Economia e Desenvolvimento

Crise com Petróleo e Estagflação norte-americana

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Nunca vi algo tão impressionante em termos de obtenção de lucros a jato, quanto pela posição dos grandes bancos, sobretudo americanos, nos atuais mercados futuros de commodities. Nestes, onde se opera com pequenas margens bancando pesadas apostas, é possível alavancar resultados espetaculares, com pouco capital relativamente ao tamanho da jogada. Mas, sempre com uma condição: é preciso admitir a possibilidade de perdas do mesmo tamanho que os ganhos esperados!

Nesses mercados, com ênfase no petróleo, é que os principais bancos machucados pela crise de 2008 têm feito sua recuperação de resultados. Nos EUA, o primeiro trimestre de 2011 trouxe cerca de US$29 bilhões de lucro para os bancos, projetando um resultado anual formidável. Mas este lucro não vem da atividade regular de emprestar, estagnada desde a crise. Por isso, o resultado coletivo está concentrado nas mãos de apenas 1% dos 7.574 bancos daquele país. Bancos com ativos acima de US$10 bilhões são responsáveis por quase 25 dos US$29 bilhões auferidos no trimestre. A maioria dos demais, pequenos e médios, ainda dança no precipício da insolvência. Neste ano, 43 já quebraram, embora esta estatística mostre uma recuperação (!) em vista dos 157 falidos do ano passado.

E como isso acontece? O professor Ronald McKinnon, de Stanford, publicou artigo esta semana, no The Wall Street Journal, detalhando a origem sutil, porém indubitável, desde imenso processo especulativo: a política monetária de extrema liquidez e taxa de juro virtualmente zero praticada pelo Federal Reserve, o banco central americano. O excesso de reservas dos grandes bancos não vai para o mercado interbancário, como costumava, financiando necessidades de bancos menores. O interbancário caiu a apenas um terço do que era antes da crise. Concluo com o que McKinnon não disse: esse excesso de reservas está bancando a alavancagem das posições nos mercados futuros, como petróleo, ouro, cobre, soja, açúcar, café e outros, que, por enquanto, deram belos retornos aos “comprados” e ajudaram nossa balança. Mas, olhando para frente, a projeção de preços de petróleo acima de $100 por barril, - a Goldman Sachs já enxerga $135 em 2012 – torna a previsão de recuperação americana e, por isso, mundial, totalmente irrealista, aliás como o próprio banqueiro admite. É, portanto, a primeira vez que uma crise de petróleo acontece COM o produto em disponibilidade e o consumo relativamente estancado ( o de gasolina tem caído sequenciadamente nos EUA e Europa).

McKinnon complementa com um vaticínio: estagflação, lembra-se deste termo? A inflação em alta nos EUA e a necessidade de imediatos e dramáticos cortes fiscais trarão de volta uma cena bem parecida com a vivida durante a estagflação nos anos 70. Para nós, que temos estado do lado vencedor nessa baita espiral especulativa, o recado final do professor de Stanford é, no mínimo, uma advertência séria: a política monetária frouxa dos americanos, que desestabilizou todos os seus parceiros comerciais, sobretudo na América do Sul endividada dos anos 70, no bojo da crise do petróleo, pode acontecer de novo. Se não estiver já acontecendo.

Paulo Rabello de Castro - economista, vice-presidente do Instituto Atlântico chairman da SR Rating e sócio - diretor da RC Consultores. Contato: paulo@rcconsultores.com.br


A AGONIA DO NEOLIBERALISMO

Vale, por um dia, começar além da  política nacional, arriscando um mergulho lá fora. O que continua a acontecer na Grécia, Portugal, Irlanda e até na França, para não falar no mundo árabe, onde carros, escolas, hospitais e residências comuns estão sendo queimados e saqueados? Qual a razão de multidões de jovens irem para as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente? Tornando difícil a vida do cidadão comum. Por que?


É preciso notar que o protesto vem das massas, começando pelas massas excluídas, de negros, árabes, turcos e demais minorias que buscaram na Europa a saída para a fome, a miséria e a doença onde viviam, mas frustraram-se, cada vez mais segregados, humilhados e abandonados. Exatamente como em seus países de origem. Mas atingindo, também, as classes trabalhadoras e a classe média desses países, certas todas de que vão pagar a conta pela incúria de suas elites.

Não dá mais para dizer que essa revolta é outra solerte manobra do comunismo ateu e malvado. O comunismo acabou. Saiu pelo ralo. A causa do que vai ocorrendo repousa  precisamente no extremo oposto: trata-se do resultado do neoliberalismo. Da consequência de um pérfido  modelo econômico e político que privilegia os ricos, países e pessoas, relegando os demais ao desespero e à barbárie. Porque sempre que se registra uma crise econômica nas nações neoliberais, a receita é a mesma: medidas de contenção anunciadas para reduzir salários, cortar gastos públicos, demitir nas repartições e nas fábricas, aumentar impostos e taxas.

Fica evidente não se poder concordar com a violência. Jamais justificá-la. Mas explicá-la, é possível. Povos de nações e até de continentes largados ao embuste da livre concorrência, explorados pelos mais fortes, tiveram como primeira opção emigrar para os países ricos. Encontrar emprego, trabalho ou  meio de sobrevivência. Invadiram a Europa como  invadem os Estados Unidos, onde o número de latino-americanos cresce a ponto de os candidatos a postos eletivos obrigarem-se a falar espanhol, sob pena de derrota nas urnas.

Preparem-se os neoliberais. Os protestos não demoram a atingir outras nações ricas.   Depois, atingirão os ricos das nações pobres. O que fica impossível é empurrar por mais tempo com a barriga a divisão do planeta entre um imenso inferno e um pequenino  paraíso, entre cidadãos de primeira e de segunda classe. Segunda? Última classe, diria o bom senso.

Como refrear a multidão de jovens sem esperança, também de homens feitos e até de idosos, relegados à situação de trogloditas em pleno século XXI?  Estabelecendo a ditadura, corolário mais do que certo do neoliberalismo em agonia? Não vai dar, à medida em que a miséria se multiplica e a riqueza se acumula. Explodirá tudo.

Fica difícil não trazer esse raciocínio para o Brasil. Hoje, 40 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com a metade desse obsceno salário mínimo  elevado  para 545 reais. Os bancos lucram bilhões a cada trimestre, enquanto cai o poder aquisitivo dos salários. Isso para quem consegue mantê-los, porque, apesar da propaganda oficial, o desemprego continua presente. São 15 milhões de desempregados em todo o  país, ou seja, gente que já  trabalhou com dignidade e hoje vive de biscates, ou, no reverso da medalha,  jovens que todos os anos gostariam de entrar no mercado sem nunca  ter trabalhado.

Alguns ingênuos imaginam que o bolsa-família e sucedâneos resolveram a questão, mas o assistencialismo só faz aumentar as diferenças de classe. É crueldade afirmar que a livre competição resolverá tudo, que um determinado cidadão era pobre e agora ficou rico. São exemplos da exceção, jamais justificando a regra de que, para cada um que obtém sucesso, milhões continuam na miséria.

Seria bom o governo Dilma olhar para fora. O rastilho pegou e não serão as polícias que vão apagá-lo. Ainda que consigam, a chama reacenderá maior e mais forte, pouco depois. Na Europa, nos Estados Unidos e sucedâneos. Até ou especialmente entre nós. Faz pouco  assistimos  tragédias causadas pelas chuvas, com os ricos e os remediados fugindo, mas com a população pobre, majoritária, submetida à morte e à revolta.

A globalização tem, pelo menos, esse mérito: informa em tempo real ao mundo que a saída deixada às massas encontra-se na rebelião. Os que nada tem a perder já eram maioria, só que agora estão adquirindo consciência, não só de suas perdas, mas da capacidade de recuperá-las através do grito de "basta", "chega", "não dá mais para continuar".

Não devemos descrer da possibilidade de reconstrução. O passado não está aí para que o  neguemos, senão para que o integremos. O passado é o nosso maior tesouro, na medida em que  não nos dirá o que fazer, mas precisamente o contrário. O passado nos dirá sempre o que evitar.

Evitar, por exemplo, salvadores da pátria que de tempos em tempos aparecem como detentores das verdades absolutas, donos de todas a soluções e proprietários de todas as promessas.
por Carlos Chagas

O colapso econômico

Michael Snyder
Infowar.com

O dia está chegando, quando o resto do mundo decidirá que já não tem mais fé no nosso dólar nem na dívida dos EUA. Quando esse dia chegar, será o apito final do jogo, acabou. Tradicionalmente, duas das maiores coisas que a economia dos EUA teve a seu favor foram o dólar e o Tesouro dos EUA. O dólar tem sido a moeda de reserva padrão do mundo por décadas. Em todo o mundo era visto como&
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O PMDB ACABARÁ DERROTADO

Nas poucas horas em que permanecerá no Uruguai, hoje, a presidente Dilma Rousseff será substituída pelo vice Michel  Temer. Na base aérea de Brasília, a transmissão do cargo imitará a cerimônia do cachimbo da paz que os militares americanos celebravam com os peles-vermelhas, assegurando-lhes a permanência em terras que logo depois seriam  tomadas.  Nem Dilma nem  Temer fumam, mas a dúvida é saber quem será o general Custer. Porque o dia de Little Big Horn está próximo. Depois dos inusitados acontecimentos da semana passada, unem-se as diversas tribos do PMDB para cercar e tentar liquidar o general Antônio Palocci. Tanto faz, pois a verdade é que apesar de uma suposta  vitória  efêmera, com o passar do tempo os índios acabarão dizimados e confinados em sórdidas   reservas ministeriais, com os brancos ocupando todo o território.

A imagem sugere o PMDB sendo afinal vencido pela força do governo. Dos seis ministros que o partido indicou, até agora três já fizeram chegar à presidente Dilma que ficam com ela. Os outros três estão chegando. Ao mesmo tempo as bancadas no Congresso já começaram a se dispersar, abandonando o chefe Cavalo Louco, perdão, Henrique Alves.  Que digam os senadores, prontos para alterar o texto do Código Florestal de acordo com as instruções do palácio do Planalto.

Em suma, prevalece aquela história de que ganha  quem tem a caneta,  não o cachimbo. O PMDB acabará confinado às  suas reservas.
por Carlos Chagas

Da série: Pensa que enganam quem?...

PECs visam enterrar rótulo de privatista
O PSDB quer proibir, por emenda constitucional, as privatizações da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O partido já tem duas propostas de emenda (PEC) e a expectativa é de que os projetos sejam votados ainda nessa legislatura. O objetivo é impedir que o PT use, como discurso de campanha eleitoral, que os tucanos são privatistas, tal como ocorreu nas disputas de 2006 e 2010.
A PEC 466/2010 acrescenta dois artigos ao capítulo VI da Constituição Federal, que trata do sistema financeiro nacional. O primeiro estabelece que a Caixa "constitui empresa pública, com controle e capital integralizado exclusivamente pela União Federal". O segundo, sobre o Banco do Brasil, determina que "é vedada a emissão ou alienação de ações, por meio de uma única operação, ou por meio de operações sucessivas, que resulte na perda do controle do capital social pela União Federal".
Já a PEC 370/2009 acrescenta um dispositivo ao artigo 177 da Constituição, que versa a respeito do monopólio da União sobre o petróleo. O texto diz que a Petrobras "terá o controle exclusivo da União, sendo vedada alienação que implique na perda do mesmo".
As duas PECs, de autoria do deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), terão seus relatórios apresentados nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pelo relator, também tucano, César Colnago (ES). Os parlamentares pretendem que elas sejam aprovadas e encaminhadas para uma comissão especial a ser instalada para discuti-las, uma vez que o regimento assim determina por serem emendas constitucionais. Mas, acima de tudo, o intuito maior é causar um efeito político-eleitoral.
"Eu as propus porque acredito nessa blindagem e acho importante isso constar na Constituição. Mas também uma consequência de sua tramitação será acabar com essa gracinha dos petistas que, de forma malandra e oblíqua, insinuam e tentam impor ao PSDB algo que não defendemos", afirmou Leite, que também é pré-candidato a prefeito do Rio. "Esse discurso que o PT fez já nos atrapalhou em duas eleições. Não tenho dúvidas de que perdemos muitos votos com isso. Mas na próxima eleição não nos atrapalhará", completou Leite.
As acusações foram fortes na eleição presidencial de 2006, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, trouxe para a campanha do segundo turno o tema e pegou de surpresa e despreparado o adversário, Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano depois chegou a, constrangido, vestir um macacão com os símbolos das estatais para provar seu apreço por essas empresas. Em 2010, a então candidata Dilma Rousseff (PT) também retomou o discurso, rebatido por José Serra (PSDB) na linha de que, se o PT fosse contrário às privatizações, teria reestatizado as antigas estatais na era Lula.
Agora, a mais de três anos das eleições presidenciais, os tucanos querem se resguardar de antemão, abrindo esse debate dentro do Legislativo. A ideia é também medir até onde o PT chega nesse debate quando confrontado com propostas do adversário que contradizem seus recentes discursos eleitorais referentes ao tema. Além disso, os tucanos contam com um fator extra para constranger o PT: assinaram a PEC e a apoiaram petistas como o presidente da Câmara, Marco Maia (RS) e os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais).
Ocorre que, como tem maioria na Casa e, consequentemente, nas comissões, o PT pode se utilizar dela para não dar andamento às PECs. Isso pode ser feito basicamente de três maneiras. Com o presidente da Câmara não permitindo a instalação da comissão especial ou com algum petista ou aliado pedindo vista da PEC na CCJ e segurá-la em seu gabinete. Ou ainda permitir que ela avance e esteja pronta para ser votada, mas que nunca seja colocada em pauta.
De qualquer maneira, como o intuito dos tucanos é mais político do que técnico, a expectativa do PSDB é de que qualquer comportamento petista possa servir de álibi para evitar a retomada da pecha privatista em 2014. "As propostas são importantes do ponto de vista político porque o PSDB nunca falou sobre privatizar esses órgãos. É uma demonstração nossa de que eles devem ter seu controle mantido pelo governo brasileiro e de que é isso que defendemos", afirmou o relator das PECs na CCJ, César Colnago (PSDB-ES).
por Caio Junqueira

TI - Tecnologia da Informação

[...] o desafio no Brasil

No ano passado, o setor de TI (Tecnologia da Informação) faturou US$ 81 bilhões no país, equivalente a 4% do PIB e representando o sexto ou sétimo mercado mundial. Não entraram nessa conta o setor de telecomunicações e de datacenter.

Desse total, foram exportados US$ 2,5 bi, enorme avanço perto de exportações zero quatro anos atrás, mas quase nada perto dos US$ 60 bi exportados pela Índia.

Quando Dilma Rousseff foi à China, foi solicitado à Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) um estudo com subsídios para alterar o desenho do comércio bilateral – muito focado em exportações de commodities pelo Brasil e de manufaturas pela China.
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Os números levantados são portentosos. O mercado brasileiro já é enorme, cresce a 12% ao ano, emprega 1,2 milhão de profissionais com salário médio 2,5 vezes a média nacional.
Nos próximos dois anos, Brasil será quinta economia do mundo, metade do PIB mundial será dos BRICs, tem uma demografia favorável, em comparação com Estados Unidos, Japão e Europa – com População Economicamente Ativa declinante.
Apenas devido ao bônus demográfico, os emergentes jogarão 300 milhões de consumidores no mercado, demandando serviços de TI em saúde, educação, sistema bancário, áreas onde o Brasil é competitivo.
Para 2020, estima-se um mercado global de TI na casa dos US$ 3 trilhões, dos quais US$ 900 bi serão dessas tecnologias nas quais o Brasil é candidato natural.
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A partir daí, aparecem os entraves a serem trabalhados.
Custo de mão de obra. Devido aos encargos trabalhistas, é a mais cara do mundo. Foi proposto para o Ministro da Fazenda Guido Mantega e para o Secretário Executivo Nelson Barbosa trocar os 20% do INSS por um percentual entre 2,7% a 3,2% do faturamento. Essa troca evitará perdas de arrecadação, mesmo sem contar o chamado bônus da formalização: os funcionários que hoje trabalham em regime de Pessoa Jurídica.

Formação de mão de obra. Até 2020, só para atendimento de desenvolvimento de software, hardware e serviços, o setor necessitará de 770 mil trabalhadores a mais. Hoje em dia, à falta de técnicos de informática, o setor tem contratado pessoas com maior especialização (e maior salário) para serviços menores. Além disso, há um enorme conjunto de buracos, de especializações não atendidas pela oferta de mão de obra. No caso de engenheiros de software, por exemplo, praticamente toda a mão de obra formada é contratada pela Petrobras, Embraer e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Segundo Gil, a grande saída será o Pronatec (Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica). Se funcionar conforme o planejado, diz Gil, permitirá formar pelo menos 400 mil alunos/ano para o setor. Outro avanço é a ampliação para 75 mil bolsas de nível superior para cursar no exterior.

Infraestrutura de TI. Brasscom contratou um estudo da A.T.Kearney que estimou que para a Copa e as Olimpíadas serão transmitidas 36 bilhões e imagens. Não há infra para tanto.
Em 2020, o mercado interno brasileiro será de US$ 200 bi. As exportações poderão chegar a US$ 20 bi. Mas, antes, há esses desafios a serem enfrentados.

Querem produzir fome

Como todo produto orgânico, os gastos são mais elevados, mas a procura é intensa. Praticamente toda a produção é exportada, principalmente para a Europa e para os Estados Unidos, onde os consumidores podem pagar mais caro por um gênero de qualidade, internacionalmente certificado. Desde 1994, a demanda tem aumentado 20% ao ano, o que mantém o mercado aquecido.
O Brasil ainda não tem tradição de consumir a soja orgânica (e nem mesmo a soja convencional). O consumidor típico é aquele de poder aquisitivo médio e alto, que se preocupa com a saúde e com o meio ambiente." Idem
"A soja orgânica ainda não é uma commodity, pois não segue as normas de comercialização da Bolsa de Chicago. Por se tratar de um produto com valor agregado e possuir uma boa demanda, seu preço tem se mantido em uma média de até 50% maior que o da soja convencional, o que gera bons resultados aos produtores, apesar do custo de produção ser cerca de 10% maior quando comparado ao cultivo tradicional." Cisoja 
A feroz oposição do verdismo ao novo Código Florestal brasileiro é apenas parte do problema. As mesmas estratégias e táticas utilizadas neste caso são reproduzidas em todo o mundo quando abordam o conservacionismo em oposição à produção agrícola. Portanto, a situação é muito mais grave. Caso eles obtenham êxito, o que não é totalmente impossível visto a cumplicidade dos políticos, somente os economicamente favorecidos sobreviverão. 
A solução "greenpeaceana" para o que eles chamam de problema é inviável. Imaginem uma produção agrícola que não utilize máquinas, irrigação, defensivos, sementes e adubos industrializados. Que conte apenas com a força do agricultor e de sua família, além dos recursos naturais ao seu dispor. Reservando uma parte dos grãos para o plantio da nova safra. Quem pensou em Idade Média acertou. Porém se levarmos em consideração que atualmente um produtor rural não pode legalmente ser auxiliado pelos filhos menores, pois qualquer tipo de trabalho é vedado a eles, e muito menos cuidarem de si próprios, o que caracteriza o abandono de incapaz. Cada pequena gleba contará com um único indivíduo para nela produzir. Além da subsistência da própria família quantas pessoas a mais ele poderá atender? A pequena escala de produção torna inviável a contratação de empregados, a não ser que o seu custo seja ainda menor que o atual, ou seja, ínfimo.

Explorar uma pequena propriedade rural é um dos trabalhos mais pesados que existem. Todos os dias e de sol a sol. Um trabalhador urbano acostumados aos direitos sociais dificilmente se adaptará a esta quase escravidão à terra. Apenas os que nasceram sob este sistema são capazes de suportá-lo, e mesmo assim não todos, o êxodo rural das décadas passadas basta como prova. Então quando eles dizem que 2,6 bilhões de pequenos fazendeiros são responsáveis pela maior parte da produção mundial de alimentos devemos perguntar onde encontrarão 1 bilhão ou mais de pessoas aptas e dispostas a ocuparem estes lugares em substituição ao sistema agrícola atual. Sem esquecer que a grande maioria destes small scale farmers utilizam meios produtivos que minimizam o esforço e aos quais eles também são contrários, pois causam as temidas mudanças climáticas de al gore et caeterva. 

Os mitos difundidos nas últimas décadas pelo verdismo estão cada vez mais fortes no imaginário das pessoas, principalmente as urbanas das classes sociais mais altas. A mãe natureza que pune os que dela abusam e premia os seus defensores como se fosse um ser consciente é uma construção ideológica que atualmente serve a estes interesses. É uma religião animista. Capaz de determinar dogmas que vão contra toda a lógica econômica, em sentido amplo e não apenas capitalista.

O modelo agrícola que preconizam não garantirá a produção necessária, encarecerá enormemente os seus preços e pelo visto nem mesmo a qualidade dos alimentos estará assegurada. O equilíbrio entre a conservação e a utilização jamais será encontrado se as mentiras e deturpações das organizações ecológicas continuarem a se impor.