Mostrando postagens com marcador Crise. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Crise. Mostrar todas as postagens

O porque da crise econômica

Paul Krugman [ Prêmio Nobel de economia] escreve textos, artigos, livros e teses para dizer que a responsabilidade da crise americana é dos ricos que não querem pagar mais impostos...  

Os [liberais] a favor dos ricos pagarem menos impostos fazem o contrário, dizem que para resolver a crise o melhor seria diminuir os impostos...

Aí vem a velhinha Briguilina e simplifica tudo:
" Meu fi, o que acontece é que a medida do ter nunca enche. Isso vem desde que o mundo é mundo. E zé finim. 

Crise econômica

[...] Hebert Hoover e Franklin Rossevelt

Em seus quatro anos de mandato (1929-1933), o republicano moderado Herbert Hoover e sua esposa orquestraram e fizeram inúmeros esforços privados de assistência. Ele criou a Corporação Financeira para Reconstrução, com a finalidade de colocar dinheiro à disposição dos bancos para que eles, por sua vez, pudessem fazer empréstimos substanciais a empresas privadas e, assim, ajudá-las a superar a depressão. Quando a iniciativa privada não foi suficiente para resolver a crise do emprego, lançou vários projetos importantes de obras públicas, como a ponte Golden Gate em San Francisco e a Barragem Hoover no Colorado. No entanto, três anos depois do colapso da Bolsa de Valores em outubro de 1929, o desemprego era maior do que nunca e, nas eleições de novembro de 1932, Franklin Roosevelt o derrotou por uma esmagadora maioria.

A diferença imediata e decisiva entre Hoover e Roosevelt não era ideológica, mas de personalidade. Roosevelt tinha um caráter simpático e não pretende ser especialista em nada. Começou por dizer que iria tentar métodos diferentes e utilizar aqueles que deram resultados. Ele tinha um sorriso de estrela de Hollywood e um grande senso de humor que animava suas falas no rádio e o impedia de parecer condescendente. Começou seu mandato proclamando uma semana inteira de feriados. Na verdade, o pânico financeiro das últimas semanas da presidência de Hoover já tinha feito a maior parte dos bancos fecharam as portas.

Roosevelt, ao contrário, aproveitou a oportunidade para transformar o pânico descontrolado em uma iniciativa presidencial. Em seu discurso de posse, disse que "a única coisa da qual devemos ter medo, é do próprio medo". Depois de ter proclamado o feriado, reuniu-se com dezenas de responsáveis pelos bancos e assessores políticos e pediu-lhes para dedicar a sua atenção para a criação de condições necessárias para gerar uma autêntica recuperação econômica. A primeira nova lei, elaborada durante esses dias, foi a Lei de Ajuste Agrícola, que melhorou o acesso ao crédito e baixou os juros hipotecários para milhões de pequenos agricultores.

Uma menção de algumas das principais leis que constituíram o chamado “New Deal” dará ao leitor uma ideia da imensa variedade de questões que preocupavam Roosevelt. O Corpo Civil de Conservação pagou a manutenção de milhares de jovens desempregados que se dedicaram a reflorestar bosques que as empresas madeireiras haviam desmatado e depois abandonado, mais de um século antes da Grande Depressão. Uma nova Comissão de Mercado de Valores introduziu alguma transparência nas operações da Bolsa de Valores. A Corporação Federal de Seguros de Depósito garantiu, pela primeira vez, as poupanças dos clientes de todos os bancos em caso de ondas de pânico, como aquelas ocorridas entre 1929 e 1933.

A Agência de Desenvolvimento de Obras Públicas deu trabalho para milhões de homens na construção der estradas, escolas, correios e outros edifícios públicos. A Lei de Recuperação Nacional e a Junta Nacional das Relações do Trabalho garantiram o salário mínimo e protegeram os direitos de negociação de diversos tipos de trabalhadores industriais. A Lei de Normas Justas do Trabalho, de 1938, aboliu o trabalho infantil nos setores em que ainda existiam.

Havia muitos obstáculos legais para aplicar toda a legislação do “New Deal”, e Roosevelt cometeu a ousadia de querer aumentar o número de magistrados na Suprema Corte, cuja maioria conservadora estava declarando ilegais muitas das novas leis. Sem entrar em detalhes sobre a sensatez econômica e o grau de constitucionalidade das muitas normas que compuseram o “New Deal”, é evidente que, com sua atuação enérgica e valente e, ao pensar, além da recuperação econômica, nas necessidades educativas, culturais e ecológicas, Franklin Roosevelt e seus assessores não só forjaram uma saída da Grande Depressão, mas também melhoraram o sentido público da responsabilidade e da qualidade do debate político nos Estados Unidos.
por Gabriel Jackson

EUA - Um exemplo a não ser seguido



Image
Dilma Rousseff
"Os Estados Unidos são um exemplo a não ser seguido". É o que acha a presidenta Dilma Rousseff. “Essa discussão sobre o aumento do teto da dívida deu-se em uma disputa absolutamente paroquial, que compromete o papel do país no mundo. O que sobrou para eles: inundar o planeta de dólares, transferir parte de seu ajuste para os mercados emergentes. Isso não vai levar a boa coisa”, afirmou ela na segunda entrevista que deu à revista Carta Capital desta semana, cuja leitura recomendo.

Para a presidenta, o mundo todo sabe o que fazer para enfrentar a crise. “O nosso Banco Central, por exemplo, está cheio de instrumentos para analisar e agir. Mas, de que adianta tudo, esse saber, a experiência, se em uma questão tão paroquial os dirigentes da maior economia do mundo fazem o que fizeram?”, questionou.

Dilma Rousseff defende que o Brasil tem todo o direito de se preocupar com as escolhas norte-americanas, pois o país tem US$ 350 bilhões em reservas e já é o quarto maior credor dos Estados Unidos. A chefe de governo elogiou o papel da Unasul (o conselho político dos países) para os países da América Latina. “Antes, nos anos 1990 e em parte dos anos 2000, a alternativa era fazer acordos de livre comércio com os Estados Unidos, na esperança de encontrar a felicidade”, comentou. Ela ressaltou que, hoje, no entanto, a situação é outra. O fórum reúne países com taxas de crescimento expressivas, como enorme potencial de integração e que pode ser aproveitado em benefício comum.

Relação ambígua com a China

A China foi outro tópico aprofundado na entrevista. Para a líder da nação, na relação que o Brasil tem com o país asiático o que se quer é incluir inovação, parceria e cadeias produtivas na pauta bilateral. “Se quiserem uma parceria conosco, é preciso ter ciência, tecnologia e inovação”, afirmou, citando a área de satélites como uma das possibilidades.

Para ela, o modelo de produção CKD - quando todas as peças são enviadas de outros países e o produto é apenas montado na fábrica brasileira – não interessa. Caberia ao Brasil verificar se os chineses estariam ou não usando o método CKD no país. O mesmo caberia nos casos de triangulação entre países para que determinados produtos escapassem às barreiras brasileiras de antidumping. “Nós é que temos de garantir (que isso não se dê)”, afirmou.

Saneamento básico
A presidenta discorreu, também sobre a importância do saneamento básico no Brasil. Explicou que o governo federal não tem como fazer as obras diretamente, as quais cabem aos Estados. Ainda assim, colocou à disposição 40 bilhões de reais para projetos voltados à gestão da água. “Damos preferência às grandes concentrações populacionais”, explicou.

A eficiência da execução dos projetos, portanto, estaria nas mãos das companhias de saneamento. Os Estados que não as têm, têm menor eficiência na execução das obras, explicou. E ao encerrar sua entrevista, a presidenta prometeu construir 750 mil cisternas no Semiárido nordestino, onde vivem 20 milhões de brasileiros. Serão 300 mil só este ano. Confira a matéria na Carta Capital desta semana. A íntegra do material está disponível apenas na versão impressa da revista.

A crise do capitalismo


Povo nas ruas: não no Brasil...



Tive o prazer de entrevistar esta semana, na Record News, Plinio de Arruda Sampaio e o jornalista e cientista político Igor Fuser. O assunto: a crise do capitalismo e as insurreições de rua que chegaram ao Chile e à Inglaterra.
Igor lembrou um dado irônico: Inglaterra, com Thatcher, e Chile, com Pinochet, foram os pioneiros do neoliberalismo no fim dos anos 70 e início dos 80. Comandaram a onda de privatizações, desregulamentação e ataques aos sindicatos que depois se espalhou pelo mundo. Claro que a queda do “socialismo real”, no início dos 90, deu o empurrão final: os capitalistas perderam o medo! Sem a alternativa do socialismo, tornavam-se desnecessárias as concessões que ao longo do século XX o Capital fora obrigado a fazer ao Trabalho.
Os anos 80 e 90 foram o auge do ultracapitalismo.
Agora, é a volta do cipó de aroeira! A crise viceja no Chile e na Inglaterra. Estudantes chilenos querem Educação pública! Ingleses querem um Estado que não seja só “mãe dos banqueiros”.
Plinio lamentou que a onda de protestos ainda não tenha chegado ao Brasil. “Aqui, domina a cultura do favor”, disse o ex-presidenciável pelo PSOL. E lembrou que parte do povão tem o sentimento de “gratidão” em relação a Lula, pelas políticas sociais que tiraram milhões da miséria.


Não concordo com Plinio nesse ponto. Lula fez algo importante. Criou a base de um mercado consumidor gigantesco e independente. Mas, como já foi lembrado por tanta gente, Lula não ajudou a politizar a sociedade. A tal classe C que ascende cultiva em boa parte os valores do individualismo e do consumo.


 Quem sou eu pra ”condenar” aqueles que sonham com (e conseguem) uma TV nova ou um carro comprados no crediário? É fácil torcer o nariz quando já se tem isso tudo. Na verdade, o problema não é o consumo. Mas a falta de debate, que deixou a agenda dominada por valores conservadores (como vimos na campanha eleitoral em que aborto virou tema central).


Mas Lula ainda travava algum debate com a direita: nas comunicações, na economia, na questão das relações internacionais, na Cultura. Dilma parece ter caminahdo ainda mais ao centro. Dilma parece disposta a cumprir a promesa de reduzir a miséria ainda mais. E só. 


O que atrapalhar esse plano (modesto) ela vê como acessório. E abre mão.
Mas acho que a esquerda (seja ela petista, psolista, comunista, socialista ou outros “istas” por aí) faria melhor se, em vez de seguir reclamando da “despolitização” legada pelo PT, tentasse construir uma nova agenda.
O Plinio e outros por aí cumprem o digno papel dos combatentes que não abaixaram suas bandeiras. Acho que é um papel importante, diante do abandono das bandeiras de esquerda por tantos petistas.

Essa nova agenda não precisa “negar” o lulismo. Ao contrário. Deveria partir das conquistas e dos avanços do lulismo, para estabelecer um novo programa.

Enquanto a economia cresce, isso tudo pode parecer bobagem. Dilma e o PT “oficial” (que faz acordos com as teles e veta aumento pra aposentado) seguirão nadando de braçada – fora uma ou outra crise fabricada pela oposição midiática.

Mas a crise mundial vai bater aqui no Brasil, mais forte do que em 2008. E aí os setores organizados, os petistas que não abdicaram de reformar a sociedade (e são muitos, talvez a maioria), os sindicalistas, os movimentos sociais, enfim a base tradicional da esquerda terá que se perguntar: vamos  tentar salvar o capitalismo à brasileira – de juros nas alturas e concesões sociais? Ou vamos apostar num programa alternativo?
Leia a matéria completa »

Deu o óbvio

Tivesse o resultado sido o contrário...o escritor mudaria algumas palavras e manteria o titulo do artigo. Faz parte do oficio dele manipular palavras. Triste quando manipulam a realidade em troca de $$$.

A presidente Cristina Kirchner venceu com facilidade o ensaio geral da eleição argentina marcada para outubro. Lá tem disso. Dois meses antes de ir à urna para decidir de fato, o eleitor precisa comparecer para um faz-de-conta.

A viúva de Néstor deu de lavada, confirmou os prognósticos. Os adversários ficaram na poeira. Apesar das recentes derrotas dos candidatos dela em eleições locais, em regiões importantes.

Lá como cá o eleitor não vota em bloco. Não mistura as coisas. Pode perfeitamente caminhar de um jeito para prefeito, ou governador, e de outro para presidente da República. A maioria do eleitorado não olha para partidos, mas para pessoas, linhas.

Os Kirchner conseguem recolher a confiança popular por uma razão singela. Porque a Argentina deixou para trás a bagunça econômica legada por etapas desastrosas sucessivas. Um trabalho de desconstrução nacional sistemático.

Da desindustrialização dos militares à fantasia cambial de Carlos Menem, passando pela hiperinflação de Raúl Alfonsín. Uma bagunça que culminou no colapso do governo de Fernando de La Rúa.

Que pagou o pato pelas maluquices acumuladas, não mostrou energia para montar o touro bravo e precisou sair pela porta dos fundos. Ou pelo teto. De helicóptero.

Aí veio Néstor Kirchner, eleito na onda antimenemista, e teve a coragem de dizer que a dívida argentina era mais que impagável, até por já ter sido paga.

E impôs aos credores um deságio forçado dos títulos. A banca e os representantes dela chiaram, como esperado, mas a situação do país legitimava a ousadia.

O sucesso político de hoje dos Kirchner apoia-se naquela ruptura. Naquela recusa a tratar o “respeito aos contratos” como religião.

Kirchner fez apenas o que qualquer empresário faz quando pega uma firma com um monte de maus negócios em andamento. Entre morrer agarrado aos contratos e exigir a renegociação deles, vai sempre pela segunda opção.

Ainda que na hora de tratar com o governo o mesmo empresário prefira rezar pela cartilha do respeito aos contratos a qualquer custo.

A partir daquele passo a Argentina pôde entrar na trilha do crescimento econômico robusto e com estabilidade.

É pouco? Para os argentinos parece ser muito, daí as seguidas vitórias eleitorais do kirchnerismo.

Falta ainda à Argentina um arcabouço institucional para perenizar esse progresso com estabilidade. O governo investe sistematicamente contra a imprensa. A cultura política do confronto produz turbulências periódicas.

E a inflação é desagradavelmente alta. Sem que ninguém saiba direito qual é o número de verdade.

Mas na comparação com o antes a dupla Kirchner vai longe na frente. Os números comprovam. E as urnas também.

Inexplicável

Dilma Rousseff adverte para o necessário cuidado com a nossa jabuticabeira, a árvore que fornece a maior taxa básica de juros e o maior spread do planeta.

Desculpe, leitor, se às vezes aqui a coisa fica meio repetitiva. Mas se os problemas são os mesmos não há muito como fugir.

No discurso das nossas autoridades o Brasil é um portento planetário. Aqui as crises não chegam, ou chegam só como marolinha.

As nossas contas públicas são exemplares, produto da disciplina fiscal que o governo cultiva com mão de ferro.

No entanto, o governo brasileiro é o que tem mais dificuldade para rolar suas dívidas. Para pegar emprestado precisa pagar juros maiores do que qualquer outro país.

Jornais e revistas já organizaram séries com intervenções de sábios. Seminários discutem aprofundadamente o tema. Papers acadêmicos mostram o produto da imensa energia intelectual investida no assunto.

E os especialistas têm lá suas explicações, sempre proferidas com jeitão de verdade absoluta.

Mas o problema continua no mesmo lugar. Sem uma explicação simples e direta.

De duas uma. Ou 
1) somos tudo o que acreditamos ser e então os juros aqui são um escândalo ou 
2) nossos juros são necessários e o surto pátrio de autoestima hiperbólica é apenas o retrato de uma farsa.  

Pilotagem eficiente


Avaliações realistas a respeito da perspectiva de recessão americana e da crônica crise fiscal europeia levaram a presidente Dilma Rousseff a ajustar suas estratégias política e econômica. "A ficha caiu", diz um integrante da cúpula do governo. Leia-se: a gestão Dilma passou a contar com um cenário mais adverso na economia e no Congresso. Portanto, precisa rever suas diretrizes.

Na política, há uma tentativa de melhorar a tensa relação com os aliados. Não foram apenas demissões num estilo mais duro que pesaram na piora desse relacionamento. Também contribuíram um certo distanciamento da presidente da classe política e um arrocho verdadeiro na liberação de emendas parlamentares.

Dilma faz bem ao tratar com maior firmeza suspeitas e suspeitos de corrupção. Mas pretende evitar o clima de execução sumária que a faxina no Ministério dos Transportes andou estimulando. É uma operação de ajuste fino combinar rigor ético com a realidade de manter maioria no Congresso para governar.

Segundo um auxiliar, Dilma demonstra disposição de se aproximar dos políticos, mas não deixará de ser mais inflexível do que gostariam seus aliados quando o tema for corrupção.
A queda na pesquisa CNI-Ibope ajudou a ficha a cair. Para um ministro com trânsito no Palácio do Planalto, houve certa ilusão de que a imagem de paladina da justiça renderia somente bons frutos. O noticiário recheado de tantas acusações de corrupção tem reflexo negativo sobre a avaliação do governo.

Na opinião de Dilma, ela enfrenta um problema mais grave: uma nova maré mundial de dificuldades econômicas. Há gente no governo dizendo que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano será uma vitória se ficar entre 3% e 3,5% --distante do discurso oficial de 4% a 4,5%.

Aumentou a possibilidade de o Banco Central começar a reduzir os juros ainda em 2011. O dragão da inflação assusta menos. O fantasma do câmbio arranca os poucos cabelos da equipe econômica, mas é um problema que Dilma e ministros julgam ser difícil combater apenas com canetadas para proteger setores da economia doméstica.

O maior temor passou a ser uma queda significativa do crescimento do PIB, o que resultaria em menos empregos e menos renda.

Ter evocado a receita da crise de 2008-2009 parece uma boa saída. O herói daqueles dias foi o consumo das famílias, turbinado pelo fortalecimento do mercado interno de 2003 para cá.

A maioria dos economistas diz que o Brasil deverá sofrer menos agora do que sofreu no final do governo Lula. Mas isso dependerá de uma pilotagem tão eficiente quanto a de dois anos atrás. É um belo teste para a gerente.
Kennedy Alencar
Kennedy Alencar escreve na Folha.com às sextas. Apresenta o programa de entrevistas "É Notícia", da RedeTV!, e faz comentários no "RedeTVNews". Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", no "Jornal da CBN".

Twitter: @KennedyAlencar

Crise na economia pode fazer bem ao Brasil

- Como o Brasil pode se beneficiar da crise mundial velhinha Briguilina?
- Priorizando o combate a agiotagem e diminuindo drasticamente privilégios dos rentistas.
  1. Baixar a selic a níveis mundiais [1 a 2% ano]
  2. Exigir dinheiro vivo nas operações de derivativos.
  3. Diminuir a % de remessa de lucros.
No mais é o governo continuar a investir em educação, saúde e infraestrutura. Nada mais que o feijão com arroz básico de todo dia.

Os males do capital-motel

Muita gente se pergunta porque a Bovespa cai mais do que qualquer outra bolsa de valores do planeta, inclusive as dos Estados Unidos e da Grécia, situações díspares e antagônicas nessa selva de vigarices onde se ganha sem trabalhar.

A resposta é simples: deve-se às facilidades e regalias dadas desde o governo Fernando Henrique ao capital-motel, aquele que chega de tarde, passa a noite e vai embora de manhça depois de haver estuprado um pouquinho mais nossa economia. Claro que também  se deve a essa deletéria política de juros, praticada para atrair recursos ao preço até mesmo de nossa soberania. O resultado aí está: o capital-motel foge daqui em velocidade ímpar para comprar títulos da dívida americana, por ironia ainda os mais garantidos, mesmo depois da proximidade da bancarrota nos Estados Unidos.

Aqui, o capital-motel não tem obrigações, não paga imposto de renda e nem é forçado a permanecer sequer alguns meses na Bovespa. Entra e sai quando quer. Resultado: tanto a iniciativa privada quanto a estatal vão para o precipício. A Vale e a Petrobrás perderam 42,6 bilhões  de reais em 24 horas.
por Carlos Chagas

EUA: Mandados pelo dinheiro

As circunstâncias políticas em torno da elevação do teto da dívida americana tiveram influência decisiva para o rebaixamento daquele país por uma agência de classificação de risco.

Mesmo alertada — e tendo admitido — que seus números estavam errados, a tal agência decidiu rebaixar o rating americano, e ponto final.

É até curioso que a esta altura agências de risco sejam levadas a sério, depois das lambanças protagonizadas na crise de 2008. Quando até a véspera atestavam a saúde de gente podre na alma, como os fatos mostrariam.

Talvez se explique pela necessidade obsessiva de bússolas, até das quebradas. O sujeito olha para o instrumento e sente algum conforto, mesmo sabendo que o bichinho de pouco serve, depois de ter falhado além do razoável.

Essa necessidade é fonte de poder. Daí que a arrogância das tais agências tenha sobrevivido aos recentes fracassos delas na sua competência principal, avaliar riscos.

Como o médico que vem errando diagnósticos, mas na falta de outro colega disponível emite novos pareceres com a mesma empáfia e autossuficiência de quando era visto como intocável.

Há uma divergência política instalada nos Estados Unidos sobre a maneira de controlar a dívida pública. Democratas querem taxar quem ganha mais e reduzir despesas militares. Republicanos não aceitam aumento de impostos nem cortes no esforço de guerra.

Essa é a divergência. O consenso está em ambos defenderem que a dívida precisa ser controlada para ser honrada. E para abrir espaço ao crescimento. O keynesianismo lá anda meio em baixa.

Ou seja, a agência desclassificou os Estados Unidos não por ela valorizar as diferenças entre as forças hegemônicas, mas por desconsiderar um dos únicos pontos consensuais entre elas.

E por desconsiderar também que o conflito encontra um mecanismo seguro para ser resolvido: as eleições de daqui a pouco mais de um ano.

Na verdade, o que certa gente não tolera mesmo é a democracia. Se os Estados Unidos, por exemplo, cultivassem também a jabuticaba das medidas provisórias, possivelmente os sábios da medição de rating respirassem mais aliviados.

A ala mais radical do Partido Republicano ganha fôlego entre os americanos porque a população não quer pagar mais impostos. Mas esse sentimento não é novo, e não é exclusivo dos cidadãos dos Estados Unidos.

Mais que não querer pagar mais, o americano recolhe de outra fonte a sua insatisfação.

A saída keynesiana foi boa para impedir um mergulho na escuridão três anos atrás, mas não vem sendo suficiente para recolocar a locomotiva nos trilhos em velocidade razoável.

O próprio governo brasileiro, que dia sim outro também acende uma vela “contra o neoliberalismo”, apresenta a renúncia fiscal como elemento importante de uma política econômica voltada ao crescimento e ao emprego.

Barack Obama poderá, se assim entender, defender na campanha de reeleição que o remédio keynesiano é bom, mas a dose vem sendo insuficiente.

Já o candidato republicano certamente retrucará com as vantagens — segundo ele — de deixar mais capital na mão dos empresários, para que invistam e assim gerem crescimento econômico.

A exemplo do que faz o governo do Brasil.

Quem vai decidir? As urnas. E se elas produzirem uma situação de ainda equilíbrio, que os futuros poderes busquem o consenso possível.

Como encontraram dias atrás. Mas a tal agência não gostou, e desencadeou uma onda global de instabilidade.

Paciência. Para os czares da economia a democracia pode até ser um estorvo. Mas ela é insubstituível.

Os Estados Unidos têm lá seus problemas causados por políticos cuja qualidade é duvidosa, ou é vista como tal em períodos difíceis.

Mas estão bem melhor, muitíssimo melhor do que estariam caso o poder estivesse não nas mãos dos eleitos pelo povo, mas não na dos escolhidos pelo dinheiro. 
por Alon Feurwerker

por Zé Dirceu

Crise impõe ao Brasil necessidade de resistir a pressões histéricas

ImageNão me agrada ter acertado dessa vez, mas como já falávamos e prevíamos aqui no blog, a crise econômica global se tornou mais aguda. Seu agravamento, mais do que nunca, impõe ao Brasil a necessidade de resistir às pressões histéricas - mas, conscientes - dos arautos do capital financeiro, dos que defendiam e exigiam mais juros, mais cortes e menos impostos.

Exigiam, enfim, a operação de uma equação que não fecha e que não tem nada a ver com nossos problemas no câmbio e nos preços. Nossa crise era, e é, de crescimento e, em parte, reflexo da crise internacional. Agora, com o agravamento da situação mundial, as commodities caem de preço, o dólar se valoriza e a inflação dá sinais de arrefecimento, invertendo totalmente a equação.

Este novo quadro de crise, mais grave, exige do nosso governo, num primeiro momento não mais um ajuste fiscal, mas a  redução da taxa Selic de juros, de impostos, e o uso do compulsório se necessário. E dos investidores exige uma total revisão da direção de suas aplicações.

O que volta a valer agora, quando a crise se agrava


No nosso caso, volta a valer a produção e não os derivativos e outros instrumentos para a especulação. Volta a ter valor o crescimento real do mercado interno, dos investimentos e da produção, da renda e do emprego e não apenas o seu reflexo, que deveria ser o mercado de ações e de renda fixa.

Valem, e muito, nessa nova quadra os US$ 350 bi de reservas externas e os R$ 420 bi de compulsório, os bancos públicos, que podem e deverão ser acionados de novo no caso de escassez de crédito. Bem como valem, e muito, as reservas e os fundos de pensão, os investimentos do PAC e do Orçamento geral da União, da Petrobras e da Eletrobrás e os investimentos das empresas.

Com essa nova conjuntura, avulta a importância do nosso mercado interno e do da América do Sul e de nossa política externa sintonizada com esse novo Brasil.

Prioridade à educação e à inovação

A hora é de investir na educação e na inovação. De acelerar ainda mais os investimentos na infraestrutura. Como em nenhum outro momento, a hora foi tão propícia à redução dos juros e à continuidade das políticas de geração de emprego e de distribuição de renda.

Sem ilusões, volto a repetir, com os Estados Unidos e a Europa, que de lá venha algo que nos favoreça e ajude a transpor essa crise. Só vão cuidar de seus interesses. Como, aliás, aconteceu depois da crise de 2008-2009 - aquela que eles provocaram e nós pagamos a conta.

essa Esta crise é mais uma obra dos bandidos do Wall Street





"Com um déficit orçamentário perpétuo impulsionado pelo desejo de lucros do complexo militar e de segurança, a causa real do enorme déficit do orçamento dos EUA está fora de discussão".
Paul Craig Roberts, ex-editor do Wall Street Journal e ex-secretário assistente do Tesouro no governo de Ronald Reagan.
Timothy Geithner, Christina Romer, Obama e Lawrence Summers. Uma equipe econômica sob medida para servir aos interesses dos especuladores do Wall Stret


 Em entrevista no Canal Livre da Tv Bandeirantes deste domingo, dia 7 de agosto de 2011, o ex-ministro Delfim Neto, que não é nenhum esquerdista, antes pelo contrário, afirmou categoricamente que essa crise nos Estados Unidos é obra de bandidos - os mesmos que forjaram a débâcle de 1929.

Antes, no dia 25 de julho, o economista norte-americano Paul Krugman escrevera no New York Times: "Para aqueles que conhecem a história da década de 1930, o que está ocorrendo agora é muito familiar. Se alguma das atuais negociações sobre a dívida fracassar, poderemos estar perto de reviver 1931, a bancarrota bancária mun dial que alimentou a Grande Depressão".

Na segunda-feira, dia 8, enquanto as bolsas de todo mundo despencavam, os "investidores" compravam adoidados os títulos do Tesouro norte-americanos, cujo rebaixamento, por uma agência de risco demoníaca, elevara a taxa de adrenalina dos acionistas à beira de um AVC. Dá para entender?

Crise conjuntural e política, conversa para boi dormir

Diz-se que o mais recente reboliço made in USA é conjuntural e político. O bate-boca no Congresso por conta da necessidade de elevar o teto da dívida teria engendrado a overdose da insegurança que pôs o mundo inteiro com as barbas de molho. Será?

Já em 2008 foi aquela pasmaceira, que se irradiou pelos quatro cantos do mundo em ventos uivantes e fez a fina flor amarelar. Obama assumiu na tempestade e, apesar da retórica envolvente, acabou dando o dito pelo não dito. Preferiu surfar na onda a dar um chega pra lá, limitando-se a algumas encenações, segundo o receituário do Wall Street, o covil da mais refinada bandidagem, e empurrou a tudo com a barriga.

Paul Krugman, proeminência de sua torcida organizada no mundo acadêmico, diz agora que ele se perdeu na selva de pedra. "O foco da política econômica foi desviado da criação de empregos e do crescimento para o problema da redução do déficit. Mas a economia não estava saindo do buraco. É verdade que a recessão chegou ao fim dois anos atrás e a economia escapou de uma derrapada assustadora. Mas em nenhum momento o crescimento se mostrou adequado levando-se em consideração a profundidade do mergulho inicial. Quando o desemprego aumenta tanto quanto o que vimos de 2007 a 2009, é preciso criar muitos empregos para compensar. E isso não ocorreu" - escreveu.

Estamos, portanto, diante apenas de erros de enfoque? O jornalista Matt Hartley, do diário canadense "National Post", fez uma constatação esquisita, mas sintomática: ele notou que o Tesou ro teve um saldo de US$ 73,768 bilhões no balanço operacional do dia 27 de julho, enquanto a Apple, segundo os dados mais recentes, tem US$ 75,876 bilhões em caixa. Claro que o próprio descobridor da pólvora fez uma comparação despropositada. Mas, de fato, o governo norte-americano está na pindaíba.

O rabo preso com a indústria de guerra

E não se manca, porque tem rabo preso com a indústria da guerra. Essa, sim, deita e rola e o mundo que se dane. Ela tem necessidade de dar saída aos seus foguetes de 1 milhão e meio de dólares e a Casa Branca não lhe nega fogo, independente de quem esteja fazendo suas traquinagens no salão oval.

Isso não se fala, como de hábito. Sem os "aditivos de emergência" o orçamento do Pentágono de 2011/12 vai fisgar 19,27% ou US$ 712,7 bilhões do total de US 3,699 trilhões, isso sem falar nos U$ 120,5 bilhões só em gastos com os veteranos de guerra. Não é pouca coisa, não.

Deduzidos os R$ 678,5 bilhões para a rolagem da dívida pública, o orçamento efetivo do Brasil para este ano, é de R$ 1,39 trilhão. Somando investimentos e custeio, incluídas as despesas da seguridade social e os investimentos das estatais. Convertendo as moedas, veremos que os gastos de guerra dos Estados Unidos equivalem quase a todo o orçamento brasileiro.

No início de março, antes das agressões com foguetes Tomahawk (que custam US$ 1,5 milhão de dólares cada) disparados contra a Líbia (106 só no primeiro dia), Amy Goodman dizia no programa Democracy Now, retransmitido por 900 emissoras norte-americanas: "Enquanto o noticiário internacional se concentra nas revoltas no Oriente Médio e no norte da África, os Estados Unidos seguem alimentando suas duas guerras prioritárias no Iraque e no Afeganistão. Os custos para sustentá-las estão afetando diretamente os orçamentos dos estados e da União. Os EUA gastam cerca de 2 bilhões de dólares por semana somente no Afeganistão , o que representa cerca de 104 bilhões de dólares ao ano - isso sem incluir o Iraque. Cerca de 45 estados mais o distrito de Columbia projetam déficits orçamentários de um total de 125 bilhões de dólares para o ano fiscal de 2012. As contas são simples: o dinheiro deveria ir para os estados, em lugar de ser gasto em um estado de guerra".

Quem dá as cartas quer ver o circo pegar fogo
Ainda em março, Paul Craig Roberts disse poucas e boas sobre os gastos militares dos EUA. Roberts não é qualquer um: ex-editor do Wall Street Journal, foi secretário assistente do Tesouro no governo de Ronald Reagan.

Com a verve de quem entende do riscado, espinafrou: "As oligarquias dominantes atacaram novamente, desta vez através do orçamento federal. O governo dos EUA tem um enorme orçamento militar e de segurança. Ele é tão grande quanto os orçamentos do resto do mundo somados. Os orçamentos do Pentágono, da CIA e da Segu rança Interna representam US$ 1,1 trilhão do déficit federal que a administração Obama prevê para o ano fiscal de 2012. Este gasto deficitário maciço serve apenas a um único propósito - o enriquecimento das companhias privadas que servem o complexo militar e de segurança. Estas companhias, juntamente com aquelas de Wall Street, são quem elegem o governo dos EUA".

Desde que, na década de 50, o general-presidente Dwight David Eisenhower detectou os poderes fulminantes do complexo industrial-militar, o predomínio dos interesses bélicos ganhou sofisticação e mesclou-se com a meia dúzia de três ou quatro que controla o Wall Street - gente que tem ligações remotas com a mais longa das guerras, a que garante a expansão do Estado sionista no propósito estratégico de apoderar-se do petróleo árabe e exercitar o delírio do "povo eleito".

Essa gente não tem pátria, não tem pai, nem mãe. Banca as bilionárias campanhas eleitorais e ganha como bônus a hegemonia dos governos d os dois partidões de lá, vide a equipe de Obama. Essa gente tem metas que extrapolam a fronteira norte-americana, é coisa de raiz milenar.

Com base em suas panacéias, os Estados Unidos estão fechando suas fábricas e indo produzir em países que dominam ou pretendem dominar, sob a alegação de que é mais vantajoso explorar a mão de obra local. Curiosamente, só não transferem a indústria de guerra.

O que enerva o mundo nestes dias é apenas mais uma ferida que sangra numa economia combalida, que para conservar as aparências tem de recorrer a golpes sequenciais, aproveitando-se da plataforma em que ainda se encontra, tendo a maior parte dos países do mundo a seus pés.

Mas não se iluda: de ferida em ferida, mais dia, menos dia, o império vai desabar. Justo, na nossa cabeça, com a conta amarga assumida por quem vive para pagar o pato.  
Para ver a entrevista de Delfim Neto, CLIQUE AQUI
CLIQUE AQUI, LEIA MATÉRIA NO BLOG E PUBLIQUE SUA OPINIÃO. 

O segundo tempo da crise mundial já começou. E lembra bastante o que foi a crise de 1929


A daquela época experimentou as seguintes fases:
1. Um movimento especulativo cada vez mais intenso, devido à falta de controle sobre os fluxos de capitais e sobre as especulações em mercado. Criou-se a bolha, que explodiu em 1929, com o crack da Bolsa de Nova York.
2. Os EUA eram a grande potência que emergia. A crise da sua economia espalhou-se por outros países, levando a uma guerra comercial sem precedentes, com a criação de barreiras comerciais e o recurso das desvalorizações cambiais defensivas.
3. Com a entrada de Franklin Delano Roosevelt na presidência do país, seguiu-se um período de aumento dos gastos públicos, reorganização das finanças das famílias (através da renegociação de suas dívidas hipotecárias), o enquadramento do sistema bancário, que permitiram a recuperação da economia.
4. Por temor da inflação, em 1937 Roosevelt soltou um plano fiscal severo que trouxe a crise de volta. A economia norte-americana foi salva pela Segunda Guerra.
***
Em 2008, o movimento foi assim:
1. Crescimento das jogadas especulativas pelos mesmos motivos do início do século e quebra das bolsas em 2008.
2. Para evitar uma crise bancária de proporção gigantescas, governos nacionais aprovam pesados planos de auxílio às empresas e aos bancos. Mas se esquecem do consumidor individual, que perde emprego e perde renda (devido às suas dívidas).
3. Com muito dinheiro no caixa, mas com a atividade econômica em baixa, os bancos ficam com recursos empoçados. Esse dinheiro volta a buscar mercados especulativos: commodities e moedas.
4. A crise global enfraquece governos nacionais que se veem ante o difícil dilema de realizar ajustes fiscais pesados (para dar conta do endividamento anterior) e manter a popularidade política.
5. Em um primeiro momento, a OMC (Organização Mundial do Comércio) evitar a guerra comercial. E os países limitam as guerras cambiais. Mas a decisão dos EUA de resgatar bilhões em títulos públicos provoca uma nova inundação de dólares no mercado, derrubando seu valor e encarecendo a moeda de todos os demais países. Deflagra-se a guerra cambial.
6. Chega-se então na fase em que as crises políticas internas de cada país impedem os grandes acordos multilaterais capazes de contornar a crise. A União Europeia fica manietada pelos impasses entre governos nacionais dos principais países (Alemanha e França) e o Banco Central Europeu, sobre transferir parte da conta aos bancos. A crise se estende de países menores – Irlanda, Portugal e Grécia – para economias maiores – Espanha e Itália.
7. O governo dos EUA aprova um pacote fiscal pesado. O pacote reduz as expectativas de recuperação da economia mundial.
***
Agora o que se tem é um cenário de ampla incerteza. Como maior comprador do mundo, o prolongamento da crise norte-americana afetará comércio mundial, especialmente o asiático. Ainda não há como prever se o crescimento da China compensará a queda dos EUA.
De qualquer modo, não há ainda luz à vista no horizonte da economia mundial.
por Luis Nassif

A Unidade do PT é vital para o Brasil diante do agravamento da crise



ImagePara todos os que acompanham a crise, não são nem um pouco animadores os sinais de que a situação econômica internacional pode se agravar. Mercados desabam no mundo inteiro, o acordo sobre o teto da dívida nos Estados Unidos parece um mero remendo a jogar para a frente o desfecho da crise deles e, também, se agrava celeremente a questão das dívidas dos países da zona do euro. Agora, não só nos países periféricos, mas também ameaçando a Itália e a Espanha.

No Brasil, onde o governo acompanha atenta e exemplarmente os desdobramentos da crise internacional, a presidenta Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini,  acabam de se manifestar a respeito.

A presidenta vê o quadro como de uma "pneumonia crônica". Mantega e Tombini mostraram como e porque o nosso país está mais preparado do que jamais esteve para enfrentar essa turbulência mundial.

Eu concordo com os três e é fato que o governo Lula, com as providências adotadas desde a crise de 2008-2009, e estes meses iniciais do governo Dilma, realmente prepararam o país e dotaram nossa economia das condições indispensáveis para enfrentar essa situação crítica.

A importância da unidade do PT

Nesse quadro, quero destacar o quanto é importante e quão necessária é a unidade do partido do governo, do PT, para a manutenção do rumo de nosso projeto de país que busca o desenvolvimento econômico e social de seu povo.

Mais do que nunca precisamos dessa unidade política do PT e de consolidar a base do governo. Precisamos de diálogo e acordos entre o governo, as centrais sindicais, o empresariado e entre todas as forças que constróem a nação para enfrentar a crise internacional que se agrava.

A unidade do PT e da base aliada é fundamental para o êxito dessa empreitada e essencial para conquistá-lo sem mudar de rumo e de lado - o Brasil, o PT e seu governo têm lado. Fizemos e seguimos opções muito bem definidas. O país deve continuar a crescer e a distribuir renda.

Coesão  dará as condições para manter nosso projeto

O fortalecimento do mercado interno aliado à integração Sul e latino-americanas são as únicas respostas à crise. Se necessário, não vacilemos: devemos, podemos e vamos lançar mão, como fez o governo Lula, de todas as nossas reservas e instrumentos fiscais e monetários para manter o crescimento.

Mas, para enfrentar a crise com garantia de sucesso, a unidade no PT, na coalizão da base de apoio, e no próprio governo, é condição indispensável. Com ela, e sob a liderança da presidenta Dilma Rousseff, vamos conseguir dar agora uma resposta a crise, como demos em 2008.

Uma resposta que, ao mesmo tempo, possibilite aprofundar nossas políticas de desenvolvimento nacional e garanta a continuidade do crescimento econômico com emprego, aumento e distribuição da renda.

O melhor remédio


Talvez possamos aprender com os Estados Unidos. No pacote protecionista lançado ontem o governo brasileiro beneficiou alguns e não outros. Por que não submeter a lista a um intenso debate no Congresso?

E o mundo não acabou. O sistema político dos Estados Unidos mostrou-se suficientemente flexível para encontrar uma solução e destravar o debate do aumento do teto da dívida.

Não havia saída fácil, dada a divisão no Congresso, que apenas reflete a divisão na sociedade.

Nossos alquimistas da reforma política quebram a cabeça para construir modelos em que dissonância social produza consonância congressual. Apresentam a restrição de representações como essencial para a eficiência política.

O exemplo americano mostra a possibilidade de caminho diverso.

Outro fenômeno aqui é o desejo íntimo de evitar que a política imponha limites às ideias absolutamente certas dos economistas sobre como enfrentar problemas.

Ainda que um problema resida em haver quase tantas ideias absolutamente certas e distintas quando a quantidade de economistas envolvidos no debate.

E a política costuma ser o meio de buscar a unidade na diversidade.

Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, achava que a melhor maneira de enfrentar esta crise era dar uma cartada decisiva a favor do livre comércio, na Rodada Doha.

Já Dilma Rousseff, como se viu ontem, embicou o governo para a defesa firme do protecionismo.

Que o governo brasileiro, uns anos atrás, acusava de ter criado as condições para a Segunda Guerra Mundial.

As ideias certas podem mudar com o tempo, vê-se.

A sociedade nos Estados Unidos divide-se quanto à melhor maneira de sair da crise. Uns dizem ser preciso mais dívida, mais investimento público. E também mais impostos. E que os ricos paguem a conta.

Outro pedaço defende o contrário. Deixar mais dinheiro em mãos privadas, para que na busca de reproduzir esse capital criem-se mais negócios, mais empregos. E a economia saia assim do buraco. É o que propõem.

Aliás, o pacote anunciado ontem por Dilma tem algo desse último vetor, nas agressivas desonerações, mesmo seletivas.

O estatismo ficou em alta na passagem de 2008 para 2009 e em tempos seguintes, quando a intervenção governamental salvou as economias do colapso.

Mas não apresentou o mesmo desempenho para alavancar a recuperação econômica nos países desenvolvidos, que patinam.

Uns dizem ser preciso mais do mesmo, que o remédio é bom mais não veio na dosagem suficiente. Propõem dobrar a aposta.

Outros dizem que não, pois isso levaria à estagnação, pois o capitalista sabe investir melhor, com mais retorno para a economia e a sociedade. Especialmente na criação de empregos.

Havia duas possíveis rotas de fuga do incêndio.

Os republicanos têm posição sólida no Congresso. Barack Obama poderia dar um murro na mesa e aumentar unilateralmente o limite da dívida, como desejavam alguns de seu partido. Ou buscar um acordo. O melhor acordo possível.

Como rejeitavam os extremos do partido dele e também do partido adversário.

Os Estados Unidos não são, ainda, uma republiqueta. Vingou a alternativa b.

Mas para chegar à convergência era necessário o rito. Cada lado precisaria mostrar os músculos e dar sua própria satisfação ao respectivo eleitorado.

Cada chefe de facção precisaria provar liderança sobre a respectiva tropa, até para poder pedir depois que depusessem as armas.

Como aconteceu.

Talvez tenhamos algo a aprender deles neste caso. No pacote protecionista lançado ontem o governo brasileiro beneficiou alguns e não outros.

Deve ter sido uma negociação dura intramuros para definir o quem entra e quem sai.

Por que não submeter a lista dos beneficiados pelas bondades governamentais a um intenso debate no nosso Congresso Nacional? E à ampla negociação?

O governo deve ter tido razões para definir a lista como definiu, mas o Legislativo talvez seja a válvula para quem não teve, neste caso, livre trânsito nos melhores gabinetes da Esplanada e do Planalto.

Cá, como lá, a democracia é sempre o melhor remédio.
por Alon Feurwerker

EUA no caminho para o status de república das bananas

Um acordo para elevar o teto de endividamento [do governo americano] está sendo fechado. Se passar, muitos comentaristas vão declarar que um desastre foi evitado. Mas eles estarão errados.
Pois o acordo, dada a informação sobre ele disponível, é um desastre, e não apenas para o presidente Obama e seu partido. Vai danificar uma economia já deprimida; provavelmente vai tornar o antigo déficit dos Estados Unidos ainda pior, não melhor; e, mais importante, ao demonstrar que extorsão nua e crua funciona, sem causar custo político, vai colocar os Estados Unidos no caminho para o status de república das bananas.
Comecemos pela economia. Nós atualmente temos uma economia profundamente deprimida. Vamos continuar a ter uma economia deprimida por todo o próximo ano. E provavelmente teremos uma economia deprimida até 2013, se não além.
O pior que se pode fazer nestas circunstâncias é cortar os gastos do governo, já que isso vai deprimir a economia ainda mais. Não preste atenção naqueles que invocam a fadinha da confiança, alegando que ações duras no corte do orçamento vão dar segurança aos empresários e consumidores, fazendo com que eles gastem mais. Não funciona desse jeito, um fato que é confirmado por muitos estudos históricos.
Na verdade, cortar gastos quando a economia está deprimida não vai nem mesmo ajudar muito na situação do orçamento, pode até piorar. De um lado, os juros em empréstimos federais já estão bem baixos; assim, os cortes vão fazer pouco para reduzir os custos de juros futuros. De outra parte, enfraquecer a economia agora vai prejudicá-la a longo prazo, o que por sua vez vai reduzir a arrecadação futura. Assim, aqueles que exigem cortes são como médicos medievais que tratam os pacientes com sangramento, tornando-os ainda mais doentes.
E então temos os termos do acordo, que representam uma rendição abjeta da parte do presidente. Primeiro, haverá grande corte de  gastos, sem aumento da arrecadação. Em seguida, um comitê fará recomendações sobre futuras reduções do déficit — e se estas recomendações não forem aceitas, haverá novos cortes de gastos.
Os republicanos supostamente terão um incentivo para fazer concessões da próxima vez, porque gastos em defesa poderão ser incluídos nos cortes subsequentes. Mas o Partido Republicano acaba de demonstrar que aceita o risco de um colapso financeiro até obter o que os mais extremistas de seus integrantes querem. Por que esperar que serão mais razoáveis da próxima vez?
Na verdade, os republicanos vão se sentir encorajados pela maneira como o sr. Obama se entrega diante de ameaças. Ele se rendeu em dezembro passado, ao estender todos os cortes de impostos de Bush; ele se rendeu na primavera, quando os republicanos ameaçaram fechar o governo; e ele se rendeu em grande estilo agora, sob extorsão pura e simples, na questão do teto da dívida. Talvez só eu veja uma tendência nisso.
Desta vez o presidente tinha alguma alternativa? Sim.
Em primeiro lugar, ele poderia e deveria ter exigido um aumento no teto da dívida em dezembro passado. Quando perguntado porque não o fez, respondeu que estava certo de que os republicanos agiriam com responsabilidade. Boa!
Mesmo agora, o governo Obama poderia ter recorrido a manobras legais para driblar o teto da dívida, usando qualquer uma de várias opções. Em circunstâncias normais, isso poderia parecer um passo extremo. Mas Obama enfrentava a realidade do que está acontecendo, ou seja, da extorsão de um partido que, afinal, controla apenas uma das casas do Congresso, e assim seria totalmente justificável.
Pelo menos o sr. Obama poderia ter usado a possibilidade de uma disputa legal para fortalecer sua posição de barganha. Em vez disso, no entanto, ele descartou isso desde o começo.
Mas se ele jogasse duro isso não ia preocupar os mercados? Provavelmente, não. Na verdade, se eu fosse um investidor eu ia me sentir seguro, não desanimado, com a demonstração de que o presidente era capaz e desejava enfrentar a chantagem dos extremistas de direita. Em vez disso, ele escolheu demonstrar o oposto.
Não se enganem, o que estamos testemunhando aqui é uma catástrofe em múltiplos níveis.
É, naturalmente, uma catástrofe política para os democratas, que por algumas semanas pareciam ter os republicanos em fuga por causa do plano deles de desmantelar o Medicare [programa federal de saúde]; agora o sr. Obama jogou tudo aquilo fora. E os danos não acabaram: haverá outros pontos de estrangulamento que os republicanos poderão usar para criar uma crise a não ser que o presidente se renda e agora eles podem agir confiantes de que Obama vai se render de novo.
No longo prazo, no entanto, os democratas não serão os únicos perdedores. O que os republicanos conseguiram foi colocar em questão nosso próprio sistema de governo. Afinal, como a democracia americana pode funcionar se a política é ditada pelo partido mais preparado para ser cruel e para ameaçar a segurança econômica da Nação? E a resposta é… talvez não possa.
by Paul Krugman

O Brasil deve romper dogmas e paradigmas

A crise internacional não arrefece. Pelo contrário, agrava-se nos Estados Unidos e na Europa. Na China temos inflação. E, por mais que cresça e já seja a segunda economia do mundo, o gigante asiático já começa dar sinais que vai aumentar os juros. Idem os Estados Unidos.
blog do zé
Assim, o Brasil tem de se cuidar. Nosso maior patrimônio é o nosso mercado interno e a nossa capacidade de investir, a nossa demanda, o consumo, nossos recursos naturais, nossa produção de alimentos e matérias primas, sem falar na nossa indústria, uma das dez maiores do mundo. É tudo isso que temos que preservar. E é nisso que temos que nos apoiar. Temos nossos bancos públicos, fundos de pensão, grandes programas de investimento em infra-estrutura, petróleo, gás, energia e uma rede de proteção social, que poucos países têm.

Não devemos esperar nada do mundo, só problemas e crise. Mas podemos - e devemos -avançar na integração sul-americana. É na crise que surgem as oportunidades, como aconteceu em 2008-09, quando demos um grande salto. Derrubamos velhas teses e dogmas e ainda passamos ao largo da crise.

Tudo indica, agora, com o problema do câmbio e os riscos do agravamento da crise, que precisaremos de um novo salto e novamente romper com dogmas e paradigmas do século passado. Basta ver o que esta acontecendo na Europa e nos Estados Unidos. Não sobrou de pé um só dos dogmas que nos impuseram durante décadas.

Zé Dirceu

por Delfim Neto




Antonio Delfim Netto – VALOR

19/07/2011
Há alguns sinais preocupantes no horizonte para os quais temos de prestar atenção. O primeiro é a clara desarrumação política nos EUA revelada pelo cabo de guerra entre democratas e republicanos. O segundo é com relação à sucessão na China: há indícios de desacordos e ela não parece tão tranquila quanto as últimas. Ninguém sabe ao certo quando alguns problemas econômicos e sociais escondidos revelarão a sua cara. O terceiro é que a Eurolândia continua a tratar um problema de insolvência como se fosse de liquidez, o que a levará a maiores dificuldades. E o quarto é a visível mudança da mídia internacional com relação às perspectivas brasileiras. A impressão é que o setor financeiro se fartou de comer nosso peru com farofa fora do dia de Ação de Graças! Agora os “vendidos” parecem inquietar-se com os mecanismos que, em legítima defesa, o ministro Mantega tem tentado implementar.
A situação americana é realmente complicada: o presidente Obama aproveitou muito mal o “we can” que empolgou o país. Perdeu a confiança do setor real da economia. No início foi mal aconselhado política e economicamente pelos assessores que já devolveu à Academia. Em lugar de prestar atenção ao problema dos honestos que perderam o emprego, exagerou na salvação dos desonestos que produziram a crise. Os efeitos da política econômica com relação ao desemprego, que é a forma mais cruel de desperdício humano, podem ser vistos no gráfico 1, onde se compara a saída da crise de 2007/09 com as quatro que ocorreram desde o início dos anos 70. Ele revela o nível do desemprego nos EUA tendo como referência o mês em que o National Bureau of Economic Research estima o fim de cada recessão. Vemos que depois de um ano e meio do fim da recessão de 2007/09, a taxa de desemprego ainda ronda quase 10%, quando em todas as outras crises ela já havia se reduzido a qualquer coisa como 7,5%. O pior é que o “jeitão” do gráfico não é nada tranquilizador. Nada vai acontecer se o presidente Obama não recuperar a credibilidade e reduzir as incertezas.
Obama perdeu a confiança do setor real da economia
O dado mais sintético, que é a taxa de crescimento do PIB, também não parece confortador, como se vê no gráfico 2. Nele se registra o crescimento anual (trimestre contra o trimestre homônimo). Vemos uma rápida recuperação (em V) que depois de atingir o crescimento de “cruzeiro” (3%) dá sinais claros de enfraquecimento.
A informação fundamental para os emergentes é sobre a possível variação do dólar. Como ele é (e continuará a ser durante muito tempo ainda) a moeda que é a unidade de conta, de liquidação de compromissos e de reserva internacionais, o seu valor é determinante na formação dos preços nominais das “commodities”. Isso influencia nossas relações de troca, o que explica, pelo menos em parte, a valorização do real. A trajetória de queda do dólar sugere que ainda há espaço para sua maior desvalorização. Não parece, portanto, que o mundo possa contar com uma recuperação robusta da economia americana antes das eleições de 2012.
Quanto à China, ela provavelmente vai crescer, mas não na mesma intensidade nos próximos 20 anos. Ela continuará a busca das três autonomias que caracterizam as potências: a alimentar (que ela persegue firme internamente com novas tecnologias e externamente com a compra de recursos naturais); a energética (com energias renováveis e métodos modernos da extração do “shale” gás); e a militar (que ela já tem suficientemente “dissuasiva”), com investimentos cada vez maiores para garantir o seu controle do “Mar da China”.
É preciso não esquecer com respeito à China (e as nossas relações de troca), que os “preços acabam funcionando” e que seus níveis atuais acabarão elevando a oferta mundial de todos os nossos produtos de exportação (principalmente soja e minério de ferro) com consequências sobre eles.
O Brasil precisa colocar suas barbas de molho! Nosso modelo exportador agromineral induzido será incapaz de garantir empregos de boa qualidade para os 150 milhões de brasileiros que terão entre 15 e 65 anos em 2030. É disso que se trata. Precisamos apoiar um programa de desenvolvimento industrial e de serviços que promova forte competição interna e dê aos nossos trabalhadores e empresários inteligente proteção externa com condições isonômicas para exigir deles capacidade competitiva internacional. É, parece, o que nos oferecerá em breve a presidente Dilma Rousseff.
contatodelfimnetto@terra.com.br