A coluna de José Serra no Restadão

Negócio da China

Ao analisar a economia mundial no imediato pós-guerra, o grande economista Raúl Prebisch cunhou a expressão centro-periferia. Apontava para uma divisão internacional do trabalho entre países produtores de matérias-primas e alimentos – a periferia – e países produtores e exportadores de manufaturas – o centro.
Tal divisão desfavorecia os países da periferia, pois a concorrência entre as exportações de produtos primários era maior, refletindo-se em preços mais desfavoráveis. Previa-se, também, que sua demanda cresceria abaixo da renda mundial. Por último, carentes de indústrias, esses países permaneceriam também carentes de bons empregos e dos frutos do progresso técnico.
Essa teoria simplificava muito a realidade, mas valeu como reparo ao teorema de que os ganhos do livre-comércio internacional seriam repartidos de forma equânime entre todas as nações. E deu certo substrato ideológico às políticas de desenvolvimento industrial.
Na “periferia”, o Brasil foi o país que levou a industrialização mais longe, embaralhando a dicotomia prebischiana. A partir dos anos 1980, porém, em razão de fatalidades da política macroeconômica e da transição mal feita para uma economia mais aberta, ingressamos numa fase de lento crescimento que já dura 30 anos.
Na última década, ganharam corpo mudanças impressionantes na economia internacional, com a ascensão da Índia e principalmente da China, países com 37% da população mundial, baixa renda por habitante, com projetos nacionais de desenvolvimento e pouco afeitos a bravatas. Um quarto do crescimento da economia mundial nesse período se deveu à China. A demanda por commodities saltou de patamar, empinando quantidades e preços, num movimento que parece contínuo: mais indústrias e mais infraestrutura exigindo matérias-primas, mais empregos e mais gente consumindo alimentos.
O centro chinês é muito peculiar. A economia é monitorada pelo Estado. O grau de discricionariedade da política econômica é altíssimo. O regime autoritário é eficiente para seus propósitos, e fortemente repressivo quando necessário. Para os de fora fica difícil explorar suas contradições internas. É um regime encarado com complacência por seus parceiros comerciais, incluindo o Brasil.
A caminhada chinesa em direção ao centro da economia mundial chegou a ser saudada como janela de independência da economia brasileira, que passaria a ser menos atrelada às economias desenvolvidas clássicas. A troco de nada, o deslumbramento do governo Lula com a China levou-o a reconhecê-la como “economia de mercado”, dando mais proteção às suas práticas desleais de comércio.
Mais independência? Ledo engano. Como disse Sérgio Amaral, a China é uma oportunidade e uma ameaça. Infelizmente, o Brasil escolheu a ameaça. A incapacidade de aproveitarmos boas condições de comércio para fortalecer a economia nacional está conduzindo o País, rapidamente, à condição de neoperiferia no concerto econômico mundial. “Neo” porque a nação está se desindustrializando, na volta à sua condição de economia primário-exportadora. A China, rumo ao centro, o Brasil, rumo à periferia. Num país continental como o nosso, isso envolve a renúncia a um futuro de suficientes e bons empregos.
As diferenças econômicas Brasil-China são marcantes. O yuan é das moedas mais desvalorizadas do mundo, o que aumenta muito a competitividade de sua economia. Nossa moeda vai exatamente no sentido contrário. Temos ainda a maior taxa real de juros do planeta e a maior carga tributária entre os países emergentes, o dobro da chinesa! A taxa de investimento da China é 2,5 vezes maior do que a brasileira: faltam poupança pública e capacidade para investir os recursos disponíveis e fazer parcerias público-privadas. Sobram tributos e falta uma taxa de câmbio decente para atrair mais investimentos privados.
As exportações chinesas estão varrendo boa parte da nossa indústria. Apenas 7% do que vendemos à China são produtos manufaturados, que representam 97% do que importamos de lá. Importações que vêm em boa medida substituir produção existente, menos competitiva por causa das políticas macroeconômicas, da fragilidade da defesa comercial e da situação calamitosa da nossa infraestrutura. Produzir no Brasil é tão caro que exportamos celulose para a China e começamos a importar o papel que ela produz. Exportamos minério de ferro, compramos aço. Cadê o famoso valor agregado?
A China também nos está deslocando de outros mercados. Dois terços das empresas exportadoras brasileiras perderam clientes para as chinesas no mercado externo, quase metade da indústria brasileira que concorre com a chinesa perdeu participação no mercado interno!
Além das vantagens apontadas, a China protege sua produção doméstica, faz escaladas tarifárias (soja), administra os investimentos estrangeiros no seu território, costuma subfaturar suas vendas ou utilizar países barriga de aluguel para reexportar seus produtos e escapar das esporádicas medidas de defesa comercial que o Brasil adota.
Outra dimensão da dependência brasileira é a rápida expansão dos investimentos diretos chineses voltados para as commodities de que a China precisa. São investimentos que obedecem à orientação do Estado chinês, que, por espantoso que possa parecer no Brasil, tem visão de longo prazo. Incorporaram até mesmo terras e riquezas naturais inexploradas, sob os olhares complacentes do extasiado governo Lula. Como os chineses são espertos, não lhes custará fazer uma concessão aqui ou ali em matéria de investimentos que envolvam maior valor agregado e alguma tecnologia nova. Mas só um pouquinho.
“Negócio da China”, antigamente expressava a possibilidade de alguma pechincha, um ganho extraordinário em cima dos chineses. Hoje, ao contrário, é negócio bom para eles. Nada contra, pois pensam no futuro e sabem defender seus interesses no presente. Nessa peleja, perdemos feio.

Direitos Humanos

[...] negociaveis

Uma suposta diferença do governo Dilma Rousseff em relação ao anterior, a diplomacia orientada a direitos humanos, não passou nas primeiras provas da vida prática.

O Palácio do Planalto reagiu mal quando a Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu para interromper Belo Monte, a pretexto dos direitos humanos.

E os direitos humanos serviram apenas de ornamento anódino num trecho de um texto qualquer na viagem presidencial à China. Sem maiores efeitos.

Sobre Belo Monte, seria legítimo o governo brasileiro questionar duas coisas.

A primeira é o alcance dos organismos internacionais dedicados aos direitos humanos. Eles podem meter-se em tudo? Tudo agora são direitos humanos? O que Belo Monte tem a ver com os direitos humanos?

A segunda é a intromissão externa num assunto interno do Brasil.

Sobre a primeira objeção, foi o próprio governo do PT (na administração anterior) quem cuidou de expandir bastante o escopo dos direitos humanos.

O Programa Nacional de Direitos Humanos, na sua terceira versão (PNDH-3), cuidou de legitimar a visão expandida que hoje tanto incomoda o governo do PT. Havia até uma teoria a respeito, a expansão era apresentada como upgrade.

Daí que o PNDH-3 tenha resultado numa multiplicidade de propostas nunca antes vista. Que gerou uma multiplicidade também inédita de reações e teve o resultado sabido. Um recuo em toda linha no ano eleitoral.

Mas o texto está lá. O recuo foi político, não programático. E o neoconceito proposto pelo PT incorpora, sim senhor, a legitimidade de organismos vinculados aos direitos humanos meterem a colher em quase todo assunto. Ou em todo assunto.

Sobre a segunda objeção, intromissão externa, a gestão petista enxerga, por exemplo, legitimidade quando organismos internacionais desejam prevalecer sobre a lei brasileira na Anistia.

Pretende-se até que decisões de instâncias supranacionais subordinem sentenças aqui dentro, inclusive quando a palavra é do Supremo Tribunal Federal.

Já na China, tratou-se apenas de operar o óbvio. A "nova política de direitos humanos" nas relações internacionais é mercadoria fácil de vender, mas dificílima de entregar.

Uma tirada humorística sobre o tema diz que o Brasil deveria ser o segundo país em todo o planeta a orientar as relações externas pelos direitos humanos. O problema é que ainda não existe o primeiro.

Votar contra o Irã na Organização das Nações Unidas foi confortável e rendeu aplausos. O Irã vem se transformando em pária, conduzido para o precipício pelo seu presidente.

Mas em seguida o Itamaraty preferiu o muro quando o Conselho de Segurança votou a ação militar na Líbia. Foi um passinho teatral atrás. Sem efeito prático, mas um passinho.

Agora porém o jogo era mais pesado. Teria que ser bem valente para colocar a carta dos direitos humanos na mesa de negociações com uma China de imenso mercado e arcas abarrotadas para investir fora do território chinês.

Duas coisas de que precisamos desesperadamennte.

É razoável considerar que Dilma defendeu o interesse nacional do Brasil quando colocou os direitos humanos em enésimo plano nas relações com a China. Quando na verdade deixou prá lá.

Pressioná-los no quesito não iria adiantar nada mesmo. E poderia atrapalhar os bons negócios. O governo brasileiro optou pelos negócios.

Apesar das juras explícitas de que para este governo os direitos humanos são inegociáveis.

E como sempre é preciso produzir uma teoria, a tese do momento é que o Brasil não trata de direitos humanos nas relações bilaterais, apenas nos organismos e instâncias multilaterais.

Mas não é bem desse jeito. O Brasil não tem qualquer contencioso formal instalado com os Estados Unidos, em nenhuma esfera multilateral, sobre a prisão de Guantánamo. E mesmo assim o assunto comparece volta e meia ao discurso de nossas autoridades, um contrapeso quando precisam criticar as ditaduras amigas.

PAC

[...] União, sindicatos e empresas vão monitorar obras

Governo, empresas e centrais sindicais discutirão um novo cronograma para a conclusão das obras de Jirau. 

A antecipação do prazo de conclusão da obra, de janeiro de 2013 para março de 2012, contribuiu para o motim ocorrido entre os operários há quase um mês. 

A Camargo Corrêa informou que "está discutindo o replanejamento da obra".

O secretário-geral da Presidência da República, afirmou que um avanço na reunião foi a composição de comissão tripartite, com representantes do governo, das empresas e dos trabalhadores, para acompanhar o andamento das obras. 

"Cada grande obra no Brasil vai ter daqui para frente uma comissão interna para evitar a violência e a falta de diálogo", disse Gilberto Carvalho.

Siderurgia

As ações com direito a voto (ON) da Usiminas foram negociadas ontem a R$ 27,46, valor 57% acima do preço das preferenciais (PNA). 

Historicamente, as cotações das duas sempre oscilaram em níveis próximos. 

A preferência dos investidores pelas ONs dá uma dimensão da expectativa do mercado quanto à mudança de controle na companhia.

As especulações começaram no fim de janeiro, quando a CSN - Companhia Siderúrgica Nacional -, confirmou ter feito aquisições em bolsa e já deter 4,99% das PN e 5,03% das ON da Usiminas. Naquele momento, começou a chamar a atenção a diferença entre os dois tipos de papéis, que se alargou mais depois que a Gerdau anunciou oferta pública de ações que culminou com a captação de R$ 3,6 bilhões para o caixa. 

O mercado tomou a oferta como espécie de confirmação de rumores de que a Gerdau também tem interesse em comprar fatia na empresa.

Chip

[...] Com anos de atraso, Brasil começa a produzir chips


O início da produção do primeiro chip brasileiro está marcado, finalmente, para 2012, algo que pelos planos originais deveria ter ocorrido em agosto de 2007. 

O fabricante será o Ceitec - Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada -, como parte de um projeto que completa 10 anos desde a doação dos primeiros equipamentos pela Motorola. 

Nesse período, recebeu R$ 500 milhões de investimentos. 

A instituição havia sido constituída como associação civil sem fins lucrativos e em 2008 foi transformada em estatal para receber um fluxo estável de recursos.

Contratado em agosto de 2010 o físico Cylon Gonçalves da Silva impôs uma nova dinâmica ao trabalho da estatal e adotou uma visão estratégica mais aberta à interação com o mercado.

Franquia

[...] A abertura de capital da Arcos Dorados, operadores de lanchonetes McDonalds na América Latina e no Caribe, foi uma das mais bem-sucedidas após a crise financeira - a demanda superou a oferta em mais de dez vezes e os papéis foram vendidos a US$ 17, acima da estimativa de US$ 13 a US$ 15. 

Na estreia na bolsa de Nova York, subiu 24,7% e chegou a US$ 21,20. 

Em 2010 a empresa faturou US$ 3 bilhões, mais da metade no Brasil (US$ 1,59 bilhão). 

A maior parte dos recursos irá para o os atuais sócios, entre eles Woods Staton e o Gávea Investimentos.

 "Vamos reformar cerca de cem lojas na América Latina este ano para adaptá-las ao novo layout adotado pela rede e abrir outras 100 com esse conceito".

Woods Staton. "Queremos investir mais em outros formatos, como McCafé e quiosques", afirmou Wood Staton, presidente da companhia.

Cardápio do Dia

  • Medalhão com molho de cogumelos e azeitonas
  • Panquecas de legumes com maçã
  • Salada de alho poró
  • Torta sedução
Medalhão com molho de cogumelos e azeitonas
Medalhão com molho de cogumelos e azeitonas 
Tempo de preparo:
de 30 minutos a 1 hora 

Serve:
5 ou mais porções
Confira
Panqueca de legumes com maçã 
Tempo de preparo:
de 30 minutos a 1 hora 

Serve:
5 ou mais porções
Confira
Panqueca de legumes com maçã
Salada de alho poró
Salada de alho poró 
Tempo de preparo:
menos de 30 minutos 

Serve:
3 a 4 porções
Confira
Torta sedução 
Tempo de preparo:
de 30 minutos a 1 hora 

Serve:
5 ou mais porções
Confira
Torta sedução