Por que o Psdb se cala diante da corrupção no Paraná?

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Deputado estadual Requião Filho, do PMDB, encaminhou ofício a três lideranças do PSDB – os senadores Aécio Neves (PSDB/MG) e Alvaro Dias (PSDB-PR), assim como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) – em que cobra um posicionamento sobre os escândalos de corrupção que atingem o governo paranaense, de Beto Richa; "por muito menos, o PSDB pediu o impeachment da presidente Dilma"; leia a íntegra da sua coluna Aqui

Por que o Psdb se cala diante da corrupção no governo do Paraná?

Estamos cansados de tanta incoerência e tantos escândalos de corrupção no Paraná.
O PSDB Nacional pediu o impeachment de Dilma por menos do que tenta agora o atual DESgoverno do Paraná. Encaminhei um ofício aos líderes do PSDB nacional – Álvaro Dias, Aécio Neves e Carlos Sampaio – solicitando um posicionamento e uma atitude em relação à contradição adotada pelo governador Beto Richa. Após a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, ele copiou a manobra nacional para adequar o resultado ao rombo das contas que promoveu no estado em 2014, para garantir a aprovação do Tribunal de Contas. Ele não cumpriu o que prometeu e agora quer anular o que disse jogando para nós, deputados estaduais, a aprovação desta imoralidade.
É necessária uma interferência imediata da cúpula do PSDB no Estado do Paraná, no intuito de vetar que o governador aplique tal manobra, considerada ilegal e imoral com a população paranaense. A atitude adotada pelo Desgovernador PSDBista não apenas coloca em xeque o discurso de seu próprio partido, mas é capaz de rotular como ‘mentiroso’ todo o trabalho realizado pelo PSDB Nacional para evitar as alterações propostas pelo Executivo Federal.
O atual DESgoverno traiu o povo do Paraná. Após anos de propaganda mentirosa e um dos maiores estelionatos eleitorais da história política do Paraná… o famoso “o melhor está por vir” quando ele sabia que o Estado estava quebrado e agora cobra de nós paranaenses a conta de sua incompetência. Ontem entrou em vigor o aumento de impostos para mais de 95 mil produtos de consumo popular (alimentos, medicamentos, produtos de higiene e uso doméstico, calçados, vestuário, madeira, eletrodomésticos, entre outros). Esse é o resultado do primeiro “pacotaço” do governador, aprovado em comissão geral na Assembleia Legislativa, no dia 10 de dezembro do ano passado!
O segundo pacotaço que levou o Paraná a praticamente uma greve geral e teve que ser retirado às pressas da ALEP, com a promessa que não voltaria a ser apresentado e o que voltasse seria discutido agora volta fatiado, camuflado e sem ter sido discutido com a sociedade. A manobra continua. Vem aí o próximo capítulo da novela “O pacotaço”. O cenário será o mesmo, a Assembleia Legislativa do Paraná.
Além de todas estas incongruências, a corrupção se avizinha do Palácio Iguaçu. Notícia em cima de notícias demonstram que o Desgovernador não sabe escolher seus amigos e conselheiros. Todos os escândalos de corrupção, misteriosamente e de maneira suspeita, envolvem pessoas próximas ao Governador… envolve do primo ao co-piloto do seu carro de corrida passando pelo fotografo tatuado.
Está na hora dos políticos do Paraná mostrarem que estão do lado do povo e deixarem sua marca, ou serão fatalmente eliminados nas próximas eleições, como em paredões de reality shows, seguindo esquecidos e anônimos no meio da multidão.
Chega de enrolação!!! Vamos lançar um movimento contra a corrupção no Paraná, um moimento à favor da investigação das ligações entre os escândalos que tornam o nosso Estado notícia no Jornal Nacional e suas ligações com o atual Governo.
Vamos divulgar e noticiar os nomes daqueles que se opõe à corrupção e aqueles que se calam diante dela.
A distância entre o discurso e a prática é grande. Fala-se muito em combate a corrupção, mas as atitudes não correspondem aos discursos.
Queremos CPI da Receita, queremos a CPI da Corrupção.
Requião Filho - deputado estadual do Paraná



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Paulo Moreira Leite

imigração13Europa atrasou-se quinhentos anos
Proposta de desmantelar barcos que transportam africanos para fora do Continente deveria ter sido feita antes da escravidão

Brasil 247


Europa atrasou-se 500 anos

Com um certo cinismo, seria até possível considerar o apelo de Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Européia, para desmantelar o esquema de imigração de africanos para o Velho Mundo. Claro que mesmo assim seria preciso discordar de qualquer ação militar, contra homens e mulheres que não tem como se defender em alto mar. Mas a ideia tem um defeito anterior e essencial: um atraso de cinco séculos.

Aqueles barcos que hoje atravessam o Mediterrâneo são sucessores diretos de milhares de embarcações, de várias etapas da tecnologia de navegação, que deixaram a África a partir do momento em que a civilização européia organizou e explorou a escravidão de um Continente inteiro, mudando sua história e comprometendo seu futuro. Perdemos a conta dos milhões de seres humanos que foram transportados pelos oceanos, em porões sombrios, famintos, correntes nos pés. Mas sabemos que ali começou uma história que não volta mais e que deve ser encarada como aquilo que foi e é.

Veja que epopeia, desde aquela fase da evolução humana que os autores europeus chamam de Descobrimento, povoando nossa imaginação com homens de olhar intrépido, lunetas e calças de almofada.
A riqueza daquele período se encontrava na América mas o braço que tinha músculos para explorar o ouro e a prata — e depois colher o café, plantar o algodão — erguendo tantos degraus de civilização e de cultura, vinha da África. Foi dali que saiu a mão-de-obra cativa e baratíssima que permitiu os primeiros séculos de globalização.
Talvez fossem embarcações maiores, muito mais infectas e menos seguras. Mas eram os mesmos barcos com as mesmas pessoas, os bisavós, trisavós, tataravós. Não adianta negar: chegaram até hoje. Estão aí, na nossa frente, ao nosso lado.

Naquele período tardio e muito menos glorioso, que deve ser compreendido como o primeiro e colossal o holocausto da história da humanidade — a observação é da judia Hannah Arendt — o inesquecível Rei Leopoldo, da Belgica, mandava decepar mãos, braços e pernas de negros que não entregavam uma cota fixa de diamantes para o império colonial.
Quando este colonialismo selvagem, sem pudores, parou de funcionar, inventou-se o apartheid, o colonialismo interno, protegido pelos heróis do conservadorismo contemporâneo, adorados por jovens economistas de senho franzido: Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

O projeto de ataque militar aos barcos que hoje atravessam o Mediterrâneo expressa um momento de regressão cruel da história humana, quando uma diplomacia imperial controla, corrompe e derruba governos, inviabiliza Estados nacionais, planeja transformar nações inteiras em campos de exploração e enriquecimento rápido.

Mas a dificuldade não vêm da África. Está na Europa.
Enfrentando a pior crise econômica dos últimos 80 anos, respondida com políticas suicidas de austeridade, os povos europeus assistem ao ressurgimento do fascismo — em diversas variações — em suas fronteiras. A prolongada crise econômica mundial não está na China, nem nos Estados Unidos. Mas no enfraquecimento da Europa, região que abriga o maior e mais rico mercado consumidor do planeta.
Em cada país, os ataques aos direitos dos trabalhadores e da população pobre são questionados, dia após dia. No plano externo, vigora uma diplomacia da pilhagem e da exploração, sem qualquer perspectiva de estimulo ao desenvolvimento e combate a miséria — ainda que dentro dos marcos tradicionais da divisão mundial da riqueza.

É essa falta de perspectiva que expulsa os africanos de seu continente, novamente assaltado pela História dos outros. A violência política é consequência. O fanatismo também.

Sejam ou não capazes de aceitar a ideia, os povos europeus tem uma imensa responsabilidade política e moral com o destino dos povos africanos. O mesmo vale para o império norte-americano, principal promotor e beneficiários das últimas etapas de globalização, que tudo controla e vigia.
Não é caridade. Têm o dever de devolver uma parte do que tomaram no momento em que se decidiu transformar o mundo numa realidade integrada e a humanidade numa grande massa, heterogênea e mesmo desigual, mas interdependente. E quem discorda precisa admitir que já passaram cinco séculos para se defender outra ideia.
Paulo Moreira Leite


Jânio de Freitas

Passos além
A fase da hostilidade pela hostilidade contra Dilma e o governo, para afirmação de liderança sobre o que há de pior no Congresso, está superada, ou quase. Substituída por algo mais baixo, claro, já que se passa na atual composição do Congresso. Começa a predominar uma conduta bastante mencionada no Código Penal, que, no entanto, não chegará a ser invocado como resposta por insuficiência de seriedade nacional para tanto.

Com o retorno dos 75 anos, e não mais 70, para aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente do Senado, Renan Calheiros, produziu uma ideia oportuna: exigir que os ministros passem por sabatina e aprovação do Senado, como fizeram para entrar no Supremo, a pretexto de se tratarem os cinco anos de nova investidura.

Renan Calheiros está sob investigação no Supremo, no rol de políticos envolvidos nas delações da Lava Jato. A reação de Renan não se limitou a negar o envolvimento e oferecer-se para esclarecimentos. Acusou o governo de mandar incriminá-lo, portanto acusou Rodrigo Janot, o juiz e os procuradores de subserviência e improbidade. De quebra, acusou o ministro Teori Zavascki de servir a essa trama, ao autorizar a investigação. A reação de Renan Calheiros oferece uma medida preliminar da sua preocupação com o caso, ou seja, com seu possível resultado. O histórico de Renan Calheiros ajuda a compreender a sua preocupação.

E a reação à investigação faz compreender sua projetada exigência de nova sabatina para os ministros do Supremo. Quando menos, os julgadores de Renan estariam sujeitos a situações de extremo desagrado. E conquanto não se saiba o que o senador pensou, políticos do seu estilo raciocinam e agem em função de pressões e negociações, de toma lá-dá cá, do vulgarizado dá-ou-desce.

O Supremo não é uma praça para esses expedientes. A política é. A ideia de Renan Calheiros por certo seria ou será bem acolhida na Câmara, cujo presidente Eduardo Cunha, aliás, e não por mera coincidência, também é investigado pelo Supremo.

Até pelo método implícito, a Câmara atual é receptiva ao projeto de Renan. Para não haver dúvida, Paulinho da Força atesta-o em dose dupla. Quer a convocação do procurador-geral Rodrigo Janot pela CPI da Petrobras, onde os lanceiros de Eduardo Cunha podem submetê-lo ao que os ministros do Supremo estariam sujeitos, com a iniciativa de Renan Calheiros. E, de sua lavra ou do próprio Eduardo Cunha, com quem a ideia se parece mais, promete um projeto de emenda constitucional para extinguir o segundo mandato permitido a procurador-geral. O de Rodrigo Janot expira daqui a quatro meses.

Esse é outro projeto a que a Câmara de Eduardo Cunha está pronta para dar boa recepção. Por seus efeitos, é mais perigoso que os anteriores. Alterar o funcionamento da Procuradoria Geral da República não seria só represália ou pressão. No caso, seria invadir o território institucional por motivo torpe. Passaria muito de todos os limites.
na Folha de São Paulo


Política

Sem mobilização, reforma política será um arremedo para pior
A reforma política continua sem maioria na Câmara dos Deputados. Na comissão especial analisa propostas de emendas constitucionais o relator, deputado Marcelo Castro (PMDB/PI), se opõe abertamente ao voto distrital defendido pelo partido, pelo Vice Presidente Michel Temer e pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha. Segundo notícias, isso poder levar a sua destituição do cargo, por iniciativa do partido.

Matéria no Valor informa que a maioria do PMDB é favorável ao “distritão”, o voto majoritário em substituição ao proporcional, um sistema que liquida com os partidos e minorias e pode tornar sem validade mais da metade dos votos dados aos candidatos. O “distritão” favorece o poder econômico e põe fim ao voto proporcional.

É um erro avaliar que a reforma não é aprovada por interesses menores ou apenas partidários ou de parlamentares. Pelo contrário, ela não forma maioria porque cada proposta tem conseqüências para a democracia. Um exemplo: o voto distrital misto proporcional é diferente do distrital puro, porque não e majoritário. Isso faz uma diferença brutal. O financiamento público, misto ou privado por pessoas físicas e/ou jurídicas com tetos mínimos faz toda diferença com relação ao peso do poder econômico. Idem a cláusula de barreira e o fim das coligações proporcionais, que defendemos. Reeleição ou não, eleições a cada dois anos ou coincidências de todas a cada cinco — todas as opções são legítimas mas cada uma significa mudar ou piorar o atual sistema já comprovadamente superado.

Sem mobilização e participação popular, sem pressão e luta não haverá reforma política. Teremos, no máximo, um arremedo como o “distritão” — o pior dos modelos propostos.




por Zé Dirceu