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Ciro Gomes: este é o ano da vendeta

[...] fisiologia age contra Dilma

Trechos da entrevista que Ciro Gomes deu ao site Poder Online do IG.

Como sempre, sem papas na língua, com palavras e meias, ele solta o verbo e diz o que alguns detestam ouvir. Confiram:

Poder Online - E no nível nacional, como o senhor está vendo as coisas.


Ciro Gomes – Está ocorrendo o que eu havia previsto: este é o ano da vendeta. Um ano eleitoral com a economia esfriando, agravado pela goela grande do PT, tudo isto cria o caldo de cultura para a vingança desses grupos fisiológicos contra a presidenta Dilma Rousseff.

Poder Online – Como assim? Vingança por quê?

Ciro Gomes – Pela faxina. Por ela ter agido corretamente, defenestrando os corruptos dos ministérios. Aí o PMDB faz manifesto, ameaça rebelar-se. O PDT vota contra o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos, o PR ameaça ir para a oposição. Tudo agravado ainda pelo fato de o ex-presidente Lula estar tão interessado numa vitória em São Paulo. Isso abre mais espaço para o achaque, a turma ficar ameaçando lançar candidato, apoiar o José Serra…

Poder Online – O senhor falou do esfriamento da economia. Acha que a coisa vai desandar?

Ciro Gomes – Acho que não ocorrerá nenhuma tragédia, porque a presidenta Dilma tem administrado muito bem as medidas anticíclicas, como a expansão do crédito, do investimento público, a taxação do câmbio… Isso tudo garante que teremos aí 2% a 2,5% de crescimento do PIB este ano. É razoável para a situação em que está a economia mundial. Mas essa turma fisiológica tenta se aproveitar de um crescimento menor da economia para jogar no enfraquecimento da presidenta. E é isto que está acontecendo. Querem se aproveitar para promover a vendeta.

The end of elegance

Moda não pode nunca mais ser moda outra vez, explica Stefano Pilati da Yves Saint Laurent

Não é exagero dizer que Yves Saint Laurent é o maior nome, mais evocativo da história da moda. Stefano Pilati foi diretor criativo da empresa durante a última década, definindo ainda era um outro com o olhar analítico para o projeto e pareceres franco sobre o lugar da moda na cultura moderna. Antes de tomar a direção da YSL, Stefano trabalhou com Tom Ford, Prada Miuccia, talvez as figuras mais inovadoras da moda italiana dos últimos 20 anos. Enquanto Stefano era o candidato mais adequado para assumir a casa de moda de bilhões de dólares depois de Tom Ford partida, isso não significa que ele não mijar fora um monte de gente no processo. E ao escrever sobre e entrevistar aqueles na indústria da moda pode rapidamente virar no absurdo pretensioso, para ser honesto, para as pessoas que, como eu - de moda ao vivo da mesma forma que os outros vivem de música ou arte, como Stefano real quanto ele ganha. Até agora, ele conseguiu manter YSL economicamente viável, enquanto a bandeira com a elegância ea estranheza levantada pela primeira vez por seu mentor e mestre, Yves - um gênio psicótico cuja loucura criado uma nova forma de comunicação. Mas as coisas estão mudando para os designers, os tempos estão difíceis e as batalhas devem ser escolhidos com cuidado. Como Kim Jong-il costumava dizer: "Aquele que tem medo de um desafio nunca será um bom revolucionário." Stefano é sem dúvida uma figura revolucionária, e ele não tem medo de provocação - se que significa servir a controvérsia ou sentar enquanto moda blogueiros cadela sobre ele. eu conduzi a seguinte entrevista com Stefano via Skype. Ele estava sentado em seu escritório em Paris, vestido com esmero, enquanto eu definhava na minha cama como uma fotografia Nan Goldin. 

VICE: A visão que você trouxe para Yves Saint Laurent é muito diferente - e alguns diriam mais ousada e perversa - do que seu antecessor, Tom Ford. Havia pessoas na indústria da moda que não estavam felizes com suas ideias e cuja oposição você teve que superar? 

Stefano Pilati: Claro! Me deparei com muitas dificuldades, e às vezes ainda faço. Minas tem sido um sério, caminho, respeitoso profissional, baseada na idéia fundamental de elegância na YSL. Algumas das escolhas que faço em minhas coleções, entretanto, são em última análise, devido a negócios, mas acho que eles ainda podem ser vistas como opções glamourosas, no entanto. Alguns isso tem a ver com o fato de que quando eu comecei, a empresa estava perdendo um monte de dinheiro - 75 milhões de euros por ano. Eu não começar do zero, eu comecei a negativa 75 milhões. Eu tive que encontrar um equilíbrio. Fui convidado para ser inovador, respeitando a tradição da maison , mas eu também tinha que ser comercial e vendável. As pessoas estavam esperando fogos de artifício, mas eu nunca lhes deu qualquer.Eu tive que colocar a primeira fundação. 

VICE: Seria justo dizer que sua influência foi sutil, mas significativa?

Stefano Pilati: Sim, eu criei uma nova silhueta. Em 2004, todo mundo estava saindo com baixa de cintura calças e saias. Foi nojento! Você andaria pelas ruas e ver bundas gordas em low-cut jeans. Então eu disse a mim mesmo: "Talvez nós não temos de continuar a ver isso." Isso é quando eu levantei a cintura e apertou-o com cintos e outras coisas. É uma silhueta que ainda é a base para muitas coisas hoje, mas ainda está trabalhando. . E, de fato, apesar das críticas iniciais, me foi dado o crédito por isso ?

VICE: Que tipo de dificuldades você teve que passar quando você entrou na YSL? 

Stefano Pilati: Você sabe, YSL - infelizmente para mim - já está fortemente definido na imaginação das pessoas. Quase todo mundo tem uma opinião sobre ele. Você faz saias com babados, eles pedem capas, você faz capas, eles pedem smoking, você faz o smoking, eles querem mais 1970; se você for 1960, não, você deveria ter ido para a década de 1980. Meu maior desafio foi colocar toda essa merda de lado.Quando crio uma peça de roupa, acho que de hoje a vida de dinamismo, o papel da mulher na sociedade, e seu comportamento em determinadas situações. Estou falando de mulheres que desempenham papéis importantes em nossa sociedade, não apenas a esposa do gastador-grande ou amante que passa seus dias sendo fodida por seu namorado rico. Eu tento incluir toda a sociedade em minhas criações. Essa é a coisa mais desafiadora. Saint Laurent é talvez a marca mais complexa do sistema de moda, porque você tem que enfrentar a imaginação das pessoas, que é infinito, como infinito como o trabalho de Yves era. Ele foi talvez o designer mais prolífico da história da moda. A partir dos anos 1960 aos anos 80 - eu estou falando sobre o nascimento de prêt-à-porter - que é quando ele era mais ativo, e é também quando a indústria da moda atingiu o nível seguinte. Talvez a epítome da mulher e do glamour, pelo menos na cultura mainstream, é a roupa tapete vermelho - as mulheres em Los Angeles, usando vestidos longos em quatro horas, todo feito como se fosse uma apresentadora de um telejornal, com penteados 1930. É uma das coisas mais deselegantes imagináveis. Não temos ícones de elegância, não temos uma Grace Kelly. 

VICE: Existem mulheres contemporâneas que você consideraria exemplos de elegância? De um modo geral, ou referindo-se especificamente a Yves Saint Laurent? 

Stefano Pilati: Em geral, minha idéia de elegância - e isso se refere às mulheres como os homens - é que alguém está elegante quando ele ou ela mostra um bom conhecimento do que lhes cabe, onde você pode encontrar naturalidade e auto-estima. Não se exibir. Elegância é a idéia de mostrar um retrato otimista de si mesmo, e não perder-se na frivolidade de estilo e moda. Hoje em dia ninguém dá a mínima para ser elegante, ou chique. Se você está fazendo isso, você está fazendo isso para si mesmo, porque é o seu jeito de ser. Quando você não está pensando: "Isso é moda", e você não está comprando roupas para criar declarações, você está no caminho certo. Se a moda vai cintura baixa e você é gordo fundo, bem, esqueça, não colocar slim-encaixe jeans. Eles vão olhar terrível em você. Você deve se vestir de preto, seria melhor. Mas, falando sério, não é fácil encontrar mulheres elegantes. Há alguns, a maioria dos quais são antigos - e há um ou talvez dois no mundo que criou um novo estilo, quando eles eram jovens. Hoje, quando eu ir para Nova York e da arte e pesquisa de moda, vejo as mulheres inteligentes e que o nível é alto. Mas há uma diferença entre isso e dizer uma mulher é elegante. 
por Costantino Della Gherardesca

CartaCapital entrevista a presidente Dilma Rousseff

Abaixo alguns trechos::

  • Corrupção "Por uma questão não só de ética e moral, mas de eficiência, você é obrigado a tomar providência", afirmou Dilma.
  • Imprensa pautar governo "Nem na história do Transportes, nem no caso da Agricultura ou de qualquer outro caso que por ventura ocorra, não temos o princípio de ficar julgando as pessoas."
  • "Não vou gastar nisso (dando importância a imprensa) todo o meu tempo, que é político."
  • Nomeação de Celso Amorim "Não estamos mais na época das vivandeiras", afirmou.
  • Demissão de Nelson Jobim "Nem na época da monarquia o rei era insubstituível, havia aquela história dos dois corpos do rei, o divino e o humano. O rei morreu, viva o novo rei", disse.
  • Rebaixamento da nota dos EUA "Não houve nenhuma grande alteração, a não ser política, que justificasse ".
  • Copa 2014 "O problema dos aeroportos não é da Copa, é algo para depois de amanhã. Asseguro que em 2014 estará tudo prontinho."
  • Comissão da Verdade "Queremos que seja unânime nas bancadas do Congresso. Não há motivo nenhum para o PSDB e o DEM não a aprovarem", disse.
  • Trem-bala ligando o Rio a São Paulo "Não se trata de apenas oferecer mais uma alternativa de transporte, mas de produzir uma reconfiguração urbana."



Palocci concede entrevista ao JN

O ministro Antônio Palocci gravou hoje a tarde uma entrevista à rede Globo de televisão. 

A equipe da TV Globo chegou ao Palácio do Planalto, depois das 16h para gravar a conversa do ministro com o jornalista Júlio Mosquéra. 

Na ocasião, deverão ser revelados os detalhes de sua evolução patrimonial como, a compra de um apartamento avaliado em R$ 6 milhões e de um escritório de R$ 882 mil. 

A entrevista está prevista para ir ao ar no Jornal Nacional desta noite.
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Luto

“O Pará está de luto”
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A declaração é da deputada estadual Bernadete Ten Caten (PT-PA) e resume a dor que cobriu o Pará, nesta terça-feira, quando os líderes ambientais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foram assassinatos em Maçaranduba, no Sudoeste do Estado.


Ambos faziam parte de uma lista da Pastoral da Terra de ativistas da região que já foram ameaçados de morte em função do seu envolvimento em movimentos sociais e em atividades na defesa do meio ambiente. O velório foi hoje em Marabá, sob forte comoção da comunidade.

Deputada, como está o clima hoje no Pará?
 
[ Bernadete Ten Caten ] O Pará está de luto. Estamos todos revoltados e indignados com o assassinato de José Cláudio e da Maria do Espírito Santo. A emboscada foi armada a 12 Km do lote em que eles moravam, a 70Km de Marabá. Eles passavam por uma estrada vicinal de bastante risco, que exige a parada dos motoristas, quando os pistoleiros disparam em José Cláudio e, em seguida, deram um tiro no rosto da Maria do Espírito Santos.  
 
Nós éramos amigos, somos do PT e sempre acompanhei a trajetória do casal. A Maria havia acabado de se formar em Pedagogia da Terra e o José Cláudio estava na faculdade. Além de ambientalistas e ardorosos defensores da floresta, eles lideravam o Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, que agrega mais de 100 famílias. No Pará, há mais de 480 projetos de assentamento. Mas o deles é o único que não tem produção de agricultura familiar e pecuária. O foco é o agroextrativismo, na linha da economia solidária e da preservação ambiental.

Eles estavam jurados de morte?
 
[ Bernadete ] Sim. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acolheu depoimentos de várias pessoas que vêm sofrendo ameaças de mortes. Eles estavam entre estes nomes, ao lado de mais duas pessoas do assentamento. As ameaças começaram há cinco anos, quando passaram a denunciar a extração irregular da madeira. Como deputada estadual, eu reforcei esta denúncia.Eles preservavam o único lugar em que ainda existem grandes castanheiras em pé na região.
 
Como você avalia a determinação da presidenta Dilma para que a Polícia Federal investigue a autoria dos assassinatos? 
 
[ Bernadete] A iniciativa da presidenta repercutiu de forma positiva. As investigações começam com força. A Polícia Federal já está ouvindo as testemunhas na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá (DECA). A Comissão Pastoral da Terra e a Ouvidoria Agrária Nacional da Secretaria Pública do Estado, entre outras entidades, acompanham os processos. Na realidade, o ideal é que governo federal e o estadual atuem juntos para apurar os fatos.
 
Como explicar a grande incidência de mortes no Pará? 
 
[ Bernadete] Nos últimos anos, a incidência de mortes violentas resultantes de conflitos fundiários tem sido menor. Tivemos entre as décadas 80 e 90 um contingente grande de assassinatos, mas houve uma drástica redução, salvo o caso da Irmã Doroty. Ninguém esperava as mortes de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, apesar das ameaças e de eles estarem na lista da CPT.

Estagiário

Amigos e leitores

Muito bom.
Quando terminar a primeira parte do vídeo não deixem de clicar para ver a continuação.
Tenham um ótimo fim de semana.
Abraços,
 O que tem de moleque achando que a vida é assim mesmo...




 ;-)

Emprego

[...] entrevista  politicamente incorreta


- Seu nome?
- Moisés Lima.
- Escolaridade?
- Terceiro grau completo!
- Vamos começar com perguntas simples, conhecimentos gerais, história, geografia, ciências, personalidades.
- Quem foi Stalin?
- Um cara que cantava estalando os dedos.
- E Lênin?
- Tocava nos Beatles.
- O senhor não quer dizer Lennon?
- Esse fazia dupla com a Lilian.
- Ah… Leno!
- Não… Cantano.
- Vamos mudar de assunto. O que é equação?
- É a arte de montar uma égua.
- E equitação?
- É quando a gente paga todas a nossas dívidas.
- O que é um quelônio?
- É um tipo de mineral radioativo.
- Não seria plutônio?
- Não… esse é o nome completo do cachorro do Mickey.
- O que é fotossíntese?
- Denominação técnica para um retratinho 3 x 4.
- O que é um símio?
- Um cara que nasceu na Símia.
- Na Símia? E qual é a capital da Símia?
- Nessa tu me pegou: não me lembro agora.
- Quem era Pancho Vila?
- Companheiro de Dom Caixote.
- O que é um caudilho?
- Um osso que tem na ponta da coluna e segundo os cientistas, comprova que o homem tinha rabo e descende do macaco.
- Onde fica a vesícula?
- Debaixo da clavícula.
- Onde ficam os glúteos e para que servem?
- Ficam na garganta e servem para engolir.
- Onde fica o baço?
- Não é baço. É braço. São dois e ficam antes das mãos.
- Para que servem as fibras óticas?
- Para movimentar os olhos.
- Onde fica o Triângulo das Bermudas?
- Qualquer costureira sabe: entre o cós e o gavião.
- Quem descobriu a Lei da Gravidade?
- Um médico ginecologista francês, o Dr.Jeckyl.
- Putz! E quem foi Sócrates?
- Sócrates? Jogou na seleção. Tá vendo? Também conheço futebol; não é porque eu torço para o Atlético-MG que vou ficar por baixo em tudo!

Che Guevara

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Che Guevara
O  "Dossiê GloboNews" apresentará uma entrevista com o jornalista Flávio Tavares, que conta suas histórias sobre Che Guevara, com quem teve contato durante um trabalho que resultou em belíssimas fotos. 

Na entrevista a Geneton Moraes Neto, Tavares lembra que, ao notar que seria fotografado à noite, sem flash, Che disse: 

"Vocês, brasileiros, fazem milagre com tudo". 

Essa e outras histórias, vocês poderão conferir neste sábado às 21h05, na GloboNews (saiba mais).

Entrevista

Ana Buarque de Hollanda
Ministra da Cultura

Andre Dusek/AE
Andre Dusek/AE
Em entrevista ao Estado, a ministra da Cultura Ana de Hollanda fala do conteúdo de sua conversa com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, durante a passagem de Obama pelo Brasil. “Eles estão preocupados com a flexibilização dos direitos autorais e de como isso pode levar a uma maior tolerância com a pirataria.” Ana respondeu ainda sobre questões referentes a reformas das leis do direito autoral e Rouanet. E deu sua opinião sobre o episódio Maria Bethânia, que teve autorização do MinC para arrecadar R$ 1,3 milhão que serão destinados à criação de um blog de poesia: “Fizeram uma tempestade em copo d”água”.
A senhora até agora falou pouco e ouviu muito. Está sendo um começo difícil?
Qualquer anúncio de mudança gera insegurança. Por mais que tentemos esclarecer que estamos estudando as questões, as pessoas querem respostas imediatas. Aí começam a sair versões do que poderia estar certo ou errado. Eu nunca tive uma situação como temos agora, de sentar para responder.
Qual foi sua primeira impressão ao ler o projeto de lei do ex-ministro Juca Ferreira, que pede mudanças na atual lei dos direitos autorais?
Aquela proposta me assustou um pouco. O direito do autor está previsto na Constituição, é uma cláusula pétrea. Ele tem que ser respeitado. Comentava-se muito no meio cultural que as mudanças estavam deixando o autor em uma situação frágil em vários aspectos.
Por exemplo?
Quando se falava das cópias de um livro, por exemplo. Se essa obra for editada sem autorização, pela lei vigente, a obra seria recolhida e o infrator pagaria uma multa de, se não me engano, o equivalente a 30 mil cópias. A proposta de reforma já falava em multa de até 30 mil livros. Ou seja, a multa poderia ser de um, dez ou 30 mil. São detalhes que deixam o detentor dos direitos em situação frágil.
As mudanças da lei propostas por Juca davam ao presidente da República poder para conceder os direitos de obras em casos especiais. A senhora já retirou esse poder do presidente e o repassou ao Judiciário. Qual é o limite da participação do Estado em questões ligadas aos direitos autorais?
Sinto ainda que existe uma interferência muito forte do Estado no projeto de lei e isso, de uma certa forma, vai infringir a Constituição. O direito de associação de artistas é permitido pela lei, é livre. Então o intervencionismo do Estado (na fiscalização do Ecad) é muito complicado. Mas entendo que é necessário haver, sim, uma transparência para os autores sobre seus rendimentos.
A senhora está dizendo que o Estado vai fiscalizar o Ecad?
Eles devem apresentar um balanço público (sobre o que arrecadam em direitos autorais).
O que a senhora discutiu com o secretário do comércio dos EUA, Gary Locke, durante a visita de Obama ao Brasil?
Ele estava muito preocupado com a questão da liberação dos direitos. De como a flexibilização no direito autoral pode acarretar mais tolerância com a pirataria. Isso não preocupa só os americanos, preocupa nossa indústria cinematográfica, editorial, fonográfica. Estão com medo de que essa produção seja fragilizada. É muito preocupante essa possibilidade de a gente liberar para o mundo nossa produção. Isso pode desestimular os artistas. Por que vão editar obras no Brasil se o Brasil não as protege?
Foi pensando assim que a senhora mandou retirar o selo do Creative Commons, que propõe maior liberdade nos licenciamentos de obras artísticas, do site do Ministério da Cultura?
Eu achei muito estranha a gritaria que esse caso criou. Aquele selo era uma propaganda dentro do site do MinC. Não existe a possibilidade de você fazer propaganda ali. A responsável agora sou eu e eu não podia permitir que isso continuasse.
A decisão da senhora então não foi ideológica?
Não, foi administrativa.
Então, ideologicamente, o que a senhora pensa dessa nova relação de direitos autorais proposta pelo Creative Commons?
A questão que me preocupa é que a concessão de direitos no Creative é irreversível. Há sempre um prazo para uso de direitos autorais. Eu posso ceder minha obra para tal uso por cinco, dez anos e depois eu posso reaver essa obra. Mas é bom dizer que essa decisão, de usar o Creative Commons, cabe unicamente ao autor.
Palavras da senhora no discurso de posse: “É importante democratizar tanto a produção quanto o consumo da cultura”. A reforma na lei dos direitos autorais e o Creative Commons são em tese democratizantes, no sentido de que garantiriam que a cultura chegaria a mais pessoas. Democratizar está sendo mais difícil do que a senhora imaginou?
A democratização é possível sempre, mas ela tem de prever também o pagamento àqueles que criam. Um autor de um livro que trabalha dez anos com pesquisa vive disso. O direito autoral é o salário dele.
A internet foi o paraíso para muita gente, já que o preço de um CD se tornou inacessível para muitos. Como fazer com que esse consumo continue sem prejuízo para os autores?
Essa é uma questão, sim, que tem de ser estudada nos próximos passos que vamos dar. Agora há pouco, vi um estudo no Canadá que sugere cobrança dos direitos de provedores. Estamos nesse impasse entre a proibição absoluta – que é quase impossível, já que as pessoas estão baixando – e uma liberação que não prevê o pagamento de direitos.
Maria Bethânia teve a aprovação do Ministério da Cultura para captar via Lei Rouanet R$ 1,3 milhão para criar um blog de poesia. Qual a opinião da senhora sobre isso?
Isso foi uma tempestade em copo d”água. Projetos assim são aprovados mensalmente. A lei, que tem também modificação pedida no Congresso, prevê essa possibilidade. Não cabe a mim analisar ou interferir em uma questão que é julgada por uma comissão, que antes passa por pareceristas que analisam os preços e se o projeto é cultural ou não. E o mérito não é de qualidade, mas se é cultural ou não é cultural. Se os preços foram aprovados, está ok.
Ninguém contesta que o projeto de Bethânia seja legal, mas esse dinheiro não deveria ser garantido a artistas com menos recursos?
Olha, isso tudo está sendo revisto nessa reforma da lei que está no Congresso. Queremos favorecer mais o Fundo Nacional de Cultura, que poderá facilitar essa divisão melhor e que atenderia aos produtores que normalmente não atraem o patrocínio das empresas privadas. As empresas querem associar seus nomes a artistas consagrados, faz parte das leis de mercado.
E assim os departamentos de marketing acabam definindo a política cultural do País.
Sim, isso. A atual Lei Rouanet tem esse viés, que era necessário ser equilibrado. Chega a ser perigosa porque quase que exclusivamente se faz atividade cultural no País através da Lei Rouanet. Passou a ser imperiosa. Quando falamos da necessidade da cultura ser autossustentável, vejo como a Lei Rouanet foi prejudicial. Qualquer evento que se faz começa a ficar um megaevento e a ter custos mais altos. E para os artistas se inserirem nisso, precisam ter o nome forte. Agora, uma atividade mais experimental, nova, que não estiver no gosto do mercado, vai ter uma difícil aceitação. A Lei Rouanet viciou o mercado a trabalhar só através dela.
A senhora, como cantora, tentou emplacar projetos pela Lei Rouanet?
Eu não. Bem, até vi em um jornal que houve um proponente de um projeto meu que não foi aprovado, também porque a Lei Rouanet tem uma série de trâmites complicados. Acho que isso foi no período em que eu estava com o projeto de um disco e aí depois consegui trabalhá-lo de outras formas. Foi um projeto para ser aprovado, era um disco meu, sim, que depois acabei fazendo.
O grande público, alheio a Creative Commons, Lei Rouanet, direitos autorais, percebe que entra e sai ministério e uma coisa não muda: cinema, shows e teatro são cada vez mais caros. Como se muda isso?
Mas aí você está falando dos grandes, né? A Cinemateca, por exemplo, tem um acervo fantástico que distribui filmes para os pontos de cultura (centros de cultura nas periferias), os cineclubes estão crescendo. Você está falando das grandes estrelas.
Foi da senhora ou do Planalto a decisão de desistir da contratação do sociólogo Emir Sader para a Casa Rui Barbosa? (Em entrevista, Emir se referiu à ministra como “meio autista”)?
Não, eu agi. Levei, conversei com o Palácio, sim, mas deixei claro que a decisão era minha, cabia a mim.
A senhora fala muito dos pontos de cultura, mas a situação deles é caótica, o dinheiro de alguns nunca chegou…
Já tive encontro com os representantes dos pontos. É assustador, porque são trabalhos em comunidades carentes. O princípio dos pontos é maravilhoso. O governo vai à comunidade e reconhece um trabalho cultural que já está sendo desenvolvido. Fazemos um trabalho para auxiliá-los, ajudamos a se equiparem melhor. Agora, alguns estão sem receber há algum tempo.
Não chegou o dinheiro de 2010.
Há outros que estão sem receber desde 2008. Alguns com problemas com documentação, mas há uma parte legal. E tem nosso orçamento que está bastante restrito, não só da Cultura, mas houve um corte grande.
Esse dinheiro chega este ano?
Já está sendo liberado. Vamos quitar com eles essa dívida.
Como a senhora, uma artista de formação e berço, chega para fazer política em Brasília?
Eu tive várias etapas da minha vida em que já passei por algumas experiências como esta. Estive envolvida na política pública em São Paulo.
Sim, mas Brasília é diferente. A senhora não sente dificuldades no jogo político?
Olha, em Osasco era um microcosmo disso, eu sentia lá também a pressão da sociedade, dos artistas, do executivo querendo fazer uma coisa mega. Eu sei que vou incomodar, você não pode atender a gregos e troianos. Agora, o fato de ser mulher ou ter um jeito delicado no falar não quer dizer que eu seja fraca ou insegura. Não sou nem um pouco insegura.
A senhora divide assuntos com seu irmão, Chico Buarque?
Eu acho que tudo o que ele não quer é que eu fique falando dos problemas do ministério (risos).
O Chico não queria que a senhora aceitasse o convite para ministra, certo?
Ele ficou assustado não por ele. Aliás, não só ele. Somos sete irmãos, todos ficaram assustados porque sabiam que o jogo era violento. E confesso que é mais violento do que eu imaginava. Porque esses movimentos organizados agiram com uma agressividade muito grande. E estão agindo ainda.
A senhora tem amigos na cúpula da música brasileira. Como ministra, está disposta a comprar briga com eles?
Eu acho que eles não vão brigar comigo, não. Como amigos, eu não os perco.
QUEM É ANA DE HOLLANDA
CANTORA E COMPOSITORA

Nascida em São Paulo, em 1948, estreou musicalmente em 1964, no palco do Teatro do Colégio Rio Branco, no show Primeira Audição, integrando o grupo vocal Chico Buarque e As Quatro Mais. Já lançou quatro discos.