A CPMI avança


Não é a toa que há um esforço tremendo na mídia para passar a impressão de que a CPI do Cachoeira está fazendo água, com o perdão do trocadilho.
Por toda parte, se lê e se ouve, quase sempre com base em declarações de políticos tucanos, que a CPI não vai dar em nada. Os senadores Álvaro Dias (PR) e Mário Couto (PA), ambos do PSDB, estão se especializando nisso.
Couto chegou a dar um chilique e abandonar a comissão, como se alguém fosse sentir falta de sua presença histriônica. Pela Câmara, o trabalho de desmoralização da CPI é conduzido pelo deputado Carlos Sampaio, do PSDB de São Paulo. Todos repetem, sempre que podem, que a CPI acabou.
Na verdade, uma declaração que nada tem a ver com fatos, mas com desejos e urgências. O principal deles, abafar a subordinação do governador de Goiás, Marconi Perillo, ao esquema criminoso.
Enquanto os tucanos se revezam para dar declarações desse tipo a uma mídia também ansiosa pelo fim da CPI, um grupo liderado pelo relator Odair Cunha (PT-MG) trabalha diligentemente para ler, ouvir e relatar todo o material bruto das operações Monte Carlo e Vegas, da PF.
Assim, vão se tornando cada vez mais nítidas as ligações da quadrilha de Carlinhos Cachoeira com políticos e jornalistas, esboço de um conluio que, quando vier a público, irá desmistificar boa parte do discurso udenista da oposição, sem falar na desconstrução de certa escola de jornalismo investigativo de araque.

Aécio Neves decreta fim do ciclo Lula/Dilma/PT

Numa entrevista ao jorna-lista Josias de Souza o minerim candidato a candidato a presidente em 2014 pelo PSDB(?) congelou o governo da presidente Dilma e decretou que ele representa o "um fim de ciclo". Já vi esse filme antes. Em 2005 decretaram o fim do governo e de Lula, o que aconteceu?...

Ele se reelegeu em 2006 e em 2010 elegeu um "poste". Confiram abaixo o que o rapaz experto pensa e diz:

- Avaliação do governo Dilma: O governo parou. Digo uma coisa que nem deveria dizer, mas o governo do Lula era melhor do que o governo da Dilma do ponto de vista dos resultados. As pessoas faziam algumas coisas. Agora, no setor de infraestrutura, que já não andava bem, não acontece absolutamente nada. Na área da saúde, o governo investe 10% a menos do que investia há dez anos. Na hora que começarem a comparar os indicadores, num ambiente econômico que já não será de euforia, mas de extrema preocupação, as pessoas vão perceber que caminhamos para um fim de ciclo.
- Avaliação do desempenho da presidente: A fama de boa gerente da Dilma era um mito. Aquela imagem de administradora capaz é a que vai sair mais machucada desse período de crise. O sentimento generalizado, mesmo na base do governo, maior ainda entre os empresários, é o de que este é um governo paralisado. Isso vai ficando cada vez mais claro. O governo não fez as grandes reformas que deveria ter feito. Faltou ousadia, faltou coragem.
- Imagem do Brasil no exterior: Estive por dois dias em Washington, para a premiação do Fernando Henrique [prêmio John W. Kluge, de US$ 1 milhão, dado pela Biblioteca dos EUA]. Conversei com amerianos importantes, que acompanham a realidade brasileira. Falei com economistas da Europa, que estavam lá. A expectativa em relação ao Brasil é outra, totalmente diferente do que era há seis meses. Há, hoje, uma avaliação mais negativa sobre a capacidade do país de responder à crise. O ambiente econômico piorou e a visão geral é de que vai piorar mais.
- Fim de ciclo: Estamos ingressando numa fase de fim de ciclo. Esse ciclo atual da administração do PT, na minha avaliação, vai se encerrar. Se vamos ser nós que vamos sucedê-los, o tempo é que vai dizer. Mas está claro que o governo perdeu a capacidade de tomar iniciativas. A base política no Congresso está extremamente esgarçada. Nesta semana, o governo não conseguiu nem votar a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias].
- Tempo perdido: É nos dois primeiros anos de um governo que devem ser feitas as grandes reformas. O governo não fez. E agora está patinando. Acho que ganha força um discurso alternativo pela eficiência. Essa mácula da ineficiência a Dilma vai carregar. O governo dela parou. Não sou do tipo de pessoa que torce contra. Isso quem faz é o PT. Mas é preciso dizer as coisas com clareza. E nós vamos dizer, no momento próprio. Não queremos confundir eleições municipais com o cenário nacional. Não se trata de desconhecer o que eventualmente tenha dado certo. Não faço o discurso da negação. Não se pode dizer que, do Lula pra cá, tudo deu errado. Respeito o que deu certo. Mas estamos chegando ao fim um ciclo. É preciso que se inicie outro.
- O que faria de diferente se fosse presidente? No primeiro dia, apresentaria uma agenda com duas ou três grandes reformas que eliminassem nossos grandes gargalos. As coisas não mudam do dia para a noite. Mas, já no início do governo, eu estaria propondo ao país essas reformas. A começar pela reforma do Estado, com uma grande diminuição do seu peso. É preciso abrir espaço fiscal para que haja, aí sim, o início de uma redução da carga tributária. A carga de tributos é um dos principais fatores que inibem a competividade do Brasil. Não adianta tomar essas medidas paliativas de conceder isenções pontuais para setores específicos, como o automobilístico. Tem que puxar para baixo a carga de tributos de todos os setores.
- Reforma politica: Esse é outro tema ao qual eu me dedicaria desde o primeiro dia. Eu iria para o Congresso fazer o que a Dilma não fez: negociar dois ou três grandes pontos que organizassem minimamente o quadro partidário brasileiro. Tínhamos que ter buscado uma aliança política possível, para termos o inverso do que o STF acaba de fazer. Em vez de aumentar, precisamos enxugar o quadro partidário, adotando a cláusula de desempenho, o voto distrital misto. Essa decisão do Supremo [que reconheceu ao PSD o direito de partilhar do tempo de tevê e das verbas do Fundo Partidário] já está causando um dano enorme ao país. Agora, um deputado tem preço. Elege-se por um partido e leva os votos para outro. Conforme o tempo de tevê da nova legenda, cada deputado vale X. Um partido de 12 deputados vai valer um preço nas coligações nacionais e outro preço nas coligações estaduais. Agora, 12 picaretas podem se juntar para formar um partido, calcular o valor de cada deputado conforme o fundo partidário e, depois, vender o tempo de televisão nas eleições.
- Descentralização administrativa: Essa agenda dos primeiros dias de governo teria de incluir uma política de descentralização corajosa em relação a Estados e municípios. Dá pra fazer. Na área de transportes, por exemplo, hoje não se faz nada. Por que não distribuir para os Estados a administração de rodovias federais, com a transferência dos recursos da Cide e de parte do Orçamento da União? Essa centralização do poder, para ter ganho político, é um dos maiores equívocos que os governos do PT cometem. Concentram em Brasília um poder enorme e não conseguem gerir. Esse processo vem se agravando nos últimos anos. Acentuou-se com a Dilma.
- Fadiga do material: O governo enfrenta o fenômeno da fadiga de material, comum nas administrações longas que perdem a capacidade de se renovar. Acho que eles chegarão cansados [a 2014]. Para botar uma máquina gigantesca como essa para rodar leva tempo. E o governo, até aqui, só perdeu tempo. Qual é o objetivo desse governo? Hoje, o único objetivo é a manutenção do poder a qualquer custo. A capacidade de tomar iniciativas, de fazer do governo uma estrutura pró-ativa, tudo isso desapareceu. Se a economia estivesse muito bem, talvez isso fosse minimizado. Mas o cenário inspira preocupação: a base política está desagregada não se gosta e não se articula; a economia emite sinais negativos, apontando para o aumento do desemprego; oas bras de infraesturura não acontem; os indicadores sociais patinam. Insisto: vivemos um fim de ciclo.
- Movimentação de Eduardo Campos: É absolutamente legítima a movimentação dele. Acho que ajuda. Não gosto dessa dicotomia de PSDB e PT. O aumento do leque de opções [presidenciais] ajuda nas decisões. Convém não esquecer que muitas seções regionais do PSB [partido presidido por Eduardo] são aliadas do PSDB. A começar pelo Paraná e por Minas Gerais. Mesmo em São Paulo, tirando esse apoio ao Fernando Haddad, que o Eduardo determinou, o PSB é aliado do Geraldo [Alckmin, governador tucano]. De baixo pra cima, haverá sempre setores do PSB com identidade maior conosco. Mas temos que respeitar e reconhecer que o Eduardo faz uma movimentação correta. Não contamina o processo. Ao contrário, apresenta um espaço de discussão novo. Tenho com ele as melhores relações. Eu o respeito muito.
- 2014 se imiscuiu em 2012? Não vejo isso com tanta clareza assim. É claro que algumas coincidências levam a essa leitura, sobretudo o que aconteceu em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. Mas, se formos analisar friamente, essas três situações mais emblemáticas, que envolvem o PSB, ocorreram por questões absolutamente locais. Em Fortaleza há um litígio do Cid e do Ciro Gomes [do PSB] com a prefeita Luizianne Lins [do PT]. Se houvesse harmonia entre eles, a ruptura talvez não tivesse acontecido. Em Recife, o Eduardo [Campos, do PSB] tentou construir a candidatura do Maurício Rands [do PT]. Não conseguiu. Veio outro nome [o petista Humberto Costa]. E o Eduardo optou pela candidatura própria [de Geraldo Júlio]. Em Belo Horizonte, depois de integrar a gestão do Márcio Lacerda [do PSB] por quatro anos, o PT arranjou um pretexto para romper. Não fomos nós que nacionalizamos a campanha em Minas, mas o PT, que chegou a um nome a partir de interferências externas.
- Vaivém do PT em Belo Horizonte: O PT dizia que o Márcio [Lacerda] rompeu a aliança. Isso não existe. Tanto é que eles pararam de dizer isso. Na verdade, houve um rompimento do PT com o Márcio. O PT tinha a vice-prefeitura e controlava 70% dos cargos da prefeitura. Esse negócio de coligação proporcional [na chapa de vereadores] foi um pretexto. Nós reivindicamos fazer coligação proporcional, o PT também. O PSB disse o seguinte: vamos sair com uma chapa sozinhos, para poder eleger uma bancada de apoio claro ao prefeito, do partido do prefeito. Nós topamos até isso, mesmo não tendo a vice. E o PT falou: ‘Não, nós queremos os votos do PSB para eleger uma bancada maior do PT. Para quê? Para o Márcio ficar refém deles.
- Intervenção federal em Belo Horizonte: Depois de romper a aliança, o PT lançou a candidatura do Roberto Carvalho. O Gilberto Carvalho [amigo de Lula e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência sob Dilma] baixou aqui em Belo Horizonte, na terça-feira da semana passada, na base aérea, para convencer o Roberto Carvalho, em nome do Lula e da Dilma, a desistir da candidatura, que já tinha sido inclusive registrada. Ele saiu com a promessa de sabe-se lá quais vantagens. Aí começou a nacionalização da campanha em Minas. Foi iniciada por eles, não por nós. Para ter o PMDB [na coligação do PT], a Dilma entrou pessoalmente no processo, intercedendo junto ao Michel [Temer, vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB]. O Leonardo Quintão [que abdicou da candidatura a prefeito pelo PMDB] está achando que vai ser ministro. No PCdoB, a direção municipal votou pela coligação com o Márcio. Veio um comando de cima, do Renato Rabelo [presidente nacional do PCdoB], dizendo que não podia. E o partido voltou atrás. A pedido da Dilma o [Gilberto] Kassab [prefeito de São Paulo e presidente do PSD federal] interveio em Minas. Vai se dar mal. O PSD vai ficar conosco. O apoio deles ao Márcio foi decidido em convenção. O estatuto do PSD diz o seguinte: qualquer intervenção só pode ser feita pela Executiva do partido. E a executiva não se reuniu. Em Belo Horizonte, o PSD é adversário do PT.
- A entrada do petista Patrus Ananias na briga pela prefeitura: Reconheço que ele tem uma imagem positiva e que o cenário exigirá de nós mais atenção e mais trabalho. Mas acho que ele vai ter dificuldades. Está desatualizado sobre Belo Horizonte, não morava aqui há muito tempo. Esteve em Brasília durante os últimos sete ou oito anos. E o PT terá enorme dificuldade para justificar a mudança de posição. Na manhã do dia 30, na convenção do PSB, estavam todos lá, a começar do [Fernando] Pimentel [ministro do Desenvolvimento de Dilma]. Nessa hora, o Márcio era o melhor prefeito do Brasil. À noite, decidiram romper e o Márcio passou a ser o demônio. Será muito difícil o PT explicar por que deseja agora a interrupção de uma administração municipal muito bem avaliada, da qual participou durante quatro anos.
- Fantasma de 2014? Por que o PT mudou de posição em Belo Horizonte? Prevaleceu o interesse do PT em 2014. Enxergaram o fantasma de 2014 em Minas. Estão me valorizando mais do que eu mereço. Para fazer essa movimentação toda, com todos os riscos que correm, é porque estão vendo 2014. A Dilma não precisava intervir, poderia ter mantido o discurso dela de não envolver a estrutura federal nas eleições municipais. Nós continuaremos voltados para os interesses de Belo Horizonte. Deixaremos a nacionalização para eles, que construíram uma candidatura fora de Minas, no eixo Palácio do Jaburu-Planalto-São Paulo. Em 2010, aconteceu algo parecido na eleição de governador. O Lula [que apoiava Hélio Costa, do PMDB, contra Antonio Anastasia, candidato de Aécio] vinha para Minas raivoso. Eu disse naquela época: o mineiro tem uma tradição de ser povo hospitaleiro, recebe muito bem. Mas na hora de definir os seus destinos, o mineiro sabe fazer suas escolhas sozinho, não precisa de conselhos externos.
- Mas Dilma Rousseff não nasceu em Minas? Ela é uma mineira curiosa, que acomodou oito gaúchos no ministério [risos].

Gustav Klimt - Pintor


Gustav Klimt: foi um pintor simbolista austríaco
  Der schwarze Hut
Estudou desenho ornamental na Escola de Artes Decorativas. Associado ao simbolismo, destacou-se dentro do movimento Art nouveau austríaco e foi um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena, que recusava a tradição académica nas artes, e do seu jornal, Ver Sacrum. Klimt foi também membro honorário das universidades de Munique e Viena. Os seus maiores trabalhos incluem pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte, muitos dos quais estão em exposição na Galeria da Secessão de Viena.
Ficheiro:Klimt Mulher sentada.jpg
Frau bei der Selbstbefriedigung

São Paulo: a cpi dos incêndios em favelas


[...] acabou. Foi encerrada. Mesmo sem que qualquer tenha sido realizada. Mesmo sem relator, ou vice-presidente.
Não escutaram sequer o cel. Paca. Que disse mesmo que não iria a CPI.
Nem a estatística de incêndios em favelas de São Paulo ficou sendo conhecida. O cel. Paca não foi à CPI explicar.
Mas ir como? Se nunca havia QUORUM. Se os componentes da CPI não se reuniram uma vez sequer.
Eu acompanhei esta história durante três meses. Telefonei quinzenalmente (frequencia prevista para audiências da CPI). E NADA!
Agora, hoje (13.07.2012) mais um incêndio. Mas neste morreram 4 PESSOAS…….. Três crianças e 1 adolescente. Vítimas do descaso.


HOJE QUATRO CRIANÇAS MORRERAM INCENDIADAS
A favela diogo ramires
a CPI não a verá
suas crianças foram abortadas.


No dia 30 de maio, publiquei aqui no blog PIG, que a primeira audiência da CPI dos incêndios em favelas fora cancelada por falta de QUORUM, mas também que :
Ainda, perguntei se seria mantida a audiência com o sr. Cel. Jair Paca de Lima, coordenador da defesa civil municipal, ao que me foi respondido que não. O cel. Jair Paca não poderia comparecer à reunião e que outra pauta seria definida.” (aqui)
A CPI hoje está em recesso parlamentar, e terá após findo o recesso ainda 8 dias de funcionamento, sem ter realizado uma audiência sequer, e sem ter relator nem vice-presidente.
Hoje (13.07.2012), ocorreu novo incêndio em favela (favela Diogo Ramires) e três crianças e um adolescentes morreram. Aqui, o coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, disse que deve ser investigado se as três crianças e a adolescente estavam sozinhas e se um cadeado impediu a saída delas do barraco. Uma equipe do 101º Distrito Policial esteve no local no fim da tarde e a perícia deve vistoriar os barracos afetados ainda nesta noite. (aqui)
O que esperávamos é que o cel. Paca tivesse contribuído para elucidar AS CAUSAS DAS FAVELAS INCENDIADAS.
Especulação imobiliária? incêndios criminosos?
PARECE QUE OUTROS ESCÂNDALOS NÃO FALTAM NA VIDA DE ALGUNS PARLAMENTARES E NA DEFESA CIVIL.

Liberalismo de jabuticaba

Professores universitários e mendicância

Os professores universitários em greve à 57 dias  e suas entidades representativas - ANDES, PROIFES etc - fazem questão de passar para a sociedade esta imagem ao lado, e são bem sucedidos, conseguiram fixar exatamente isso no imaginário popular. Os prejuízos causados aos alunos e pais por conta da greve por melhores salários e condições de trabalho deles, não tem nenhuma importância, é irrelevante.

O tempo perdido, custo de alimentação, aluguel, passagens, tudo em dobro? Bobagem!

Tudo muito bom, tudo muito bem mas, você sabe quanto ganha um professor universitário federal com doutorado e dedicação exclusiva?

Favor responder a enquete ao lado. E deixar tua opinião em "comentários" de quanto deveria ser o salário deles. Obrigado!

Artigo semanal de José Dirceu


Falácias eleitorais

O começo oficial da campanha para as eleições municipais deste ano deve acirrar as disputas políticas e colocar em cena a discussão sobre as questões importantes para as cidades e seus cidadãos, propostas e alternativas de políticas públicas para lidar com antigos e novos problemas.
Esse é o cenário desejável e esperado, pois a eleição é o ápice desse processo de debates sobre os interesses da sociedade.
Contudo, o que os embates acabam trazendo, muitas vezes, são discursos vazios, falácias e obscurantismos, utilizados por determinados candidatos, com o intuito de alardear e promover questões imaginárias, desviando a atenção do debate das questões reais e concretas, empobrecendo o jogo político e eleitoral.
É preciso, portanto, que o eleitor fique atento a esse tipo de estratégia e repudie determinadas condutas. Ataques pessoais, boatos, deturpação de dados e informações, distorções e mentiras divulgadas pela Internet, panfletos apócrifos, manipulações e descontextualizações encobrem a falta de propostas de quem não tem nada a dizer, nem respeito pelo eleitor.
O exemplo mais emblemático dessa postura foi a candidatura à Presidência da República, em 2010, de José Serra (PSDB), hoje, candidato à Prefeitura de São Paulo. Pelo que se viu até agora, Serra ameaça repetir o script: o candidato tucano mal começou sua campanha e já foi capaz de produzir um dos discursos mais “enigmáticos” das últimas eleições.
Valendo-se de argumento falacioso, comumente empregado em seus discursos, Serra tentou assustar a população de São Paulo, afirmando que o futuro da democracia no Brasil está em jogo na eleição paulistana.
Ao tecer essa declaração, o candidato considerava que uma vitória do PT na capital paulista daria ao partido a hegemonia no cenário político nacional e que isso seria prejudicial ao Estado Democrático — portanto, à democracia.
Se o PT vier a vencer na cidade com Fernando Haddad, o simples fato de a escolha ser da população, a partir do voto na urna, já é suficiente para revelar o pleno exercício da democracia.
Mas a linha de argumentação de Serra é curiosa também porque durante as gestões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o alinhamento do Estado de São Paulo —já então sob comando dos tucanos— com a União se deu sem qualquer prejuízo às instituições democráticas. E não se viu o PT aludir a supostos riscos à democracia.
Além disso, está claro que não há qualquer fundamento em associar uma disputa eleitoral e a vitória de um partido com ameaças antidemocráticas. Pelo contrário, é justamente o processo eleitoral que consolida o regime, a cada novo pleito.
O que Serra fez neste caso e em muitos outros foi repetir a fórmula largamente usada pela direita, que prega a ignorância e o medo, apelando à emoção das pessoas, em detrimento da verdade dos fatos.
O expediente do medo foi largamente utilizado contra o ex-presidente Lula, durante a campanha que o elegeu presidente, em 2002. No discurso de seus então adversários, Lula representava uma ameaça de crise para o país.
O presidente também foi desqualificado inúmeras vezes, por exemplo, por não ter concluído o ensino formal, ao que pôde responder, anos depois, que o presidente sem diploma foi o que mais levou jovens ao ensino superior no Brasil.
Em 2010, o roteiro foi repetido, desta vez, com uso de temas religiosos e contra a presidenta e então candidata, Dilma Rousseff.
Ataques e artifícios de baixo nível como esses desviam o foco dos verdadeiros debates que precisam ser travados: as questões locais, alinhadas às regionais e às políticas implantadas em âmbito nacional.
Além disso, não contribuem em nada para atrair e envolver os cidadãos no processo eleitoral. Na pior das hipóteses, surtem o efeito de afastá-los, por evidenciar o quanto alguns candidatos estão em dissonância com os problemas reais do seu dia-dia.
O eleitor, contudo, a cada nova eleição, vem reforçando o seu papel de ator preponderante da cena eleitoral, não apenas porque é ele quem decide, quem de fato tem o poder do voto, mas porque cobra que as discussões se deem em nível elevado e em torno das ideias e propostas que podem fazer a diferença para a melhoria das suas cidades.
É o eleitor, portanto, que pode rechaçar de forma mais contundente, campanhas nebulosas, discursos sem qualquer compromisso com a coerência e candidatos que tenham pouca disposição para o debate que convém ao momento.
Embora as eleições sejam em âmbito local, há um pano de fundo nacional no debate, pois é possível, e o eleitor fará isso, fazer um contraponto entre o projeto de desenvolvimento em curso no Brasil, desde o início do governo Lula, e a falta de programa alternativo da oposição.
É preciso ressaltar que muitas das políticas implantadas pelo governo federal tiveram como berço as administrações municipais do PT, onde foram aplicadas com ampla participação popular e, depois, levada a todo o país.
Quer dizer: o PT tem experiências importantes de gestão municipal a apresentar e debater com a sociedade. 
As cidades brasileiras têm problemas e desafios urgentes a serem enfrentados. Portanto, no dia 7 de outubro, os eleitores irão escolher os candidatos que melhor aproveitarem a oportunidade de debater as questões da cidade, em diversas áreas —Educação, Saúde, Segurança, Cultura e lazer para a juventude, mobilidade urbana e Habitação, tratamento do lixo e Meio Ambiente— e de estabelecer um diálogo aberto com a população.

Esse, aliás, é o principal objetivo a que se destina uma campanha eleitoral e o que se espera de candidatos minimamente sérios e comprometidos com os interesses dos cidadãos. Nesse sentido, cabe aos candidatos e aos cidadãos evitar que a temporada de falácias eleitorais seja de fato aberta.