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por Rodrigo Viana

A queda de Palocci gerou debates acalorados na internet. Recapitulemos. O principal ministro do governo, acuado por denúncias de ter enriquecido 20 vezes enquanto exercia o mandato de deputado federal pelo PT, manteve-se calado por 20 dias. Quando resolveu falar, escolheu: entrevista exclusiva para a Globo.
O meio é a mensagem. Muita gente discutiu os argumentos do ministro naquela entrevista, as explicações, o tom “sóbrio”. O recado principal ali era outro: Palocci indicou que tinha (e tem) aliados poderosos no “establishment”. O meio é a mensagem. Falar à Globo – com exclusividade – é uma forma de dizer: eu sigo forte entre aqueles que mandam ou imaginam que mandam no Brasil. Isso era fundamental para que Palocci se sentisse mais “protegido” ao sair do governo.
Na segunda-feira, veio a decisão da Procuradoria Geral da República (PGR): o procurador não enxergou motivos (jurídicos) para investigar Palocci. Em alguns blogs e no twitter, choveram conclusões apressadas: “aí está a prova de que os detratores de Palocci estavam errados, ele é inocente, não há sequer indícios contra o ministro”. Espalharam-se ataques contra o jornalista Ricardo Kotscho, que havia escrito no blog dele, no dia da entrevista pra Globo:  “Palocci escolheu a guilhotina”. Kotscho errou feio, diziam alguns. Errou??
Outros blogueiros (entre eles esse escrevinhador), que escolheram o caminho da crítica (política) a Palocci, foram acusados de “traidores” e “oportunistas”. Um certo stalinismo de botequim espalhou-se por aí: quem não defende o governo unilateralmente é “traidor”. Hehe. Nessa, eu não caio.
Quem achou que a decisão da PGR era uma “vitória definitiva” de Palocci, desculpe-me, mas não entende muito de política. Palocci permaneceu no cargo durante mais de 20 dias justamente com esse objetivo: usar o cargo para evitar estragos maiores (especialmente na área judicial). Na segunda-feira, diante das conclusões apressadas dando conta da ”vitória jurídica” de Palocci, escrevi no twitter o que me parecia o óbvio ululante: a questão era – e continua a ser – política.
Agora que Palocci caiu, alguns blogueiros e tuiteiros que respeito muito dizem que “o governo acabou”. Bobagem…
Esse é um governo em disputa – ainda mais agora, com o rearranjo de forças. De minha parte, acho que o problema de Dilma não foi a queda de Palocci, mas sua nomeação numa função tão importante. Quando digo que a questão era, e é, política, refiro-me justamente a isso: a escolha de Palocci simbolizava a escolha de um nome completamente comprometido com o mundo financeiro e o grande capital. Em 2003, Lula precisava de um nome assim. FHC entregara o país à beira da bancarrota. Palocci cumpriu essa tarefa. Depois, foi derrubado pela soberba – no vergonhoso episódio do caseiro.
Dilma não precisava e não precisa disso. Ah, mas foi o Lula que indicou Palocci. E daí? Lula é um ser iluminado que não erra? Sigo a entender que Lula foi o melhor presidente da República, ao lado do Getúlio Vargas dos anos 50. Nem por isso deixaram (Vargas e Lula) de cometer erros.
A escolha de Palocci para a Casa Civil soma-se a outras escolhas da presidente Dilma – que apontam num rumo claro: o governo caminhou alguns graus rumo ao centro, na comparação com o segundo mandato de Lula – que foi razoavelmente avançado, um governo social-democrata clássico.
A saída de Palocci pode abrir caminho para um novo arranjo. Ninguém espera um governo “socialista” ou de “esquerda” na gestão Dilma. Claro está que a correlação de forças no Brasil exige acordos. Mas quem vai estar ao leme? Quem vai ter a hegemonia do processo? Num texto recente, escrevi sobre os risco das últimas escolhas de Dilma. Dizem por aí que as pesquisas já mostrariam certa queda no apoio à presidenta. Por conta do desgaste gerado pelo caso Palocci no noticiário. Isso é conjuntural. Mais grave pra mim é a corrosão de longo prazo: setores de esquerda sentem-se longe desse governo que prometia ser a continuidade de Lula.
O portal “Sul21″, que tem certa proximidade editorial com o governador petista Tarso Genro (RS), é muito claro na avaliação da queda de Palocci: “Soberba x Prestação de Contas”. Blogueiros como Idelber Avelar e Renato Rovai também escreveram texto curtos e precisos sobre o significado da queda de Palocci. Nenhum deles pode ser apontado como “traidor”, “oportunista”, ou  “agente infiltrado do PIG”.
A ideia de que a queda de Palocci significa a “capitulação” de Dilma ao PIG é simplista. Foi Dilma quem tentou um acordo com a velha imprensa, no início do mandato: foi à “Folha”, à Globo, e deu sinais indiretos de que não iria avançar na “Ley de Medios” preparada por Franklin Martins. Escolhas. Palocci, no centro do governo, certamente tinha muito a ver com essas escolhas.
Essas escolhas criaram certo mal-estar entre gente que apoiou e/ou votou em Dilma durante a dura batalha de 2010. A queda de Palocci pode ser o símbolo de uma fase nova no governo.
O PT e o governo, se deixaremde lado o medo e os acertos “por cima”, podem usar o episódio Palocci contra a oposição. Se Palocci caiu por “enriquecer sem explicações convincentes”, o que dizer de Aécio e sua frota de carros na rádio? O que dizer da filha de Serra?
Não é por outro motivo que Serra (e muitos tucanos) ficaram ao lado de Palocci nesse episódio. Palocci era uma ponte com os tucanos e o empresariado atucanado.
A ponte ruiu. Isso não quer dizer que o governo Dilma vai avançar nas áreas onde tropeça e cede ao conservadorismo (Cultura, Relações Internacionais, Meio Ambiente). Mas a chance existe.

por Alon Feuerwerker

Morro acima
Foto Alon

O ministro-chefe da Casa Civil não suportou o bombardeio e está fora. E desta vez ninguém deve culpar a oposição. Pois a pressão maior para tirá-lo do cargo veio exatamente do PT. Nos últimos dias ele vinha recolhendo apoios fora do partido, especialmente no PMDB, mas não foi suficiente nem deu tempo.

O PT abandonou o correligionário por não achar razoável pagar novamente uma fatura pesada, e desta vez sem que a operação a defender pudesse ser abrigada sob um guarda-chuva estritamente partidário. Viu também na troca na Casa Civil uma janela de oportunidade para ampliar o próprio poder.

Os petistas desde sempre enxergaram o governo Dilma Rousseff como nova etapa no projeto político. Sem Luiz Inácio Lula da Silva a concentrar todas as luzes e atrair todos os fluidos do poder, era chegada a hora e a vez da legenda. Foi dito durante a campanha eleitoral. Mais de uma vez.

Mas a constituição do núcleo governamental acabou não confirmando a tese. A dobradinha entre a presidente da República e seu ministro da Casa Civil funcionou nestes quase seis meses como mecanismo de concentração do poder presidencial. 

As reclamações na base política são múltiplas, e a novidade na comparação com o governo anterior é que desta vez as queixas vinham incluindo também o PT. Um exercício desafiador nos últimos tempos em Brasília é encontrar alguém da base do governo satisfeito com o governo.

Assim, as revelações sobre o crescimento patrimonial do ministro da Casa Civil -acontecido antes de ele ser ministro da Casa Civil- abriram uma janela de oportunidade para a erupção de todas as insatisfações. E foi o cenário das primeiras semanas de turbulência, até que o PMDB, tardiamente, passou a achar que seria melhor não mudar.

Esse apoio valioso mas tardio não foi suficiente. Faltou exatamente o PT. O ministro tinha respaldo na bancada da Câmara dos Deputados, mas o PT do Senado ontem recusou uma proposta de moção favorável à permanência dele no cargo. O ministro tampouco pôde contar com ajuda do comando partidário.

Sem o ministro, a presidente livra-se de um problema imediato, mas sai algo mais fraca. Diante do PT e também diante da oposição e da opinião pública. Recompor a força talvez venha a ser batalha morro acima.

Lula e Dilma

Quem julgava que a imprensa seria menos virulenta contra Dilma Rousseff do que foi contra Lula, por ser ela sulista, possuir título universitário e pouca vivência petista, se enganou. A estratégia dos meios de comunicação contra o governo do PT é a mesma. Em nada mudou. Se, nos tempos de Lula, o que se quis foi desmoralizar o governo, através do chefe da Casa Civil, José Dirceu, o mesmo ora acontece. E a vítima que se supunha menos exposta aos rancores da mídia, por ser amado dos ricos de São Paulo está sendo alvo de ruidosa e implacável campanha de destruição moral e profissional.

De que se acusa?

Não há acusação formal de crimes contra ele. Apenas se supõe que, quando esteve afastado do governo, trabalhou como lobista de grandes empresas e foi por elas bem remunerado. Nada secreto, nada oculto. Tudo detalhado na sua declaração ao Imposto de Renda, como é obrigação de todo cidadão.

Exasperação
A exacerbação da campanha é tal que só restou a Dilma demitir o ministro, para saciar a fome e a sede dos abutres que converjam o governo.

Competência
Resta saber se ela terá a mesma competência de Lula quando da carnavalização do mensalão. Ali se pensou até que o governo ia cair. FHC, magnânimo, foi contra, achando que Lula devia sangrar até o fim do mandato e voltar para a metalurgia. Não contava com a opinião pública, que percebeu a intenção da mídia, de destruir todo o governo, com preocupações populares, como os de Getúlio Vargas e João Goulart, e a competência política do velho sindicalista, provado e aprovado, desde a ditadura militar.

O que se viu
O resultado foi o que se viu. Lula recuperou popularidade, bem como o PT. Tornou-se o mais popular presidente da história republicana e ainda colocou, no seu lugar, uma mulher, de currículo respeitável e nenhuma atividade político-partidária anterior. Vamos torcer para que este seja também o fim de Dilma, que não é acusada de nada. Vê apenas fiel auxiliar pagar pelo crime de ser do PT e estar no governo. Crime que teria cometido fora do governo, quando não exercia cargo público.

por Lustosa da Costa

por Carlos Chagas


LAMBANÇA SEXTA-FEIRA, CORREÇÃO SÁBADO E DOMINGO

É  sempre bom evitar precipitações. Foi melhor  esperar sábado e domingo para só hoje comentar as declarações do ministro Antônio Palocci à Rede Globo, prestadas na noite de sexta-feira. Porque a  impressão que ficou da parte editada e apresentada no Jornal Nacional foi a pior possível. Deixaram mal o entrevistado e, mais grave, um excelente repórter, Julio Mosquera. A gente fica pensando se não houve sabotagem da turma do Rio, enciumada por perder a oportunidade de mostrar o entrevistador mais importante do que o entrevistado. Omitiram o colega de Brasília e tornaram inaudíveis suas perguntas, baixando o áudio quando ele perguntava. Concederam-lhe  apenas duas vezes imagens de dois segundos cada uma, sem abertura nem encerramento. 

O mais grave, porém, foi a seleção das respostas do chefe da Casa Civil, apresentadas de forma  desconexa e incompleta, porque editar e comprimir em quatorze minutos uma entrevista que durou trinta não é para qualquer um. Principalmente quando há má vontade. 
                                              

Foi tão lamentável a apresentação de Palocci na sexta-feira que a própria Rede Globo obrigou-se a transmitir a entrevista por duas vezes, no sábado, e outra ontem, aí então na íntegra, através do canal de notícias Globonews. Claro que a audiência não terá sido igual, mas, pelo menos, corrigiu-se parte da lambança. Pode-se concluir que Palocci não se saiu tão mal, mesmo deixando de responder as questões mais cruciais, como a lista dos clientes de sua empresa de consultoria. Demonstrou respeito ao Congresso e ao Ministério Público. Em suma, deu a versão dele, sem empecilhos, ainda que pareça difícil concordar com sua argumentação. Salvou-se também o repórter, que ia sendo sacrificado em nome da canibalesca competição que assola nossas telinhas. 
                                              

Importa menos saber se o indigitado e milionário ministro vai livrar-se da demissão. Provavelmente, não. Mas pelo menos conseguiu ser visto, no fim de semana, falando ordenadamente, coisa com coisa, que os encarregados da edição  não lhe permitiram na sexta-feira. 
                                              

Razão,  mesmo, tinha o saudoso vice-presidente da  República, José Alencar, recentemente falecido. Entrevistas, para ele, só ao vivo, na hora, para evitar  surpresas. 
                                                                   

Por certo que nem a Rede Globo, nem Palocci, ou sequer a presidência da República, concordarão com estes comentários, se por milagre deles tiverem conhecimento, mas como estrilar ainda é permitido, fica o registro. 

por Marcos Coimbra

O Que Fica e o Que Passa

O que é realmente importante na informação que recebemos todo dia sobre o sistema político? E o que é secundário, referindo-se a coisas que não duram muito e apenas parecem ter maiores consequências?
Neste momento, por exemplo, o noticiário sobre a crise causada pelos problemas de Antonio Palocci domina os meios de comunicação. Ela é importante?
Certamente que sim, pois qualquer dificuldade que afete um ministro central no governo é relevante. Ainda mais se for alguém como ele, que foi, nos primeiros meses, quase um primeiro ministro.
Embora a crise seja, de fato, significativa, ela está longe de ser tudo que acontece no governo. E nem é tão original assim. Ministros em apuros são mais a regra que a exceção em nossa experiência recente.
Se alguém se desse ao trabalho de calcular quantos dias passamos, nos últimos 20 anos, sem que pelo menos um estivesse complicado, veríamos que não foram muitos.
O próprio Palocci já viveu essa história. No final do primeiro governo Lula, quando aconteceu o caso Francenildo, ele não era tão menos que agora. Como o ministro da Fazenda que contava com apoio unânime do empresariado e da mídia, e depois que vários de seus colegas tinham tombado vítimas do mensalão, achava-se que Lula dependia dele para sobreviver.
Pois bem, Palocci saiu, Lula ganhou a eleição e foi adiante para se confirmar como a maior liderança de nossa história (goste-se ou não dele).
Palocci pode estar vivendo, de novo, um inferno astral, mas isso não é fundamental. No médio e, especialmente, no longo prazo, sua permanência ou saída são secundárias. Como foram as de antecessores seus em governos passados.
Ministros são parecidos a outras pessoas insubstituíveis, das quais, como diz o ditado, os cemitérios estão cheios. 
As coisas que realmente importam são outras. Como o lançamento do programa Brasil Sem Miséria, que aconteceu enquanto olhávamos para a “crise”.

Se medirmos a centimetragem a ele dedicada pelos nossos maiores veículos ou o tempo nos telejornais de maior audiência, ficaríamos com a impressão que é um assunto quase insignificante. Pelo espaço e a atenção que recebeu, que o novo programa é apenas mais um na rotina da burocracia.
Na verdade, um pouco pior que isso. O tom da cobertura foi claramente negativo, com insinuações de que era uma manobra para desviar a atenção da opinião pública do que seria realmente importante, a “crise”.
Como se fosse sequer possível inventar um programa da complexidade do Brasil Sem Miséria na última hora. Como se não tivesse exigido meses de estudos e formulações preliminares. Como se seu lançamento não estivesse anunciado há muito tempo e não ocorresse no prazo estipulado antes da eclosão da “crise do Palocci”.
O programa passou a ser visto como uma pirotecnia algo ingênua. Foi reduzido a uma manobra, no fundo, inútil, pois incapaz de produzir suas “verdadeiras intenções”.
Tudo nele passou a ser enxergado a partir desse prisma. Até a cerimônia inicial. O número de convidados, a solenidade, os discursos, cada detalhe foi interpretado como parte de um “estratagema” diversionista.
O que pensavam? Que Dilma lançaria um programa desse porte às escondidas? Que ele não era suficientemente importante para justificar o evento?
É possível que nossa imprensa ache que faz “bom jornalismo” quando ignora, coloca sob suspeita ou trata como irrelevante um programa como o Brasil Sem Miséria. Que o certo é deixar tudo de lado e manter-se focada na “crise do Palocci”.
O curioso é que, ao comentá-lo, não se afirmou que era inviável, fantasioso ou irrelevante. Ninguém argumentou contra suas propostas concretas. Não foram questionadas suas metas ou estratégias.
Parece, portanto, que ela não discorda do programa. E não vê razões para duvidar que o governo tenha capacidade de executá-lo.
Apenas acha que é pouco importante, pelo menos em comparação com a “crise”. Será que é? Será que um programa destinado a solucionar, em quatro anos, o mais grave problema do Brasil pode mesmo ser considerado irrelevante? Para os 16 milhões de beneficiários, pode ser tudo, menos desimportante.
 Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

por Carlos Chagas


Carlos ChagasREDUNDÂNCIAS EXTEMPORÂNEAS

Não se dirá que a crise envolvendo Antônio Palocci teve causas administrativas, pois foram apenas patrimoniais, mas poderia muito bem ter sido. Porque desde o governo Fernando Collor, com  Itamar Franco de fora, que tem gente demais no terceiro andar do palácio do Planalto. Assessores e ministros fazendo a mesma coisa, batendo cabeça e cultivando superposições de tarefas. Por que, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff dispõe de Casa Civil e Secretaria Geral, dois órgãos cujas atribuições se entrelaçam, muitas vezes conflitam-se, tornando seus titulares até adversários?

Não adianta dizer que em todos os governos os dois ministros são amigos, dão-se muito bem, as famílias se freqüentam e vivem aos abraços, porque a vida não é assim. Um fica de olho no trabalho do outro. Investigam as atenções que o presidente dedica mais a este do que àquele. Preocupam-se com a repercussão de suas iniciativas nos meios de comunicação. Até o lugar nas fotografias, à direita ou à esquerda do chefe, é motivo para disputas.  A redundância de ações complica mais do que resolve.

Tudo começou no governo Collor. Para acomodar o cunhado diplomata, o jovem presidente criou a Secretaria Geral, paralela à Casa Civil. Itamar desprezou a divisão. Fernando Henrique inventou a Secretaria Particular, que era muito mais pública, depois outra vez  denominada de Secretaria Geral. O  Lula manteve a dualidade, com José Dirceu e  Dilma Rousseff na metade maior e Luis Dulci na menor,  apenas  por questão de personalidades distintas. A sucessora conservou a fórmula, ainda que a indicação tanto para a Casa Civil quanto para a Secretaria Geral partisse do antecessor: Antônio Palocci numa, Gilberto Carvalho na outra, designados pelo primeiro-companheiro.

Ganha uma viagem a Bangladesh, só de ida,  quem descobrir quem faz o quê, acima e além do organograma burocrático indicando coordenação administrativa para um e contato com entidades sociais, para outro. Na verdade, todos os dias, ambos sentam-se ao lado de Dilma,  para análise da conjuntura e dos problemas do dia. Atropelam-se quando alguma iniciativa incomum precisa ser adotada.

Na hipótese da defenestração de Palocci, seria o caso de a presidente resolver a questão. Reunir as duas estruturas numa só, tanto faz se for com Gilberto Carvalho, Fernando Pimentel, Paulo Bernardo ou outro. Seria bom que o escolhido fosse buscar experiências com Ronaldo Costa Couto, o último chefe da Casa Civil, no governo José Sarney, a não dividir e a centralizar as funções de primeiro-ministro ad hoc. Esfalfava-se, perdia horas de sono, mas controlava o governo, uma espécie de peneira que preservava o presidente. Sua receita era uma só: cercar-se de bons auxiliares, delegar competências mas exercer na plenitude suas funções de chefe da casa do  presidente da República.

O caso Palocci

O governo ainda não entendeu que a oposição ainda não morreu de inanição porque os próprios companheiros encastelados no poder se encarregam de mantê-la viva, alimentando-a com a imensa cópia de atos de improbidade e de leniência diante da corrupção. Tudo isso agravado com a garantia da impunidade, hoje praticamente um direito constitucional. É que a "cidadã" quase proíbe a apuração de denúncias contra gente de dentro do poder. Vejamos o caso Palocci. O chefe da Casa Civil construiu ao longo dos anos uma imagem de homem sério, ponderado, honesto e, sobretudo, competente. Nem o ridículo episódio da quebra de sigilo do caseiro conseguiu sujar esse retrato. De repente, tornado novamente em vidraça, começa a receber pedradas de todos os lados, boa parte vinda dos próprios companheiros, que atiram da moita. O fogo amigo. De repente é acusado de enriquecimento ilícito, por sinal um crime que aqui no Brasil engrandece o autor. A oposição, que não pode se opor ao governo que é uma cópia deturpada dos que ela comandou, tira proveito das denúncias, e vai se alimentar delas até que o próximo escândalo apareça. Para o governo e para Palocci tudo seria muito simples se não houvesse tanta incompetência política no meio da companheirada. Bastava a presidente Dilma seguir o exemplo de Itamar Franco. Quando presidente, o hoje senador por Minas, viu o seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, acusado de envolvimento em atos de corrupção. Não hesitou. Afastou o auxiliar, por sinal quase um filho para ele, e mandou apurar as denúncias. Hargreaves defendeu-se, apresentou provas e foi inocentado. Voltou então ao cargo, com a ficha limpa exposta ao país. O que custa a dona Dilma mandar fazer a mesma coisa? E ao dr. Palocci contar onde e como arranjou esse dinheiro todo? Bastava isso. É só provar que se trata de um caso raro de enriquecimento lícito. Acaba toda a confusão e a oposição bota a viola no saco. A questão é que o PT é viciado na blindagem dos amigos. E logo armou um esquema poderoso para blindar o chefe da Casa Civil. No Congresso, onde o Executivo manda, não passa nada e já frustraram as tentativas de uma CPI. Os órgãos de segurança e a Polícia Federal não viram nada a ser investigado. Só o correto Procurador Geral da República pediu explicações ao ministro. Tudo vai terminar nada, como soe ocorrer por aqui. E como nunca na história deste país, as portas da corrupção e da impunidade continuam escancaradas.

Crônica

Quando urubu está de azar...
Faz umas poucas semanas, ao receber do porteiro do prédio a correspondência chegada aquele dia, dei com um envelope da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, e gelei. Gelei pressentindo alguma aporrinhação, porque, como se sabe, gato escaldado tem medo de água fria.

Nunca recebi qualquer correspondência vinda do governo - seja federal, estadual ou municipal - que me trouxesse uma boa notícia. O governo, quando me envia alguma mensagem, é para me intimar a prestar esclarecimento sobre a declaração do imposto de renda e coisas semelhantes. Nunca me manda cumprimentos pelos tantos anos em que estou no batente nem agradecendo a quantidade de impostos que recolho anualmente. Para me devolver o que foi cobrado a mais, isso nunca! Pelo contrário, por mais que pague, estou sempre devendo.

O governo - que teoricamente existe para me proteger e amparar - é de fato meu inimigo público número um.

E assim foi que, grilado de antemão, abri o envelope. Não deu outra: era o Departamento de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro comunicando-me que eu tinha sido multado por dirigir falando ao celular. Sucede que eu não tenho celular, nunca tive e jamais terei.

E mais: quase nunca falo ao celular e jamais o fiz dentro do carro, ainda que estacionado. Falo ao telefone o menos que posso. Donde saiu então essa imputação absurda?

Não faço a menor ideia. E ela não é absurda apenas porque não uso esse tipo de telefone: mesmo que o usasse, o guarda de trânsito não me poderia ver porque os vidros do carro não o permitiriam, são escuros, protegidos com insufilme. Desconfio que esse guardinha amigo estava maconhado.

O certo, porém, é que, maconhado ou não, estava a serviço de uma espécie de azar que, nesse particular, me persegue. Não foi esta a primeira vez que a maconha ou o acaso me escolhem para vítima. Talvez o leitor já tenha ouvido falar que, durante a ditadura, fui para o exílio. Pois é, fui acusado de ações subversivas contra o regime militar. Pois bem, não digo que essa acusação fosse falsa, e tanto não era que decidi cair fora antes que o DOI-Codi me pegasse.

Não vou contar aqui o que passei, mudando de país conforme as circunstâncias e as ameaças. Em resumo, comi o pão que o Diabo amassou, mas, um dia, consegui voltar para casa. Passei por alguns percalços ao regressar, mas pouco depois estava com minha família e, no Luna Bar, com meus amigos. Fui então aconselhado, por um advogado amigo, a solicitar ao Superior Tribunal Militar, cópia da decisão me havia absolvido e levei um susto: o cara, que os milicos procuravam e contra o qual iniciaram aquele processo por subversão era José de Ribamar como eu, mas não era eu. Ou seja, o José de Ribamar que pagou o pato fui eu, mas o absolvido foi outro.

Por isso rezo todos os dias para que os militares não voltem ao poder, pois do contrário vou ter que me mandar de novo não sei para onde. Bem, isso é pouco provável que aconteça, mas, em compensação, sempre haverá um guarda de trânsito para me acusar do que não fiz.

Foi assim que, como disse no início da crônica, abri a carta do Departamento de Transportes da Prefeitura, que me acusava de dirigir meu carro falando ao celular. Minha primeira reação foi de espanto e revolta, mas verifiquei que, junto com a acusação, havia informações do que deveria eu fazer, caso decidisse recorrer da multa que me havia sido imposta.

Aquilo me deixou mais revoltado ainda: para escapar da acusação infundada, terei eu que entrar com dois processos no tal famigerado Departamento de Transportes e tentar provar que sou inocente.

Provar inocência?! Mal consigo acreditar. Alguém precisa dizer a esse pessoal uma coisa que todo mundo sabe, isto é, que o ônus da prova cabe a quem acusa e não a quem é acusado. Não é esse o argumento que estão usando para dispensar o Palocci de explicar donde veio sua súbita fortuna? Quer dizer que o que vale para gente do governo não vale para nós? A nossa Constituição diz que todo cidadão é inocente até que sua culpa seja comprovada. Não obstante, parece que, para o Departamento de Transporte da Prefeitura do Rio de Janeiro, a Constituição não vale: é o acusado que deve provar sua inocência.

Diante disso, o que faço? Me exilo de novo?
Ferreira Gullar

O contrato do apartamento de Palocci em São Paulo

POLÍTICA


Acima, cópia do contrato firmado entre o ministro Antonio Palocci, Chefe da Casa Civil da presidência da República, e a imobiliária Morumbi Administração de Bens Ltda.
A mais recente edição da VEJA conta a história do apartamento de 640 metros quadrados, avaliado em R$ 4 milhões, que está em nome de um laranja de 23 anos, que mora em um casebre de fundos na periferia de Mauá, no ABC paulista, ganha R$ 700 por mês e teve o celular bloqueado por falta de pagamento.
Até que se prove que o laranja tem alguma ligação com Palocci, de nada o ministro pode ser acusado.
Ele alugou o apartamento à imobiliária. Não tinha obrigação de saber quem era o dono dele. Se o tivesse comprado seria diferente.
A paixão política não pode eclipsar a racionalidade. A competição pela autoria do "último tiro", também não.

Palocci concede entrevista ao JN

O ministro Antônio Palocci gravou hoje a tarde uma entrevista à rede Globo de televisão. 

A equipe da TV Globo chegou ao Palácio do Planalto, depois das 16h para gravar a conversa do ministro com o jornalista Júlio Mosquéra. 

Na ocasião, deverão ser revelados os detalhes de sua evolução patrimonial como, a compra de um apartamento avaliado em R$ 6 milhões e de um escritório de R$ 882 mil. 

A entrevista está prevista para ir ao ar no Jornal Nacional desta noite.
Foto

Budalocci

CONSULTOR ESPIRITUAL
virou sucesso na internet
É figura simpática do ministro e “consultor” espiritual 
– que traz prosperidade e multiplica patrimônios -

As palestras de Lula

POLÍTICA


A “consultoria” de Antônio Palocci remete, inevitavelmente, a uma análise das palestras que, pagas a peso de ouro, vêm sendo proferidas pelo ex-presidente Lula. Defensivamente, e já de início, pode um petista pavloviano exclamar: “mas o Fernando Henrique também ganha dinheiro dando conferências!”

À primeira vista parece a mesma coisa: ambos nos governaram por oito anos, supostamente acumularam experiência de Brasil, vivência das questões econômicas, conhecimento do mundo. Logo, nada mais natural do que se dedicarem a orientar empresas, universidades, associações.
Mas as semelhanças acabam aí. E as diferenças começam a bradar: Fernando Henrique sempre se dedicou ao métier; Lula é neófito. Fernando Henrique, além das palestras, mantém contratos com universidades americanas e européias de primeira linha; Lula, não.
Fernando Henrique, sociólogo eminente, recomeçou suas conferências, tanto no Brasil quanto no exterior, num quadro político interno inóspito a ele e ao seu partido; Lula “descobriu” o filão exercendo, de fato, o poder, pois a presidente Dilma Rousseff lhe obedece as sugestões, mais do que as ouve. 
Fernando Henrique é solicitado por entidades que pouco ou nada têm a ver com o Brasil; Lula, ao contrário, vê sua participação em eventos vinculados, quase que exclusivamente, a conglomerados que em nosso país atuam ou a países aos quais seu governo dirigiu alguma “bondade’.
Fernando Henrique, se e quando fala para uma LG, por exemplo, meramente lhe passa opiniões; Lula, poderoso na República atual, pode ser via de acesso a benefícios administrativos.
Já ouvi Fernando Henrique inúmeras vezes. Nutro, confesso!, uma certa curiosidade por saber o que Lula diz nesses convescotes de portas cerradas. Pagar por isso, não pagaria nunca. De graça, aceitaria o convite, se me garantissem o direito de perguntar.
Minha singela percepção: assim como a “consultoria” de Palocci nada tem a ver com o trabalho de Pérsio Arida, Gustavo Franco, Armínio Fraga, Pedro Malan, André Lara Rezende, Mailson da Nóbrega, vejo as palestras de Lula como uma montagem, uma farsa, um ato de ilusionismo barato do ambicioso prestidigitador. 
 Arthur Virgílio

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por Mino Carta


O PT esqueceu os trabalhadores
Dizia a chamada de capa, estampada sobre o rosto volitivo do jovem líder: Lula e os Trabalhadores do Brasil. Já então sabia do seu projeto, criar um partido para defender pobres e miseráveis do País. Acompanhei a trajetória petista passo a passo e ao fundar o Jornal da República, que nasceu e morreu comigo depois de menos de cinco meses de vida, fracasso esculpido por Michelangelo em dia de desbordante inspiração, passei a publicar diariamente uma página dedicada ao trabalho, onde escreviam os novos representantes do sindicalismo brasileiro. Ao longo do caminho, o partido soube retocar seu ideário conforme tempos diferentes, mas permaneceu fiel aos propósitos iniciais e como agremiação distinta das demais surgidas da reforma partidária de 1979, marcado por um senso de honestidade e responsabilidade insólito no nosso cenário.
Antonio Palocci é apenas um exemplo de uma pretensa e lamentável modernidade, transformação que nega o passado digno para mergulhar em um presente que iguala o PT a todos os demais. Parece não haver no Brasil outro exemplo aplicável de partido do poder, é a conclusão inescapável. Perguntam os botões desolados: onde sobraram os trabalhadores? Uma agremiação surgida para fazer do trabalho a sua razão de ser, passa a cuidar dos interesses do lado oposto. Não se trataria, aliás, de fomentar o conflito, pelo contrário, de achar o ponto de encontro, como o próprio Lula conseguiu como atilado negociador na presidência do sindicato.
Há muito tempo, confesso, tenho dúvidas a respeito da realidade de uma esquerda brasileira, ao longo da chamada redemocratização e esgotadas outras épocas em que certos confrontos em andamento no mundo ecoavam por aqui. Tendo a crer, no momento, que a esquerda nativa é uma criação de fantasia, como a marca da Coca-Cola, que, aliás, o mítico Che Guevara bebia ironicamente às talagadas na Conferência da OEA, em 1961, em Punta del Este. Quanto à ideologia, contento-me com a tese de Norberto Bobbio: esquerdista hoje em dia é quem, aspirante à igualdade certo da insuficiência da simples liberdade exposta ao assalto do poderoso, luta a favor dos desvalidos. Incrível: até por razões práticas, a bem de um capitalismo necessitado de consumidores.
Nem a tanto se inclina a atual esquerda verde-amarela, na qual milita, digamos, o ultracomunista Aldo Rebelo, disposto a anistiar os vândalos da desmatação. E como não anistiar o ex-camarada Palocci? Lula fez um bom governo, talvez o melhor da história da República, graças a uma política exterior pela primeira vez independente e ao empenho a favor dos pobres e dos miseráveis, fartamente demonstrado. CartaCapital não regateou louvores a estes desempenhos, embora notasse as divergências que dividem o PT em nome de hipócritas interpretações de uma ideologia primária.
Na opinião de CartaCapital, e dos meus botões, não é tarefa de Lula defender o indefensável Antonio Palocci, e sim de ajudar a presidenta Dilma a repor as coisas em ordem, pelos mesmos caminhos que em 2002 o levaram à Presidência com todos os méritos. 

Guerras santas

Há um traço comum em certas situações complicadas vividas pelo governo nos últimos dias. O método é recorrente. A cada tema o governo convoca os especialistas que possam legitimar os propósitos palacianos, para estabelecer qual é o lado "do bem".

O contraditório? Só intramuros.

O Planalto vem tratando o debate do Código Florestal como um assunto exclusivo dos especialistas em meio ambiente. Dos da agricultura ninguém ouviu falar. 

Já o kit contra a homofobia nas escolas foi encomendado pelo MEC a uma organização não governamental especializada e militante. O resto da sociedade? Que aguarde com resignação o veredicto dos burocratas ministeriais e dos sábios escolhidos a dedo.

No Código o governo foi derrotado na Câmara e busca a desforra no Senado. E o MEC precisou recuar momentaneamente do kit, pois a coisa começava a trazer problemas políticos num cenário em que o Planalto precisa reduzir o número e o tamanho das encrencas, não aumentar.

Quando quis se envolver mais na disputa em torno do Código o governo correu a cercar-se de uma turma só. Tomou as dores de um lado só. Como se o assunto fosse monopólio de um partido só. 

E no kit o MEC recusou-se a pelo menos ouvir bancadas de representação religiosa que pediram para opinar sobre o assunto. Como se o Congresso Nacional fosse um estorvo, por eventualmente incluir gente que pensa diferente.

Em cada tema define-se a priori um lado completamente certo, e os demais estão todos completamente errados. Por definição. Nada têm a contribuir. 

Definida a separação, o passo seguinte é buscar reunir o máximo de forças aritméticas para fazer prevalecer o ponto de vista oficial, sem mediações. 

Ou com mediações apenas na dose necessária para atingir massa crítica suficiente e esmagar os adversários.

É um corolário do que se viu na campanha eleitoral, no debate sobre o aborto. Para um certo pensamento, quem é a favor da descriminalização do aborto tem o direito -o dever até- de usar a bandeira como arma na luta política, mas quem é contra não tem. 

A militância a favor é virtuosa por definição. A contra é o atraso, também por definição. E deveria calar-se, para que o mal não contamine a pureza do bem.

Mas talvez o melhor exemplo seja mesmo o ambiental. É um nicho ideal para o comportamento maniqueísta.

Alguns se apresentam como portadores de toda a verdade. Contestar as ideias deles é, a priori, um crime de lesa-humanidade. 

Pouco a pouco a coisa vai adquirindo ares de religião, inclusive com uma hierarquia eclesiástica, difusa porém coesa e centralizada. Nem que apenas pela missão de criminalizar o pensamento diferente.

E aí "fazer o debate" toma contornos de cruzada moral contra os infiéis. No máximo, diante de impasses na correlação de forças, aceitam-se tréguas táticas, pausas para tomar fôlego e reabrir mais adiante a guerra santa.

Como em toda guerra, papel especial cabe à propaganda. "Devastação" passou a designar todo episódio em que a vegetação natural é removida. Mas onde e como a humanidade teria desenvolvido a agricultura, a civilização, sem remover vegetações nativas? 

Aritmeticamente, "devastação" zero corresponde a zero de agricultura. Fica então a dúvida. Como civilizar sem desmatar?

Diante da emergência da Ásia, da África e da América Latina alguém precisa explicar como alimentar toda essa gente sem produzir mais comida. Muito mais comida.

Uma solução seria buscar só incrementos de produtividade, em vez de ampliar a área plantada. É uma tese discutível, diante da demanda potencial, mas vá lá.

Só que aqui a coisa se complica. Pois as inovações tecnológicas para melhorar a produtividade também enfrentam resistência da militância ambiental. Em especial a engenharia genética.

Os fatos? Pouco importam. 

O Brasil desperdiçou anos numa guerra civil entre os pró e os contra transgênicos, técnica apresentada pelo ambientalismo como a senha para o inferno, a chave da porta do apocalipse.

No fim eles foram liberados com critérios. E os resultados são bem bons. Só que disso ninguém fala.