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A semana dos desesperados

Penúltima antes do 1º turno da eleição dia 5 de outubro, essa é a semana dos desesperados. Os candidatos Aécio Neves (PSDB-DEM) e Marina Silva (PSB), mais o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, todos fazendo apelos dramáticos, todos vítimas, todos coitadinhos, em desespero incontido, o pessoal do PSDB louco para aderir já a Marina e não sabe como.



Aécio apela ao eleitor mineiro com um argumento pueril: votem em mim porque sou mineiro, neto do presidente Tancredo e vou ajudar Minas sendo presidente. E que se dane a República e a Federação… Parece um bebê chorão que não consegue entender o porquê de ter perdido tantos votos. Aí atribui a perda à tragédia que tirou a vida promissora do ex-governador Eduardo Campos, quando a verdadeira razão é que Marina capturou suas bandeiras econômicas neoliberais.



E o mais grave: capturou o apoio do grande capital financeiro e bancário que era do tucanato. Basta ver a pesquisa feita no regabofe preparado como palco para a falsa indignação exposta, ontem, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e patrocinado pelo Lide – a entidade que congrega grupo de empresários de São Paulo e que se tornou palanque de campanha dos presidenciáveis conservadores. Nada menos do que 53% dos 600 empresários presentes ao regabofe do Lide para FHC, ouvidos em pesquisa informal, cravaram aposta na vitória de Marina.

As especulações sobre o Brasil pós-eleições

As ultimas prévias da campanha de Dilma Rousseff indicam sua vitória sobre Marina Silva no segundo turno por 45 a 40. No primeiro turno, Dilma poderia chegar a 47% dos votos válidos.
Há que se ressalvar o fato das pesquisas diárias - o chamado tracking - serem realizadas com um público restrito, servindo mais para identificar tendências do que resultados finais. E 5 pontos de diferença, antes de terminar o primeiro, não configura vitória.
De qualquer modo, as últimas tendências registradas nos diversos institutos reabriram uma discussão que andava embargada: o que poderá ser um segundo governo Dilma.
A colunista política do Estadão Dora Kramer já trabalha com a hipótese de vitória de Dilma e com a constatação de que, mesmo vencendo, o PT sairá menor. Está certa. O filósofo Renato Janine dá conta de que as eleições atuais marcam o final de um modelo e que as eleições fundamentais serão as de 2018, quando estiveram mais maduros os desdobramentos das manifestações de junho do ano passado.
De minha parte, acredito que as eleições atuais são as mais relevantes pós-redemocratização justamente por abrir uma discussão conceitual ausente das últimas eleições. Mais do que isso, por  explicitar um conjunto de mudanças na sociedade que a classe política demorou a entender.
Do lado da Dilma, finalmente abandonou o discurso monotemático de PAC, macroeconomia e juros para focar no modelo de desenvolvimento que representa, com seus diversos desdobramentos lógicos na educação, no sistema de inovação, nos mecanismos de crédito.
É um modelo afetado por erros de implementação - mas que, com bom senso da presidente, poderão ser corrigidos.
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O desafio maior será conviver com a radicalização da democracia.
Em junho passado, por exemplo, o fenômeno das redes sociais só foi compreendido por Marina. Nem Dilma, nem Aécio, nem Campos se deram conta da nova realidade, da emergência de novos grupos sociais. Aliás, contra várias avaliações depreciativas sobre Marina, fontes do Palácio ressaltaram sua inteligência política de ter percebido os novos tempos antes dos demais.
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A adaptação aos novos tempos será um desafio gigantesco para as atuais estruturas institucionais - governo, partidos políticos, demais poderes.
Não existe democracia interna nos partidos. Os partidos acostumaram-se a falar apenas através de seus caciques. Governos e partidos terão que abrir canais de participação e sair da zona de conforto de falar para plateias domesticadas.
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Partido de maior tradição popular, no poder o PT perdeu a vocação do ônibus que abrigava os novos movimentos que surgiam. Levou um susto com as manifestações de junho, mas até agora não reagiu à altura.
Já o PSDB perdeu a alma quando entregou as formulações a economistas de mercado e à mídia. Mesmo vencendo as eleições em São Paulo, o governo Alckmin terminará antes de começar, assim que explodir a crise hídrica ou ficar claro o desmonte que produziu nas instituições estaduais.
Marina foi a primeira a perceber os novos movimentos, sua plataforma política incorporou as demandas de diversos novos grupos sociais. Tem intuição, mas, a rigor, não tem nem partido nem condição de montar partido. Continuará sendo um símbolo à espera de um estadista que dê forma ao seu agrupamento.
por Luis Nassif

Onde estão os partidos?

De tudo que Dilma disse nesta campanha eleitoral, talvez sua manifestação mais importante tenha sido a seguinte: “Marina ficou 27 anos no Partido dos Trabalhadores. Todos os seus mandatos ela obteve graças ao PT. Dos 12 anos aos quais ela se refere, oito ela esteve no governo ou na bancada do partido no Senado Federal. Eu acredito que não é possível que as pessoas tenham posições que não honram a sua trajetória política e tentam se esconder atrás de falas que não medem o sentido dos seus próprios atos durante a vida. A militância do PT e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar onde chegou”.



*Céli Pinto: onde estão os Partidos?

De tudo que Dilma disse nesta campanha eleitoral, talvez sua manifestação mais importante tenha sido a seguinte: “Marina ficou 27 anos no Partido dos Trabalhadores. Todos os seus mandatos ela obteve graças ao PT. Dos 12 anos aos quais ela se refere, oito ela esteve no governo ou na bancada do partido no Senado Federal. Eu acredito que não é possível que as pessoas tenham posições que não honram a sua trajetória política e tentam se esconder atrás de falas que não medem o sentido dos seus próprios atos durante a vida. A militância do PT e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar onde chegou”.

Não foi importante porque Dilma bateu em Marina, nem porque tenha significado qualquer virada nas projeções eleitorais, mas porque trouxe para o centro do discurso de campanha o partido político, no caso, o PT. Não se faz política sem partidos e o Brasil tem partidos fortes, bem estruturados, que estão por trás de cada candidato ou candidata. Aos críticos já respondo de imediato que sei que há 32 partidos no Brasil, que a maioria é inexpressiva, que alguns têm propósitos longe da luta política stricto sensu, que é preciso fazer uma reforma etc, etc, etc.




Isto posto, volto ao argumento: os partidos políticos importam, têm ideologias, interesses, passado, mesmo que alguns troquem de nome a cada nova oportunidade. Mas, nas presentes eleições, os candidatos e candidatas às eleições majoritárias, principalmente, se esforçam para aparecer como indivíduos excepcionais, lutadores, dotados de força interior, capazes de superar as maiores mazelas da vida. Isto é uma farsa. E essa farsa teve como condição de emergência o discurso repetido ad nauseam pela grande mídia: que os partidos são apenas espaços para falcatruas, que o importante é a pessoa. O tempo desta construção discursiva correspondeu, não sem malícia, aos anos de governo do PT na Presidência da República. Nas manifestações de rua de junho de 2013, a direita se juntou a uma juventude idealista que gritava contra os políticos, a política e os partidos, e as bandeiras partidárias eram varridas das ruas agressivamente pelos “jornadeiros”. Nada aconteceu por acaso.

O PT se acovardou e abriu mão de seu maior trunfo, o de ser um partido político que, mesmo com todos os seus problemas, teria muito para apresentar como estrutura partidária, como proposta partidária, como história. Ficou com medo da mídia, dos adversários, dos cartazes feitos com cartolina caseira das ruas. Dilma teria um capital político importante para pôr na roda: um partido que governou o país, muitos estados, muitas capitais, muitas cidades do interior. A cara deste país mudou, mesmo admitindo os grandes limites do PT. Entretanto, a candidata à reeleição caiu na esparrela de disputar beleza com Marina Silva, que também tem partido, também tem lado, mas precisa esconder. O programa de sua “injustiçada” Rede de Sustentabilidade nega tudo que sua campanha tem defendido atualmente.

Na campanha para governador do RS, Tarso Genro tem um partido que governou Porto Alegre por muitas vezes, bem como importantes cidades do interior, que já foi governo do Estado e tem um grande saldo positivo. Entretanto, também abriu mão de tudo isto e disputa beleza com Ana Amélia Lemos, que esconde, mas tem um partido, o PP, herdeiro direto da Arena do tempo do regime militar. Então eu pergunto: a quem interessa o desaparecimento dos partidos na campanha política?

O leitor poderá pensar que também interessa ao PT, porque há o mensalão a esconder. Esconder? Nada foi mais público, nada teve mais cobertura da mídia que o mensalão do PT, transformado, na boca dos jornalistas “imparciais”, no maior escândalo de corrupção da história do país. Dilma, Tarso ou qualquer outro candidato do PT não precisam ir para a TV humilhados pelo escândalo, que tem muito de corrupção, mas pouco de escândalo. Até porque, neste caso, o escândalo mora em outro lugar.




Temos duas semanas até o Primeiro turno das eleições, há tempo para que as campanhas recoloquem os partidos no centro, explorem suas realizações quando no governo, mas, principalmente, mostrem a partir de suas visões de mundo para quem vão governar. Para quem governaram quando estiveram no poder. Está mais que na hora de o PT, o PSDB, o PP e o PSB-Rede mostrarem a que vieram como grupos políticos que querem governar o país e os estados. O eleitor brasileiro não merece o festival de caras e bocas da presente campanha. Não estamos escolhendo a madre superiora do convento das clarissas descalças, nem a locutora do ano. Estamos escolhendo governantes.

* Cientista Política, professora do Departamento de História da UFRGS

Eleições 2014 - Rio Grande do Sul opta entre século 19 e 21 na disputa entre Ana Amélia e Tarso


Por Miguel Enrique, de Veranópolis,

especial para o Escrevinhador


Dois episódios estiveram no centro dos debates no Rio Grande do Sul nas últimas semanas: as manifestações racistas de torcedores do Grêmio contra o goleiro santista Aranha e as objeções à realização de um casamento homoafetivo em um Centro de Tradições Gaúchas (CTG).
Sem vínculos diretos com partidos ou com candidatos, os dois casos são ilustrativos do verdadeiro debate que está colocado nas eleições para o governo gaúcho.
No caso do racismo, após os primeiros protestos e o expurgo literal da torcedora, do seu emprego e do clube, ganhou espaço nos meios de comunicação um discurso em que agressora passou a vítima. Com direito a choro na televisão, apelou para se tornar símbolo anti-racista e finalmente ganhou um emprego na Central Única das Favelas (CUFA).
Já os protestos contra o casamento homoafetivo deixaram a retórica e ganharam a forma de um coquetel molotov jogado contra o Centro de Tradições poucos dias antes da cerimônia, obrigando a sua transferência para o fórum local.
Logo, surgiu o discurso relativista do “não é bem assim”, “não é que a gente seja contra o casamento gay…” a ponto de um Promotor de Justiça publicar um artigo onde afirma textualmente que se os homossexuais querem respeitar seus direitos “que respeitem o espaço e as tradições dos demais”.
No ano passado, o filósofo Vladimir Safatle já havia alertado para a prática de inversão que racistas e preconceituosos operavam, ao alegar que eles, sim, eram “perseguidos pela implacável polícia do politicamente correto”. A “nova moda” é travestir racismo e preconceito de “afirmação rebelde da liberdade”.
Pois bem, o conservadorismo que não tem vergonha de dizer seu nome e que justifica suas ideias como a defesa da liberdade (do mercado, diga-se) encontra-se bem encarnado na candidatura que lidera as pesquisas no estado, a senadora Ana Amélia Lemos (PP).
Ex-editora da sucursal de Brasília do grupo RBS, braço da Globo no sul do país, a senadora é considerada porta-voz legítima dos interesses do agronegócio, não apenas gaúcho. Portanto, sua candidatura apoia-se em duas mais poderosas forças do estado, o maior grupo de comunicação da região e um dos setores economicamente mais ricos.
A plataforma de governo de Ana Amélia é simples: liberalização absoluta e retirada do Estado de todos os setores. Em bom português: Estado mínimo e privatizações. No entanto, sua candidatura não é alavancada por suas ideias, mas pela popularidade obtida pela presença diária na televisão e no rádio por décadas. Neste sentido, ainda que não seja seu colega de chapa, sua candidatura equivale ao candidato ao senado Lasier Martins (PDT), também apresentador do jornal diário do grupo RBS.
Dessa forma, os rompantes de sinceridade de sua chapa cabem ao deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP), candidato à reeleição, conhecido por um vídeo que circulou na internet no ano passado onde declarava que o gabinete do ministro Gilberto Carvalho reunia “quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo o que não presta” (veja aqui). No lançamento da candidatura de Ana Amélia, Heinze não resistiu e abriu o coração: “bom mesmo era na ditadura militar, quando nós da Arena é que mandávamos”.

A Dilma o que é de Dilma, por Paulo Moreira Leite

Se as eleições fossem hoje, e o país vivesse pelas regras eleitorais anteriores a 1989, quando não havia o sistema de dois turnos, Dilma Rousseff estaria reeleita — na matemática.
Se o último Data Folha já registrou o crescimento de Dilma, em dois levantamentos internos, recém-saídos do forno, disponíveis na noite de sexta-feira, ela se encontrava na casa dos 38 e 39% das intenções de voto, apresentando uma tendência de alta, sem grandes saltos nem movimentos especulares, mas de notável regularidade.
A disputa quente, ao menos neste momento, é pelo segundo lugar. Enquanto Dilma cresce inclusive onde parecia parada, como São Paulo, Marina encontra-se em queda no país inteiro e sua diferença em relação a Aécio Neves diminui a cada levantamento.
Conforme pesquisas de tipo tracking — um levantamento baseada na média de intenções de voto de três dias consecutivos, considerada a mais apropriada para apurar as tendencias da disputa — a distancia de Marina para Dilma se ampliou.
Chegou a dez pontos. Em outro levantamento do mesmo tipo, a distância é de quinze pontos. Mesmo olhando esses números com a reserva necessária a todo levantamento dessa natureza, pois ele não obedece a nenhum controle além das próprias campanhas e seus patrocinadores, eles parecem confirmar que a boca do jacaré entre as duas concorrentes principais está abrindo.




á a diferença de Aécio para Marina diminuiu. Ficou em dez pontos, num dos levantamentos. Em apenas seis, em outro. Embora Marina ainda seja vista com a adversária provável no segundo turno, cresceu a visão, na campanha do PT, de que a chance de Aécio Neves ir para a segunda rodada deixou de ser um exercício imaginário e se transformou numa hipótese real.
Quando faltam quinze dias para a votação, a previsão é de um primeiro turno literalmente imprevisível, que pode lembrar 1989, quando Lula e Leonel Brizola chegaram emparelhados em segundo lugar e o candidato do PT venceu por 400 000 votos — diferença tão apertada que, fora o DataFolha, a maioria dos institutos nem arriscou uma previsão nas pesquisas de boca-de-urna, feitas após a votação.
Mesmo real, o crescimento de Aécio tem um limite. Sua agressividade de adversário original do PT pode contribuir para retirar eleitores conservadores de Marina. Ao mesmo tempo, impede que tenha acesso a eleitores da candidata do PSB que se situam num universo progressista, descontentes com o governo mas em medida ainda maior com a memória do PSDB.
A consolidação de Dilma numa dianteira respeitável envolveu duas situações particulares. O PT teve de mostrar agilidade para encarar uma mudança fora de qualquer cálculo — a troca de Eduardo Campos por Marina Silva, a apenas 45 dias antes da votação –, que deu origem a outra campanha, com outro adversário, outro programa, outro debate. Aquilo que fora pensado e preparado como um clássico confronto entre PT e PSDB transformou-se em outra disputa.
De uma hora para outra Dilma foi levada a enfrentar uma situação estranha ao mundo de pancadaria aberta que enfrentou desde a posse no Planalto, em 2011: uma candidata ex-PT, que podia valer-se de seu passado no partido e no ministério para receber apoio de petistas desgastados após 12 anos de governo, e de suas alianças do presente para conseguir apoio junto a quem fazia oposição desde sempre.Tudo envolvido num ambiente de religiosidade e mistério.
A crítica às propostas conservadoras de Marina, a começar pela independência do Banco Central, serviu para tirar o centro de gravidade da candidata do PSB — uma permanente ambiguidade — e definir um terreno onde a candidatura Dilma tem sido capaz de caminhar com segurança.
Outro aspecto envolve a avaliação do governo, o teste definitivo de qualquer governante que tenta uma reeleição. Mais do que falar sobre o futuro, uma candidata se ancora no passado de governo — para crescer ou afundar. Em qualquer parte do mundo, o eleitor prefere fatos a promessas, não é mesmo?
Os números melhoram regularmente, mostrando que Dilma não é uma candidatura no vazio nem caminha contra a corrente principal de eleitores. Seu crescimento ocorre aonde se esperava, junto a camada de brasileiros que residem nos patamares mais baixos de renda, junto aos quais o PT sempre obteve apoio.
Sem querer imaginar que tudo se passou às mil maravilhas e nada merece crítica, está provado que ela é uma presidente que tem o que mostrar, para decepção de quem imaginava que iria fazer oposição a um governo desastrado, e mesmo para aqueles que falavam em tom condescendente do copo meio cheio, meio vazio. Os debates e entrevistas têm mostrado que é difícil condenar o governo de voz baixa, olho no olho, com argumentos racionais. Essa é a grande mudança produzida na campanha.
A fase atual da campanha mostra o reencontro de Dilma e seu governo. A disputa política e a propaganda na TV permitiram fazer o contraponto ao jornalismo-catastrofe praticado pelos grandes meios de comunicação.
Os números mostram que, sem avanços espetaculares, mas num movimento constante, a cada dia cresce a parcela do eleitorado que gosta do que vê no governo e reconhece a continuidade de Lula. Este é o grande trunfo da presidente.



Marina Silva: "agora estão unidos, PT e PSDB, numa mesma artilharia para destruir quem tem programa, para destruir quem trata eles com respeito

André LB:
COMO É QUE É??? QUAL parte do programa, a que ela mudou ou que AINDA não mudou?
A de flexibilizar direitos trabalhistas?
De mudar a Lei anti trabalho escravo?
A de dar "independência ao BC?
De propor tarifaço para depois das eleições?
A de deixar os LGBT na mão?
De sugerir toda santa vez que abandonará o partido em que está - e de quem é o programa que ela muda como quem muda de camisa - na primeira oportunidade?




E QUE RESPEITO É ESSE? O de "acusar" o PT de por um diretor na Petrobrás "para roubar"?

Apesar de sempre ter discordado de Marina, achei que ela tinha CARÁTER. Ela deve ter mudado de ideia quanto a ter caráter também. Pelo visto, ter caráter não é importante na "nova política". Ela me faz lembrar do filme "as mil faces do Sr. Lao", ou "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter".

Maurício Dias: por que o ódio ao PT?

O ódio ao PT e aos petistas em geral é um eixo importante sobre o qual também gira a campanha presidencial de 2014.

Esse sentimento antigo, manifestado abertamente por adversários de influência forte no eleitorado de oposição, permanece em estado latente e se manifesta mais claramente nas “guerras” presidenciais. Em tempos de “paz” é cochichado pelos cantos do Congresso e, igualmente, em reuniões sociais onde não há preocupação em expor preconceitos.

Nesses salões mais elegantes, os petistas são tratados de corja.

Recentemente, o asco jorrou surpreendentemente da boca do senador Aécio Neves, um mineiro até então pacato com os adversários políticos. A competição acirrada fez o candidato a presidente pelos tucanos sair dos seus cuidados.

“Sei que não vou ganhar. Minha luta é contra o continuísmo dessa gente. É contra isso que vou lutar”, confidenciou a Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Isso, ainda no início de campanha, revelou o jornalista.

Reação incomum a do mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo.




A tradicional cordialidade na sociedade mineira, por exemplo, aproximou o tucano Aécio do petista Fernando Pimentel. Em 2008, firmaram a aliança, com resistências no PT, para eleger o prefeito de Belo Horizonte. Acordo repudiado pelos petistas mineiros.
Na política, excetuadas as exceções, os adversários não são tratados como inimigos. Sabem que amanhã será outro dia e poderão estar no mesmo palanque.

O ódio embutido na frase de Aécio Neves tem explicação e antecedentes. Alguns bem mais explosivos e de maior violência verbal.
Em 2006, o senador Jorge Bornhausen (PFL-DEM) lançou uma provocação violenta contra a reeleição de Lula: “Vamos acabar com essa raça. Vamos nos livrar dessa raça por, pelo menos, 30 anos”. Falhou na previsão, como se sabe. Essas são algumas das raízes que fazem o ódio aflorar no processo eleitoral deste ano de forma mais transparente. O sentimento espalhou-se por uma parte considerável do eleitorado. De alto a baixo.

Para derrotar Dilma, um grande contingente de eleitores tucanos trocou de camisa. Optou por Marina. Aécio em poucos dias foi desidratado. Ele chegou a ter 23% das intenções de voto. Mas empacou. Dilma aproximou-se muito da possibilidade de vencer no primeiro turno. Aproximadamente, 30% dos eleitores formavam o grupo dos indecisos ou mostravam a intenção de votar em branco ou nulo.




O imprevisto jogou Marina na disputa. Ela rapidamente superou Aécio, que caiu para 15% das intenções de voto. Voltou a subir a 19% segundo o Ibope.

Trocar Aécio por Marina não é, efetivamente, resultado político adequado pelos critérios políticos mais tradicionais. A troca de candidato, no entanto, é fruto do medo de uma nova vitória do PT, cujo compromisso social assusta parte da sociedade com dificuldade de conviver com pobres.

Essa porção de privilegiados assusta-se com um pouco mais de igualdade. Da fonte do medo também brota o ódio.

A queda de Aécio Neves para terceiro lugar tem gerado cenas constrangedoras em vário lugares mas a campanha de seus aliados na Bahia superou as demais

Temeroso de ser contaminado pelo desprestígio do candidato presidencial do PSDB, o candidato Geddel Vieira de Lima, adversário histórico do PT, de Lula, de Dilma e do governador Jaques Wagner, foi até a Justiça eleitoral para tentar impedir a campanha adversária de lembrar a platéia do horário político da mais pura verdade: que ele é o candidato de Aécio na Bahia.
Sem meias palavras, os advogados de Geddel alegaram que associação entre Geddel e Aécio é uma “degradação” e também podia ser considerado “difamação de imagem.” Também é “propaganda negativa.”

Para entender melhor a situação, é preciso reconhecer que Geddel deu o azar de sua propaganda aparecer no vídeo antes que a propaganda de Otto Alencar, o candidato apoiado por Lula. Aproveitando a oportunidade, a campanha de Otto Alencar colocou uma narradora para dizer: “Acabou o programa do candidato a senador de Aécio. Agora vai começar o programa do senador de Lula.”
Foram essas imagens e cenas que a campanha de Geddel tentou tirar do ar — sem sucesso, naturalmente. A reação é uma demonstração da formidável popularidade de Lula no país inteiro, mas especialmente na região que mais se desenvolveu nos últimos anos.

O receio de ser empurrado para baixo por Aécio é parte do pesadelo que o PSDB enfrenta em 2014. Até o momento, o desempenho presidencial de Aécio é o pior na história do partido desde 1989, quando Mário Covas ficou em quarto lugar e o partido sequer participou do segundo turno. De lá para cá, os tucanos sempre disputaram as duas primeiras posições. Ganharam duas, perderam três e, salvo uma improvável reviravolta nas próximas semanas, irão para uma quarta derrota consecutiva. Neste momento, Aécio encontra-se em terceiro lugar até em Minas.

A ação contra Aécio, na Justiça, é um alerta para o destino da legenda. É triste, porque é sempre feio tentar ganhar votos no tapetão.

Paulo Moreira Leite - diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".




Criado em 1987, o partido nasceu com um discurso social democrata, que fazia algum sentido para competir com um PT que estava sem rumos claros naquele momento histórico em que as grandes catedrais dos partidos de esquerda se dissolviam.
Mas essa perspectiva com elementos historicamente progressistas logo seria trocada pelo “choque de capitalismo,” enfiado goela abaixo de Mário Covas em 1989 e reelaborado, com retoques variados, nas campanhas seguintes. Graças a uma aliança com Itamar, que lhe deu o comando da política econômica, o PSDB conseguiu eleger Fernando Henrique em 1994 e em 1998. Mas não soube deixar uma herança que lhe permitisse manter uma base junto aos brasileiros pobres, muito menos junto aos trabalhadores e aos setores que integram a grande massa de eleitores. A derrota da inflação pelo Plano Real, celebrada anualmente em clima de festa cívica, não deixou raízes nem lembranças junto a maioria — o que explica a necessidade de manter Fernando Henrique Cardoso fora do palco, depois da solene promessa de Aécio de fazer o contrário.

Josias de Souza: Marina muda programa de governo para 2º turno




Eu: Seee tiver segundo turno>>>

O programa de governo de Marina Silva sofrerá novos ajustes para o segundo turno da disputa presidencial, informou a coordenação da campanha nesta segunda-feira (15). Após encontro com empresários, o coordenador Walter Feldeman chamou a futura peça de “programa de governo 2.0.”

Curioso, muito curioso, curiosíssimo. Com 243 páginas, o programa de Marina gira ao redor de “seis eixos”. Na versão promocional, vieram à luz depois de ser “discutidos com vários setores da sociedade, em encontros em todas as regiões do país e em oficinas temáticas”.

A julgar pela forma como vem sendo mexido, o programa de Marina deve mesmo ser fruto de inusitadas discussões. Envolveram representantes surdos da coligação e pessoas mudas da sociedade. Ou vice-versa.

Diz-se que os novos ajustes tratarão do “setor produtivo''. Mais um pouco e o eleitorado será convencido de que Marina é a favor de tudo e absolutamente contra qualquer coisa.

Dilma é quem tem motivos para reclamar de tratamento desigual, por Paulo Moreira Leite

Queixas da oposição não resistem ao Manchetômetro

Na medida em que Dilma recupera os pontos perdidos após o acidente que matou Eduardo Campos e abriu caminho para Marina Silva, a oposição começa a dizer-se preocupada com a agressividade da campanha eleitoral do PT.
Empresários reclamam — em depoimentos anônimos — contra o tom da campanha.
“Ai, que medo!,” escreve uma colunista, hoje.
Será mesmo?
É certo que cada cidadão reage à publicidade eleitoral conforme sua visão de mundo e sua sensibilidade.
Mas também é certo que, de janeiro para cá, o governo Dilma se encontra sob ataque permanente. Uma situação nunca vista depois de 1989, quando o eleitor brasileiro recuperou o direito de escolher o presidente pelo voto direto. Se alguém pode queixar-se de agressividade, tratamento desigual, de massacre, é o governo.
Nos meses que antecederam o início oficial da campanha, quando o eleitorado começava a prestar atenção nos possíveis candidatos, a presidente apanhou porque a inflação iria explodir, o que não aconteceu.
Apanhou porque não ia ter Copa, mas teve.
Ontem, o governo divulgou que foram criados 109 000 empregos com carteira assinada em agosto de 2014. Empregos novos, a mais. Lembrando que há 12 meses foram criados 127 000 empregos, a notícia foi divulgada de forma capciosa. Afirmou-se que a criação de empregos recuou 20%. Deu para entender: ressalta-se o aspecto negativo sem reconhecer que, apesar de tudo, há mais vagas sendo criadas do que suprimidas — o que é um dado positivo, como sabe qualquer cidadão que saiu de casa para procurar trabalho.

Chega a ser escandaloso ouvir queixas de que Dilma tem 11 minutos e alguns de propaganda da TV, mais que o dobro do que Aécio, que tem direito a 4min35s, e que isso configura uma disputa injusta. Na verdade, cada um recebe o tempo que o eleitor lhe deu na eleição anterior. Pode não ser um critério perfeito e deve ser aperfeiçoado — desde que se respeite princípios democráticos.

Na disputa real pelo voto de mais de 100 milhões de eleitores, é preciso contabilizar o tempo de exposição de cada candidato no conjunto dos meios de comunicação do país e avaliar o tratamento oferecido a cada um.
O horário político é só uma pequena fração do tempo — 60 minutos por dia — que o rádio e a TV dedicam às eleições. É uma forma de comunicação muito importante. Para muitas candidaturas, é a única possibilidade de furar o cerco. Mas o alcance é limitado.
O eleitor sabe que está vendo anúncio, o que diminui sua credibilidade.
O Manchetômetro, pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fez um levantamento junto aos três maiores jornais do país e ao Jornal Nacional. O saldo é o seguinte: para cada notícia positiva, Dilma encara 25 notícias negativas. Essa é a proporção: 25 contra 1.
Você poderia ser bem intencionado e pensar que a mídia não faz mais do que sua obrigação, pois tem o dever de examinar a atuação do governo com espírito crítico elevado e muita isenção. Concordo com a teoria. Mas a prática mostra que a regra não vale para todos. O O volume de notícias negativas de Aécio Neves é só um pouco superior ao das positivas, numa relação que não chega a 2 negativas para 1 positiva, contra 25 a 1, informa o Manchetômetro.
O mesmo acontece com Marina Silva. Não é só.
A mesma pesquisa fez um balanço sobre a cobertura da economia: por baixo, 400 notícias negativas contra 10 positivas. Claro que a economia já esteve melhor e tivemos um ano de crescimento fraco. Mas o emprego continua crescendo. A inflação chegou a cair por quatro meses em seguida. Será o mundo de 400 a 10?
É uma distorção tão grande que não é difícil considerar que uma parte do pessimismo que se manifesta hoje no país tem sido induzido por essa visão enganosa da realidade.



Paulo Nogueira: Dilma pode levar no primeiro turno?

O momento é de Dilma.

Esta é a principal conclusão trazida pela última pesquisa Ibope.

Se este momento se prolongar até as eleições, as chances de tudo se encerrar no primeiro turno serão enormes.

Se fosse um jogo de xadrez, você diria que Dilma está numa posição em que pode dar xeque mate nos adversários.

Considere.

Marina não apenas parou de crescer como diminuiu. Nesta pesquisa, caiu dois pontos.

Sua candidatura, arrebatadora nos primeiros instantes, sofre um forte desgaste agora.

O marco zero do refluxo marinista veio com o recuo na questão LGTB depois que Malafaia tuitou ameaças tonitruantes.

Para um eleitorado de esquerda que via Marina como uma boa opção à polarização entre PT e PSDB, soaram os alarmes. Colocar na presidência alguém suscetível de pressões pelos fundamentalistas evangélicos começou a ser visto como algo realmente complicado.

Com o correr dos dias, também veio à tona a incoerência entre as falas de Marina e seu programa severo na área econômica.

Uma entrevista do mentor econômico de Marina, Eduardo Giannetti, escancarou o impasse. Segundo ele, os compromissos de Marina só serão cumpridos se os recursos para eles não comprometerem o combate à inflação e o ajuste na economia.

Isso quer dizer: os compromissos não são, na verdade, compromissos, mas uma carta vaga de intenções.

Sob a pressão dos fatos e da liderança nas pesquisas, Marina piscou. E seu momento passou.

Seu maior desafio, agora, passa a ser a estabilidade nas intenções de voto de tal forma que chegue ao segundo turno.

Para isso, Aécio não pode se esvaziar a tal ponto que vire um novo Eduardo Campos, com 7% ou 8% dos votos, porque o risco de vitória de Dilma no primeiro turno seria enorme.

Caso Dilma continue a avançar no ritmo atual, um Aécio com a votação de Campos seria a senha para a definição das eleições no primeiro turno.

Suponha que Dilma se fixe, até outubro, em 43% ou 44%. Se Aécio recuar para 10%, Marina vai ter que se segurar onde está para forçar o segundo turno.

Luciana Genro pode complicar ainda mais as coisas para Marina.

Quanto mais Luciana aparece neste final de campanha, mais ela conquista corações de jovens idealistas que nos protestos de junho de 2013 viram em Marina uma esperança de renovação.

Caso Luciana consiga 1% ou 2% dos votos, eles serão muito provavelmente subtraídos de Marina.

A maior surpresa dessas eleições é exatamente Luciana, com seu jeito gaúcho e desassombrado de chamar as coisas pelo seu nome.

O futuro da esquerda, no Brasil, se chama Luciana, com o PT no centro-esquerda e o PSDB na direita.

Para Dilma, hoje, a cena é amplamente favorável.

Os números favoráveis nas pesquisas – depois de uma situação em que ela parecia prestes a ir a pique – lhe trouxeram uma confiança que não se viu antes na campanha.

Na sabatina de hoje com colunistas do Globo, isso ficou claro.

Ricardo Noblat deu a ela, a certa altura, uma ordem: “Fale um pouquinho menos senão a gente não consegue fazer mais perguntas.”

Foi obrigado a ouvir uma resposta bem humorada que trouxe gargalhadas mesmo aos entrevistadores.

“Gente, vamos esclarecer aqui de quem que é a sabatina”, disse Dilma, rindo.

Dilma estava claramente à vontade na sabatina, muito mais que na entrevista que deu ao Jornal Nacional.

Num momento em que debates e sabatinas se sucedem, isso pode também fazer diferença.

Estas eleições serão travadas pela marca da instabilidade. Os ventos ora sopraram para um lado, ora para o outro, e em alguns instantes ficaram indefinidos.

Hoje, sexta, 12 de setembro, os ventos estão ajudando poderosamente Dilma.

Se eles não mudarem de direção, é possível – provável, talvez seja a palavra – que não haja segundo turno.


Pedro Porfírio: Declaração de voto

Votarei contra o que há de pior no país, que tenta com o retrocesso impedir o avanço que o povo quer

Wagner Iglecias: Campanha presidencial: nem toda crítica é ataque

O horário eleitoral desta 5ª feira trouxe uma novidade importante: a candidata Marina Silva na defensiva. Ela posicionou-se em relação a políticas públicas tipicamente petistas, construídas ao longo dos governos Lula e Dilma: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Pré-Sal. Prometeu manter os dois primeiros e disse que vai direcionar o dinheiro do Pré-Sal para saúde e educação, e não para a corrupção. Nem poderia ser diferente, até porque já foi aprovada lei neste sentido. Tratou ainda de outro tema que lhe tem sido espinhoso nesta corrida eleitoral: a autonomia do Banco Central. Marina afirmou que sua proposta de BC independente refere-se ao fato de que com ela “nenhum partido ou político vai usar o sistema bancário para se beneficiar”. Cabe perguntar se há tantos políticos assim beneficiando-se de uma agência super insulada como o BC e, mais especificamente, do seu ultra restrito Comitê de Política Monetária (Copom), que define uma das políticas mais estratégicas do país, o preço do dinheiro na economia. A qual tem consequencias nos níveis de consumo, investimento privado, inflação, arrecadação, emprego e também no nível de lucro dos credores da dívida pública. Ou seja, em toda a economia.

Os temas que Marina tratou neste seu programa de TV são exatamente os que têm provocado mais dissabores a sua campanha. O BC com Dilma, convenhamos, é semi-independente. E os bancos e demais credores da dívida pública ganharam muito dinheiro com os governos petistas. Marina propõe, em seu programa de governo, tornar a instituição independente. O que tende a beneficiar ainda mais a eles, os credores. Já os marinistas têm demonstrado grande irritação com as críticas que têm sido dirigidas à proposta. Sim, o discurso do PT hoje rejeita o que classifica como aventura e bate bumbo em palavras de ordem como estabilidade, continuidade e segurança. Algo irreconhecível se comparado a campanhas petistas do século passado. Por outro lado, porém, político algum está acima do bem e do mal. Nem mesmo Marina Silva. Qual o problema em se levar a discussão da independência do BC para o horário eleitoral, para os debates na tv e para as ruas?




Em 1989 a campanha de Fernando Collor dizia que Lula faria o sequestro da poupança se fosse eleito. Quem fez foi Collor. Lula faria? Não se sabe, talvez fizesse, nunca saberemos. Mas efetivamente não estava escrito no programa de governo de Lula naquele ano que ele faria o enxugamento da liquidez, visando o combate à inflação, por meio do represamento dos ativos financeiros da população. Já Marina colocou em seu programa de governo que quer o BC independente. E se isso ocorrer haverá consequencias concretas na vida da população. Por que não se pode tocar neste assunto, então? E por que não se pode defender ou criticar a proposta de Marina? Ela está acima do bem e do mal? Não, definitivamente não está. Nem ela, nem Dilma, nem Aécio nem qualquer outro. Obviamente críticas que têm sido feitas a Marina que se dão no plano pessoal ou relativas a sua fé religiosa são deploráveis. Mas as propostas de governo dela podem e devem ser debatidas, criticadas ou defendidas. E as de Dilma e Aécio também. E isso, o debate sobre propostas, definitivamente não é ataque. É do jogo e é da democracia. Porém o marinismo parece vitimizar-se diante de qualquer senão que lhe é dirigido pelos adversários, jogando no mesmo balaio as críticas ao programa de governo e à candidata. Como estratégia eleitoral faz sentido. Mas o que agrega ao debate público?

A lógica da criminalização da política e dos políticos, por sua vez, não começou agora, vem já de muito tempo. Lula tem sido achincalhado por opositores há anos ou mesmo décadas. Bêbado, analfabeto e "nunca trabalhou" são alguns dos impropérios mais suaves que lhe foram dirigidos inúmeras vezes. Tem sido chamado há anos de apedeuta por um blogueiro de direita e chegou mesmo a figurar como anta no título de um livro de outro blogueiro da mesma linhagem. De Dilma fala-se até de sua sexualidade (como de resto de qualquer mulher que se "atreva" a fazer política neste país). Aécio, Serra e Alckmin também foram ou têm sido vítimas de desqualificações pessoais, cada qual a seu modo. Alguém esperava que com Marina seria diferente? Durante muito tempo a prática da desqualificação de opositores ocorreu em nossos sistema político e o que se viu foi o silêncio de muita gente séria, que achou tudo normal enquanto os alvos fossem os adversários.

A discussão das propostas dos candidatos é não somente saudável como desejável. Já acusações levianas dirigidas ao campo pessoal tornam o debate público cada vez mais envenenado. Marina, se se sente atacada no plano pessoal, deve rebater as críticas. Mas se tem suas propostas de país questionadas, deve debater as alternativas. Quem quiser acreditar em purismo dos seus e em maldade dos adversários, que acredite. Mas que as coisas são bem mais complexas do que esse bem contra o mal que virou essa campanha, com certeza são.

Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.


Dá-lhe Dilma

“Mudar de posição de cinco em cinco minutos não é certo e acredito que é importante que a gente saiba que um presidente sofre uma pressão muito grande. Cada vez que a gente abre um debate com a candidata Marina, ela se faz de vítima e diz que estamos atacando. Candidata, debate político tem de ser feito. Ninguém está acima de qualquer suspeita. Na democracia somos todos iguais.”




“Eu acredito que não é possível as pessoas terem posições que não honrem a trajetória política e tentem se esconder atrás de falas. Acho que não medem o sentido de seus próprios atos durante a vida. A militância e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar aonde chegou”.


A primavera dos Direitos de Todos: Ganhar para Avançar

Emir Sader: De forma similar ao ato de 2010, artistas e intelectuais se reunirão com a Dilma – desta vez também com a presença do Lula – no Teatro Casa Grande, no Rio, no dia 15 de setembro, às 19 horas. O ato contará com a participação de grande e expressivo numero de artistas e intelectuais, entre eles também cientistas, representantes de movimentos religiosos e de movimentos sociais.

Circula um abaixo assinado de apoio à Dilma, com o seguinte texto:




"Os brasileiros decidem agora se o caminho em que o país está desde 2003 é positivo e deve ser mantido, melhorado e aprofundado, ou se devemos voltar ao Brasil de antes - o do desemprego, da entrega, da pobreza e da humilhação.

Nós consideramos que nunca o Brasil havia vivido um processo tão profundo e prolongado de mudança e de justiça social, reconhecendo e assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados. Consideramos que é essencial assegurar as transformações que ocorreram e ocorrem no país, e que devem ser consolidadas e aprofundadas. So’ assim o Brasil será de verdade um país internacionalmente soberano, menos injusto, menos desigual, mais solidário.

Abandonar esse caminho para retomar formulas econômicas que protegem os privilegiados de sempre seria um enorme retrocesso. O brasileiro já pagou um preço demasiado para beneficiar os especuladores e os gananciosos. Não se pode admitir voltar atrás e eliminar os programas sociais, tirar do Estado sua responsabilidade básica e fundamental.

O Brasil precisa, sim, de mudanças, como as próprias manifestações de rua do ano passado revelaram. Precisa, sem duvida, reformular as suas políticas de segurança publica e de mobilidade urbana. Precisa aprofundas as transformações na educação e na saúde públicas, na agricultura, consolidando com ousadia as politicas de cultura, meio ambiente, ciencia e tecnologia, e combatendo, sem tregua, todas as discriminações.

O Brasil precisa urgentemente de uma reforma política. Mas precisa mudar avançando e não recuando. Necessita fortalecer e não enfraquecer o combate às desigualdades. O caminho iniciado por Lula e continuado por Dilma é o da primavera de todos os brasileiros. Por isso apoiamos Dilma Rousseff.”

O abaixo assinado já está assinado por grande quantidade de artistas e intelectuais, entre eles os que confirmaram – conforme lista abaixo – sua participação no ato de 15 de setembro e outros que, impossibilitados de participar, se somam pela assinatura do documento como, entre tantos outros, Luis Fernando Verissimo, Paulo Jose, Frei Beto, Flavio Aguiar.

Está confirmada a participação no ato de personalidades como Leonardo Boff, Marilena Chaui, Maria Conceição Tavares, Beth Carvalho, Fernando Morais, Alcione, Chico Cesar, Teresa Cristina, Wagner Tiso, Silviano Santiago, Luis Pinguelli, João Pedro Stedile, Emir Sader, Ivana Bentes, Hugo Carvana, Juca Ferreira, Eric Nepomuceno, Chico Diaz, Silvia Buarque, Osmar Prado, Vera Niemeyer, Noca da Portela, Monarco, Nelson Sargento, Sergio Ricardo, Cecilia Boal, Claude Troigross, Paulo Lins, Oto Ferreira, Dudu Falcao, Samuel Pinheiro Guimarães, Sergio Ricardo, Luis Nassif, Benvindo Siqueira, Amir Hadad, Sergio Mamberti, Candido de Oliveira, Beth Mendes, Angela Vieira, Miguel Paiva, Tonico Pereira, Zezé Motta, Rildo Hora, Isabel Lustosa, Julita Lengruber, Caique Botkay, entre tantos outros.

Em 2010 o ato teve um significado político e simbólico muito forte, marcando a caminhada final de Dilma Rousseff para a vitória. Este ano o ato deve ter um significado similar, com a Dilma, o Lula, o Leonardo Boff e milhares de artistas e intelectuais.


Tracking do dia

Confira os números:
Dilma Roussef (PT) 53%
Marina Silva (PSB) 27%
Aécio Neves (PSDB) 16%
Nanicos 04%

O Ibop - Instituto de Opinião Pública, Publicada ou Pessoal (tanto faz, fica ao gosto do freguês) -, divulga suas pesquisas como faz o TSE - Tribunal Superior Eleitoral -, apenas os votos válidos.

Diferente do DataCaf que tem uma margem de erro de 50%, a nossa margem de erro só divulgamos na pesquisa de boca-de-urna.

O nosso IC - Índice de Confiança - é de 100%. Isso significa que se fizermos 100 pesquisas hoje, o resultado será o mesmo.

no Tijolaço: Aécio vai para cima de Marina. E a mídia, irá com ele?As pesquisas dirão

Depois de Merval Pereira, é a Folha quem prevê uma queda nas intenções de voto de Marina Silva.
Diz que o próprio comando marinista prevê “perda de substância” da candidata nas próximas pesquisas de intenção de voto. A ordem no comitê pessebista, porém, é manter o ânimo e a defensiva para levá-la ao segundo turno, mesmo diante de uma desidratação da ex-senadora”.
Aécio, sem ligar para seu telhado de vidro com as histórias do “mensalão mineiro”, segue em seu discurso anti-Dilma cada vez mais violento, mas dispara suas baterias, agora, também contra Marina Silva.



Não é que se tenha convencido de que pode voltar a existir na disputa eleitoral, mas a de que precisa, desesperadamente, disso.
E começou a fazer, como você vê aí na reprodução da página do PSDB que está na web esta manhã.
Para variar, porém, da maneira errada, porque é incrível a incapacidade de sua marquetagem de fazer qualquer discurso que não seja de doentia agressividade, agora que aposentaram a platitude do “vamos conversar?”
É tão obvio que Marina faz, justamente, de sua imagem de “vítima” o carro-chefe de sua projeção marqueteira que só mesmo a esquipe de Aécio não o vê.
Como a percepção do óbvio, porém, é a mais democrática das capacidades humanas, fique certo o caro leitor e a estimada leitora de que há outras ofensivas, muito mais discretas, em gestação no conservadorismo.
E que só não estão em curso porque não há consenso de que serão vitoriosas ou, pior, se não comprometerão o plano central de derrubada de um governo nacionalista.
Não há maneira de realizar o sonho de tirar Dilma do segundo turno e, ao que parece, nem mesmo evitar que seja ela a primeira colocada na eleição inicial.
E um plano de ressurreição de Neves só tem chance de progredir se for forte e pesadíssimo o processo de desconstrução de Marina, que terá, necessariamente, de passar pela “descanonização” de Eduardo Campos.
O que faz dela, apesar das posições que assume e do ódio doentio que tem de Dilma e Lula, uma complicada e menos efetiva aliada num turno final.
Como disse ontem o Painel da Folha, é verdade que estão “repensando”, mas a baliza deste “repensamento” serão as pesquisas que se encerram hoje.
Vão testar o “efeito-queda” em Marina?
Não sei, e não me aventuro a prever.
Afinal, discutir eleições que, nos meios de comunicação, se limitam a ibopes e denúncias e não no processo de formação das opções eleitorais coerentes com as aspirações políticas da população não é tarefa simples.
Mas de uma coisa estou certo: assim como sentem que “erraram a mão” a maior no processo de criação da “Onda Marina”, sabem que não podem errar na velocidade e profundidade de sua desconstrução.
por Fernando Brito


Tucanos em pânico

A queda de Aécio



O tucano Aécio Neves foi atingido em cheio pela entrada de Marina Silva (PSB) na eleição presidencial. Ela tirou a liderança de Aécio em Minas e assumiu a dianteira em São Paulo. Esses colégios eleitorais são vitais na estratégia de crescimento tucana. Agora, Marina também lidera no Rio, tendo atraído para si o elevado número de indecisos. A presidente Dilma também perde, mas menos. (…) Pesquisas telefônicas feitas por várias campanhas registram essa reviravolta nos estados. Entre os tucanos paulistas, o abatimento é geral.
by Ilimar Franco - O Globo


Luis Nassif: É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando




A aposta em Marina Silva é de alto risco por várias razões.

Dilma Rousseff e Aécio Neves representam forças claras e explícitas e são personalidades racionais.

Dilma defende um neo-desenvolvimentismo com uma atuação proativa do Estado e Aécio a volta ao neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.

Em 2011, o pânico em relação à inflação tirou Dilma do prumo. Mas ela tem ideias claras sobre o país e sobre o que quer: política industrial, investimentos em infraestrutura, aprofundamento do social.

Podem ser apontados inúmeros vícios de gestão, mas também tem feitos consagradores, como a própria política do pré-sal, a construção da indústria naval, o Pronatec, Brasil Sem Miséria e um conjunto de obras – especialmente na área de energia.

Mesmo sua teimosia mais arraigada não chega perto do risco da desestabilização – apesar do terrorismo praticado por parte do mercado.

Com Aécio, a economia será submetida novamente a uma política de arrocho fiscal. Haverá refluxo na atuação do BNDES, fim das políticas de incentivo fiscal, redução da ênfase nas políticas sociais, interrupção no processo de reaparelhamento técnico do Estado. Se venderá novamente o peixe da “lição de casa” e do pote de ouro no fim do arco-íris.

Assim como FHC, Aécio estará ausente do dia a dia. Mas certamente se cercará de um Ministério de primeira grandeza e há uma lógica econômica por trás de suas propostas.

Até onde pretenderá chegar com o desmonte do Estado social, é uma incógnita. Mas age com racionalidade.

Já Marina é uma incógnita completa.

Primeiro, pelos grupos que a cercam e que querem um pedaço desse latifúndio. E ela não tem um grupo para chamar de seu, a não ser para o tema restrito do meio ambiente.

Haverá uma disputa dura para saber quem a levará pela mão: economistas de mercado, os grandes empresários paulistas, ambientalistas radicais, os egressos do PSB e – se Marina se consolidar – os trânsfugas do PSDB paulista.

O segundo dado é o mais confuso: a personalidade de Marina que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém.

Os que conviveram com Marina no governo reforçam algumas características:

Dificuldade em entender economias industriais.

Baixo pique operacional. Praticamente não conseguiu colocar de pé nenhuma de suas propostas à frente do Ministério do Meio Ambiente.

Jogo de cintura nenhum.

Tudo isso seria contornável, não fosse um aspecto de sua personalidade: teimosia e voluntarismo exacerbados. No governo Lula era quase impossível a outros Ministros definir pactos com Marina. Nas vezes em que era derrotada, costumava se auto-vitimizar.

Os empresários paulistas que apoiaram sua candidatura estavam atrás do símbolo político, o Lula de saias, o Avatar dos novos tempos. Vice de Eduardo Campos seria o melhor dos mundos, pois o presidente asseguraria a racionalidade do governo.

Colocaram como seus porta-vozes economistas, importaram o brasilianista André Lara Rezende, que encontrou a melhor síntese para casar o livre mercadismo com as propostas ambientalistas de Marina: o país não pode crescer para não comprometer o equilíbrio do meio ambiente mundial. Quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais.

Experiências recentes do país indicam que o componente pessoal, a psicologia individual é um ponto relevante na análise de figuras públicas.

Resta saber se o país está disposto a pagar para ver.

Para os mercadistas: aguardem um mês de campanha antes de iniciar a cristinianização de Aécio, para poder entender melhor a personalidade de Marina.

É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando.

Comentário: dou um pelo poutro e não quero volta