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Brizola Vive - a Rádio da Legalidade está no Ar

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  Um grupo de estudantes e voluntários de São Paulo decidiu recriar a RÁDIO DA LEGALIDADE – iniciativa tomada por Brizola em 1961 quando, após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir a posse de João Goulart.


As transmissões são feitas via web e todo o material é disponibilizado para que rádios comunitárias por todo o país possam retransmitir os ideais legalistas em defesa da democracia em nosso país.



No próximo dia 17, com uma rede de colaboradores por todo o país, eles pretendem fazer um cobertura ao vivo do golpe e mostrando o panorama em tempo real de todas as regiões do país.



Para obter o material disponível acesse o site: www.radiodalegalidade.blogspot.com



A Rádio da Legalidade também está disponível para ser ouvida em smartphones pelos seguintes endereços:






Aniversário


20 em quem Leonel Brizola venceu a Rede Globo



Hoje, se completam 20 anos do dia em que Cid Moreira, com seu ar afetado e seus cabelos brancos (nem os muito velhos se lembram dele de cabelos pretos…), começou a ler o histórico direito de resposta de Leonel Brizola no Jornal Nacional.
Foi  a penúltima vitória do guri que saiu de Carazinho para enfrentar o mundo, um quixote gaúcho, do tempo em que os gaúchos eram quixotes e provocavam os versos geniais do pernambucano Ascenso Ferreira: Riscando os cavalos!/Tinindo as esporas!/Través das cochilhas!/Sai de meus pagos em louca arrancada!/— Para que?/— Pra nada! Leia mais>>>

Vinte anos do dia em que Brizola venceu a globo

- O milagre que nem a gente acreditava - 
por Fernando Brito - Tijolaço
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Hoje, se completam 20 anos do dia em que Cid Moreira, com seu ar afetado e seus cabelos brancos (nem os muito velhos se lembram dele de cabelos pretos…), começou a ler o histórico direito de resposta de Leonel Brizola no Jornal Nacional.
Foi  a penúltima vitória do guri que saiu de Carazinho para enfrentar o mundo, um quixote gaúcho, do tempo em que os gaúchos eram quixotes e provocavam os versos geniais do pernambucano Ascenso Ferreira: Riscando os cavalos!/Tinindo as esporas!/Través das cochilhas!/Sai de meus pagos em louca arrancada!/— Para que?/— Pra nada!
Durante 22, 23 anos, convivi com ele, 19 dos quais diariamente.
Praticamente formei, com ele, a minha vida adulta, pois era um garoto de 22 anos quando esse contato começou, numa reunião num apartamento na Rua Cabuçu, no Lins de Vasconcellos, subúrbio da Zona Norte carioca.
Deste convívio, de muita coisa mantenho reserva.  Sei que estava ao lado de um mito – e via o mito nos raros instantes em que ele conseguia se despir do personagem que poucos minutos lhe deixava viver de outra maneira.
Mas chega a hora em que estes detalhes, que antes serviriam para a intriga e o desmerecimento político, só fazem enriquecer a trajetória de quem era, como ele próprio dizia, “o rei do improviso”.
Porque era assim: se tinha visão estratégica, Brizola não era um calculista, muito menos frio.
As coisas iam acontecendo e ele, certo ou errado, farejava os caminhos, alguns exatos, outros não, mas todos coerentes.
O impacto daquele texto – minto, não do texto, mas de Brizola obrigar a Globo a ler uma mensagem sua – também não teve nada de planejado, mas resultou do inconformismo que ele, com seu exemplo, injetou em alguns de seus companheiros.
Um pouco antes de sua segunda eleição, Brizola passou a ser atacado, sistematicamente, com artigos em O Globo, escritos – ou apenas assinados – por um certo Alcides Fonseca, um ex-deputado estadual eleito do nada pelo PDT e que se bandeou para a oposição a Brizola e, daí, para a poeira da história.
Por orientação do querido amigo Nilo Batista, Brizola passou a pedir, um por um, direito de resposta em O Globo. E, ao pedir, tinha-se já de oferecer o texto, e a tarefa me cabia, porque os anos e anos escrevendo com ele os “tijolaços”  me fizeram absorver um pouco do estilo e da alma inconfundíveis.
Dr. Nilo começou a vencer as causas, alguns artigos foram publicados e o “Fonsequinha” , como era chamado,  foi despachado do jornal.
Já no Governo, em 1992, Brizola dá uma entrevista, dizendo que por toda a sabotagem que a Globo fizera à Passarela do Samba, o prefeito da cidade, Marcello Alencar deveria negar à emissora a exclusividade da transmissão do Carnaval.
Foi o que bastou para que o jornal O Globo publicasse um editorial violentíssimo contra Brizola – o título era “Para Entender a Fúria de Brizola”, acusando-o  de senilidade, “declínio da saúde mental”, e por suas relações, sempre institucionais, com o Presidente da República, Fernando Collor.
À noite, o Jornal Nacional reproduziu, na voz de Moreira, o texto insultuoso.
Naquela noite, Brizola conversou com dois advogados: Arthur Lavigne e Carlos Roberto Siqueira Castro, seu chefe da Casa Civil no governo estadual.
No dia seguinte, Siqueira me chamou e disse que Brizola tinha me encarregado de fazer o texto de resposta, que teria de ser apresentado ainda naquela tarde. Falei com ele, que se mostrou completamente cético em relação ao resultado do pedido judicial e, como fazia quando se sentia assim, despachava o auxiliar: “olha, Brito, você fala com o Dr. Siqueira e façam como acharem melhor.”
Lá fui eu fazer o texto: tinha que ter três minutos, não podia ter “compensação de injúria” – isto é, devolver na mesma moeda os impropérios – e tinha de sair rápido, porque era uma sexta-feira (7 de fevereiro) e havia prazo judicial.
Chamei dois companheiros de velha cepa, que  me auxiliavam na Assessoria de Comunicação do Governo, o Luiz Augusto Erthal e o Ápio Gomes, para cumprirem um dupla função: anotar o que eu ditava e “segurar” a minha “viagem”.
Porque – começo aqui as difíceis confissões, que não são um segredo porque uma boa meia-dúzia de companheiros sabem disso – quando eu tinha de escrever pelo Brizola, eu não escrevia, “incorporava” . Parece coisa de doido? Não, e ele próprio sempre dizia: o bem escrito é o bem falado. E, na hora destes textos carregados, era assim que eu fazia, ditando, falando no ritmo dele, com o milhar de vírgulas e os períodos longos com que se expressava.
Era um exercício extenuante, massacrante, do qual não raro eu saía às lágrimas, mal conseguindo falar, de tão embargada a voz.
Qualquer redator publicitário jogaria fora o que saía disto, e com razão.
Porque não era um texto jornalístico ou publicitário.
Era o Brizola, não eu.
Feito o primeiro texto, mandamos ao Dr. Siqueira que fez algumas correções de bom-senso e um veto.
Eu não podia devolver o “senil” com que Marinho brindara Brizola. Mas isso eu tinha de devolver, ah, tinha.
E aí saiu uma obra de engenharia redacional.
“Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que os use para si.”
Na verdade, eu tinha escrito “encanecidos”, mas o bom-senso do Erthal me travou: pô, Brito, ninguém mais sabe  o que é encanecido. É verdade, mas é o que o velho teria dito.
Bem, o texto foi para o Tribunal sem que Brizola  lesse o que ele estava “dizendo” na resposta.
Foram dois anos e um mês de espera pela Justiça.
Brizola levantava a sobrancelha, cético, quando Lavigne e Siqueira Castro, teimosos e dedicados,  diziam que íamos ganhar.
Passou tanto tempo que, dos 70, Brizola já tinha 72 anos e Marinho, 88.
No final do dia 9 de março chega a notícia da vitória no Superior Tribunal de Justiça, mas ainda havia um recurso possível e um “notificaram a Globo ou não notificaram?”. O ceticismo, confesso, era maior que a ansiedade.
No próprio dia 15, terça da semana seguinte, quando o texto foi ao ar, não críamos – nem eu, nem Brizola – que aquilo iria acontecer.
Tanto que nem montamos esquema algum para gravar o Jornal Nacional, senão o de um videocassete doméstico.
E foi o que se viu e que ficou na história.
Termina o texto, toca o telefone: ‘Olha, Brito, que maravilha. Nós acertamos o tiro no cu de um mosquito”.
E assim foi. Não fiquei aborrecido, ao contrário. Porque era nós, mesmo: era o Brizola introjetado em mim que escrevera.
Elogio mesmo – e maior não poderia haver – foi o de Roberto Marinho, falando ao querido amigo Neri Victor Eich, da Folha, por telefone, no mesmo dia do terremoto:
“Que nunca mais se reproduza isso. O direito de resposta teve o tom de Brizola.”
Teve sim.
Foi a última vitória de Brizola, em vida e em memória, despertando consciências que não se acovardam, não se ajoelham e não gaguejam, como a dele, a minha e a sua.
Até hoje, a não ser pelos testemunhos dos personagens desta história,  a ninguém tinha revelado estes detalhes. Faço-o agora, porque já são história e porque só aumentam o tamanho de um homem a quem eu devo grande parte do que sou.
Um homem que era tão grande que  estar à sua sombra foi também – e é para sempre –  estar sob sua luz.

Direito de Resposta

94 anos de Leonel Brizola, por Jota A. Botelho

Leonel Brizola é considerado herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart. Foi governador do Rio Grande do Sul, onde iniciou sua carreira política, e do Rio de Janeiro, onde fixou residência em meados da década de 1960.

Simpatizante do presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Foi eleito deputado estadual, quando participou da elaboração da Constituição gaúcha. Em 1950, Brizola se casou com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Vargas, que naquele mesmo ano foi eleito presidente da República. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual.

Em 1958, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos. Em 1962, pela primeira vez, Brizola foi eleito deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara. Como parlamentar, fez discursos veementes defendendo a implantação da reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil. Com a deposição do presidente João Goulart pelos militares, em 1964, Leonel Brizola foi obrigado a se exilar no Uruguai.


Brizola teve participação importante no Comício das Reformas, conhecido como Comício da Central, organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em março de 1964. Na ocasião, Jango anunciou a decisão de implementar as chamadas reformas de base. Entre os oradores que precederam o discurso de Jango, Brizola foi o mais aplaudido. Ele exortou o presidente a "abandonar a política de conciliação" e instalar "uma Assembleia Constituinte com vistas à criação de um Congresso popular, composto de camponeses, operários, sargentos, oficiais nacionalistas e homens autenticamente populares".

Para fechar o ano com Chave de Ouro

A mais bela e singela poesia de 2015

O meu abraço de Ano Novo aos que me dão o melhor: a sua atenção

obrigado
Aprendi a frase e o sentimento com Leonel Brizola, um homem a quem injustamente atribuem parcas emoções e minúscula gratidão. Mas concedo, sim, que é pouco crível que dúzias de vezes ele tenha repetido nas conversas privadas:
“Declaração de amor, Brito, nunca é demais”,
Sim, é sempre menor que o amor, mas é necessária. E é ato de humildade ainda mais necessário porque ser amado é mais fácil que amar.
Porque ser amado é fácil e vão, mas amar exige esforço, trabalho, cuidado, renúncia. Exige sair de sua autoconcedida grandeza e ser pequeno ao ponto de saber que toda ela é nada sem quem te oferece o tempo e os ouvidos ao que você diz e sente, o ombro às suas lutas, a tolerância com seus erros e asneiras, porque erros cometemos e  porque asneiras volta e meia dizemos, ainda mais quando falamos e escrevemos muito.
Não é o acerto permanente que une as pessoas, nem as palavras bem escolhidas,  nem a sabedoria luzidia, nem a proa erguida dos pretensiosos. O que une as pessoas é a confiança e a sensação de que desejamos o mesmo, que sentimos o mesmo – cada um na forma que isso toma em si – e a liberdade com que se dá nosso convívio.

Golpistas não passarão


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À frente da nova campanha da Legalidade, inspirada no movimento liderado por Leonel Brizola, em 1961, o governador do Maranhão, Flávio Dino, contou, em entrevista exclusiva ao 247, quais serão os próximos passos da resistência contra o golpe; "vamos agir tanto no campo político como no campo jurídico", disse Dino, que articula uma reunião com todos os governadores legalistas para esta terça-feira, em Brasília; além disso, ele pretende reunir pareceres de centenas de juristas contra o atentado à Constituição; "eu desafio os golpistas a apresentarem 10 professores de direito no Brasil que sustentem a tese do impeachment"; Dino também citou os protagonistas do golpe; sobre FHC, disse que "é incoerente"; em relação a Aécio, afirmou que "apressado como cru"; no caso de Michel Temer, disse que tem "expectativa" sobre sua posição, até porque o vice sabe o que está gravado na Constituição.
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Recordar é viver: Leonel Brizola e Ciro Gomes já alertaram no passado sobre Eduardo Cunha

Não há hoje uma única polêmica no Congresso Nacional que não conte com a digital do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Embora esteja em um partido aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), o deputado federal se mostra mais como opositor por conta de suas decisões “em nome da independência do Parlamento”, gosta de frisar.
Entretanto, personagens conhecidos da política brasileira já mostraram restrições a Cunha no passado. E com algumas opiniões que, embora distantes do presente, parecem ser bastante atuais. Quer um exemplo?
Em 31 de março de 2000, o então presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, pediu ao governador do Rio de Janeiro na época, Anthony Garotinho, para pôr um freio na influência evangélica em seu governo. “O governo tem de ser mais discreto, está vivendo um protestantismo exagerado”, disse Brizola ao jornal Folha de S. Paulo.
O alvo do comentário de Brizola foi Cunha, que era presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab) e, na ocasião, era alvo de denúncias acerca de irregularidades. Para Brizola, os antecedentes de Cunha também não ajudavam, já que ele havia sido indicado pelo ex-presidente Fernando Collor, no início dos anos 90, para presidir a Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro (Telerj) – chegou a ser acusado de integrar o esquema de corrupção de PC Farias.
Ainda em 2000, Cunha chegou a se afastar da Cehab por conta das denúncias. O processo contra ele por improbidade administrativa acabou arquivado no fim do ano passado, por prescrição de prazo para punição.
Outro a alertar sobre o atual presidente da Câmara foi Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro de Lula. Em entrevista a um programa do seu Estado natal logo após as eleições de 2014, ele não poupou críticas a Cunha, chamado por ele de “picareta-mor”.
“Essa coalizão PT-PMDB, da forma como está, acostumou-se a fazer uma seleção às avessas. Quanto mais incompetente e mais picareta, mais prestígio. Então repare bem: eles estão querendo dizer agora que vão escolher um camarada chamado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. Esse cara deve ser, entre 1 mil picaretas, o picareta-mor. Toda a linguagem dele... eu conheço esse cara desde o governo Collor, ele operava no escândalo do PC Farias na Telerj. Pois estava enrolado no fundo de pensão da Cehab no governo Garotinho, e aí vem vindo. Depois estava enrolado no governo Lula com Furnas. E agora enrolado até o gogó em tudo em quanto, e ele quem banca os colegas. Todo mundo sabe disso. Antigamente o picareta achava a sombra, procurava ali o bastidor, ia fazendo as picaretagens escondido. Agora não, ele quer ser presidente da Câmara”.
Mais recentemente, o dono de uma empresa citada na Operação Lava Jato, Milton Schahin, afirmou ao jornal O Globo que Cunha participou de um esquema de corrupção envolvendo as suas firmas. Como nesta denúncia e no passado, o deputado negou qualquer envolvimento em irregularidades.

Cieps: Roberto Marinho bombardeou

... mas foram Moreira Franco e Marcello Alencar que os destruíram -
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Publiquei ontem aqui o depoimento do jornalista Luiz Augusto Erthal sobre a generosa aventura de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola com seu projeto de educação integral e a oposição que, desde o primeiro momento, os Cieps enfrentaram de Roberto Marinho e seu império Globo.
Mas se o “cogumelo global”, como dizia Brizola, atacava pelo bombardeio, seus agentes no Governo do Estado, encarregados de dar fim – ou quase fim, porque muitos sobrevivem, sem o projeto original mas com o esforço e a dedicação de professores e diretores – têm nome e sobrenome e estão apontados no jornal que meu colega e amigo  publica, o Toda Palavra, que vai ouvir Lia Faria, uma das integrantes da equipe de Darcy:
Lia Faria, que ocupou os cargos de coordenadora-geral de treinamento de pessoal na primeira fase do programa (1985-1987) e de coordenadora pedagógica na segunda fase (1991-1995), afirma que, além do prejuízo para os alunos, a descontinuidade do projeto também deixou de formar pelo menos 50 mil profissionais nesses trinta anos. “Eu mesma capacitei pessoalmente nove mil professores”, afirma. Para ela, a capacitação de profissionais de três áreas (educação,saúde e cultura), com formação em exercício e a visão multidisciplinar

Segundo Lia Faria, os responsáveis pelo desmonte do programa “têm nome e sobrenome”: Moreira Franco e Marcello Alencar.

Cieps - “Governador, faça umas escolinhas…” Roberto Marinho tentou fazer Brizola abortar o projeto desde o início

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Luis Augusto Erthal é um teimoso. Insiste em ser jornalista, insiste em ser brizolista, insiste em editar livros e insiste em promover a cultura de sua terra, Niterói, onde me encontro exilado já faz tempo. Faz pior, insiste em ser meu amigo há mais de 30 anos, desde a finada Última Hora. E insiste, juntando toda a teimosia, em publicar jornais, um deles o que me envia, sobre os 30 anos do Programa Especial de Educação, que o povo conhece como Cieps, ou Brizolões.
Tem mais coisas, mas começo pelo depoimento pessoal que dá, no qual eu tenho culpa, porque “matriculei-o” por dois anos nos Cieps, em horário integral. Mas como jornalista, capaz de trazer detalhes, propostas, conquistas e dificuldades do mais ambicioso projeto educacional que este país já viveu. Ia dizer já viu, mas não o posso fazer porque não viu, pois essa revolução educacional, que mobilizou milhares de professores e centenas de milhares de crianças, jovens e adultos, numa área construída maior do que Brasília, na sua inauguração, foi criminosamente boicotada pela mídia.
Uma grande e generosa aventura, que jamais sairá de nossos corações, de nossas vidas e de nossos sonhos, que deixo que ele conte, porque o faz melhor que eu.


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Luiz Augusto Erthal
Não poderia publicar uma matéria sobre os Cieps sem dar um depoimento pessoal, por mais que me doam algumas das lembranças hoje sopesadas na distância desses 30 anos. Tive o privilégio de ver esse programa nascer e acompanhar cada passo da sua implantação. Talvez seja o jornalista que mais colocou os pés dentro dessas escolas, em muitas delas quando ainda se encontravam na fundação.
Estive no Palácio Guanabara, como jornalista e assessor de imprensa, nos dois governos Brizola (1983-1987 e 1991-1995). Cheguei em 1984 para participar de um projeto jornalístico, cujo objetivo era criar um caderno noticioso dentro do Diário Oficial do Estado, o D.O. Notícias, como ficou conhecido, uma estratégia para tentar enfrentar o cerco da mídia contra o governo. Fui designado pelo editor, Fernando Brito, mais tarde assessor-chefe de imprensa do governador, para cobrir as áreas de educação e esportes.
Passávamos os dias como combatentes às vésperas de uma grande batalha naqueles primeiros meses. Brizola conquistara o governo fluminense superando grandes obstáculos, desde atentados à sua vida até a fraude da Proconsult, uma tentativa desesperada de impedir sua chegada ao governo fluminense.
Havia uma enorme expectativa em torno dele desde a posse no Palácio Guanabara, que mais pareceu a queda da Bastilha, com o povo ocupando de forma descontrolada aquele símbolo de poder.  Afinal, nos estertores da ditadura, cada naco de poder reconquistado pelo povo era valioso. Vigiado de perto pelos militares, que permaneciam ainda no controle, bombardeado pela mídia conservadora e sufocado economicamente, Brizola tinha pouco espaço de manobra. Até que algo aconteceu.
“Agora esse governo começou!”, lembro bem da exultação do Brito ao voltarmos da apresentação do projeto dos Cieps, com a presença de Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, no Salão Verde do Palácio Guanabara. Uma revolução havia sido colocada em marcha. Estava claro para todos nós.
Brizola não tinha condições políticas de retomar naquele momento, como nunca mais teve, a reforma agrária e as outras reformas de base preconizadas por ele e por Jango em 64. No entanto, cria como ninguém no poder transformador da educação. Órfão de pai, que morreu emboscado ao retornar da última revolução farroupilha, em 1922, ano do seu nascimento, Brizola e seus irmãos foram alfabetizados pela mãe em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul. Calçou os primeiros sapatos e usou a primeira escova de dentes aos 12 anos, na casa de um reverendo metodista, cuja família o adotou. Pode, então, estudar até formar-se em engenheiro. Fora salvo pela educação.
Quando governador do Rio Grande do Sul (1958-1962), construiu nada medos do que 6.300 escolas. “Nenhum município sem escola”, era o lema. Mas a realidade do Rio de Janeiro nos anos 80 era bem diferente. Ao retornarem do exílio, após 15 anos, Brizola e Darcy se depararam com a obra macabra da ditadura: o inchaço das grandes cidades, a favelização, a desestruturação familiar e o surgimento do crime organizado, que separavam, como bem sabemos hoje, nossos jovens de seu futuro. Aquelas escolinhas alfabetizadoras e formadoras de mão-de-obra técnica e rural do Rio Grande do Sul não resolveriam o problema do Rio de Janeiro pós-golpe.
A solução: uma escola integral em turno único, ofertando educação, cultura e cidadania; mantendo os jovens durante todo o dia longe das ruas e da sedução do crime organizado; dando alimentação, assistência médica, esportes e muito mais. Tudo isso, porém, tinha um custo e exigiria a ruptura de um velho paradigma da política brasileira – de que os recursos públicos sejam colocados à disposição das nossas elites e não do povo. A inobservância desse princípio levou o presidente Getúlio Vargas ao desespero e suicídio; o presidente João Goulart à morte no exílio e a presidente Dilma, agora, a um completo isolamento político, culpados, todos eles, por fazerem transferência direta dos recursos públicos para o povo e não para as elites.
Logo após o lançamento do programa dos Cieps, Brizola ainda tentou estoicamente obter o apoio do então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho. Sabia o quanto ele seria capaz de influenciar, para o bem ou para o mal. Apresentou-lhe pessoalmente o projeto e nos relatou depois:
“Ele olhou, olhou, olhou e não disse uma palavra. Em uma segunda oportunidade em que nos encontramos, eu cobrei: ‘Então, doutor Roberto, o que achou do nosso projeto’. Então ele disse: ‘Olha, governador, se o senhor quer construir escolas, está muito bem. Mas não precisa disso tudo. Faça umas escolinhas… Pode até fazê-las bonitinhas, tipo uns chalezinhos…’.” Depois disso não houve mais diálogo entre eles.
Os Cieps começaram a brotar do chão com a arquitetura inconfundível de Oscar Niemeyer. Eu fazia sobrevoos de helicóptero para fotografar as obras e, vistas do alto, indisfarçáveis, pareciam pragas que irrompiam da terra árida dos subúrbios e das cidades da Baixada Fluminense. Era a praga rogada pelo povo esquecido que, enfim, tomava sua forma visível e ameaçadora, pois apontava para uma nova ordem.
“As gerações formadas pelos Cieps farão por este País aquilo que nós não pudemos ou não tivemos a coragem de fazer”, afirmava Brizola. Esta, e só esta, é a razão do ódio e do horror que essas escolas incutem até hoje em nossas elites.
Eles ainda estão aí. Descaracterizados, desconstruídos, desativados, degradados. Mas cada um desses 508 Cieps ainda traz consigo a semente da grande revolução sonhada por Brizola e Darcy. São quinhentas “toras guarda-fogo” feitas de concreto armado, uma imagem dos pampas gaúchos com que Brizola gostava de ilustrar o futuro do nosso povo:
“Às vezes a fogueira do gaúcho parece ter-se apagado à noite, mas existe sempre a tora guarda-fogo, que esconde aquela centelha interior. Pela manhã, basta assoprá-la para a chama ressurgir.”



Merval, dobre a língua para falar de Leonel Brizola


Paulo Henrique Amorim faz uma muito bem humorada brincadeira com a menção – aliás de segunda mão, porque a fala original é de Delfim Netto – de um suposto “brizolismo” da Presidenta Dilma Rousseff. Diz PHA, no vídeo que reproduzo abaixo, que Dilma tem conceitos sobre o capitalismo semelhantes ao de outro “brizolista”, o Papa Francisco, que diz que o capitalismo “é uma ditadura sutil”, que o direito à propriedade “não é absoluto” e que a mídia “é um instrumento do colonialismo ideológico”.
Merval pode ter certeza que se Dilma fosse mesmo tão “brizolista” ainda hoje, a batata de muita gente ia estar assando.
Porque, a esta hora, o velho Brizola estaria mais ou menos no milésimo discurso contra o golpismo.
Porque a esta hora, Brizola estaria indo ao rádio e a televisão, por horas, para

A bandeira de Brizola em boas mãos, por Rodrigo Vianna

Lula e Ciro
Ciro e Cid Gomes assumem o PDT
Ciro Gomes foi um leal combatente ao lado de Lula, nos tempos mais difíceis – quando parte do PT se enfiou debaixo da cama depois da denúncia do Mensalão em 2005.

Cid Gomes, irmão dele, teve a coragem de ir ao Congresso e cravar na testa de Eduardo Cunha: “achacador”!

Os dois têm uma trajetória controversa. Trocaram de partido várias vezes. Mas nos últimos 12 anos jamais trocaram de lado.

Cid e Ciro anunciaram o ingresso no PDT – que desde a morte de Brizola em 2003 perdeu força e identidade. Clique aqui para saber mais.

Está evidente que um dos dois será candidato a presidente em 2018. É mais um sinal de que a polarização PT/PSDB está encerrada.

Ciro (ou Cid?) pode até vir a ser o candidato apoiado por parte do bloco que hoje gravita em torno do lulismo. Mas o mais provável é que esse bloco se desfaça.

A próxima eleição (seja em 2018, ou antes disso se prosperar o golpe parlamentar contra Dilma) deve ser parecida com a de 1989: um quadro fragmentado.

O PSDB mesmo ameaça se estilhaçar. Há 3 projetos pessoais em disputa: Aécio pode ficar com a legenda tucana, Alckmin pode sair pelo PSB e Serra pelo PMDB (com apoio de Temer).

E a direita amalucada pode, sim, viabilizar uma candidatura de Bolsonaro ou Caiado – seguindo as pegadas da Frente Nacional na França e de outros grupos de tinturas fascistas mundo afora.

Pela esquerda, pode-se viabilizar uma nova frente – com partes do ex-PT, do PSOL e outras forças.

E ainda haverá espaço para candidaturas como a de Ciro/Cid.

Lula sobreviverá até 2018? Está fora do páreo? Hum, nada disso está definido.

Os tucanos apostam em “fechar” o PT, e esmagar Lula com apoio da Globo. Acham que assim chegarão ao poder. Podem ser surpreendidos pela história.



Um amigo que sabe das coisas costuma dizer: “não existe Salieri sem Mozart”. Uma referência ao músico invejoso que vivia às turras com o gênio Mozart na velha Áustria.

FHC e os tucanos são Salieri. Arrebentam-se de inveja do gênio que é Lula.

Se o lulismo se apagar, o tucanismo pode acabar-se junto.

A orquestra pode acabar nas mãos de um oportunista de direita?

Ou, num quadro menos pessimista, pode-se construir uma alternativa que não ponha em risco a soberania do país. Ciro e Cid representam essa possibilidade.

A bandeira de Brizola estará em boas mãos.
no Escrevinhador

Twitter da hora

Brizola tá vivo! Quem morreu foi o pdt

Paulo de Lima - @PAULAO777

PTB: eram só três letras na história, mas ainda dóem

Autor: Fernando Brito

 Era o dia 12 de maio de 1980. O lugar,o velho hotel Serrador, no Centro do Rio. Ali, nas palavras de Brizola, “consumou-se o esbulho”.

A sigla PTB, bandeira de quase 30 anos de lutas do povo brasileiro, por artes de Golbery do Couto e Silva, foi entregue a Ivete Vargas e à direita. 35 anos depois, a farsa vira tragédia e a sigla, agora, é entregue ao DEM.

Impossível não ver de novo aquela cena, nem deixar de lembrar o que, sobre ela, escreveu três dias depois, no JB, Carlos Drummond de Andrade, O gesto de quem prefere rasgar seu grande amor na batalha, que fazer dele a mortalha de tudo o que significou.

Eu vi… Carlos Drummond de Andrade

Vi um homem chorar porque lhe negaram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos. Vi uma mulher beber champanha(*) porque lhe deram esse direito negado ao outro.

Vi um homem rasgar o papel em que estavam escritas as três letras, que ele tanto amava. Como já vi amantes rasgarem retratos de suas amadas, na impossibilidade de rasgarem as próprias amadas.

Vi homicídios que não se praticaram mas que foram autênticos homicídios: o gesto no ar, sem conseqüência, testemunhava a intenção. Vi o poder dos dedos. Mesmo sem puxar o gatilho, mesmo sem gatilho a puxar, eles consumaram a morte em pensamento.

Vi a paixão em todas as suas cores. Envolta em diferentes vestes, adornada de complementos distintos, era o mesmo núcleo desesperado, a carne viva; E vi danças festejando a derrota do adversário, e cantos e fogos.

Vi o sentido ambíguo de toda festa. Há sempre uma antifesta ao lado, que não se faz sentir, e dói para dentro.

A política, vi as impurezas da política recobrindo sua pureza teórica. Ou o contrário… Se ela é jogo, como pode ser pura… Se ela visa o bem geral, por que se nutre de combinações e até de fraudes.

Vi os discursos…

PT, deixa o Severino Pépé falar

Lula: o debate nos faz falta

2015 | 23:06 Autor: Fernando Brito
severino
Eu, volta e meia, vou olhar o número de compartilhamentos e de comentários do post, por duas razões: não apenas é o que defende o leite das crianças nas contagens malditas da publicidade como é, em parte, o que mede a utilidade de escrever aqui.
Claro que os post que conseguem mais audiência e mais compartilhamentos são aqueles em que se revela alguma situação escandalosa ou risível dos personagens da direita, ou os que mostram exemplos de dignidade pessoal.
Quem fez jornal sabe reflexão não é manchete.
Ficou longe de ser um campeão de audiência, mas provocou uma polêmica fraterna que, creio, a todos nos fez muito bem.
Todos somos, pouco mais ou pouco menos, frutos de onde viemos. E nossa biodiversidade é que nos faz mais fortes.
Vendo o debate, lembrei-me de algo que  muitos vão considerar insólito.
Veio-me à mente o Severino, o Severino Pé-Pé.
Severino era um mendigo, a quem não se sabia o que tinha atirado à rua, se antes a cachaça ou se antes da cachaça um amor, uma tragédia pessoal.
Bronco não era, e o Castro Alves que descia às catadupas  sua da língua engrolada o provava.
Se não o deixavam entrar nas lanchonetes, nas lojas, nos mercados, havia um lugar onde Severino poderia entrar: no terceiro andar da Rua 7 de setembro, n° 141, onde se realizavam as reuniões do PDT, nos primeiros tempos de Brizola antes e depois da vitória para o Governo do Rio.
Mesmo quando um pouco alterado, Brizola pedia que o deixassem falar, ‘porque ele é um homem que não tem nada a perder nem a ganhar, vai falar com sinceridade”.
Severino não era um radical, mas era cru. Dizia algumas vezes  o que nos faltava ouvir.
Quando vamos ao poder, encastelamo-nos, ouvimos pouco das pessoas que para lá nos levaram e muito daqueles  que, muito importantes, não nos quiseram lá.
Não me excluo deste juízo, por certo.
Mas a polêmica provocada pelo que, cheio de dúvidas e com uma única certeza inabalável, escrevi mostra o quanto estamos carentes disso, do debate.
Se Lula, de fato, quer reciclar o PT, deve chamar ao debate também a imensa – quem sabe majoritária – parcela da esquerda brasileira que está fora dele mas que reconhece nele, Lula, a expressão de um projeto popular para o Brasil.
Inclusive aos Severinos Pé-Pé, aos excluídos, aos dissidentes, aos andrajosos, aos desqualificados pelos homens “bons” e mesquinhos, que querem tudo para si e que não são capazes de dizer, como ele fazia, com os cabelos ensebados a transmutarem-se na cabeleira do poeta:



Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!…
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa… chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!…
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança…
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! … Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Fernando Brito - Tijolaço