita de Flaubert ao contrário. Sua criação mais conhecida, Sherlock Holmes, era a personificação do pensamento racional e da lógica dedutiva e levava a vida de um correto cavalheiro inglês. Nem as suas excentricidades — ou o seu gosto por cocaína — destoavam muito do padrão vitoriano. E não há notícia de que Holmes tenha alguma vez recorrido ao sobrenatural para resolver um caso.
Já seu autor era um irracional assumido, ligado em ocultismo, sempre pronto a acreditar em manifestações metafísicas, por mais improváveis que fossem.
No fim do século dezenove a Inglaterra foi tomada por uma crença obsessiva em fadas. A nova arte da fotografia teve muito a ver com a propagação da mania entre ingleses de todas as idades e todos os tipos, inclusive intelectuais e cientistas. Fotos de ninfas aladas borboleteando entre flores convenceram muita gente grande da existência do fenômeno, que chegou a ser assunto no Parlamento.
E Conan Doyle foi dos primeiros a acreditar e defender a autenticidade das fotos e das fadas. E acreditou nelas até morrer.
Pode-se imaginar a reação de Sherlock Holmes ao saber das convicções do seu autor.
— Fadas, Watson. Ele acredita em fadas.
— Pelo menos ele nos poupou das suas crenças malucas, Holmes. Se bem que...
—- O quê, Watson?
— Sempre achei que havia algo de sobrenatural nos seus poderes de dedução.
— Bobagem, Watson. Uso apenas a razão e o senso comum, com, talvez, um toque de gênio. Que, aliás, foi ele que me deu.
— Estranho caso de um escritor que concentrou a sanidade na sua literatura para poder enlouquecer na sua vida.
— Mais um dos muitos mistérios da condição humana, Watson.
— Aonde você vai, Holmes?
— Buscar a sabedoria da cocaína. A única forma de metafísica que me permito.


APRÉS DRUMMOND
(Da série “Poesia numa hora dessas?!”)
Mundo, mundo, vasto mundo 
se eu me chamasse Eike Batista 
não seria uma rima 
mas seria uma solução. 

Imparcialidade zero



A estorinha é velha. O sujeito procura cuidadosamente algo no canto iluminado do salão escuro. O outro observa e pergunta, curioso.

- Você perdeu alguma coisa?

- Sim.

- Perdeu aí nesse canto?

- Não, naquele.

- E por que você está procurando aí? Não seria melhor procurar ali?

- Porque aqui está iluminado.

Qual é a chance de o sujeito encontrar o que procura? Zero.



Resumo:
Este  texto escrito pelo jornalista Alon Feurwerker confirma [desde que Dilma tomou posse], que ele está a serviço da candidatura presidencial de Aécio Neves para 2014 [ já disse isto a ele]. Agora, se ele recebe $$$ para isto...não posso afirmar.
Licença Creative Commons
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil License.

A velhinha Briguilina e os penas pagas

Leio com prazer o artigos e mais artigos que os penas pagas do pig escrevem sobre a corrupção no Brasil. Tem coisas que chamam atenção, veja algumas abaixo:

  1. Eles sempre nominam os "corruptos".
  2. Eles nunca nominam os corruptores.
  3. A corrupção no Brasil é seletiva. 
  4. "corruptos" de partidos sé forem do PT e da base aliada do governo federal.
  5. O PR [exemplo] e o sr. Valdemar da Costa Neto é corrupto federal. Nos Estados que apoiam a oposição...são Onestos.
  6. O PMDB federal é fisiologista. O Estadual e Municipal...não.
Já prestaram atenção nestes detalhes, lembram de mais alguns?...

Aguardo colaboração.