Campeã de vendas do programa Minha CMRV tem planos de construir 70 mil casas por ano até 2015, o que pode transformá-la na maior construtora do mundo


Naiana Oscar, – O Estado de S.Paulo

Aos 12 anos de idade, Rubens vendeu uma vaca, presente do pai, e investiu o dinheiro em dólar e ouro. Aos 19, estagiário de engenharia numa construtora de Belo Horizonte, descia o carro na banguela para economizar gasolina. Aos 23, apostou com o chefe um jantar à base de camarão se conseguisse construir uma casa a um custo abaixo do estimado. O imóvel está lá, na Rua dos Maçaricos, zona norte da capital mineira, como pedra fundamental do que é hoje a MRV – maior construtora do País voltada para a baixa renda e também a que mais fatura com o programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, segundo dados de mercado.
O jeito austero com que Rubens Menin, de 54 anos, tratou suas contas desde a infância está impresso na empresa criada em 1979, em sociedade com dois primos. “Somos espartanos”, gosta de dizer. Cortar custos é a alma do seu negócio. Foi assim que ele fez da MRV uma máquina de construir ? na semana passada, com valor de mercado de R$ 5,7 bilhões. Ela disputa com a PDG Realty o posto de segunda empresa imobiliária mais valiosa da Bovespa, atrás da Cyrela.
No ano passado, a MRV produziu 13 mil casas e apartamentos e vendeu 23 mil, faturando R$ 2,8 bilhões. No prazo máximo de cinco anos, Rubens quer tornar a MRV um fenômeno mundial, com uma média de 70 mil unidades construídas por ano. A mexicana Homex, hoje a que mais constrói, coloca em pé 53 mil casas. No Brasil, só a Encol, que foi a maior do País e faliu em 1997, chegou tão perto. “É um objetivo ousado, mas não chega a ser impróprio, desde que haja escala”, diz o professor de Real Estate da USP, João da Rocha Lima Jr.
Isso significa instituir uma produção em série na companhia, coisa que a MRV já faz, mas precisa aperfeiçoar. Originalidade não é uma palavra que se costuma pronunciar nos corredores da empresa, nos canteiros e nos plantões de venda. Menin se orgulha disso. Abre um sorriso quando avista a fachada padrão de seus imóveis. “Reconhece?”, costuma perguntar. “É nosso.” Todos os apartamentos são iguais nas 75 cidades onde está presente. O piso salmão da sala é o mesmo em São Paulo e em Porto Alegre. As 135 mil janelas encomendadas para este ano não diferem em nada umas das outras. Para ter escala, a MRV tenta aumentar ao máximo o número de unidades por canteiro de obra, sem ter de multiplicar o número de empreendimentos.
As novas metas de Menin começaram a ser delineadas em um fim de tarde de dezembro de 2008. “A Dilma está no telefone e quer falar com o senhor”, avisou a secretária. Era a Rousseff, convidando-o para uma reunião em Brasília. Além dele, outros seis empresários da construção se sentaram à mesa para discutir o programa. O plano chegou meio torto: as construtoras teriam participação secundária e dependeriam das terras do poder público para construir. As empresas ajudaram a reformular o programa. “No dia do anúncio, fomos morrendo de medo para Brasília. Não sabíamos o que nos esperava”, lembra Menin. “Acabou saindo melhor do que a encomenda.” Todas as propostas das construtoras foram aceitas e o governo ainda decidiu subsidiar parte dos imóveis.
Assim que o Minha Casa, Minha Vida engrenou, a MRV refez as metas. O crescimento, estimado no início do ano em 15% em relação a 2008, foi ampliado para 50%. As vendas quase dobraram. O programa, criado para facilitar a compra de imóveis por famílias de baixa renda, caiu como uma luva para a construtora, com uma experiência de três décadas nesse segmento.
Trator. Menin, que já era uma máquina no trabalho, virou um trator. Ele viaja duas vezes por semana, num avião particular, para visitar obras, terrenos e concorrentes. O jato sai de Belo Horizonte impreterivelmente às 5h55. Quem atrasa fica para trás. “Corremos contra o pôr-do-sol porque no escuro não dá para ver obras.” Nas cidades que ele levava no máximo 1h30 para percorrer, hoje precisa de quase cinco horas, porque as paradas se multiplicaram. Há duas semanas, numa quinta-feira, Rubens esteve em São José do Rio Preto, Araçatuba, Sorocaba e Itu, no interior de São Paulo ? Estado que concentra um terço do negócio. O recorde foram 12 municípios em um dia.
Naquela quinta, de calça cáqui, sapato social, camisa Lacoste e uma bolsa preta a tiracolo, Menin esteve em 22 canteiros, 20 terrenos e em cinco concorrentes no período de 12 horas. Uma comitiva, formada por diretores regionais e corretores, esperava por ele em cada um dos destinos com um mapa da cidade e imagens de satélite dos terrenos. Menin acompanha todos os trajetos no mapa e fica aflito se não consegue identificar em que rua está passando. “Você não disse que esse terreno estava em área urbanizada, Tonhão?”, perguntou a um dos diretores e amigo de faculdade. “Isso aqui está no meio de um clarão. Não tem nada perto.”
O empresário diz que revolucionou o mercado de baixa renda ao mostrar que é possível construir condomínios baratos dentro da cidade. Por isso, o sucesso de um empreendimento depende da escolha do terreno. Todos são visitados por Menin e passam por sua aprovação. “Ele sempre quer saber se tem padaria perto”, diz um dos corretores. “Eu e o Elie Horn (da Cyrela) somos os que mais rodamos”, conta Menin. “Às vezes me ligam para dizer que ele acabou de passar por uma obra nossa. E ligam para o Elie para contar que me viram numa obra deles.”
Na visita aos canteiros, ele circula entre os operários e entra em pelo menos um imóvel do empreendimento. Depois de um tapinha nas costas do engenheiro responsável, dispara uma série de perguntas-padrão: prazo, número de funcionários, unidades concluídas, custo, nada escapa. “Essa é a sua pior obra em produtividade, não é?”, perguntou a um dos supervisores, que em resposta deu um sorriso sem graça. Na saída, Rubens sacou o gravador: “Parque Alba, 350 homens, 30 apartamentos, produtividade baixa.”
Cobrança. São até 100 gravações por viagem. Entre uma cidade e outra, Menin liga para a secretária, em Belo Horizonte, e “descarrega” o que gravou. Ela envia as mensagens para os gestores responsáveis por cada área. Na viagem que o Estado acompanhou, um dos diretores recebeu três e-mails enquanto dividia o mesmo carro que o chefe.
A cobrança por resultados é aplicada aos 18 mil funcionários. O cumprimento das metas é recompensado com bônus, prêmios, participação nos lucros e ações da empresa. Hoje, R$ 420 milhões ? 7,1% do capital ? estão nas mãos de executivos e conselheiros. Menin tem 34,6% das ações. A maioria dos executivos é formada por amigos pessoais. “O Rubão liga o tempo todo, até no fim de semana, para tratar de negócios, sugerir um vinho ou saber os resultados de um exame médico”, conta Lucas Cabaleiro, diretor de desenvolvimento imobiliário.
Desde janeiro, Cabaleiro disputa o primeiro lugar no ranking dos diretores que mais compram terreno e mais conseguem fazer permuta (oferta de imóveis como parte do pagamento). Se atingir a meta, pode ser recompensado com até 12 salários. Engenheiros que reduzem prazos e custos podem ganhar até oito. Este ano, os supervisores de obra passaram a ser motivados por um concurso próprio, com prêmios que variam de R$ 10 mil a R$ 50 mil.
O comprometimento com a redução de custos é alvo de programas específicos, com bônus próprios. Em 2008, no auge da crise, a construtora lançou a “brigada de custos”. Cada um dos diretores ficou responsável por reduzir os gastos numa área que não é a sua. A meta de Menin, por exemplo, é diminuir a conta de telefone. Fazer economia pode significar até 30% a mais na participação dos lucros no fim do ano. Desde o início da brigada, a empresa economizou R$ 42 milhões ? dinheiro suficiente para construir 800 unidades.
Em casa, nem a fatura dos cartões de crédito dos três filhos casados escapa à calculadora de Menin. “É incrível como ele consegue cuidar da empresa e das nossas despesas ao mesmo tempo”, disse a filha Maria Fernanda, 30 anos, promovida no mês passado ao cargo de diretora-jurídica da empresa. Só o filho mais novo, João Vitor, 28 anos, não está na MRV. Rafael, de 29, também foi promovido recentemente, com a reestruturação do organograma. A mudança está diretamente ligada a uma futura sucessão de Menin, mas ele não fala em aposentadoria. “Se parar, embota.” Disposição ele tem. Na viagem que o Estado acompanhou, iniciada quando o sol ainda não tinha nascido, Rubens só ameaçou o primeiro bocejo às 18h58.

Dilma lança blog e perfil no Orkut e no Facebook


   A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, vai ampliar hoje a participação  na internet com o lançamento de seu blog pessoal e também de seu perfil pessoal nas redes de relacionamento Orkut e Facebook. O novo reforço à presença de Dilma na web soma-se agora à adesão da petista ao Twitter e aos [...]

Governos começam a entregar moradias a desabrigados no Rio


  Cinquenta famílias que perderam as casas em consequência de deslizamentos de terra no Morro do Urubu, no Rio de Janeiro, receberão até quarta-feira as chaves das novas moradias, num condomínio que reúne 299 apartamentos. Ontem os primeiros beneficiados receberam simbolicamente as chaves, entregues pelo governador, Sérgio Cabral, pelo prefeito, Eduardo Paes, e o ministro [...]

Depois do Goldman Sachs, SEC investiga outras firmas

Depois de processar o Goldman Sachs Group com uma acusação civil de fraude, a SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA, está investigando se transações com hipotecas feitas por algumas das maiores firmas de Wall Street podem ter cruzado limites e enganado investidores.

A acusação de fraude da SEC contra o Goldman Sachs na sexta-feira expôs um segredo aberto em Wall Street: quando o mercado imobiliário americano começou a fazer rachaduras, anos atrás, algumas grandes firmas financeiras criaram produtos que tinham o propósito de permitir a clientes importantes, como fundos de hedge, apostar numa derrocada do mercado. 



Entre as firmas que criaram transações com hipotecas que logo fizeram água estavam Deutsche Bank AG, UBS AG e Merrill Lynch & Co. Não se sabe se a SEC está investigando quaisquer de seus contratos.

Acordo da UE e Mercosul pode ser retomado

O Parlamento Europeu deverá votar esta semana proposta de retomada da negociação entre União Europeia e Mercosul em maio, em Madri, para o acordo de livre comércio "mais ambicioso do mundo" ser concluído com "celeridade". 


Para parlamentares, o acordo é importante também para levar a outro instrumento que propõem: a criação, até 2015, de uma Zona Euro-Latino-Americana de Parceria Global, que poderia articular os acordos europeus com a região como se fossem parte de uma parceria. 


A iniciativa ocorre em meio a crescentes dúvidas entre negociadores do Mercosul sobre o real interesse europeu de concluir a negociação de livre comércio.

O Mercosul apresentou proposta melhorada, inclusive no setor automotivo. Mas do lado europeu a impressão é que as concessões continuam "desequilibradas" e que não seria possível maior abertura para produtos agrícolas do Mercosul. 



Para a França, a parceria estratégica com o Brasil parece servir só para vender aviões de caça que nunca conseguiu negociar com o resto do mundo. 

Governo quer autocontrole ou nova lei para os cartões

Preocupado com o que considera abusos das operadoras de cartões de crédito, o governo vai dar um ultimato aos bancos e empresas. Se não apresentarem uma proposta de autorregulamentação para o setor até o dia 30, o Ministério da Justiça enviará projeto de lei ao Congresso com normas mais rígidas para a cobrança de tarifas dos consumidores.

O endurecimento com as operadoras de cartões foi definido pelo presidente Luiz Inacio Lula da Silva. Ele teme que os 30 milhões de consumidores que passaram a utilizar cartões desde 2002 se transformem em pagadores de dívidas. Teme-se que, por causa das tarifas abusivas, em vez de o país ter avanço no consumo com o parcelamento nos cartões, possa ocorrer uma retração e até endividamento, principalmente na classe C.

Santo do dia


São Leão IX, Papa Confessor
(+ Roma, 1054)
Nascido na Alsácia e eleito Papa em 1048, foi exemplo de piedade, de zelo e de autêntico espírito pastoral, não receando agir com firmeza quando necessário. Lutou contra os abusos e escândalos de muitos membros do Clero, combatendo a simonia e a vida moral desregrada. Um de seus auxiliares de mais confiança nessa obra de reforma de costumes foi o monge Hildebrando, que depois se tornaria o grande Papa São Gregório VII. Excomungou o ambicioso e insubordinado Miguel Cerulário, patriarca cismático de Constantinopla, consumando-se assim o grande cisma do Oriente.