Prosopéia

Diz a lenda que Carro Véio [ o rei do elogio] ao chegar em casa, ouviu um barulho vindo do quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar sua criação de galinha. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, constatando que pulava o muro com os animais, disse-lhe: 

oh, bucéfalo anácronico não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos a sorrelfa e a socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei a quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. 

E o ladrão, totalmente baratinado, sem entender coisa alguma, pergunta:
 resumino dôto, eu levo ou dêxo as galinhas?

por Delfim Netto


É fato. O sistema financeiro precisa de controles, pois está sempre tentado a "voltar ao local do crime". Os governos não podem ignorar essa realidade. Foto: Evelson de Freitas/AE
Cuidado com os falcões do mercado

As dúvidas se dissiparam. Não há, praticamente, divergências sérias sobre as causas da crise de 2008-2009 que abalou as finanças mundiais e produziu a tragédia do desemprego para o número espantoso (calculado por baixo) de 30 milhões de honestos trabalhadores.

A crise aconteceu sob as vistas dos grandes bancos centrais que admitiram o uso de “derivativos” sobre os quais tinham muito pouco entendimento. É certo que algumas inovações financeiras ajudaram a acelerar o crescimento mundial. Economistas respeitados passaram a acreditar que tinham modelos matemáticos apoiados numa fórmula de distribuição dos riscos. Isso já existia em estudos desde o início do século XX. Eles foram evoluindo até se difundir a crença de que existia uma forma de controlar o risco, o que destruiu a concepção sob a qual a distribuição era calculada.

Hoje, tanto economistas como os bancos centrais admitem que “não entendiam como as coisas estavam acontecendo”. Um fato interessante é a reedição recente do famoso Relatório Pécora que examinou as causas da crise de 1929. Pécora foi o procurador de Justiça chamado pelo Congresso americano para “salvar” a comissão parlamentar, cujos trabalhos estavam terminando sem esclarecer grande coisa sobre as causas reais do cataclismo financeiro que derrubou a Bolsa de Nova York e produzia um rastro de destruição em toda a economia mundial.

O procurador deixou “de cuecas” os grandes banqueiros que sustentaram a especulação e levou o maior deles, JP Morgan, a confessar que tinha clientes “privilegiados” com os quais o banco fazia operações “especiais”. A história se repete. As causas da atual crise são muito semelhantes às de 1929 que desaguou na “Grande Depressão” do século passado. Quando se assiste às perturbações sociais, ao drama que estão vivendo as sociedades europeias é correto concluir que elas estão pagando o preço da salvação de seus sistemas financeiros, por parte de governos cúmplices que permitiram a “desregulação”.

A economia de mercado não vai sobreviver se insistir em aceitar as desigualdades crescentes que estão desestruturando sociedades que alcançaram bons níveis de bem-estar e se acostumaram com certa estabilidade financeira. É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos, uma sociedade relativamente igualitária, mas onde os índices de desigualdade vêm crescendo dramaticamente. Num outro extremo, a economia chinesa desenvolve-se com grande rapidez. Em menos de 30 anos, saiu da penumbra de um regime socialista para se tornar a segunda potência global, mas a desigualdade triplicou.

A China está aprendendo a conviver com esses problemas de flutuação, que são íncitos ao desenvolvimento capitalista. As crises talvez possam ser evitadas, mas raramente são previsíveis. Uma das conclusões interessantes da recente conferência patrocinada pelo FMI envolve a confissão de seus economistas: 

“Nós nunca vamos saber (pelo menos não sabemos até agora) se algum dia vamos ter instrumentos para impedir as crises produzidas pelo homem, pois elas têm origem em sua própria psicologia. Ele tem fases de grande entusiasmo quando aumenta a vontade de correr riscos e vai até o momento em que algum fato o perturba e o faz perder o entusiasmo”.

Não tem solução. O sistema financeiro precisa de controles, porque está sempre tentado “a voltar ao local do crime”. O papel dos governos é não ignorar essa verdade. Na luta interna entre o “mercado” e o Estado, a conclusão é que o “Estado indutor” é peça fundamental no funcionamento do regime democrático republicano, sob controle constitucional. O Brasil tem sido um bom exemplo – e isso foi mostrado no auge da crise em 2008 – de como o Estado indutor funcionou, permitindo ao governo privilegiar o setor produtivo da economia com medidas de suporte às suas atividades vitais, garantindo o emprego industrial e a sustentação dos níveis de consumo da população, enquanto grande parte da economia mundial derretia-se ao concentrar esforços no socorro aos bancos.

Estamos outra vez em meio ao embate em que o “mercado”, pela voz de seus “falcões”, exige novas altas dos juros, para que a inflação termine 2011 no centro da meta (4,5%). Por que motivo o Brasil deve restringir-se apenas à elevação da taxa de juros (que já é a segunda maior do mundo!), derrubando o crescimento e cortando o emprego de nossos patrícios, apenas para satisfazer a ambição dos tais “falcões” do mercado financeiro? Por que não dar um voto de confiança à política monetária mais sofisticada posta em prática pelo novo Banco Central?

Floricultura

 Liquidação!!!

Flores, rosas rão baratas que até mesmo os maridos vão comprá-las.

por Zé Dirceu

O que aconteceu com a intervenção na Líbia?

Enquanto o barril de pólvora em que se converteu o Oriente Médio explode em sucessivos países - há um mês a bola da vez é a Síria, conforme nota abaixo - continua o imobilismo do Ocidente em relação ao problema. Em relação a Líbia, a Síria, e a toda a Península Arábica.
A pergunta mais pertinente a se fazer, e que não cala é: o que aconteceu com a intervenção na Líbia, onde havia e há uma guerra civil?

Chegaram a constituir um Conselho Nacional Líbio, da oposição, composto inclusive por ex-ministros do governo Muamar Kaddhafi. Dele participavam o ex-ministro da Justiça, Mustafá Abdell Jalil, e outros, como o ministro do Comércio Exterior, Ali Al-Issawi, além de personagens como  Mohomoud Jabril, que voltou do exílio para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico, a convite de Said, filho de Kaddhafi. Fracassaram todos. 

Na Líbia não há rebelião, é guerra civil
Como vemos, na Líbia não se trata de uma rebelião ou de manifestações reprimidas, mas de uma guerra civil, com o governo de direito constituído e do outro lado um governo provisório, com bandeira, um exército, inclusive com a participação de Ahmed Zubeir Sherif, único descendente do Rei Idris I, deposto por Kaddhafi.

Sherif luta ao lado de Omar Hariri, ministro da Defesa dos rebeldes, ex-companheiro de Kaddhafi no golpe de 1969 e depois preso numa tentativa de depor o coronel-presidente que até hoje governa a Líbia.

Outras perguntas que se fazem hoje: como ficaram o Iêmen e Bahrein? Onde estão a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)? Qual foi o resultado dessa aventura? Por que as Nações Unidas se calam sobre esses países e agora buscam, ao lado da União Africana e da UE, negociar com o governo Kaddhafi?

Como ficaram o Iêmen e o Bahrein?

E negociar sem ter apoio dos chamados rebeldes, hoje totalmente dependentes da OTAN e de países como a França, sem o que já estariam derrotados. A quem interessa esconder os objetivos e programa dos rebeldes, monarquistas, em sua maioria simpáticos ao Ocidente, ao livre mercado e ao secularismo e cuja bandeira tremula em suas manifestações e entrevistas?

Não podemos esquecer que o presidente Muamar Kaddhafi, depois de 10 anos de bloqueio, com pesadas sanções econômicas, foi salvo do isolamento internacional antes por Nelson Mandela e depois pelos próprios Estados Unidos quando, então, lhes era conveniente.


Logo que saiu dos 27 anos de prisão, Mandela visitou a Líbia para agradecer o apoio que Kaddhafi deu à luta contra o racismo e o regime sul-africano.

JESUS CRISTO COELHO! Um texto delicioso de ler e bem crítico quando a comemoração da páscoa nos dias atuais.



-Papai, o que é Páscoa?
- Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Marta, vem cá!
- Sim?
- Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado.
Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
- Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
- Que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Minas Gerais?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?
- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
- Coelho bota ovo?
- Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era... era melhor, sim... ou então urubu.
- Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né? Que dia que ele morreu?
- Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
- Que dia e que mês?
- (???) Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.
- Um dia depois!
- Não, três dias depois.
- Então morreu na quarta-feira.
- Não! Morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
- Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
- É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se Jesus morreu na sexta!!!
- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
- Ui...
- Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
- Ai Coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora de catecismo!

Luís Fernando Veríssimo.

Blog do Charles Bakalarczyk: Manguaceiro Aécio Neves: faça o que eu digo, não faça o que eu faço!

Blog do Charles Bakalarczyk: Manguaceiro Aécio Neves: faça o que eu digo, não faça o que eu faço!

por Paulo Henrique Amorim


Cadê a grana da Plimvatização ?

No I Encontro de Blogueiros (sujos) de SP – clique aqui para ler “Paulo Bernardo vai ter uma conversinha com a deputada Erundina, da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão”, este ansioso blogueiro entrou de penetra.

E o presidente da mesa, Celso Jardim, um dos responsáveis pelo sucesso estrondoso do Blog da Dilma e, ele, próprio ilustre blogueiro, deu a palavra a este ansioso blogueiro.

Este ansioso blogueiro fez dois pedidos aos deputados federais ali presentes, Luiza Erundina e Paulo Teixeira:

- Primeiro, que procurassem saber a quem do PiG (*) o FHC dava grana.

Clique aqui para ler “Venício quer saber a quem do PiG (*) o FHC dava grana”.

Este ansioso blogueiro sugeriu que o pedido se concentrasse na gestão do Ministro da Secom Andrea Matarazzo, que, depois, ilustrou a História da Diplomacia Brasileira como embaixador em Roma.

O ansioso blogueiro também desconfia que  a Globo fosse especialmente beneficiada. 

Com 50% da audiência, recebia do Governo FHC 90% da verba do Governo Federal para televisão.

Mas, esperava que os dois parlamentares obtivessem informações mais precisas.

- Segundo, este ansioso blogueiro pediu que os dois parlamentares requisitassem à Polícia Federal a íntegra do relatório do delegado Saadi, na sequência da Operação Satiagraha.

Por que só a Época tem acesso a esse relatório, e divulga partes selecionadíssimas ?

Clique aqui para ler também “PF: Dantas é a grana do valerioduto. Época não consegue esconder”.

aqui para ler “Época revela como Dantas operava com FHC”. 

Divulga os trechos que teoricamente provam o “mensalão”  do PT e escondem o que está lá: os e-mails e documentos que incriminam Dantas, FHC, Cerra e o Ministro Gilmar Dantas (**).

O deputado Teixeira anunciou publicamente – e sob entusiasmados aplausos – que vai redigir os dois requerimentos.

Quer saber onde o FHC botava a grana.

E quer ler a integra do documento oficial do delegado Saadi e que só a Época (da Globo) pode ler.

Este ansioso blogueiro, em nome dos que assistiram – inclusive via internet – ao I Encontro, vai ficar de olho.

A deputada Erundina anunciou, também, que vai encaminhar ao Tribunal de Contas da União, um órgão de assessoria do Congresso, um requerimento para saber para onde foi o dinheiro da privatização do FHC.

Quem sabe foi parar na publicidade da Globo ?

E assim teria nascido a Plimvatização ?