por Carlos Chagas
Importa menos, hoje, expor preferências variadas ou especular sobre quem sairá vitorioso, se Dilma ou Serra. O fundamental é verificar que há razão quando o comitê de campanha do PT denuncia má-vontade e até má-fé por parte de vasto segmento da grande imprensa diante da candidata. Depois dos jornalões, faltavam as revistas semanais. Não faltam mais, desde o fim de semana.
Como porta-voz ou, mesmo, integrante das elites econômicas, e com as exceções de sempre, a mídia distorce, omite, pressiona e tenta transmitir à opinião pública a iminência do chamado risco-Dilma, ou perigo-Dilma, em cada gesto, iniciativa ou opinião da ex-ministra. Exatamente como aconteceu em 2002, quando o Lula caminhava para eleger-se, até que cedeu, esqueceu antigas promessas de reformas de base e escreveu a tal “Carta aos Brasileiros”, prometendo manter as linhas-base da política neoliberal de Fernando Henrique. Parece ser isso o que pretendem, cercando e encurralando Dilma Rousseff em cada momento de sua campanha.
No fundo, a grande imprensa e seus mentores estão morrendo de medo. Temem que a candidata possa fazer o que o Lula não fez, interrompendo o fluxo de benesses e favores para o andar de cima e promovendo mudanças essenciais, como o imposto sobre grandes fortunas, a proibição da fuga de capitais, a taxação do capital especulativo e a ampliação da reforma agrária.
Dilma já cedeu uma vez. Seu recuo ao estripar o programa de governo do PT junto à Justiça Eleitoral, semana passada, estimula maiores pressões por parte das elites. Elas estariam felizes e até demonstrariam simpatia pela candidata caso um sucedâneo da “Carta aos Brasileiros” emergisse dessa guerra suja que passaram a desencadear. Resta saber se haverá ânimo para a resistência.
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