Queijos e vinhos faz bem a nossa saúde
Novas pesquisas americanas ressaltam benefícios de queijos gordos como o gorgonzola no combate à depressão e do vinho tinto como aliado das mulheres contra tumores no seio. Uma boa notícia para quem ama a combinação queijos e vinhos, tão cara aos italianos e tão imitada mundo afora, mas criticada por nutricionistas e aficcionados em dietas. A dupla acaba de ganhar o seu respaldo científico. Duas pesquisas, recentemente publicadas, confirmam os seus benefícios para a saúde.
A vitamina D — nova vedete dos pesquisadores e presente em alguns peixes e derivados do leite, principalmente nos queijos — é agora relacionada ao menor risco de depressão. Pesquisadores da UT Southwestern Medical Center, no Texas, afirmam que altos níveis de vitamina D no corpo diminuem as chances da pessoa encontrar-se em um estado depressivo, especialmente os reincidentes. Já a revista científica Journal of Women’s Health publicou um estudo afirmando que o consumo moderado de vinho tinto ajuda a reduzir, nas mulheres, o risco de tumores no seio. As participantes do estudo consumiram uma taça de vinho todas as noites durante um mês.
Vinho tinto traz mais benefícios às mulheresA bebida do deus romano Baco (Dionísio para os gregos) pode ser degustada pelas mulheres diariamente, segundo a pesquisa do Cedars-Sinai Medical Center, contrariando a crença de que o consumo de bebidas alcoólicas aumenta os níveis de estrógeno e abriria caminho para o crescimento de células cancerígenas. O estudo realizado pelos cientistas americanos comprovou que substâncias químicas contidas na casca e na semente das uvas pretas possuem o poder de reduzir levemente os níveis de estrógeno enquanto aumentam os níveis de testosterona em mulheres que beberam um cálice de vinho tinto todas as noites durante um mês. O vinho branco, no entanto, não possui o mesmo benefício. Sendo assim, os autores da pesquisa, considerando “encorajadores” os resultados do estudo, afirmaram que, para as mulheres que apreciam uma taça de vinho no jantar, talvez seja o momento de reavaliar suas escolhas.— Se você for tomar uma taça de vinho no jantar, melhor considerar tomar uma taça de vinho tinto — afirmou Chrisandra Shufelt, diretora-assistente do Women’s Heart Center, do Cedars-Sinai Heart Institute, e uma das coautoras da pesquisa. — Esta troca pode diminuir o seu risco — acrescentou, ao lembrar que o câncer de mama é o principal tumor que afeta as mulheres nos Estados Unidos, responsável por 30% de todos os casos diagnoticados em mulheres. A pesquisa do Cedars-Sinai foi realizada em 36 mulheres adultas em idade pré-menopausa que beberam todos os dias, durante aproximadamente um mês, um cálice de vinho tinto Cabernet Sauvignon e, posteriormente, durante o mesmo período e com a mesma frequência, vinho branco Chardonnay. Exames de sangue foram realizados duas vezes em cada mês para medir os níveis hormonais. Para os pesquisadores, os resultados comprovam que o vinho tinto, como já havia sido demonstrado em testes de laboratório, inibe o crescimento das células cancerígenas. No entanto, os cientistas alertam que estudos em larga escala ainda precisam ser realizados para avaliar a segurança e a eficácia da bebida como redutora dos riscos de tumores no seio, já que recentes pesquisas comprovaram que o consumo de quantidades moderadas de bebidas alcoólicas pode, em geral, aumentar os riscos de câncer de mama nas mulheres. Por isso, enquanto resultados mais definitivos não chegam, os autores do estudo definitivamente não recomendam a mulheres que não costumam ingerir bebidas alcoólicas que comecem a tomar vinho tinto.
Quanto mais gordo, mais vitamina DGorgonzola, mussarela de búfala, provolone, scamorza e caciocavallo são apenas alguns dos mais tradicionais queijos italianos. Além de serem muito saborosos, possuem outra característica em comum: apresentam altos índices de gordura, o que os leva a não serem bem vistos por médicos e nutricionistas. Hoje, no entanto, novas pesquisas científicas podem levar a uma revisão desta recomendação tão difundida entre a opinião pública. O estudo realizado pelos psiquiatras do UT Southwestern Medical Center de Dallas foi publicado no início deste ano e analisou mais de 12.600 pessoas, entre 2006 e 2010. Dele, concluiu-se que altos níveis de vitamina D estão associados a uma significativa diminuição do risco dos pacientes encontrarem-se em um estado depressivo, especialmente aqueles com quadro histórico da doença. No entanto, os cientistas não conseguiram determinar se baixos níveis de vitamina D contribuem com os sintomas depressivos ou se a depressão abaixa os níveis desta vitamina, e nem mesmo o mecanismo químico que comanda este processo. Segundo explica Sherwood Brown, diretor do programa de pesquisa psiconeuroendócrina da UT Southwestern, suspeita-se que a vitamina D influencie os neurotransmissores, os marcadores inflamatórios e outros fatores, o que pode ajudar a explicar a relação com a depressão, problema que afeta um em cada dez adultos nos Estados Unidos.Os baixos níveis de vitamina D, hoje comumente testados em exames de rotina, já estão associados a uma sucessão de problemas de saúde desde doenças cardiovasculares a doenças neurológicas, passando por enfermidades de autoimunidade, doenças infecciosas, obesidade, diabetes, determinados tipos de câncer e, principalmente, osteoporose, já que esta vitamina auxilia na absorção de cálcio. — Há realmente muito interesse em torno desta vitamina. Além de estimular a absorção de cálcio e de fósforo em nível intestinal e contribuir a uma adequada mineralização óssea, está envolvida em diversos outros processos, já que existem receptores da vitamina D em quase todas as células do organismo — explica o diretor da escola de especialização em Ciência da Alimentação da Universidade de Milão, Benvenuto Cestaro. O especialista italiano salienta que alguns produtos derivados do leite estão entre as poucas fontes alimentares significativas desta vitamina.
Luz do Sol, peixes e laticínios como fontesA vitamina D tem sua produção estimulada principalmente pela luz solar, mas alguns alimentos constituem uma ótima fonte paralela. Entre eles, está o óleo de fígado de bacalhau, alimento de raro consumo que possui os índices mais altos da vitamina. Outros alimentos mais comuns e que constitutem boas fontes são os peixes gordos, como o salmão, a carne de fígado, os queijos gordos e os ovos. Os queijos ditos gordos, ou seja, com maior teor de gordura saturada, que aumenta os níveis de colesterol, contêm, também, uma maior quantidade de proteínas, energia e vitaminas, inclusive a vitamina D, em relação aos queijos magros. Por isso, estão entre as fontes consumidas com mais frequência, principalmente na Itália. Segundo os dados do Instituto Italiano de Pesquisa para os Alimentos e a Nutrição (Inran), enquanto o leite e a manteiga fornecem 1% da ingestão de vitamina D na alimentação dos italianos, os queijos gordos são responsáveis por 2,5%. — A vitamina D é lipossolúvel, portanto, geralmente está presente nos alimentos com maior conteúdo de gordura. Passando do leite à manteiga, o conteúdo da vitamina, assim como o de matéria gorda, é maior nos queijos. Portanto, quanto maior o conteúdo gordo que estes contenham, maior a quantidade desta vitamina — explica a pesquisadora do Inran, a italiana Pamela Manzi.
no Comunitá Italiana por Aline Buaes