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PT, a reforma política e a próxima eleição

O lobista Eduardo Cunha (PMDB) - presidente da Câmara Federal - e seus comparsas pretendem aprovar o financiamento privado das campanhas eleitorais, não duvido que consigam.

Que deve fazer o PT?...

  • Primeiro: democraticamente negociar os pontos que podem ser negociados.
  • Segundo: Fechar questão proibindo o financiamento de empresas nas campanhas eleitorais.
Que acontecerá?
  • Marta Suplicy com certeza votará contra - para ser expulsa do partido, entrar no judiciário para manter o mandato e se lançar candidata a prefeita em São Paulo ano que vem -.
O que o PT ganha com isso?
  • Recupera a bandeira da ética, do combate a  corrupção.
Esta é a herança que Dilma deve deixar para o companheiro(a) que lhe sucederá em 2018.






Porque Gilmar Dantas sentou no financiamento privado de campanha

Como sempre Luis Nassif vem com floreios para não dar nome aos bois.

O fato é:

Financiamento por empresas de campanhas eleitorais é a raiz da corrupção, da roubalheira que a iniciativa privada prática contra o Estado brasileiro.

Portanto, sem lenga-lenga, rapapés ou panos quentes:

Quem apoia o financiamento privado em campanhas eleitorais é corrupto ou corruptor, ou os dois.


Michael Freitas Mohallem: O gena da corrupção



Caros amigos,




É simples -- 95% de todas as doações para as campanhas eleitorais vieram de empresas privadas. Uma ação no STF quer acabar com esses repasses milionários para candidatos e seus partidos políticos, mas o processo emperrou nas mãos de um único ministro: Gilmar Mendes. Mas até agora ninguém conseguiu convencê-lo -- assine e compartilhe:




assine a peticao

Neste momento corre uma ação no STF que pode proibir empresas de doarem milhões para candidatos e partidos políticos. Especialistas dizem que esse é o "gene da corrupção” e, para combatê-lo, precisaremos de todos. 

95% de todas as doações para campanhas eleitorais foram feitas por grandes empresas -- inclusive as envolvidas no escândalo Lava-jato. É assim que as empresas investem para então ganhar em troca acesso ao poder e influência, mas isso está prestes a mudar. 

A maioria dos ministros do STF já votou pelo fim dessas doações, mas o processo emperrou nas mãos de um único ministro: Gilmar Mendes. 

Ninguém conseguiu convencê-lo ainda -- e nessa segunda-feira ele volta ao trabalho. É o momento que precisávamos. Ele sabe que não pode segurar a decisão para sempre, mas sem pressão ele vai levando. Vamos surpreender o ministro na volta das suas férias e mostrar a ele que centenas de milhares de brasileiros se uniram contra o gene da corrupção. Assine para conseguirmos a maior mudança da política brasileira nos últimos anos -- depois repasse para todos:


Se essa ação judicial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no STF for aprovada, nossa Constituição passará a dizer que só cidadãos podem escolher os representantes políticos. Hoje, os principais doadores acabam influenciando as eleições e são recompensados com a lealdade e contratos públicos generosos após seus candidatos serem eleitos. Pesquisas mostram que a cada R$1 doado por uma empresa a um candidato, R$8,50 retornam por meio de contratos públicos -- um lucro exorbitante das empresas às custas de nosso voto

Os que se opõem à mudança dizem que se proibirmos doações de empresas, aumentará o fluxo de dinheiro pelo caixa dois, o que tornará investigações mais difíceis. Mas o caixa dois já existe hoje e pouco se fez para impedir que aconteça! Se empresas não puderem contribuir com candidatos, será mais simples detectar campanhas com muito dinheiro e o caixa dois deve secar. 

A lei permite que ministros peçam vista de um processo por apenas 10 dias, mas uma manobra burocrática vem segurando o julgamento já há 10 meses. Há indícios de que ele está esperando deputados que, assim como ele, são favoráveis ao dinheiro de pessoas jurídicas e preferem legalizar as doações de empresas mudando a Constituição de uma vez. 

Mas o que Gilmar precisa saber é que o Brasil não pode mais esperar! Junte-se a essa ação urgente agora -- vamos engrossar o apelo da OAB com nossas vozes e abraçar essa chance de salvar o país da corrupção:


A relação entre o dinheiro e a política é um mal neste país. Mas cada vez mais, a voz do povo tem transformado os canais de poder e forçado por mudança. Foi assim quando ajudamos a aprovar a Ficha Limpa, com a PEC contra o voto secreto e muitas outras vitórias. Vamos nos unir mais uma vez e vencer mais uma batalha pela nossa democracia. 

Com esperança e determinação, 

Michael, Joseph, Diego, Nana, Carol, Maria Paz, Luis e toda a equipe da Avaaz 

Mais informações: 

Ação que proíbe doação eleitoral de empresas completa 10 meses parada no Supremo (Estadão)

Financiamento de campanha dificulta reforma política, dizem especialista (O Globo)

Financiamento de campanha motivou desvios na Petrobras, avalia Toffoli (G1)

Empresas fazem doações para até oito partidos na mesma eleição (Rede Brasil Atual)

Maioria do STF vota pelo fim das doações de empresas para campanhas (Folha de São Paulo)



Gilmar Mendes protege corruptos e corruptores

processo que pode ser o pontapé inicial para a reforma política no sistema eleitoral brasileiro aguarda apenas o voto do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Em abril de 2014, Mendes pediu vistas à ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e nunca mais se ouviu falar do assunto.
Questionado sobre o assunto em entrevista ao blog da jornalista Tereza Cruvinel, o magistrado mostrou não ter pressa e prometeu se pronunciar até, “no máximo”, final de 2015.
A ação movida pela OAB pede a proibição de doação de empresas privadas a candidatos e teve o julgamento iniciado em 2013. Mas, para o Gilmar Mendes, o processo não passa de uma manobra combinada com o PT e adianta como deverá votar, quando o tema voltar ao plenário.
O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4650) contava com um voto contra e seis a favor da proibição de doações empresariais quando foi interrompido por Mendes.
A ação pede mudanças nas Leis 9.096/1995 e 9.504/1997, que disciplinam o financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais. A entidade integra, juntamente com outras 102 organizações da sociedade civil, o projeto da coalização pela reforma política.
“Se proibirmos as doações de empresas, ficarão permitidas as doações de pessoas físicas. Neste país de roubalheira, os que mandam nas estatais e nos fundos públicos em geral vão desviar recursos e distribuir dinheiros a militantes para que façam doações como pessoas físicas. É isso que estão querendo”, declarou o ministro.
Embora não seja seguido à risca, Gilmar Mendes viola o prazo regimental estabelecido pelo Supremo para devolução de pedidos de vista, de, no máximo, 20 dias úteis.
A demora em devolver o processo para voto dos demais ministros poderá invalidar a mudança para as eleições para prefeitos, em 2016.
Por Flávia Umpierre

#SaidecimaGilmar - #DevolveGilmar

Combate a corrupção - #DevolveGilmar

Financiamento público de campanha

O Ministro Gilmar Mendes está há 194 dias atrasando o julgamento do fim do financiamento de empresas às campanhas eleitorais.


Esse é o tempo em que estão em seu gabinete os autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, proposta pela OAB. O fim do financiamento de empresas é importante para impedir o abuso do poder econômico que distorce a vontade popular.


O Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 1, já rejeitou tal financiamento. Mas, em sua vez de votar, o ministro Gilmar Mendes pediu vistas e suspendeu a votação. Pelo PRAZO REGIMENTAL DO STF ele já deveria ter devolvido os autos há 173 dias.



O ministro tem recebido críticas de que seu pedido de vistas é uma manobra protelatória para impedir a conclusão do julgamento, uma vez que parlamentares, tais como o líder do PMDB na Câmara, dep. Eduardo Cunha, têm ido a ele pedindo que seja mantido o sistema atual.

Por isso a sociedade brasileira exige que o ministro devolva o processo e permita a conclusão do julgamento.


#DevolveGilmar

Zé Dirceu: Ato na Paulista prova que devemos ir para as ruas defender nossas propostas

Bonita festa, pá – como disse o Chico Buarque em relação á Revolução dos Cravos, em Portugal – a manifestação promovida na avenida Paulista nesta 5ª feira, pelo MTST e pela CUT. O ato foi para rebater as manifestações da direita que pediram o impeachment da presidenta Dilma e para cobrar maior comprometimento do próximo governo com as reformas populares.

Nada menos que 10 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram num fim de tarde/começo da noite (ontem) para participar do ato iniciado no vão livre do MASP e que depois desceu as ruas Augusta e Consolação até chegar ao centro da capital paulista. Além de bela demonstração de disposição e solidariedade e apoio à presidenta, a manifestação é uma prova, também, de que podemos e devemos ir para as ruas defender o governo e nossas propostas.

Defendê-las e disputar as ruas com a direita. E mais do que isso, devemos legítima e democraticamente pressionar o Congresso Nacional pelas reformas democráticas e populares, começando pelas três prioritárias, a política, a tributária e a urbana. Temos cacife e mostramos força, agora é ir com as ruas e viabilizar as mudanças.




Manifestação foi, também, protesto antecipado contra atos da direita

A manifestação de ontem foi, também, um protesto antecipado contra os atos que a direita e os golpistas programaram para amanhã em 23 grandes cidades do país, convocadas pelas redes sociais. “Estamos aqui para mostrar que enquanto eles reúnem mil pessoas para defender causas como a volta da ditadura e o ódio a nordestinos, nós reunimos 15 mil por causas como reformas política e tributária”, disse o coordenador nacional do MTST Guilherme Boulos.

“Os golpistas já vieram aqui, pararam a Paulista e a PM do (governador Geraldo) Alckmin não jogou uma bomba”, completou Boulos referindo-se às manifestações anteriores da direita no dia 1º deste mês.

Nas páginas dos novos eventos nas redes sociais os textos pedem aos manifestantes para, dessa vez, não levarem cartazes em favor do regime militar nem pedindo a volta da ditadura. Os grupos que convocam querem aproveitar a data da celebração da Proclamação da República neste sábado para, via Facebook, organizar os atos em ao menos 23 cidades do país

Paulo Moreira Leite: Devolve Gilmar!

Quando os brasileiros retomam o debate sobre reforma política e as regras do financiamento de campanha eleitoral, cabe recordar o que aconteceu no STF em abril de 2014. Quando ficou claro — por 6 votos a 1 — que a maioria do Supremo rejeitava a contribuição financeira de empresas às campanhas eleitorais, o ministro Gilmar Mendes interrompeu os debates para pedir vistas e suspendeu a votação com o seguinte argumento:

— Não cabe discutir isso agora. O financiamento já está feito para esta campanha, já está estruturado — disse, conforme registrou o Globo (2/4/2014).

Em novembro, o pedido de Gilmar completa oito meses. Sua argumentação poderia fazer sentido quando não havia urgência em prosseguir um debate que não teria qualquer efeito prático sobre a campanha presidencial de 2014, já que toda mudança na legislação eleitoral precisa ser aprovada com pelo menos um ano de antecedência.

Mas também poderia ser uma tentativa de ganhar tempo para convencer colegas influenciáveis do plenário para mudar um placar que, naquele momento, anunciava uma derrota de seu ponto de vista, favorável a manter a regra que permite contribuições eleitorais de pessoas jurídicas. Aliado frequente de Gilmar Mendes no plenário, o relator Luiz Fux puxou o voto da maioria.

Hoje em dia, não faz sentido algum, no entanto, impedir que o STF dê sua contribuição ao debate que envolve o país inteiro sobre contribuições de campanha — a menos, claro, que se pretenda garantir, até de forma artificial, a conservação do sistema atual. As mudanças que forem aprovadas agora poderão ter efeitos em 2016, quando o eleitor irá às urnas para as eleições municipais, e também em 2018, na próxima eleição presidencial.

Num plenário de onze votos, uma maioria de 6 a 1 indica que pode haver muito assunto para se discutir no plano da teoria mas nada há para se modificar na prática. A menos que outros juízes modifiquem seus votos — é raríssimo, mas pode acontecer — no momento em que o STF encerrar a votação, as eleições brasileiras serão realizadas sob um sistema mais igualitário e menos vulnerável à pressão do poder econômico. As brechas para a corrupção, que sempre são abertas por interesses privados que buscam manter acesso privilegiado aos cofres do Estado, podem não ser inteiramente eliminadas — nunca serão, em parte alguma do mundo — mas se tornarão muito mais estreitas e em muitos casos perderão sua razão de ser.

Para que a votação seja retomada, é preciso que Gilmar exerça seu direito, vote como quiser e devolva o processo ao STF. Apenas isso.A função lhes faculta votar como quiser, com o argumento que considerar mais apropriado.

Só não é razoável impedir — por um artifício — que se faça o debate. É um absurdo jurídico e uma manobra antidemocrática.

Imagine como o país iria reagir se, em outubro de 2012, o ministro Ricardo Lewandovski pedisse vistas no processo da AP 470, carregasse 60 000 documentos para seu gabinete e ficasse anos sem devolver a papelada, impedindo que os ministros tomassem uma decisão que acabaria condenado José Dirceu, José Genoíno, Delubio Soares e os outros. Como Gilmar Mendes iria reagir? E Joaquim Barbosa? (Joaquim, aliás, votou a favor de proibir contribuições de pessoas físicas).



Conforme decisão sancionada em 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todo juiz tem o direito de pedir vistas de um processo, interrompendo uma deliberação para um exame mais acurado. O prazo fixado em 2006 era de dez dias. Em decisão posterior, o Supremo definiu que seus ministros teriam um prazo de vinte dias. Mas essa decisão não costuma ser cumprida de forma rígida.

Há casos em que um ministro faz um pedido de vistas e interrompe um processo por meses e anos. Muitas vezes, o caso só volta ao plenário quando o juiz que interrompeu a votação se aposenta. Pode nunca voltar. “Mas não estamos falando de uma decisão individual, mas de uma mudança que interessa a todo país,” afirma o advogado Aldo Arantes, que representa a OAB no caso. “Estamos falando de uma decisão que afeta 200 milhões de brasileiros.”

O projeto da OBA proíbe a contribuição de empresas a partir de uma constatação de caráter ontológico. A tese central é que a Constituição diz que a participação em eleições — seja pelo voto, seja pela contribuição financeira a candidatos e partidos — é uma prerrogativa exclusiva de homens e mulheres, sem distinção de classe, raça, orientação sexual ou origem social. Não pode ser ampliada a seres inanimados, desprovidos de consciência própria, como as empresas — sejam empreiteiras, bancos, ou prestadoras de serviço. Este é o debate. O projeto da OAB permite contribuições de pessoas físicas, mas num limite bastante razoável: R$ 700 por eleitor, reajustados a cada pleito para cobrir a inflação.

Os argumentos contra o projeto são dois. O primeiro foi extraído da fracassomania, escola de pensamento econômico criticada por pensadores como Albert O. Hirshman e condenada, igualmente, pelo PSDB em seus primórdios — quando os líderes tucanos faziam questão de se distanciar de formas banais de conservadorismo. Consiste em sugerir que nenhuma mudança de cima para baixo nos usos e costumes de um país pode dar certo — pois as forças já estabelecidas sempre irão encontrar caminhos para reagir e restaurar a antiga ordem.

Ao fazer críticas ao projeto da OAB, Gilmar Mendes fez uma crítica ácida neste sentido. Lembrou que o crime organizado já se infiltrou na política brasileira, sugerindo que os esforço para impedir a corrupção seriam inócuos. Errado, diria Hirshman. Conforme o professor, apesar dessa reação conservadora, iniciativas progressistas podem dar certo e devem ser apoiadas, pois trazem benefícios à maioria.

O outro argumento consiste em explorar determinados instintos do eleitorado, perguntando: vamos tirar dinheiro de escolas, hospitais e estradas para dar para os políticos? É uma banalidade recordar que, de uma forma ou de outra, o dinheiro privado que alimenta as campanhas eleitorais será extraído, com folga, dos cofres públicos. Cedo ou tarde, retorna aos doadores privados, na forma de obras superfaturadas e licitações dirigidas.

Outro ponto. As contribuições eleitorais de empresas não envolvem decisões políticas, mas investimentos de natureza econômica. Sua aceitação implica no desenvolvimento de um capitalismo distorcido por trocas de favores com políticos que comandam o Estado.

Num país onde o poder econômico aluga políticos para atuar a seu serviço, seja às claras, em contribuições registradas pela Justiça Eleitoral, seja às escondidas, pelos envelopes e malas de dinheiro do caixa 2, a mudança permite alterações notáveis. A contabilidade da campanha presidencial de 2010 — a última com dados definitivos — fechou em R$ 4,5 bilhões. Neste universo, altamente concentrado, 0,5% das empresas brasileiras responde por 61% de todas as contribuições. A mudança em debate no STF produz benefícios consideráveis.

O primeiro é assegurar o princípio democrático de que, numa eleição, vale a regra de que cada homem = 1 voto, e não a regra de que há eleitores de 1 voto e outros de 1 bilhão de reais. Não custa lembrar que a presença de grandes doadores privados muda a natureza das eleições. Ajuda a criar um mercado eleitoral, que se torna mais decisivo do que o próprio debate de ideias e propostas políticas, contribuindo para que políticos sejam vendidos como marca de sabonete. Um efeito não desprezível das campanhas de alto preço é que todos concorrentes precisam de mais recursos para manter-se competitivos — o que é meio caminho andado para serem cooptados pelo poder econômico, assumindo uma face perante seus eleitores, outra perante seus financiadores.

Na recente campanha para deputado federal, em São Paulo, era possível gastar R$ 4 milhões — em alguns orçamentos chegou-se a R$ 10 milhões — para se obter um mandato, exorbitância que exclui lideranças populares que tem presença real junto ao eleitorado, mas não dispõem da menor condição para competir com concorrentes que contam com uma vantagem tão colossal. O saldo final é a transformação do Estado numa colônia de interesses privados, que exclui outros setores da sociedade, mesmo majoritários.

A presença de empresários na atividade política é natural num regime democrático, mas não custa reparar num dado curioso. Em 2002, 275 empresários disputaram uma cadeira de deputado. Em 2006, esse número cresceu para 333 e em 2010 chegou a 453. Em 2014, havia mais empresários candidatos do que vagas disponíveis: 593 para 515. No final, foram eleitos 141 empresários, contingente de qualquer modo maior do que qualquer outra atividade no Congresso, inclusive advogados e médicos. No mesmo processo, o número de sindicalistas caiu 44%, passando de 83 para 46.

A partir de 2015, a agenda do Congresso inclui o debate sobre flexibilização das leis trabalhistas, nome disfarçado para uma revisão da CLT. Também pode envolver uma reforma tributária — onde caberá discutir quem vai ganhar e quem vai perder com novos tributos. Já deu para entender qual é o jogo, certo?

Devolve, Gilmar!
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Reforma política

- Prá valer ou farsa?

Essas idéias apresentadas como pilares de uma reforma política parecem mais condimentos de uma variação de procedimentos eleitorais, como se estivessem querendo preservar antigas estruturas de castas e covis.

Aí é que reside o perigo. Decidir se é voto distrital ou não, se tem coligação nas proporcionais ou não, se vamos abolir os financiamentos empresariais de campanha, francamente, nesse caso estamos falando de alterações operacionais de um mesmo modelo político antidemocrático. No caso dos financiamentos, já há uma decisão da maioria do STF, bloqueada pelo incrível ministro Gilmar Mendes, que pediu vistas mesmo depois da decisão configurada.

Se a intenção é fazer uma REFORMA POLÍTICA, é preciso questionar o modelo institucional, acabando com os bloqueios que tornam a democracia uma falácia.

O primeiro grande passo é extinguir esse sistema bicameral, removendo o Senado e enxugando o número de representantes numa única casa legislativa, como acontece hoje em 112 países como Portugal, Grécia, Suécia, Dinamarca, Islândia, Venezuela, Finlândia, Turquia, Israel, Síria e Noruega, um número maior do que os 75 que ainda têm legislativos sobrepostos. (Há pouco, como parte de uma verdadeira reforma política, a Itália optou pela extinção do seu Senado, provavelmente o mais antigo do mundo).

Há anos venho escrevendo sobre a inutilidade de uma câmara alta fazendo na prática o mesmo que a câmara baixa, o que torna a aprovação de qualquer projeto um parto: depois de passar por comissões, o projeto é submetido duas vezes aos dois plenários. E é comum voltar à casa de origem ao ser emendado na outra.

Em 2009, o jurista Dalmo Dallari incluiu a extinção do Senado como base de uma reforma política, conforme escreveu em seu livro Fundamentos do Constitucionalismo - História, Política e Direito. Naquele ano, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma longa entrevista com o seguinte lide:

"O modelo bicameral brasileiro não se justifica", provoca o jurista Dalmo Dallari, que trabalha em um livro sobre o constitucionalismo em que analisa a necessidade de duas casas legislativas. "Para que, além dos representantes do povo, que são os deputados, precisamos de representantes dos Estados, se eles são tão dependentes do governo federal?", questiona o professor da Faculdade de Direito da USP, colocando em xeque uma casa parlamentar que controla um orçamento de R$ 3 bilhões.

A história do Senado brasileiro, desde o Império, é a história de um paraíso reservado às oligarquias, como observou ironicamente Darcy Ribeiro, depois de um tempo lá: "o Senado é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele".

Tudo que lhe diz respeito é pura distorção do regime de direito. O mandato de cada senador é o dobro dos demais mandatários e ele ainda carrega junto dois suplentes clandestinos, um deles, em geral, o homem da mala. Quando há duas vagas, você pode votar em dois senadores. E a divisão igual de 3 por Estado, sob pretexto fantasiado da natureza de sua delegação, anula o fundamento democrático de um homem, um voto. Com 300 mil eleitores, Roraima tem o mesmo número de senadores de São Paulo, elegeu um senador com 97 mil votos; Já em São Paulo o eleito carrega a delegação de 11 milhões de cidadãos.

O que os deputados e senadores (e vereadores) picaretas mais temem é que mexam com suas mordomias descabidas e imorais e com suas fontes de renda paralelas. Por isso, jogam com a chantagem das CPIs, em que também trazem para eles o controle das informações e o poder da extorsão. Em algumas casas, CPIs são as mais fartas fontes de renda do Caixa 2. Segundo o delator Paulo Roberto Costa, Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, recebeu um cala-boca de R$ 10 milhões para esvaziar uma CPI no Senado sobre a Petrobrás em 2009. A tal CPI teve vida breve: instalada em julho daquele ano, foi encerrada em novembro, depois que os tucanos Sérgio Guerra e Álvaro Dias decidiram abandoná-la no final de outubro.

Duas casas fazendo a mesma coisa são redundantes, anacrônicas e custosas. Levantamento de 2007 da ONG Transparência Brasil sobre os orçamentos da União, dos estados e municípios revela que o Senado é a Casa legislativa que tem o orçamento mais confortável por legislador: seus R$ 2,7 bilhões anuais correspondem a R$ 33,4 milhões para cada um dos 81 senadores. Isso significa que naquele ano cada cidadão pagava R$ 14,48 por para cada senador.
Para preservar esse ambiente de dilapidação consentida e institucionalizada, os deputados e senadores não querem perder o controle de toda e qualquer reforma política. Não querem nem ouvir falar em plebiscitos. Isto é, tramam para excluir a sociedade de qualquer palpite. O mais grave: o novo Congresso consegue ser ainda pior do que esse o que se encerra.




Voltarei ao tema.

Leia matéria completa no BLOG DO PORFÍRIO

PT: Compromisso da Reforma Política

O Partido dos Trabalhadores tem grandes tarefas e desafios para o próximo período. Dar continuidade ao nosso projeto nacional com a reeleição da presidenta Dilma e Reformar o Sistema Político-Eleitoral são alguns dos quais não podemos prescindir. Não é mais possível admitir a influência do poder econômico nas disputas eleitorais, a pouca participação da mulher na vida política e o enfraquecimento progressivo dos partidos políticos.
O PT lançou em junho deste ano a 2ª etapa da sua campanha para coleta de assinaturas do projeto de Iniciativa Popular, REFORMA POLÍTICA: PRA MUDAR TEM QUE ASSINAR. Nosso objetivo é alcançar, NO MÍNIMO, 1,5 milhão de assinaturas para podermos protocolar junto ao Congresso Nacional, a Convocação de uma Constituinte Exclusiva para Reformar o Sistema Eleitoral Brasileiro.
Na semana da pátria, os movimentos sociais realizaram o Plebiscito Popular a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político. Todavia é preciso esclarecer que, apesar de receber nosso apoio, esta não é a campanha do PT. Portanto, é preciso que continuemos empenhados em coletar as assinaturas para atingirmos nosso objetivo.
Para baixar o formulário acesse o site: www.pt.org.br/reformapolitica, imprima e colete quantas assinaturas possíveis. Caso não tenha o título de eleitor em mãos não se preocupe, basta colocar os outros dados bem legíveis que localizamos seu Título de Eleitor no site do TSE. Lembre-se que NÃO EXISTE ASSINATURA DIGITAL, os formulários devem ser preenchidos, assinados e, por fim, encaminhados ao PT.
Gostaríamos de contar com a cooperação de todos, pois desejamos realizar na 1ª semana de outubro uma prévia do que foi coletado no país. E para que possamos contabilizar os dados, solicitamos que enviem os formulários até dia 30 de setembro para a Sede do PT Nacional em São Paulo: Rua Silveira Martins, 132 - Centro - São Paulo – SP - CEP: 01019-000. Telefone de contato: (11) 3243 – 1301.
Contamos com vocês. Pra Mudar tem que Assinar!
Ajude na divulgação da Campanha, compartilhando isto nas redes sociais.

Atenciosamente,
Gleide Andrade
Vice Presidente Nacional do PT
Coordenadora Nacional da Reforma Política PT





Sorg

Plebiscito Popular

Nessa segunda-feira, dia 1º de setembro, começou a votação no Plebiscito Popular.

Até o dia 7 de setembro, todos os brasileiros com mais de 16 anos poderão dizer se são contra ou a favor a uma reforma do sistema político brasileiro, por meio da convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana.

Cerca de 400 entidades estão montando pontos de votação em igrejas, locais de trabalho por todo o País, que funcionarão a partir da manhã desta segunda-feira até o feriado de domingo. Haverá também uma votação online em uma urna virtual disponível no site oficial da campanha [http://plebiscitoconstituinte.org.br/ ], onde é possível encontrar também a lista dos locais onde o cidadão pode votar de forma presencial.

Assista ao vídeo que conclama a militância a participar do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Curta, compartilhe, retwitte para nos ajudar a divulgar o Plebiscito nas redes sociais.

Na lata - financiamento público de campanha

Todo mundo que lida com política e eleição, seja governo ou oposição sabe que o financiamento de campanha por empresas é corrupção pura. É unânime a necessidade de uma reforma política que combata essa chaga.
Muito bem, então vamos colocar os pingos nos is:
  1. Quem é contra o financiamento público e exclusivo, não quer combater a corrupção.
  2. Quem é a favor do financiamento público e exclusivo, quer combater a corrupção.
Muito bem, então vamos dar os nomes aos bois:
  1. O PT e demais partidos que são a favor do financiamento público e exclusivo, querem combater a corrupção eleitoral
  2. O PSDB e demais partidos que são contra do financiamento público e exclusivo, não querem combater corrupção eleitoral
Isso é fato. O mais é blablablá!

Josias de Souza: Promiscuidade torna a política incompreensível

O PMDB do Rio ofereceu um jantar para Dilma. Mas o governador Pezão, candidato à reeleição pelo PMDB está formalmente coligado no Rio ao PSDB de Aécio. O PT fluminense ficou irritado com a presença da petista Dilma no repasto do PMDB. Mas o senador Lindberg, candidato petista ao governo estadual, carrega em sua coligação o PSB de Eduardo Campos. Que já foi aliado de Dilma, mas hoje é um dos mais ácidos críticos da presidência dela. Você está entendendo?

Financiamento público de campanha

Orçadas em R$ 4,9 bilhões, eleições deste ano não sairiam por mais de R$ 1,155 bilhão, ou R$ 8,15 por eleitor

Acostumados com campanhas eleitorais cada vez mais caras, os partidos políticos terão de apertar o cinto se o financiamento público entrar em vigor nas eleições de 2016, como indicam os primeiros votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que julgam uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a esse respeito. Se a regra já estivesse em vigor, as campanhas deste ano para presidente, governador, senador e deputado (federal e estadual), orçadas em R$ 4,9 bilhões, teriam de ser produzidas com pouco menos de ¼ desse valor, ou R$ 1,155 bilhão.


O cálculo tem como base o Projeto de Lei do Senado 268/2011, apresentado como conclusão dos trabalhos da Comissão de Reforma Política e que serve de parâmetro para as discussões sobre o tema no Congresso. Nele, empresas estariam impedidas de doar às campanhas até 2% de seu faturamento bruto obtido no ano anterior à eleição.

Com a mudança, caberia ao Tesouro Nacional depositar os recursos em uma conta no Banco do Brasil em nome do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável por fazer a divisão do dinheiro entre os partidos de acordo com sua representação no Congresso.

Para bancar os pleitos de dois em dois anos, os parlamentares chegaram à conclusão de que R$ 7 por eleitor (valores de 2011) seriam suficientes, ou R$ 8,15 considerando a inflação do período. Multiplicado pelos 141,8 milhões de brasileiros aptos a votar, o montante resultaria em R$ 1,155 bilhão, abaixo das despesas eleitorais de 2002, na época bancada por R$ 798 milhões, ou R$ 1,6 bilhão em valores de hoje.


Esse dinheiro mal pagaria a campanha dos 85 principais candidatos a governador dos 26 Estados e do DF. De acordo com levantamento do jornal "Folha de S.Paulo", a previsão de gasto desse grupo é de R$ 2,1 bilhões este ano. Segundo o TSE, para o posto de senador, os 178 candidatos planejam desembolsar até R$ 1 bilhão, enquanto, para os cargos de deputado federal e estadual, as despesas beiram os R$ 900 milhões.

Somente os 11 presidenciáveis projetam gastar R$ 918,4 milhões em 2014, 9,6% acima dos R$ 830 milhões declarados na campanha de 2010 e o equivalente a quase tudo (79%) que estaria disponível se o financiamento público já estivesse valendo.

À frente de campanhas políticas em oito países africanos e em toda América Latina, o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, prevê algumas das mudanças que estão por vir quando o financiamento for público e tirar quase 80% do dinheiro hoje em circulação.

Autor de 17 livros, Manhanelli acredita que, em um cenário desses, a televisão e o rádio vão ganhar ainda mais importância. Como é hoje, diz ele, 60% do dinheiro arrecadado nas campanhas são investidos na propaganda da TV, 20% são destinados ao rádio, enquanto os 20% restantes garantem a confecção de bandeiras, santinhos, contratam cabo eleitoral, carros de som e comício, por exemplo. "Não tem jeito. A propaganda de um político funciona como a de um produto: a empresa (ou partido) diz quanto pretende gastar e nós planejamos as peças de acordo com esse valor."




Para o especialista, a alternativa para as campanhas majoritárias (presidente, governador e prefeito) será "abusar da criatividade" e transferir para a TV parte dos investimentos em comício, bandeiras, cabos eleitorais e carros de som. "É um consenso que a televisão é a grande prioridade, apesar da importância crescente das redes sociais."

Manhanelli lembra que as despesas com campanha crescem à medida que aparecem novas mídias. No final da década de 1920, por exemplo, o então governador de São Paulo, Júlio Prestes, fez a primeira inserção política brasileira no rádio. No final da década de 1950, as campanhas chegaram à TV. "E agora temos a internet. As demandas só aumentam."

Quem deve perder dinheiro e holofotes com a mudança são os candidatos a uma vaga no Parlamento. Sem espaço na televisão, o consultor sugere um estudo que radiografe as mídias mais eficazes na região em que o postulante a parlamentar pretende fazer campanha. Ele avalia que os maiores prejudicados serão os candidatos ao Senado, que precisam viajar por todo o Estado. "O jeito será colar no candidato a governador e presidente e costurar apoio com líderes regionais que falem em seu nome."

Especialista em reforma política no Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o cientista político Antônio Augusto de Queiróz acredita que o financiamento público de campanha será mais facilmente assimilado pelos partidos se o Parlamento também aprovar o Voto em Lista, quando o eleitor vota em uma relação de candidatos indicados pelo partido e não em um candidato específico. "Ficaria muito mais barato porque a legenda focaria sua campanha em seu programa e não em cada personalidade politica. Um único marqueteiro seria suficiente para cuidar da divulgação dos compromissos da sigla e citar alguns nomes da lista.
Manhanelli concorda. "O nome do político não vai estar no foco. Então, o partido contratará uma produtora, que vai fazer a comunicação do partido como um todo e não do candidato. Em Moçambique funciona assim. Vai sair bem mais barato, sem dúvida."

A mudança nas doações pode chegar por meio de uma reforma política e até por um plebiscito, como sugere a presidente Dilma Rousseff. Mas os especialistas apostam mesmo em uma decisão do STF, que quase decidiu o assunto este ano. Já votaram favoravelmente à proibição das doações privadas o relator da ação, Luiz Fux, os ministros José Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, além do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa. Até agora, o único voto pelas doações foi do ministro Teori Zavascki. Embora Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski tenham antecipado seus votos em concordância com o relator, a votação foi suspensa em junho por Gilmar Mendes (que pediu vistas), e agora a alteração depende de sete votos e de toda a pressão que o Supremo vai sofrer dos parlamentares, parte deles contrária a qualquer mudança.

Ataque de Constantino à Constituinte mostra que a luta está no caminho certo

O colunista da Veja Rodrigo Constantino, que tem se notabilizado como a ponta de lança de direita truculenta, fez um artigo para “alertar” a sociedade sobre o perigo da campanha de mais de 200 organizações pela convocação de uma Constituinte Exclusiva e Soberana para o Sistema Político.
Constantino, que recebeu o apelido de Menino Maluquinho por suas “ideias arrojadas”, denuncia o “projeto golpista de uma constituinte para instaurar uma ‘democracia direta’”, que seria empunhado por conjunto de organizações comunistas. “O Brasil corre sérios riscos. Nossa democracia está ameaçada. É preciso reagir!”, afirma o paranoico colunista.
As palavras de Constantino comprovam que os movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis e associações estão no caminho certo com a campanha. A linguagem dos tempos da Guerra Fria, usada pelo colunista, engrandece a articulação e atesta que os setores conservadores veem em uma Assembleia Constituinte uma inimiga tão central quanto o comunismo no século 20.
Os chavões e lugares comuns de Constantino contra a campanha demonstram que, apesar de colocar a corrupção com um dos grandes problemas nacionais, não admite uma profunda reforma política que altere as raízes de um modelo corrupto.
Condenar de forma genérica a corrupção sem apresentar uma proposta para enfrentá-la não passa de palavras ao vento, que fazem uma cortina de fumaça sobre interesses político-eleitorais que pretendem derrotar o PT. Leia a matéria completa »

Alianças inorgânicas só reforçam a necessidade da reforma política

1. As manifestações de junho de 2013 colocaram em cima da mesa a necessidade da reforma política. Seguindo a tradição política brasileira, de que o tempo gera esquecimento, foram criadas comissões e apresentadas propostas que, no mínimo, exigiriam meses para tramitar. O plebiscito proposto cinicamente pelo ”Planalto” era uma delas.
    
2. A legislação de cláusula de barreira aprovada pelo Congresso no sentido de impedir a pulverização partidária foi bloqueada na justiça mais de 10 anos depois de aprovada, em nome da liberdade de organização. Uma decisão que parecia consensual e que teve passagem pelo Senado de impedir coligação nas eleições proporcionais ficou arquivada no corredor de acesso à Câmara.
    
3. A lógica de que o voto para eleger deputados pertence ao partido que os elegeu e com isso o acesso ao fundo partidário e tempo de TV, foi alterada no judiciário criando o conceito de portabilidade. Ou seja, cada deputado representa 1/513 da Câmara independente de ter tido uma votação pífia e ter sido arrastado pela legenda. As “bancadas” dos novos partidos legalizados são todas do “baixo clero”. O Congresso teve que legislar a respeito, corrigindo, mas a eficácia virá só após a atual eleição.
    
4. O debilitamento partidário e a individualização da representação parlamentar impulsionam os deputados a buscarem no processo eleitoral a melhor fórmula política para se reeleger independente de qual seja. Os partidos, para fortalecerem suas campanhas majoritárias (presidente, governadores), atraindo tempo de propaganda eleitoral, devem se submeter à lógica da reeleição dos deputados, seja por necessidade, seja por concordar.
    
5. O que aparece como oportunismo e inorganicidade político-eleitoral são, na verdade, efeitos de uma legislação eleitoral que estimula tais comportamentos ao gerar riscos eleitorais desproporcionais. Alguns reduzem esse risco com campanhas caríssimas. Outros com máquinas governamentais que, para isso, exigem a adesão prévia, pura e simples.
    
6. As críticas que surgem de todos os lados, a começar por aqueles que foram eleitos dois anos atrás por essa mesma lógica (e que se assustam quando avaliam quem serão seus adversários dois anos mais tarde), e sendo ornamentadas por analistas políticos, politólogos e jornalistas políticos com argumentos racionais abstratos, deveriam levar todos a uma reflexão.
    
7.  E só uma: é hora da Reforma Política. É hora de compromissos abertos dos candidatos a presidente, aos governos estaduais e dos líderes partidários, de colocar como primeiro momento da nova legislatura em fevereiro de 2015, a Reforma Político-Eleitoral.

by Cesar Maia

Baixa política, por Merval Pereira

É a volta do cipó de aroeira, no lombo de quem mandou sugar e, trair e coçar é só começar

A reviravolta da reviravolta da bancada do PTB, que se rebelou contra a decisão da Executiva Nacional de apoiar a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República e declarou voto em Dilma Rousseff, é mais uma faceta dessa farsa em que se transformou o jogo partidário brasileiro.
Ferido com o mesmo ferro com que feriu a presidente, o candidato do PSDB, assim como a incumbente em vários casos, vai somar o tempo de propaganda eleitoral do PTB, mas não terá a máquina do partido a trabalhar por ele nos estados.
Deve estar arrependido da frase que disparou no auge das traições partidárias, quando estimulou membros da base aliada a “sugarem” o mais que possam o governo federal para depois se juntarem à oposição. 
Estimular esse tipo de atitude não corresponde à proposta que o tucano promete apresentar ao eleitorado, de mudança de nossos hábitos e costumes políticos. Se for para deixar tudo como está, para que mudanças?
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Ao apresentar o seu programa de governo, Aécio terá oportunidade e espaço para se desfazer desse equívoco, comprometendo-se com uma reforma política que dê ao país alguma estabilidade e previsibilidade na organização partidária.
O caso do PR é exemplar do que não se deveria fazer em uma política séria, e do que se deve fazer em uma política rasteira que vigora em Brasília.

Editorial - Reforma política

Só com Lula na rua


A pouco mais de cem dias das eleições de outubro a rotatividade na política brasileira é tão intensa que fica difícil acompanhar o sopão das siglas se misturam pela manhã para se dissociarem à noite.

O ziguezague forma um caldeirão desprovido de qualquer  coerência retrospectiva ou prospectiva, para não falar de referencias de somenos importância, como história, ideologia, programas ou projetos de nação.

O cenário político estilhaçado é um dos gargalos à continuidade do desenvolvimento brasileiro, que requer o lastro de amplas maiorias para seguir em frente.

Hoje, é essa lava de interesses incandescentes que modela a composição e a lógica do Congresso brasileiro.

Vinte siglas se digladiam ali num jorro desordenado a equiparar a coerência programática de qualquer governante ao desafio de conduzir um trem longe dos trilhos.

Todos os governantes e todos os partidos são reféns dessa montanha russa desengonçada que compõe o sistema político brasileiro.

O sobe e desce abrupto nos dias que correm tem provocado  sugestivas manifestações de enjoo e indigestão.

O Prefeito do Rio, Eduardo Paes, por exemplo.

Ex-demo, ele  classificou de ‘bacanal’ a possível junção entre PMDB, seu atual partido, e o PSDB,  na disputa pelo governo do Estado.

Dias antes, fora a vez de a palavra ‘suruba’ dar o ar da graça no noticiário, para classificar o apoio do PSB ao PT na mesma disputa fluminense. O desabafo veio então do deputado federal pelo PSB, ex-verde, Alfredo Sirkis.

Beirando o despudor em relação ao eleitorado, ao contribuinte e à democracia, o  presidenciável Aécio Neves esponjou-se nesse ambiente carregado de cenas explícitas de promiscuidade.

O tucano exortou os convivas a um comportamento que ilustra o seu conceito de retidão republicana e respeito ao país e ao povo: ‘Suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado’, disse esse que se anuncia um cruzado mudancista na vida política nacional.

A sucção tem funcionado bem no seu nariz, mais precisamente em São Paulo, onde Alckmin apunhala Serra e ‘aspira’ Kassab, do PDS --que apoia Dilma--  para candidato a senador, na vaga do PSDB.

Foi no âmbito desse corso financiado pelo dinheiro privado  –com todos os complementos daí decorrentes--  que a discussão sobre a ‘corrupção petista’, catalisada pelo julgamento da AP 470, assumiu contornos de um imenso biombo.

Savonarolas de biografias inflamáveis e togas coléricas cerraram fileiras para fazer desse episódio  uma nuvem de fumaça capaz de desviar a atenção daquilo que o circunstanciava e decifrava: a urgência de uma reforma política para  libertar a democracia da subordinação a interesses que se impõem à revelia das urnas.

Alertas como os feitos atualmente por dirigentes do PT e membros do governo  --que advertem para a disseminação do estigma conservador, que colou no PT  o carimbo de corrupção --   são benvindos.

Mas correm o risco de perder a força renovadora que carregam, sempre que cederem lugar ao lamento reiterativo, em detrimento da mobilização por uma Constituinte destinada a promover uma mudança efetiva na política do país.

Lula, em vídeo recente em defesa dessa bandeira (https://www.youtube.com/watch?v=q1X66PR3KZ), foi eloquente em evocar a sua importância como um divisor na história brasileira.

“Para o Brasil continuar mudando, é preciso garantir a legitimidade das instituições e acabar com a interferência do poder econômico nas eleições”, afirmou reiterando que ela é ‘cada vez mais necessária e urgente; um clamor, que nasce das ruas, que vem da sociedade’.

O ex-presidente que deixou o governo com 80% de apoio popular pede adesão a um manifesto que pretende reunir 1,5 milhão de assinaturas para propor ao Congresso Nacional a convocação de uma Constituinte, exclusiva e soberana, com essa finalidade.

 A manifestação é convincente e ilustrativa da centralidade que a radicalização da democracia passou a ocupar na visão petista do que é prioritário – indispensável-- para destravar o passo seguinte desenvolvimento brasileiro.

Mas carece, ainda, de um lastro mobilizador efetivo.

A ausência desse requisito reflete certa prostração do campo progressista, que hesita em transformar o  aggiornamento histórico de suas reflexões em mobilizações de massa, necessárias para alterar, de fato, a correlação de forças que está na origem dos impasses brasileiros.

Intervenções como a de Lula terão a força requerida pelo objetivo a que se propõem, quando forem parte de um engajamento prático.

Uma determinação feita de agendas, comícios e caminhadas, claramente traduzidos em locais e datas que ofereçam alternativas à participação organizada de amplas esferas da sociedade, para além da franja dos iniciados.

Não apenas isso.

É indispensável  explicitar o vínculo entre democracia e superação da encruzilhada do desenvolvimento do país.

Portanto, entre reforma política e retomada do crescimento brasileiro.

Trata-se de rejeitar a mística conservadora de uma estabilidade em si da economia, fruto da terceirização dos destinos da sociedade aos impulsos dos ‘livres’ mercados.

Em primeiro lugar, a ideia de um capitalismo em equilíbrio é uma contradição nos seus próprios termos.

No capitalismo, a estabilidade reivindicada pela ortodoxia equivale, na verdade, à paz salazarista dos cemitérios, na qual o povo faz o papel de defunto e o dinheiro grosso, o de coveiro.

A retomada do crescimento por aí tem outro nome: concentração de renda; expropriação de direitos trabalhistas; regressão social e alienação do patrimônio público.

É o oposto do compromisso com a melhoria efetiva da qualidade de vida das amplas massas brasileiras.

 Só há uma receita econômica compatível com esse pacto: aquela que entende o desenvolvimento como um processo histórico de transformação da sociedade, o que implica superar estruturas existentes e criar outras novas.

Isso não se faz a frio.

 Ao contrário do que sugerem os dogmas neoliberais apregoados pelo jornalismo isento, quem determina a coerência macroeconômica nesse processo é a correlação de forças de cada época.

Dito de forma muito clara: para romper os torniquetes do dinheiro grosso é necessário poder; e poder hoje no Brasil implica subtrair espaços do mercado em favor da democracia.

Quem pode propiciar isso  é uma reforma política que amplie os canais de participação popular e assegure maior legitimidade à representação da sociedade.
Lula disse em recente encontro de blogueiros, em maio, que ela virá das ruas.
E ela só virá das ruas se Lula estiver nas ruas.


Ruy Fabiano considera o povo um estorvo

Mesmo pensamento tucano. O sonho dessa gente seria a "Democracia" sem povo, e sem votos. Eles. os mais "preparados" os mais "qualificados" por direito divino tomariam conta do Estado e pronto.

Leiam o artigo do jornalista

O golpe da reforma política

Ruy Fabiano
A ideia de convocar uma Assembleia Constituinte a pretexto de promover uma reforma política é parte essencial do projeto de poder do PT: consolida-o e torna a hipótese de alternância algo tão remoto quanto não haver nada de ilícito nas contas da Petrobrás.
Basta examinar dois tópicos que o PT considera prioritários nessa reforma: financiamento público exclusivo de campanha e voto em listas fechadas. A propósito, o partido já deu ciência disso por escrito a seus filiados, e programa uma marcha sobre Brasília, nos moldes da que Mussolini promoveu sobre Roma, em 1922.
O objetivo é pressionar o Congresso de fora para dentro, tese com a qual concorda a presidente Dilma Roussef, conforme pronunciamento que fez na sequência das manifestações de junho do ano passado, em que também defendeu uma Constituinte.
Financiamento público, precedido, como já está, da proibição de contribuições de pessoas jurídicas, garante ao partido hegemônico a maior fatia do bolo, já que a divisão obedecerá o critério da proporcionalidade das bancadas.
Não bastasse, veda o acesso de novas legendas, que, com as migalhas a que terão acesso, terão que se contentar com manifestações nas redes sociais. Não tendo bancadas, não terão dinheiro; não tendo dinheiro, não terão bancadas.
De quebra, não impede o caixa dois; apenas o monopoliza: ninguém, com recursos e senso de sobrevivência, negará auxílio a quem se eternizará no poder; e, por extensão, não o dará a quem dele está prévia e definitivamente excluído. O jogo é esse.
O voto em lista fechada dispensa maiores explicações: deixa-se de escolher o candidato; vota-se na legenda. A cúpula partidária organiza as listas. Quem é amigo do rei conquista seu lugar; quem não é não tem acesso. O eleitor terá que se contentar com os critérios dos caciques partidários.
Não é de hoje que o PT sonha com essa reforma, para a qual quer uma Constituinte. E por que não a faz com o próprio Congresso, que tem poderes para reformar a Constituição? Simples: porque não teria votos suficientes para aprová-la.
A aprovação de emendas constitucionais exige complicado rito: três quintos de votos favoráveis em cada Casa do Congresso, em dois turnos. Numa Constituinte, vota-se uma única vez, em sessão unicameral, por maioria absoluta.
Em abril de 2007, o presidente Lula recebeu em audiência um grupo de dez juristas aos quais havia incumbido um estudo para mudar as regras das CPIs (estudo que foi arquivado). Estava escaldado com o massacre das CPIs do Mensalão.
No curso da conversa, porém, o presidente da República pôs inesperadamente outro tema em pauta: a reforma política. Sugeriu que talvez fosse mais eficaz fazê-la por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva.
Um dos interlocutores, ex-presidente da OAB, Reginaldo de Castro, esclareceu num artigo: “Ideia dele (a Constituinte), trazida à conversa por iniciativa dele e tão-somente dele. A nós, coube ouvir e emitir opiniões improvisadas, já que não esperávamos tal assunto”. O presidente explicou: a Constituinte funcionaria paralelamente ao Congresso, seria integrada não apenas por representantes dos partidos políticos, mas também por cidadãos. Não explicou como isso se daria, nem ninguém lhe perguntou.
Finda a audiência, o Planalto informou que a tese havia sido sugerida ao presidente pelos juristas – e não o contrário, como ocorreu. Como entre eles havia quatro ex-presidentes da OAB, vinculou a entidade à proposta, que, no entanto, já a havia rejeitado, dois anos antes, em debate interno.
Foi uma escaramuça, uma técnica para aferir a receptividade de uma proposta e avaliar a oportunidade de sua apresentação. Constatou-se que não era o momento. Mas o tema não foi arquivado: ficou em banho-maria.
Após as manifestações de junho, constatou-se que chegara a hora. Ou o partido a punha em pauta já ou, diante do desgaste de que padece, correria o risco de não tê-la mais sob controle.
O plebiscito dará aparência de democracia, mesmo que para violentá-la, já que a maioria dos votantes desconhece a complexidade e sutileza do que nela está embutido.
É o golpe final, que repete o processo venezuelano, em cuja gênese estão as digitais do PT e do Foro de São Paulo. Quando o Foro completou 15 anos, em 2005, Lula, em meio às celebrações, reivindicou: “Fomos nós que inventamos o Chávez”. Ninguém duvida. O fruto da reforma, na ótica do PT, está agora maduro.
Ruy Fabiano é jornalista.