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Charge do dia

Vamos aumentar o preço de todos os alimentos.
Comer é para quem pode.

Nas computações sub-neurais dos "sonháticos" é este pensamento que prevalece.

Desastre não veio. Mas virá, calma, ronca a Leitoa do Restelo

Depois do fiasco da “explosão inflacionária”, agora é a vez de Miriam Leitão ter de admitir, também, que a apregoada retração da economia, prevista diariamente por ela e por outras cassandras do jornalismo econômico não vai, igualmente, acontecer.
Na sua coluna de hoje, a musa do neoliberalismo entrega os pontos e admite que o PIB do segundo trimestre – cujo resultado sai no final do mês – vai ser acima das expectativas e chegar a 1% sobre o anterior, o que levaria a taxa de crescimento da economia, em termos anuais, a 4%.
O número que previra o insuspeito economista Francisco Lopes, há 20 dias, num artigo do Valor, que se iniciava com um pedido para que não fosse visto como piada pelos talibãs do jornalismo econômico.
A fonte do crescimento será, segundo preveem as fontes de  de Leitão, a indústria  e o investimento, não o maldito consumo popular.
Pudera, com o presidente do BC, Alexandre Tombini, tendo passado – embora eu ache que volta logo – para o lado de lá, o do jurismo militante, daí é que não poderia vir.
O crescimento é ainda mais significativo porque se deu abaixo de uma tempestade de pessimismo veiculado pela mídia, que apresentava o Brasil na ante-sala do caos político e econômico.
Ela mesma admite o chabu de suas previsões:
“Ninguém duvida que o governo vai comemorar como prova de que todos os alertas e críticas foram equivocados.”
Mas ela não desiste, só adia o mau agouro: vem aí um terceiro trimestre desastroso! Aliás, O Globo continua de pé pela pátria agourenta: diz que o crescimento do IBC-Br, índice do Banco Central, veio “abaixo das expectativas de mercado”: crescimento de 1,13% em junho contra uma previsão do mercado de 1,2%. Sete centésimos de centésimo! Esse pessoal devia jogar na Mega-sena.
É por isso que Miriam insiste, não desiste do catastrofismo.
“Os primeiros sinais do terceiro tri são de que será o pior período do ano.”
O fundamentalismo neoliberal é uma proeza!
Por: Fernando Brito

Artigo semanal de Delubio Soares

BRASIL SEM INFLAÇÃO
  
Os mesmos veículos da imprensa que semanas atrás faziam eco ao terrorismo econômico e, de forma leviana e delirante, anunciam a volta do processo inflacionário, agora noticiam que a inflação de julho foi de 0,03%, a menor em três anos. E o fazem sem se desculparem com seus leitores, ouvintes e telespectadores que foram bombardeados por incrível noticiário absolutamente desvinculado da realidade, mas que serviu a interesses obscuros, permitindo alguma alta na cotação do dólar e semeando o medo e a desinformação.

O IPCA de junho chegou a irrisórios 0,26%, o que já serviu aos interesses de quem vive da mentira e faz oposição cega a um governo sério e competente. Isso foi o suficiente para se falar até na “volta da hiperinflação”. Agora ao nos deparamos com outro índice baixíssimo - a menor variação mensal desde julho de 2010 - chegamos à meridiana conclusão de que “o viés é de baixa”, na empolada linguagem dos comentaristas que povoaram os telejornais, trombetearam pelas ondas do rádio e encheram as páginas dos jornais, revistas e sites com previsões alarmantes, anúncios da hecatombe econômica e claras demonstrações de que possuem, mesmo, o que o presidente Lula diz ser o “complexo de vira-lata”. Para essa gente agourenta, impatriótica e irresponsável, o Brasil não é a potência emergente que o mundo reverencia, nem um país que em apenas uma década tirou 40 milhões de cidadãs e cidadãos da pobreza e da miséria, levando-os à nova classe média. Para eles o Brasil estaria (ou está) fadado à pobreza e ao sub-desenvolvimento. Pois são eles, os contumazes profetas do caos, que agora amargam a desmoralização das mentiras que disseminaram.

O preço dos alimentos caiu ainda mais e a inflação ficou em 6,27%, abaixo do teto estabelecido pelo próprio governo da presidenta Dilma Rousseff como meta (6,5%). E foram eles, simbolizados pelo tomate, que serviram para que os alarmistas de plantão atacassem a política econômica e fizessem uma boa parcela da população acreditar que estávamos vivendo um novo e perigoso processo de subida dos preços e carestia.

O grande advogado e combativo ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, coberto de razão, perguntou na internet se uma apresentadora de TV, depois de participar do terrorismo econômico com um ridículo colar de tomates, agora, diante da verdade e dos escândalos no metrô paulista, fartamente documentados e que envolvem o PSDB e seus principais líderes, irá se apresentar com o pescoço volteado pelos trenzinhos que renderam quase R$ 600 milhões em propinas aos tucanos. E o que dirá o presidente do PSDB, que em recente programa eleitoral gratuito na TV e no rádio, não apresentou uma nova idéia sequer para o país, mas transformou o prosaico tomate em personagem importante de sua oca pregação política? Vai fingir que não foi desmentido pela realidade dos fatos?

Nos anos infames do governo de FHC, quando nossas maiores empresas foram doadas a preço vil em processo de privatização eivado de irregularidades e os salários sofreram o maior achatamento de nossa história republicana, em apenas 1 ano a meta inflacionária foi atingida, rompendo-a em todos os demais. E que tal recordar que Fernando Henrique, figura menor pateticamente incensada pela mídia, entregou o governo em 2003 para o presidente Lula, o PT e os partidos da base aliada, com impressionantes 12,53% de inflação acumulada e o dólar cotado a mais de R$ 4,00? No mesmo ano ela foi baixada para 9,3% e em 2004 os índices inflacionários começaram a despencar e a economia brasileira livrou-se da pesada herança deixada pelos longos e improdutivos 8 anos de governo fracassado do PSDB. Mas, por ventura, interessa à mídia anti-Lula e anti-Dilma mostrar que a economia brasileira vive faz uma década uma de suas melhores fases? Não.

Em 2003 o salário mínimo deixado por FHC e o PSDB/DEM era irrisório e vergonhoso, da ordem de R$ 200,00. Um trabalhador ganhava R$ 6,67 por dia de trabalho (R$ 0,91 a hora). Lula dobrou o valor, e hoje, com Dilma, o salário mínimo chega aos R$ 678,00, ou seja, R$ 22,60 ao dia (R$ 3,08 a hora). Que tal? Para nossos adversários, que tem o povo apenas como um índice a mais, uma preocupação a menos e nenhum comprometimento com a justiça social e a distribuição de renda, isso não tem a menor importância.

Os programas sociais implementados ao longo da última década, como a Bolsa Família e o Pro-Uni, por exemplo, mudaram a face humana, social e econômica do país. Isso nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Os ganhos para a classe trabalhadora e a chegada de dezenas de milhões de brasileiros à uma nova e poderosa classe média, que consome mais, vive melhor e produz em benefício do país, não são inflacionários como querem fazer crer as urubólogas que agouram nossa economia e conspiram contra o sucesso do Brasil que emerge, rico e poderoso, dessa nova era.

Não nos iludamos. Os que acreditam no Brasil e nos brasileiros estão fazendo a sua parte. E eles são os trabalhadores, os empresários conscientes, a presidenta Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega, o PT e os partidos que dão sustentação ao governo, as forças vivas da nacionalidade. O resto é o resto, o de sempre, o do “quanto pior, melhor”, os que não se conformam com o êxito nem do país nem de seu povo. E eles serão sempre derrotados por suas mentiras e sua má-fé.

Há muito a ser feito, nós sabemos. Mas como sempre, em todos os processos históricos, o povo vencerá.

Ricardo Kotscho: Vitórias de Dilma

A inflação oficial do mês de julho, que deverá ser anunciada hoje, ficará próxima de zero e o valor da cesta básica caiu pela primeira vez desde 2007.
Pesquisa do Ibope, encomendada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e divulgada na terça-feira, revela que 85% dos brasileiros são a favor da reforma política e 84%querem que as mudanças já entrem em vigor nas eleições do ano que vem, endossando a proposta feita pela presidente Dilma Rousseff, que foi rejeitada pelo Congresso e motivo de chacotas na imprensa.
Alegava-se que a presidente não tinha entendido direito a "voz das ruas", porque a reforma política nem constava das reivindicações dos protestos que varreram o país no mês de junho, e que ela estava apenas tentando dar uma resposta rápida às manifestações, mesmo sabendo que não haveria tempo hábil para aprovar as mudanças a tempo de serem implantadas em 2014.
No dia em que anunciou a proposta de reforma política, dei os parabéns a Dilma aqui no Balaio pela coragem que seus antecessores não tiveram de mexer no sistema político-partidário eleitoral, que está na raiz de todas as mazelas e demandas levadas às ruas por centenas de milhares de pessoas poucas semanas antes.
Desde a estreia do Jornal da Record News, em maio de 2011, Heródoto Barbeiro e eu sempre batemos nesta tecla, tornando-nos até chatos de tanto insistir na pregação de uma profunda reforma política, a mãe de todas as reformas que o país necessita para acabar com este "presidencialismo de coalizão" que, em nome da governabilidade, acaba tornando o país ingovernável com seus mais de 30 partidos e 40 ministérios.
E não é de hoje que penso isso. No meu livro de memórias "Do Golpe ao Planalto _ Uma vida de repórter", editado pela Companhia das Letras em 2006, escrevi no último capítulo:
A cada crise, fala-se novamente na necessidade de uma reforma política, que nunca acontece. Olhando as coisas agora de trás para a frente, fico com a impressão de que a raiz do problema não está nas pessoas ou nos partidos, mas num sistema político condenado a não dar certo. Para chegar ao governo, um candidato, qualquer candidato de qualquer partido, tem que fazer tantas concessões a alianças, mobilizar tantos recursos, que acaba amarrado a um conjunto de antigos interesses _ de tal forma que não consegue implantar as reformas reclamadas pelo país há muitas décadas.
Em meio ao segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, no final de uma entrevista, já na hora do café, depois de ouvir as queixas dele sobre a dificuldade de conviver com a base aliada, perguntei-lhe singelamente:
_ Presidente, o senhor conseguiu a reeleição, já está no segundo mandato, por que não dá um murro na mesa e governa do seu jeito, com quem achar melhor para o país?
_ Você está maluco? Se eu fizer isso, meu governo acaba no dia seguinte...
As dificuldades que Dilma Rousseff vem encontrando para governar mostram que, como nenhuma reforma foi feita, a política do toma-lá-dá-cá continua se impondo e  emperrando o desenvolvimento do país, e multiplicando as denúncias de malfeitos em todos os níveis da administração pública.
Os resultados da pesquisa da OAB/Ibope me deixaram feliz porque mostram não estou sozinho. A imensa maioria da população pensa da mesma forma, como se pode ver por alguns números:
* 92% dos entrevistados disseram ser favoráveis à realização da reforma política por meio de projeto de lei de iniciativa popular.
* 78% da população não aprova que empresas privadas façam doações para as campanhas (o ovo da serpente). Como a pesquisa não perguntou sobre financiamento público de campanha, a única alternativa que resta é a que prefiro: só podem ser feitas doações por pessoas físicas.
* 80% defendem a imposição de limites de gastos para uso em campanhas eleitorais (esta questão está intimamente ligada à anterior).
* 90% querem penas mais severas para o uso de "caixa 2" nas campanhas.
* 56% apoiam mudar a forma de eleição dos deputados com a adoção de uma lista de propostas e candidatos apresentada pelos partidos.
O apoio à reforma política, em termos muito semelhantes à proposta por ela apresentada, e a queda na inflação constituem duas vitórias robustas de Dilma no pior momento do seu governo, quando já se previa um "apocalypse now" na reabertura do Congresso. A primeira semana do fatídico mês de agosto, porém, mostra que a presidente recuperou forças tanto na economia como na política, ao chamar as principais lideranças partidárias para conversar no Palácio do Planalto e restabelecer um diálogo que estava emperrado.
Para completar, o inferno astral mudou de lado e agora atormenta a oposição tucana, às voltas com as denúncias sobre falcatruas nas obras do Metro paulistano nas gestões de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, mas é muito cedo para se falar em recuperação da popularidade perdida pela presidente após os protestos de junho.
O ministério gigante, que Dilma por teimosia não quer mudar, é reconhecidamente muito fraco; os problemas continuam onde estavam; os desafios na economia são os mesmos e a reforma política não deve sair tão cedo, apesar do imenso apoio popular demonstrado pela pesquisa do Ibope, mas os fatos dos últimos dias, sem dúvida, dão um novo alento ao governo para sair das cordas e retomar a iniciativa política. Nada como um dia após o outro, com uma noite no meio, claro.
Por isso, subscrevo este trecho da coluna do meu colega Fernando Rodrigues publicada hoje na Folha:
"É que... governo é governo. Se Dilma resolve propor um plebiscito para fazer a reforma política, entorpece o Congresso e a mídia durante semanas. Por mais escalafobética e fora de hora que seja a formatação da ideia, quem há de ser contra consultar os eleitores a respeito de como melhorar a política brasileira?"
Pelo que a pesquisa do Ibope mostrou, são muito poucos, mas fazem um barulho danado.

Inflação em queda não é novidade. O que impressiona é achar natural a alta dos juros

A inflação tem queda, o preço do tomate despenca, a cesta básica cai em todo país pela primeira vez desde 2007 e o índice oficial de julho fica próximo de zero. Nada disso é novidade ou surpresa. O que impressiona é como se aceita como natural o aumento dos juros.

O que surpreende é como a mídia e a oposição criaram, sem resposta do governo e do PT, expectativas de inflação para além da realidade, impulsionando e generalizando uma inflação setorial e conjuntural pressionada pela demanda dos serviços e mão de obra.

E como obrigaram, na prática, o Banco Central a aumentar a Selic antes que se generalizasse na economia a sensação artificial que a inflação estava fora do controle.

É fato mais do que conhecido – e nós dissemos isso aqui várias vezes – que há muita volatilidade nos preços de alimentos que compõem o índice de inflação, por causa do clima e da safra. A própria Folha de S.Paulo reconhece hoje que, historicamente, a maioria dos alimentos in natura (hortaliças e frutas, por exemplo) sobe de preço nos primeiros meses do ano e cai depois. Mas isso o jornal e o restante da grande imprensa preferiam ignorar durante a campanha artificial da inflação.

Os alimentos derrubaram a inflação, que cairia com o fraco desempenho da economia, com a queda do consumo, diminuindo a pressão sobre os salários, emprego e serviços, uma prova concreta que não era necessário subir a Selic.

Até porque o Banco Central tem outros instrumentos para esfriar o crédito e o consumo, começando pelos compulsórios. Mas ao subir a Selic, atendeu ao rentismo e ao sistema financeiro. Os de sempre...

Preços em queda

A cesta básica ficou mais barata em julho nas 18 capitais pesquisadas pelo Dieese. Foi a primeira queda de preços em todas as capitais pesquisadas desde maio de 2007. O tomate liderou a queda. Em Brasília, o preço caiu 56,81%.

Hoje, saiu o IPCA de julho, que é o índice oficial. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo desacelerou de 0,26% em junho para 0,03% em julho, segundo o IBGE.

Em 12 meses,o  IPCA acumula alta de 6,27%, dentro da meta com banda para cima do Banco Central.
José Dirceu

Inflação fora de controle: cesta básica cai em 18 cidades pesquisadas

O valor da cesta básica caiu em julho todas as capitais pesquisadas pelo Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos -, pela 1{ vez desde maio de 2007. Das 18 cidades analisadas - eram 16 em 2007 -, as maiores quedas ocorreram em Brasília (-8,86%), Florianópolis (-7,61%), Porto Alegre (-7,06%); as menores, em Salvador (-0,18%), Vitória (-1,55%) e Manaus (-1,82%).

A inflação fora de controle

O IPC - Índice de Preços ao Consumidor - no município de São Paulo teve deflação de 0,13% na 4ª quadrissemana de julho, depois de cair 0,16% na 3ª prévia do mês, de acordo com a FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas -. Em junho, o indicador fechou com alta de 0,32%.
Na passagem da 3ª medição de julho para a 4ª , o grupo Alimentação foi de um recuo de 0,62% para queda de 0,40% e Saúde passou de uma alta de 0,26% para 0,33%. Despesas pessoais foram de aumento de 0,34% para 0,45%.
Habitação registrou desaceleração, indo de elevação de 0,45% na 3ª quadrissemana para fechar julho em 0,40%. O mesmo ocorreu com Educação (0,07% para 0,06%). Permaneceram no terreno negativo entre a 3ª pesquisa e o levantamento final do mês passado, Transportes (-1,21% para -1,30%) e Vestuário (-0,20% para -0,26%).
by Valor

O que o Brasil precisa

Boas notícias da inflação de junho. 
O IPCA, que mede a inflação oficial, desacelerou de 0,37% em maio para 0,26% em junho. Essa taxa é a menor desde junho de 2012, que foi de 0,08%.

Como previsto, o grupo de alimentação e bebidas teve uma forte desaceleração, de 0,31% em maio para 0,04% em junho - o menor resultado desde julho de 2011 (-0,34%). Foi a quinta queda seguida.

As boas notícias na economia não param aí. Agora vêm os leilões do pré-sal, já em outubro. E também temos os leilões das ferrovias, dos portos e rodovias – condição para um maior crescimento, redução de custo, logística melhor e mais recursos para educação e saúde, melhores transportes no país.

Mais produção de petróleo e gás significa uma balança externa equilibrada e recursos para investimentos em educação e inovação. É o que o país precisa nos próximos anos: crescimento sem inflação e com distribuição de renda e melhores serviços públicos.
José Dirceu

Distribuir Renda é Desenvolvimento

A série de reportagens pintando um cenário de apocalipse na economia brasileira, que marca as edições recentes dos principais jornais genéricos de circulação nacional, traz como pano de fundo uma tese perigosa: a de que a plena oferta de empregos seria uma das principais causas de aumento dos preços no Brasil.

Observe-se que a imprensa brasileira não questiona se estamos de fato imersos no perigoso jogo inflacionário, embora os aumentos de preços tenham se mostrado pontuais e randômicos, não lineares, o que indica a ocorrência de causas múltiplas e não necessariamente um processo consistente de inflação.
Há apenas dois meses, os jornais e os noticiários da televisão e do rádio martelavam a tese da inflação de alimentos; depois, com o tomate voltando ao molho com preços 75% inferiores, a imprensa passou a ressaltar o custo de produtos eletrônicos, depois das viagens aéreas e agora o vilão é o setor de serviços.
Nesse período, artigos e reportagens tentam impor a seguinte teoria: se o crescimento econômico é insatisfatório, o pleno emprego torna-se fator de inflação porque a disputa por bons funcionários aumenta o custo das empresas, o que acaba se refletindo no preço final dos produtos. Por outro lado, dizem esses teóricos, o crescimento da renda dos trabalhadores aumenta a procura, porque há mais gente com dinheiro para as compras e, apesar do aumento recente dos juros, a oferta de crédito segue em alta.
Os defensores dessa tese consideram que, para fazer a economia crescer sem inflação, é preciso manter um exército de trabalhadores sem renda, ou dispostos a ganhar pouco, para que os preços se mantenham estáveis e o Produto Interno Bruto possa crescer a níveis chineses. Para eles, a boa política econômica é aquela que preserva os “bons fundamentos da economia”, e não aquela que produz bem-estar para a maior parcela da população.

O Globo: Debelar a inflação é a escolha correta

É feliz a coincidência da divulgação do PIB trimestral com uma reunião do Copom de definição da taxa de juros básica (Selic). Isso pelo fato de a economia se encontrar em delicado momento, com riscos, como registrou o jornal inglês “Financial Times”, de ficar prisioneira no pior dos mundos, numa “estagflação”, mistura de baixo crescimento com inflação em alta.
A coincidência permitiu ao Banco Central — a julgar pela decisão unânime de seus diretores, reunidos no Conselho de Política Monetária — sinalizar que isso não acontecerá, se depender dele. A elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, para 8%, foi a melhor alternativa que poderiam escolher, independentemente de um PIB trimestral fraco, divulgado pelo IBGE na mesma quarta-feira. 
A importância da decisão do Copom é grande, pois pode ajudar a melhorar as expectativas de formadores de preços e investidores, embaralhadas nos últimos tempos por erros do próprio governo, cometidos, entre outros, em atos cujo resultado foi elevar a insegurança regulatória diante do futuro. Um exemplo, a intervenção no setor elétrico.
Outro ruído nas expectativas, e em elevados decibéis, foi causado pela perigosa sinalização (ou má interpretação) de que o governo Dilma é leniente com a inflação, em nome da ilusória suposição “desenvolvimentista” de que preços em alta poderiam ajudar no crescimento. Quando é o contrário.
Certo ou errado, Dilma concluirá o mandato, ano que vem, sem ter mantido a inflação na meta dos 4,5%, até mesmo incluído no currículo o estouro do limite superior do alvo, 6,5%, em alguns meses.
Especulou-se, inclusive, que haveria uma nova meta, informal, acima dos 5%, próxima dos 6%. Se confirmado, seria algo inflamável num país ainda com vários mecanismos de indexação e persistente memória da era da superinflação.
Ao primeiro sinal de que o passado pode voltar, a sociedade aciona sistemas de defesa que levam à mais inflação, no mínimo ao seu enrijecimento. Elevar os juros no dia em que se sabe que a economia, no primeiro trimestre, continuou a gerar um “pibinho” é forte e bem-vinda mensagem do BC. Afinal, por trás do insuficiente 0,6% de expansão de janeiro a março, em relação ao último trimestre de 2012, identificam-se efeitos da própria inflação elevada, na faixa dos 6,5%.
O comportamento do setor de serviços, uma desaceleração de 0,7% para 0,5%, é sugestivo, pois a inflação do segmento roda na faixa dos 8%, bem acima da média de 6,5%. Não é por acaso.
A evolução do consumo das famílias praticamente estagnou (alta de apenas 0,1%), e a relação do resultado com a alta de preços também é óbvia, além de ser uma reafirmação do esgotamento do modelo de crescimento.
Boa notícia é a ampliação, acima do consumo, dos investimentos (4,6%), única alternativa viável de retomada da expansão em bases equilibradas. Mas, para isso, o BC precisará ser coerente com a decisão que tomou quarta-feira.

José Dirceu: a realidade se impõe


Aos poucos, a realidade se impõe. Nada de apagão ou racionamento de energia, até porque o país tem gás e termoelétricas e, para azar da oposição, chove e muito. As ações da Petrobras se recuperam (ontem subiram mais de 6%) e a empresa gradualmente retoma seu ritmo normal.

O tomate virou piada e vai voltando ao seu preço de sempre, e a inflação despenca. Na contramão da gritaria histérica de certa mídia e da oposição, os brasileiros e brasileiras continuam os mais otimistas com a sua economia, segundo levantamento do IPSOS.

A pesquisa em 24 países mostra que, no Brasil, 70% dos entrevistados dizem que a economia estará melhor daqui a seis meses. Em seguida, aparece a Arábia Saudita, com 53%. Para 48% dos brasileiros, a economia hoje está boa.


Royalties


Mas não podemos nos esquecer de construir um futuro ainda mais promissor. Isso envolve a educação e a tecnologia. É por isso que é extremamente importante a decisão da presidenta Dilma Rousseff de insistir em direcionar os recursos dos royalties do petróleo integralmente para a educação.

Dilma anunciou ontem que vai encaminhar uma nova proposta ao Congresso Nacional. O governo já tinha editado uma Medida Provisória em dezembro, mas ela não foi votada pelo Congresso e vai perder a validade no próximo dia 12.


“Nós, nessa questão da educação, somos teimosos, insistentes. E nós vamos enviar uma nova proposta para uso dos recursos, royalties e participações especiais, e o recurso do pré-sal para chegar exclusivamente na educação.Vamos teimar, o Brasil tem que destinar essa grande riqueza para ser gasta em educação", afirmou a presidenta.


A resistência dos governadores e prefeitos que preferem o uso não vinculado dos recursos é um perigo, já que podem ser destinados a custeio e pessoa. Já os recursos do Fundo Social são vinculados à educação, à inovação e ao meio ambiente.


Não haverá como superar a concorrência externa e as importações e impulsionar a nossa indústria apenas com as necessárias reduções do custo Brasil, juros e impostos, melhor infraestrutura e logística mais barata.

É preciso uma revolução educacional e tecnológica, sem a qual não há como sobreviver. Muito menos aumentar o salário e a renda média dos brasileiros. Isso só pode ser feito com tecnologia, com maior valor agregado, que exige um nível educacional maior de todo o nosso povo, rumo à cidadania.

Confraria da selic


Desde 1999, quando foi instituído o sistema das "metas inflacionárias", criou-se a chamada "confraria da Selic", um conjunto de economistas, incrustrados em consultorias e departamentos econômicos de instituições financeiras, elaborando análises recorrentes sobre os rumos da taxa de juros e apostando permanentemente na sua elevação.
Não se trata do mercado financeiro como um todo, mas de um grupo que gira em torno das tesourarias de bancos e de grandes empresas. O sistema bancário é mais que isso. Existem os grupos que trabalham em área de crédito, do mercado de capitais, das operações estruturadas, que exigem um conhecimento mais sofisticado.
A introdução do sistema de metas inflacionárias consagrou um tipo de análise que, alguns anos atrás, classifiquei genericamente como de "cabeça de planilha". Eram planilhas matemáticas, definindo algumas correlações mecânicas - muitas delas jamais comprovadas - entre taxas de juros e inflação, câmbio e preço de commodities, taxa Selic e nível de atividade, mudanças nos ativos internacionais e câmbio.
Enquanto a economia internacional e os mercados bombavam, subindo sempre, parecia que as planilhas funcionavam. Era um mundo sem sobressaltos, embora já inoculado pelo vírus que, a partir de 2008, explodiria em grandes desequilíbrios.

Imprensa alienada pede a volta da ortodoxia no combate à inflação


Soa como piada, embora das mais graves, o discurso sobre a inflação que vem sendo reforçado na imprensa nos últimos dias. Reportagens, editoriais e artigos pedem nada mais nada menos do que a volta da ortodoxia. A alienação é enorme.

A justificativa é o suposto descontrole dos preços. Mas essa tese não para em pé. Para começar, a inflação em 2012 ficou dentro da meta do governo e até abaixo do índice de 2011. Veja aqui nota sobre esse ponto.

Parte da grande imprensa vem pregando até mesmo o aumento dos juros (os mesmos juros que causavam indignação quando estavam altos!), junto com a redução do crédito e dos programas sociais. Basta ver a Folha de S.Paulo de ontem e o Estado de S. Paulo de ontem e de hoje.

Ora, essa receita de cortes fracassou em todo o mundo. Cada vez mais o Estado garante a retomada do crescimento e o saneamento das economias. Basta acompanhar o que está acontecendo no Japão e nos Estados Unidos – tudo para retomar o crescimento, particularmente o emprego.

No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe diz que o banco central do país deve definir uma meta de inflação de 2%, o dobro da atual, e torná-la um objetivo de médio prazo, e não de longo prazo. Isso depois de o Japão ter aprovado um pacote de gastos públicos no valor de US$ 117 bilhões.

Nos Estados Unidos, a questão é como evitar um corte de gastos que leve à recessão mesmo com a dívida batendo o teto de US$ 16,4 trilhões. Os EUA também recentemente atrelaram os juros ao desempenho no mercado de trabalho.

Portanto, parece realmente piada que, no Brasil, toda a grande mídia entoe esse discurso que, no fundo, caminha para caracterizar o governo Dilma como autoritário.

O editorial de ontem do Estadão chega ao absurdo de dizer que o governo maquia o índice de preços por meio, por exemplo, da redução na conta de luz. O editorial caminha na direção de comparar nosso governo com o da Argentina no que se refere à manipulação dos índices de inflação. A linguagem é a mesma, e as acusações idem. É uma mentira daquelas.

No fundo, querem radicalizar a vida política do país e caminham para a provocação pura e simples para ver como o governo reage.
Zé Dirceu

Inflação: previsão é que seja a metade do que foi no ultimo ano do governo FHC

Pressionada por alimentos e serviços, a inflação deve continuar em alta na maior parte de 2013. 

Até setembro, o IPCA em 12 meses deve ser igual ou superior a 6%, preveem economistas. 

A mudança de patamar do custo de vida no País é ratificada por investidores. 

A taxa de inflação embutida na remuneração de títulos do governo aponta para um IPCA superior a 6,5%.

O Banco Central dobra aposta


O Banco Central, há um ano, fez uma aposta ousada — e ganhou. A inflação chegara a furar o teto de 6,5% da meta, e, mesmo assim, o Copom decidiu abrir um ciclo de corte dos juros básicos — de 12,5% para 12%, até chegar aos 7,25% atuais, um mergulho vertiginoso.
Antes de muito analista, o BC detectou sinais de agravamento da crise mundial, a partir da Europa, fator de redução de pressões sobre os preços internos. Deu certo.
O BC, sob a direção de Alexandre Tombini, conquistou confiança do mercado e afastou temores de que a imprescindível autonomia operacional da instituição havia sido reduzida ou cassada.
Não é que o último corte da Selic tenha ressuscitado todos aqueles fantasmas. Porém, na conjuntura interna em que foi executado, voltou a colocar alguns pontos de dúvidas sobre a convicção do BC no enfrentamento dos ventos inflacionários que se armam no horizonte.
Oportuna, de qualquer forma, a referência feita na ata desta última reunião do Copom, divulgada quinta-feira, aos efeitos maléficos da inflação sobre a economia. Não custa lembrar. Mas a decisão do último corte foi tão polêmica que três dos oito diretores do BC votaram contra a redução. O presidente Tombini se alinhou ao bloco dos que optaram pela redução.
Algumas variáveis da atual conjuntura são inquietantes. A começar pela própria inflação, que roda além dos 5%, mais de meio ponto percentual acima do centro da meta. Faz pensar se o governo, em nome de “um pouco mais de crescimento”, não estaria revendo informalmente a política de metas. Seria desastroso, pelo fato de a economia ainda manter perniciosos mecanismos de indexação.

Economia: mudanças na metas inflacionárias


Um dos mecanismos mais perniciosos desenvolvidos no mercado financeiro foi o sistema de metas inflacionárias – não o sistema em si, mas a forma como foi implementada.
Definia-se uma meta para a inflação, com uma margem para cima e para baixo. Depois, levantavam-se as expectativas de mercado em relação à inflação nos 12 meses seguintes. Se as expectativas estivessem acima da meta, aumentavam-se os juros. Se abaixo, teoricamente, os juros seriam reduzidos.
Nem se pensava em outras formas de atuar sobre a demanda e o crédito, apenas juros que, incidindo sobre a dívida pública, canalizavam parte expressiva do orçamento para os chamados rentistas.
Para dar mais intensidade à política, criou-se a máxima de que cada instrumento financeiro deveria buscar um único objetivo. Ou seja, com a política de metas inflacionárias, o Banco Central deveria ficar de olho exclusivamente na inflação, pouco importando as sequelas sobre a economia. Continua>>>

Cadê os inflacionistas

Sabe o pessoal que seis meses atrás previu o "estouro" da inflação, a "escalada inflacionária", tomou doril, sumiu. Colocaram a viola no saco e foram fazer zuada em outra freguesia. Esta semana foi divulgada a inflação do 1º trimestre, a mais baixa dos últimos 12 anos. 

Mas, que ninguém se iluda eles estão na moita aguardando a primeira oportunidade para prever a necessidade do governo federal aumentar a taxa básica de juros. 

Este pessoal é o mesmo que participa da pesquisa Focus [aquela onde os banqueiros mandam e desmandam].

Porém pelo andar da carruagem vão trombar com a disposição da presidente em fazer que o dinheiro circule e crie empregos e renda.

Que a agiotagem seja combatida sem tréguas é o que o Brasil deseja.

Zé Dirceu: pago para ver o novo SRC diminuir o spread bancário



Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC) afirmou que o Sistema de Informações de Crédito (SCR) deverá ajudar a diminuir o spread bancário. "O detalhamento das informações vai permitir atuação do BC como regulador tanto microprudencial quanto macroprudencial de uma forma mais precisa e efetiva ao longo do tempo", disse no lançamento do serviço em São Paulo.

Na opinião do executivo do BC, reproduzida pelo Estadão, os dois segmentos que mais se beneficiariam seriam os dos grupos de renda menor e das micro e pequenas empresas, que são segmentos de alto impacto e geração de emprego.

O novo sistema deverá ampliar em 10% os valores já analisados pelo BC, que até aqui eram perto de 134 milhões de informações. Isto é, todas as transações a partir de R$ 5 mil, ou um montante total de R$ 1,79 trilhão. 

Agora, o BC analisará operações de crédito a partir de R$ 1 mil. Com isso, calcula-se que serão avaliadas 155 milhões de informações, englobando mais R$ 166 bilhões em transações.

Nem inflação em queda, nem Selic em baixa...


Pago para ver se o novo Sistema de Informações sobre o Crédito do Banco Central vai mesmo reduzir o spread bancário, como afirma Alexandre Tombini. Apesar do otimismo do presidente do BC e da própria FEBRABAN, nem a queda da inflação e nem a da Selic, até agora, surtiram qualquer efeito no spread bancário...

Ainda assim é obvio que o cliente com garantias e solvência tende a ter um spread menor. A questão principal, aqui, ainda continua a ser a falta de concorrência no setor, evidentemente monopolizado por dois grandes bancos privados e dois estatais.

A inflação aleija, mas o câmbio mata!

O título do post é uma frase do economista [falecido] Mario Henrique Simonsen. 

E permeia todo o artigo escrito  Rodrigo Vianna no Escrevinhador.

Leiam com atenção. Reflitam e opinem.
O Serra pode ser criticado por muitos motivos. Mas num ponto é preciso concordar com ele: o Brasil está num processo de desindustrialização. Logo no início do governo Dilma, publiquei aqui um modesto artigo que tocava nesse ponto – lembrando os alertas lançados por dois importantes economistas: Delfim Neto e Marcio Pochmann.
A CartaCapital dessa semana traz, na capa, exatamente o tema da desindustrialização. Ou seja: nesse ponto, Serra está bem acompanhado. O que não ajuda muito o tucano é o fato de ter sido ministro (do Planejamento) num governo que adotou a doutrina ultraliberal feito dogma, abrindo a economia sem nenhum tipo de freio, expondo a indústria (e o país) à tal “âncora cambial” – que servia para frear a inflação e consolidar o Real, mas que teve um papel nefasto para o Mercado Interno.
Agora, Dilma diz – na Alemanha, que Brasil vai se proteger da guerra cambial.
Lembro bem que, durante o governo FHC, a cada reclamação do setor industrial, gente ligada ao tucanato ia pra imprensa e chamava o prédio da FIESP de “grande monumento ao custo Brasil”. Quase na galhofa. Os tucanos (ou parte deles, porque havia gente ajuizada como Bresser, que não achava graça nenhuma em jogar fora o Capital nacional) pareciam ter um desejo sádico de quebrar a indústria nacional, arrebentar esse patrimônio construído a duras penas desde o governo Vargas.
O tucanato podia-se dar a esse luxo. Afinal, na ampla coalizão que sustentava FHC, o setor financeiro era claramente hegemônico (basta ver onde foi trabalhar o Ministro Malan, após deixar o governo).
Lula/Dilma mantiveram o setor financeiro na grande aliança que sustenta o governo. Isso é inegável. Mas a ênfase mudou. Lula cumpriu o velho programa dos “economistas do PMDB”, que passaram anos e anos lutando para que o Brasil priorizasse o mercado interno de massas e crescesse dividindo o bolo. Isso só pôde ser feito em aliança com a indústria. Lula pôs em prática também a velha tese do partidão: a famosa “aliança do operariado com a burguesia industrial”. Lula fez isso, e ao mesmo tempo incorporou vinte milhões de miseráveis ao mercado. E – ufa! -  sem desagradar a Banca. Ficou de fora do grande arranjo lulista a classe média tradicional (ou “pequena-burguesia”, como diziam os petistas quando ainda estavam sob influência do marxismo) - não é à toa que dela parte a oposição mais virulenta a Dilma/Lula.
Mas essa é outra história…  Quero me concentrar em outro ponto. O compromisso de Lula com o setor produtivo industrial, de certa forma, era sinalizadao pela presença de um “capitão da indústria” na vice-presidência. José Alencar passou oito anos brigando pra derrubar os juros. Era a forma de Lula equilibrar o jogo, ainda que no primeiro mandato a balança tenha pendido mais para o núcleo duro financista, representado pela dupla Palocci/Meirelles.
No segundo mandato, a presença de Mantega na Fazenda foi decisiva para que, na crise de 2008, Lula adotasse uma saída “expansionista” pra enfrentar a crise. Uma das medidas para fazer o Brasil resistir à crise foi a redução de alíquotas de imposto pros carros. Isso mostra o papel dinâmico da indústria. Mostra porque é fundamental preservar o imenso patrimônio industrial brasileiro. Lula manteve a aliança com a banca. Mas deu mais ênfase ao mercado interno e à indústria. No governo Lula, ninguém chamava a FIESP de “monumento ao custo Brasil”…
Mas o fato é que “mudar a ênfase” é muito pouco. Do contrário, qualquer dia vamos acordar, olhar pro lado e perguntar: cadê a indústria que tava aqui? A China comeu.
O Brasil hoje é vítima de sua estabilidade. Mais que isso: dólares não param de chegar, deixando o Real cada vez mais forte. Por que? Porque nossos juros altos atraem capital. E há muito dinheiro voando por aí. Os EUA detêm a famosa “maquininha de imprimir papel-moeda”. Os tolos liberais brasileiros sempre disseram que política expansionista era um erro. E que era preciso “enxugar” a economia, e “fazer a lição de casa” e blá-blá-blá. O Federal Reserva não acredita na cantilena liberal. Na crise,  inundou o mundo de dólares. Qual o objetivo? Os produtos dos EUA precisam ficar mais baratos! É uma tentativa desesperada de recuperar a indústria dos EUA – dizimada pelos chineses.
Como diz meu colega Azenha: Reagan iniciou o processo de exportar empregos industriais para a China e o México. Os EUA queriam ficar apenas com a “economia limpa”, do setor de serviços. Agora, os EUA descobrem que só os “serviços” não seguram o país na hora da crise. E também se perguntam: cadê a indústria? A China comeu! 
Do outro lado do mundo, a China segura a cotação do yuan. É o que explica – em parte – os preços imbatíveis dos produtos industriais chineses.
E o Brasil?
Não há saída. Agora não bastam mudanças cosméticas. Não basta baixar IPI aqui ou ali. Nossa indústria está sendo dizimada. Não se trata de “choradeira da Fiesp”. Conheço duas pessoas – empresários de pequeno porte – que trabalham com exportação de produtos brasileiros. Os dois estã com a corda no pescoço. A duras penas, seguram os clientes que ainda não se mandaram; não conseguem novos clientes. O mundo quer comprar barato da China.
 Ok, talvez não consigamos concorrer com os chineses, a não ser aqui na América Latina, o que já não seria pouco…
Mas o principal, agora, é fazer a defesa de nosso mercado interno. Isso é urgente. O governo precisa adotar medidas duras pra conter a valorização do dólar e pra impedir a entrada dos produtos chineses.
Recentemente, entrevistei o profesor Bresser Pereira, e ele foi claro. O Brasil precisa controlar a entrada e saída de dólares. Se Dilma não fizer isso agora, o estrago pode ser definitivo.
O que nos consola é: esse não é um drama (apenas) brasileiro. O mundo vive a tal “guerra cambial”. EUA e China usam suas armas. Precisamos usar as nossas, lembrando sempre da velha frase do Mario Henrique Simonsen: 

“a inflação aleija, mas o câmbio mata.”
No final dos anos 60, o programa radiofônico policial “A patrulha da cidade” – teatralizado, de péssimo gosto e recheado de preconceitos racistas – tinha um quadro onde um motorista de ônibus (da linha Caxias-Mauá) comentava as matérias policiais dos jornais populares. E, diante das maiores barbaridades, reclamava que eles eram muito “suaves”, dizendo:
É impressionante como – claro que com muito mais refinamento que o caricato personagem do rádio – o jornalismo econômico brasileiro caminha para do sensacionalismo negativista – inflação e recessão -  para um muxôxo semelhante.
- Ah, mas o crescimento econômico vai ser baixo, o PIB não vai crescer…
Ora, isso é de uma tolice sem par. Que o PIB, em 2011, ia expandir-se a uma velocidade menor que o “boom” de 2010, até as pedras sabiam. Primeiro, porque a base de comparação de 2010, o ano de 2009, era baixíssima, pois o crescimento naquele ano fora zero (até um pouco abaixo de zero). Segundo, porque a ameaça de recrudescimento da inflação – já percebida no fim de 2010 – levou a uma elevação da taxa de juros que, desgraçadamente, se potencializou com os reflexos da crise europeia.
Tanto é que o BC – “precipitação, politização”, apressaram-se a gritar os comentaristas econômicos conservadores -  imediatamente reverteu a curva da taxa de juros públicos.
Como qualquer pessoa de boa-fé poderia prever, o processo inflacionário cedeu – e está cedendo, em ritmo mais acelerado até que o previsível – porque não estava assentado no núcleo da economia, mas na ponta final: basicamente no preço dos serviços. O outro fator altista, a elevação do preço do petróleo, foi contido pela ação da Petrobras – e tome de “revolta” com não haver elevação do preço dos combustíveis nas refinarias.
O PIB brasileiro não apenas vai crescer num ritmo maior, este ano,  como sequer, como se vê agora, baixou como o das principais economias do mundo. Não é correto comparar o desempenho do Brasil ao de emergentes como a China, porque senão teríamos de comparar as estruturas de mercado, a exclusão e,no caso da China, o poder imenso de intervenção do Estado nas estruturas econômicas. E isso, para o bem e para o mal, não é paralelo ao que se passa aqui.
O problema da economia brasileira é a estrutura predatória que há séculos. E que, no capitalismo cada vez mais preso à esfera financeira, expressa-se hoje no tributo, uma espécie de “quinto” moderno,  que representa nossa taxa de juros.
Ela é o centro de um processo perverso que impede o desenvolvimento brasileiro, porque nos impede de uma visão estratégica, de um projeto, em nome do qual se acumule e que produza identidade, porque sem projeto comum não há identidade possível em qualquer grupamento humano.
Como o caricato motorista da “Patrulha da Cidade”, o olhar nacional da dita “inteligência” nacional está preso nas pequenas desgraças do dia-a-dia, com uma tentativa reiterada de ver a nova orientação que tomou como algo que é preciso, torcer, torcer, torcer, para ver se ela dessangra.

pinçado do Tijolaço