Artigo semanal de Cristovam Buarque


Os outros Niemeyers, por Cristovam Buarque

Niemeyer foi iluminado pelo que chamamos de talento. Não fosse seu imenso talento para imaginar o que fazer em um espaço vazio para ali construir moradia do homem, ele não teria tido o reconhecimento que recebeu em vida e que terá ao longo da história.
Mas ele não teria criado obra de gênio reconhecido se não usasse o talento de maneira inovativa, rompendo velhos padrões, sonhando com formas impossíveis de serem construídas e capazes de surpreender os que as viam e usavam ou nelas viviam.
Esse talento inovativo e sonhador não se desenvolveria sem a perseverança que nem todos talentosos têm. Foram necessários anos de trabalho para que os sonhos imaginados pelo talento se transformassem em obras.
O acaso também favoreceu a criação do mito. Não fosse a coincidência de ser contemporâneo do ex-presidente Juscelino Kubitschek e da vontade nacional de construir um novo Brasil, uma nova Capital, usando o que havia de vanguarda na arquitetura, como fazia na indústria da música e do cinema, ele teria sido um grande arquiteto, mas não “O Arquiteto do Século”.
A vida, por fora de sua obra, também foi fundamental na consolidação de seu prestígio. Tivesse ele falecido logo depois da construção de Brasília, teria sido um bom arquiteto, mas não seria o mito hoje consagrado.
Niemeyer viveu longamente e soube enfrentar os dissabores da vida com a força de um caráter firme. Enfrentou ditaduras, perda de amigos, projetos não realizados. Foi solidário, coerente e estas qualidades ajudaram na construção do mito.
Mas, lá na base, nada teria acontecido, se ele não tivesse aprendido a ler, escrever, contar e calcular. Sem escola e sem professores ao longo da vida, o talento de Niemeyer não teria aflorado.
Niemeyer foi contemporâneo de muitos talentos que não receberam a chance de aflorar, gênios que poderiam desenvolver o talento, se a eles tivessem sido dada a chance que só a escola propicia.
Ao longo dos 200 anos de nossa independência, por culpa da escravidão, da exclusão e da ausência de chances iguais a cada brasileiro, abafamos milhões de grandes profissionais e centenas de gênios reprimidos pela falta de escola de qualidade que os incentivasse e ajudasse no desenvolvimento do talento pessoal.
No momento em que todos se curvam ao gênio Niemeyer, quem o conheceu sabe de sua postura política, sabe que ele gostaria que em sua homenagem o Brasil fizesse o que se nega há séculos: dar a todos a chance que ele teve, graças a uma revolução educacional, que assegure a cada criança a chance de ser um Niemeyer.
A melhor reverência a Niemeyer é lembrar os outros Niemeyers que não afloraram.
É doloroso perder a vida de Niemeyer com seu talento, mas este é o destino de todos; mais doloroso é saber que perdemos a chance de fazer outros Niemeyers, porque em vida foram perdidos pela falta de estímulo para aflorar.
Homenageemos um gênio, fazendo o necessário para não impedir outros de aflorar.

Civita organiza vaquinha de 17 milhões para Valério envolver Lula no mensalão


247 – Declarações de um advogado feitas na madrugada desta sexta-feira denunciam suposta trama que envolve um acordo de R$ 17 milhões para convencer o empresário Marcos Valério a denunciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do 'mensalão'. A conversa, que teria acontecido num restaurante de Brasília, foi noticiada nesta manhã pelo ator e ativista político José de Abreu, via Twitter.
Ao 247, Abreu não deu mais informações sobre quem seria o advogado, mas garantiu que não se trata de Marcelo Leonardo, representante do publicitário mineiro na Ação Penal 470, da qual seu cliente foi condenado com uma pena que passa dos 40 anos. Marcelo Leonardo sequer teria concordado com o acerto. Quanto à fonte que lhe revelou o diálogo, ele se limitou a dizer: "É um político da oposição".
"Estou repassando o que me contaram, foi nessa madrugada. Uma pessoa ouviu do advogado, que começou a falar mais alto num restaurante de Brasília. Era um lugar menos nobre, não era tipo um Piantella", descreveu José de Abreu, em referência ao famoso ponto de encontro de políticos da capital federal. Segundo ele, há ainda prometido ao empresário dois apartamentos nos Estados Unidos, um em Miami e outro em Nova York, "FORA o pagamento de TODAS as multas financeiras a que MV foi condenado".
O acerto teria sido feito sob a condição de que as revelações contra Lula sairiam primeiramente na revista Veja. Em setembro, uma reportagem de capa intitulada "Os segredos de Valério" traz frases atribuídas a interlocutores próximos ao empresário apontando o ex-presidente como chefe do 'mensalão'. Segundo o advogado, o dinheiro para pagar Marcos Valério teria vindo de uma "composição financeira" envolvendo empresários, políticos e o próprio dono da semanal, Roberto Civita, quem, segundo ele, seria o responsável pela organização da 'vaquinha'.
Posteriormente à publicação da reportagem, foi levantado um debate na imprensa e nas redes sociais que questionava a veracidade das denúncias e a existência de um áudio que comprovasse a entrevista. O colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, liderou a defesa à revista, garantindo que havia, sim, uma "fita" com as revelações de Valério. Procurada pelo 247 para comentar as denúncias, a assessoria de imprensa da Editora Abril não respondeu até a publicação dessa reportagem.
Futuro dos filhos
A intenção de Marcos Valério seria "deixar bem os filhos", postou o responsável pelas revelações. Ao 247, o ator acrescentou que há psiquiatras e psicólogos envolvidos e que o publicitário não passa bem. "Cada imóvel teria sido colocado em nome de cada filho de MV. A saída de casa, a "farsa da separação" segundo o advogado bêbado, fazem parte", escreveu José de Abreu, em referência ao acordo. Valério andava muito deprimido e não queria deixar a família sem garantias quando ele fosse para a prisão, conta Abreu.
Falou, tem que provar
As denúncias, porém, teriam de ser provadas. "Uma parte da grana só seria paga se MV conseguisse que abrissem processo contra Lula", escreveu José de Abreu no microblog. Depois de três meses da reportagem publicada por Veja, o jornal O Estado de S.Paulo revelou, nesta semana, parte de um depoimento do empresário à Procuradoria Geral da República feito em 2003, com mais revelações sobre o ex-presidente.

Conglomerados

Porque será que esse grupo de irmãos tem muitos canais de TV ABERTA e a CABO, jornais, revistas, revistas de fodas, apostilas, gibis e catecismos e, ninguém se incomoda com essa situação. 

Os políticos tupiniquins tem que por o bloco na rua e fazer uma faxina na lei de imprensa coeva, e amainar consideravelmente o conglomerado GLOBAL, como também da igreja CATOLICA, muitas EVANGELICAS que proliferam em todos os cantos do país. Tem também, o grupo SS, Rede MASSA e, muitos outros que pertence ao grupo seleto e fechado de capitalistas com o poder de fazer a cabeça do povão, o qual fica a bel prazer dessa gente e ouvindo sofismas dia-e-noite, sem dó nem piedade.

CLARIN é dor de cabeça para os Hermanos, os nossos são um grande olho de peixe nos pés para extraí-lo. Vamos lá reflexo invertido de fazer política nacional bater de frente com o MONSTRO, a principio pode parecer poderoso, mas é cutucar a fera com vara curta que sairá correndo buscar outros lugares para roubar o bolso e a consciência do povão.

Políticos gente finas frequentadores lá da Capital Federal, vamos trabalhar duro para reverter o atual quadro de ZONEAMENTO que se tornou o mundo empresarial da mídia burguesa, aproveitem também para dar concessão para o pessoal da verdadeira esquerda, para que haja uma disputa a altura entre a falação da direita e a pregação verdadeira da esquerda, só assim poderemos melhorar a consciência ideológica dos trabalhadores deste gigante DORMINHOCO por culpa dos partidos políticos atuais.
Marco Antonio Leite da Costa

O *Ibop de Lula e Dilma

Nota para Lula
Nota para Dilma
* Instituto Briguilino de Opinião Pessoal

A selvageria é inerente àqueles que querem um país para poucos

[...] o que eu não compreendo é a falta de reação do Governo trabalhista e do PT, no sentido de serem mais assertivos no que se trata sobre o embate político e à rápida resposta aos ataques de um sistema midiático de direita, que se associou a homens e mulheres membros do Poder Judiciário, que resolveram fazer política, inclusive a partidária, pois se aliaram, e às claras, com o trinômio PSDB, DEM e PPS, partidos de essência conservadora, derrotados nas últimas três eleições para presidente da República e que recentemente perderam a prefeitura de São Paulo para o PT de Lula e Fernando Haddad, que vai assumir em 2013 a cadeira de prefeito.
A política é como o boxe: quem não bate, apanha. O PT, partido forjado nas fábricas do ABCD e também na USP para o desgosto dos quatrocentões patrimonialistas, sempre foi uma agremiação política aguerrida e disposta a enfrentar qualquer tipo de embate e de luta política. Hoje um amigo meu e ex-colega de trabalho e que vota em candidatos e partidos conservadores me enviou a seguinte mensagem: "Se prepara mano velho que agora é só pedrada". Ele tem razão quando o PT e o Governo recuam e aceitam que a eles sejam imputadas inverdades, leviandades cometidas por gente que se veste de Batman e que se estivesse em um balé quereria tomar o lugar do bailarino protagonista. Gente que acusa integrantes do PT até de crimes que nunca cometeram.
A desfaçatez é tão surreal que quando a Polícia Federal investiga e prende servidores públicos e políticos da base do Governo trabalhista ou do PT, suas ações são consideradas republicanas. Todavia, quando a PF efetiva ações em que estão envolvidos empresários, políticos da oposição, membros da PGR e do STF e jornalistas militantes da imprensa conservadora de negócios privados, o Governo e o PT são acusados de "aparelhar o estado", evidência que tem forte conotação política, porque a verdade é que a direita está a afirmar que o Partido dos Trabalhadores atua de forma stalinista, quando a realidade é que o PT no poder é profundamente democrático e tão republicano que hoje tem de enfrentar juízes e promotores nomeados por ele, que lhe fazem uma oposição desleal e que tem por finalidade desgastar e desconstruir suas representatividades proeminentes, com o intuito de ajudar o PSDB a vencer as eleições presidenciais de 2014.
Esse é o modus operandi  de um Judiciário e de uma imprensa que lutam desesperadamente para manter intactos o status quo dos inquilinos da Casa Grande. O STF judicializou a política. A PGR a criminalizou. E os barões donos da mídia monopolizada tratam de divulgar os supostos escândalos, de forma sistemática e que denotam todo o ódio e o desprezo que a classe rica e muita rica tem pelo Brasil, pelo seu povo e principalmente pelos políticos trabalhistas que conquistaram o poder por intermédio do voto e que hoje sofrem com um processo draconiano de propósito golpista, que dia a dia, mês a mês e ano a ano tenta desconstruir a imagem de um político respeitado e considerado pelo povo brasileiro, bem como admirado profundamente no exterior, pois tratado como mito político e humano decorrente de sua espetacular biografia.
A nossa "elite" controladora dos meios de produção é ridícula, provinciana e intelectualmente limitada e desonesta. Temos uma imprensa que caça o Lula e por isso o ex-mandatário se tornou um alvo de enorme repercussão. É a única imprensa que faz oposição a um ex-presidente, político que saiu do poder e por isso não tem mandato. E sabem por quê? Porque quando ela lembra de Getúlio Vargas sente calafrios. Enquanto em outros países a oposição combate quem está no poder, no Brasil acontece o contrário, porque nós temos a pior classe rica do planeta, herdeira de uma escravidão que teve a duração de 350 anos e que explorou de forma infame cerca de quatro milhões de africanos, em um tempo remoto, praticamente sem tecnologias. Os proprietários da Casa Grande jamais vão perdoar a Senzala, que ousou entrar nos Palácios do Planalto e da Alvorada, pisar em seus luxuosos tapetes e sentar na cadeira presidencial, por intermédio de Lula.
Tal acontecimento foi de mais para essa gente branca, de olhos azuis, ternos alinhados e perfumes caros, que se comporta como se fosse "superior", porque que vive de forma abastada e farta por causa da dedicação, da determinação e do talento do seu empregado, o trabalhador brasileiro, a quem ela pouco emprega, porque, proporcionalmente, quem contrata no Brasil são os micro e médios empresários, que nos governos trabalhistas de Lula e de Dilma foram considerados e respeitados e por isso receberam crédito por meio dos bancos de fomento, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e até mesmo o BNDES, que, para quem se interessar, empresta três vezes mais do que o Banco Mundial — o Bird.
Além disso, Lula pagou a dívida externa, as reservas do Brasil são da ordem de R$ 400 bilhões e, no decorrer de dez anos, os governantes trabalhistas fizeram o Brasil crescer exponencialmente, os salários aumentaram de valor e o desemprego é quase um risco nas estatísticas, ou seja, vivemos o pleno emprego. Somente para ficar nisso, porque se não eu teria de me alongar. Esse conjunto de conquistas e de melhorias sociais e econômicas gerou um ódio incomensurável nas classes sociais preconceituosas, levianas e tolas, pois que não percebem ou se negam a perceber que um Brasil robusto economicamente e politicamente propicia desenvolvimento, distribuição de renda e de riqueza ao conjunto da sociedade e não apenas, por exemplo, aos acionistas das empresas de energia cujos interesses foram defendidos pelos governadores tucanos de São Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais, bem como pelo aliado do PSD de Santa Catarina, que boicotaram o projeto do Governo trabalhista de baixar os preços das tarifas de energia, que tem o apoio dos empresários da Fiesp e da Firjan.
A direita tucana é tão leviana e descompromissada que sabotou a diminuição do preço da energia. Essa gente é tão midiática e judiciária (o STF é o alicerce das "elites") que defende privilégios, quer um Brasil VIP e, portanto, para poucos, exatamente aqueles que se consideram escolhidos, quiçá, por Deus. Afinal, eles rezam com os padres Marcelo Rossi ou Zezinho, além de terem o apoio incondicional do Opus Dei. Se tiver dúvida, pergunte ao José Serra e ao Estadão. É muita falta de nonsense, um disparate. Lula é o alvo. Juízes, procuradores, barões da imprensa, jornalistas e políticos conservadores a serviço do establishment e por causa dessa realidade precisam derrotar os trabalhistas como fizeram com Getúlio Vargas e João Goulart, que edificaram as bases do Brasil moderno e civilizaram a nossa sociedade por intermédio das leis trabalhistas.
É um acinte, um despropósito e uma inconveniência a atuação política dessa gente que quer transformar o Brasil em um grande Paraguai, que amarga forte censura ao ficar fora das decisões da Unasul e do Mercosul. É tal qual eu li outro dia: as classes hegemônicas desse País, na verdade, gostariam que o tempo voltasse e que o nosso Brasil ficasse "congelado" no tempo, a continuar a ser um gigantesco fazendão de plantação de café ou de cana de açúcar. O País do cafezinho e da garapa.
Seria ótimo para eles, os inquilinos da Casa Grande. Super cômodo. Afinal, os colonizados com um imenso complexo de vira-lata se quiserem tomar um banho de civilização bastariam ir à Corte, como o fez, de forma ridícula e sem noção, o senhor Paulo Francis. Hoje, por causa do Lula, a Danuza Leão tem de comprar passagens para ir a Nova York, a Paris ou a Londres juntamente com seu porteiro. Danuza não tem culpa de sua iniquidade, mas ela poderia deixar de fora o rei da selva, que tem de lutar duramente para sobreviver — o Leão.
Contudo, não vai ser possível para os imperialistas de pensamentos colonizados viverem em um mundo à imagem deles refletido na abominável Casa Grande. Um lugar onde poucos se locupletam e se divertem, enquanto a enorme maioria fica a sofrer na Senzala, a fim de propiciar aos herdeiros dos escravos e às suas dondocas as delícias e as satisfações adquiridas com a pobreza e o trabalho da maioria. É disto que se trata. Por isto e por causa disto, a burguesia jamais vai esquecer o Lula, mesmo se ele estiver fora do poder. A esquerda tem de reagir, porque a política é como o boxe: quem não bate, apanha. É isso aí.
Davis Sena Filho

Quando a mentira vira uma doença


Nem sempre se pode dizer a verdade. Pequenas mentiras ou omissões fazem parte do dia a dia de qualquer um e são comuns na infância. Mas, algumas pessoas extrapolam o limite do aceitável ao confundir as mentirMitomania, as com a própria realidade. Especialista fala sobre o assunto
O longa VIPs conta com a atuação de Wagner Moura
O longa VIPs conta com a atuação de Wagner Moura, no filme ele é um grande mentiroso (Divulgação)
O personagem do ator Wagner Moura no filme VIPs – recém lançado no Brasil –, mostra um mentiroso que se faz passar por um grande empresário. Na história, baseada em fatos reais, a mentira parecia tão verdadeira que enganou a muitos. O longa-metragem retrata um desequilíbrio psíquico chamado de Mitomania, que na vida real é influenciado por fatores como a busca por aceitação.
O mitômano (pessoa que sofre desse desequilíbrio) possui tendência compulsiva pela mentira. Ele é capaz de usá-la em proveito particular ou em prejuízo a outras pessoas.
De acordo com a psicóloga e psicopedagoga Lídice da Matta, a mentira é comum, principalmente na infância.
“É preciso permitir o lúdico. Mas, não ultrapassar o limite do lúdico. Mentir faz parte da vida. A questão se torna patológica quando a pessoa começa a creditar que a mentira é a realidade. Às vezes começa na infância, quando a criança tem um mundo imaginário. Os pais devem perceber até onde essa mentira está evoluindo. O educador deve orientar nesse processo”,conta.
A mentira, o lúdico e a fantasia são parte da infância. Mas, podem acompanhar o comportamento das pessoas em outras fases da vida. “Às vezes se desenvolve na infância, na adolescência ou vida adulta como uma espécie de defesa ou para aceitação. Para ser aceito em um determinado grupo as vezes começo a mentir, mas chega uma hora que esse cerco começa a se fechar e as mentiras ganham proporções maiores. A pessoa já começa a criar coisas e é a primeira a acreditar nelas. Tudo começa de dentro pra fora”, revela.  
O tratamentoQuando as mentiras passam a ganhar ares de realidade é preciso buscar auxílio profissional. “É difícil a pessoa aceitar que está doente, que está precisando de ajuda. Esse deve ser o processo mais difícil: admitir que estou precisando de ajuda. Se começo a viver em um mundo de fantasia isso vai me prejudicar”, conta a psicóloga.
Lídice complementa dizendo que não há diferenças entre o tamanho da mentira. “Mentir, todo mundo mente. Não existe mentirinha nem mentirão, tudo é mentira”, enfatiza.
LEANDRO TAPAJÓS

Artigo semanal de Delúbio Soares


NOSSO NORTE É O SUL
  
Uma das mais desenvolvidas regiões do país, com importantíssima concentração econômica, agricultura pujante, indústrias de ponta, impressionantes indicadores sociais e de desenvolvimento humano, o Sul experimentou nos anos 90 uma situação inédita.

Foram anos duros, com empobrecimento de parcelas consideráveis da sua população, aumento de carências sociais e perdas de vulto, com a quebra de diversas empresas tradicionais, acarretando uma série de problemas até então desconhecidos ou ausentes desde décadas.

Gaúchos, paranaenses e catarinenses se viram às voltas com o crescente desemprego, aumento da violência urbana, quebras nas produções agrícola e industrial, fechamento de bancos e indústrias nascidos na região e um crescente desprestígio nas mais altas esferas do poder. Situação impensada e inaceitável para uma região que sempre contribuiu de forma decidida e forte para o desenvolvimento nacional.

Os governos neoliberais da década perdida, naqueles difíceis anos, foram de tal forma negativos para o sul brasileiro, que não encontramos na crônica política, econômica ou social daquela época um fato sequer, apenas um, por mais desimportante que seja, que aponte uma iniciativa de retomar o desenvolvimento, de amparar os produtores, de dar ao Sul o que é do Sul, de devolver ao seu povo um pouco do muito que ele ofertou ao progresso e à grandeza do Brasil. Tempos de absoluto desrespeito aquela importante região.

O Sul, desde as revoluções heroicas dos três séculos mais recentes, defendeu nossa integridade territorial à ponta de sabre e golpes de coragem. Nossas fronteiras foram preservadas menos por obra da Coroa ou da Federação do que pela invulgar bravura dos gaúchos. Juntando-se a movimentos igualmente históricos, como a Cabanagem, no Pará, os Guararapes, em Pernambuco, o 2 de Julho, na Bahia, os brasileiros do Sul foram fundamentais para que o Brasil de hoje surgisse de tais movimentos libertários. O compromisso dessa gente com a liberdade é parte de sua identidade, dos valores bem guardados desde suas raízes.

Desde 2003, com a posse do presidente Lula e a formulação de políticas sustentáveis de desenvolvimento para a região, a marcha batida para a recuperação sócio-econômica do Sul se faz notar em uma série de fatos e números, recolocando a região na posição de pioneirismo, inovação e vanguarda que sempre a caracterizou.

Os centros urbanos regionais da região Sul, especialmente Porto Alegre e Curitiba (os dois maiores), passaram a receber maior atenção do governo federal, traduzida em volume considerável de recursos e na implementação de projetos consolidados no PAC, o “Programa de Aceleração do Crescimento”.

Não houve qualquer setor da problemática urbana que não fosse contemplado com ampla discussão com a sociedade civil e os agentes econômicos, diagnóstico profundo e preciso das realidades encontradas e todo o cronograma de desembolso que tem sido fielmente cumprido pelo governo da presidenta Dilma Rousseff.

Desde o metrô para Curitiba, obras viárias em Porto Alegre,  até as de infraestrutura e saneamento básico em cidades com crescente população. Rigorosamente todos os reclamos foram levados em consideração, e as necessidades têm sido atendidas no mais vigoroso programa de retomada econômica desde os anos JK.

No Rio Grande do Sul, cuja imensa importância social e econômica foi desconhecida pelos governos anteriores aos de Lula e Dilma, as medidas de apoio decidido aos que produzem se fizeram sentir de forma especial. Uma economia baseada na pecuária, seguida da agricultura de subsistência, depois comercial - monocultura e policultura voltadas ao mercado consumidor - e a fortíssima industrialização iniciada em meados da primeira metade do século XX. A notável presença dos pequenos produtores na equação da riqueza regional proporcionou as condições indispensáveis para a criação de milhares de boas indústrias voltadas para o setor agropecuário.

A produção agrícola se compõe primordialmente das culturas de soja, trigo, arroz e milho. Na pecuária, destacam-se as modernizadas produções de bovinos, ovinos, eqüinos, cavalo crioulo e suínos. Já no setor industrial se destacam as empresas que trabalham com o couro em geral, calçadistas, alimentícias, têxteis, madeireiras, metalúrgicas, químicas, de fertilizantes e implementos agrícolas, com destaque para a excelência técnica, a sofisticação de seus produtos e a altíssima aceitação dos mesmos nos mercados nacional e internacionais.

Santa Catarina e o Paraná não ficaram atrás. Mesmo com desencontros e governos não alinhados com as administrações de Lula e Dilma, jamais foram discriminados ou preteridos, merecendo atenção e apoio dos governos petistas.

A agroindústria catarinense, baseada na sólida presença minifundiária no centro e oeste do Estado, recuperou-se da péssima fase enfrentada nos anos 90, quando empresas faliram diante do olhar indiferente do governo FHC, o mesmo que imediatamente financiou multinacionais com fundos do BNDES para que assumissem as mesmas empresas. Caso emblemático foi o de grande grupo argentino, apadrinhado por Carlos Menem, que assumiu um dos três maiores frigoríficos locais e, sem colocar um real, protagonizou nova e suspeita quebradeira deixando o prejuízo para os contribuintes, além de uma crise de imensas proporções sociais e econômicas no oeste catarinense.

Hoje, Santa Catarina se desenvolve nos sólidos pilares e sua vocação histórica: o turismo em sua bela capital, as indústrias em Joinville, Criciúma e Blumenau, os portos de Itajaí e São Francisco, a florescente indústria eletro-eletrônica e a pujança de sua agroindústria.

O Paraná, que amargou perdas consideráveis com a desaparição de grandes corporações genuinamente paranaenses, as privatizações danosas de seu banco estadual e diversas rodovias, a tentativa frustrada de privatização de estatais bem-estruturadas e lucrativas como sua energética, a Copel, tem merecido atenção e apoio irrestrito por parte dos governos do PT. O que o governo FHC sonegou aos paranaenses ou tirou do Paraná, tem sido reparado com uma política de repotencialização daquela importante e querido Estado.

Os indicadores sócio-econômicos paranaenses apresentaram sensível melhora nos anos Lula e Dilma. Expectativa de vida, alfabetização, acesso à internet, escolaridade, habitação, são setores que comprovam tal realidade. A exceção se dá na questão da violência urbana, que sob a égide do governo tucano local tem disparado de forma impressionante, jamais vista pela população.
  
O Sul é o retrato de um Brasil rico e poderoso que foi enormemente prejudicada pelas políticas neoliberais do governo tucano, enfrentando uma decadência social e econômica jamais vista. Hoje, após uma década de apoio, incentivo, parceria e, especialmente, respeito pela terra e sua gente, volta a assumir a posição protagônica e excepcional que sempre mereceu.

Hoje já não se compreende como o Brasil poderia estar na extraordinária situação em que se encontra, como a sexta economia mundial, se uma de suas mais ricas regiões não estivesse, também ela, no alto patamar desenvolvimentista que historicamente sempre lhe foi destinado.

Torres Garcia, o genial artista plástico uruguaio reverenciado em todo o mundo, fundador da célebre “Escuela del Sur”, que influenciou e influencia as artes plásticas em todo o mundo, foi quem nos alertou para que, ao invés de mirarmos para a Europa rica e colonial e os Estados Unidos poderoso e imperialista, voltássemos nossos olhares para a riqueza de nossa região, dos países do Cone Sul: “nosso norte é o sul”.