Alerta à militância

ImageComo já alertei [Aqui, os rumos da atual campanha lembram alguns episódios que vivemos em 1989, com farsas contra Lula e o PT, que acabaram influenciando no resultado das urnas e, só depois das eleições, a verdade veio a público. Por isso é muito importante que, nesta reta final do segundo turno, a militância fique muito atenta. Sabemos que é uma tática da direita infiltrar pessoas em atos públicos para gerar confusão e atribuir ao PT. Por isso, alerto aqui a militância para que fique atenta, resista as provocações e, mais do que isso, que cada militante fique atento para flagrar todo movimento irregular da central de baixarias organizada pelos tucanos e aliados para atacar a candidata Dilma Rousseff (PT-governo-partidos aliados).


Lembrem-se que na última quinta-feira, em Passo Fundo (RS) os petistas seguiram e fotografaram uma irregularidade da campanha tucana. Após a denúncia, foram presas três pessoas com um caminhão que distribuia sacolas de alimentos em troca de votos, acompanhadas de material de campanha do Serra. Também foi a militância petista que flagrou e denunciou a gráfica tucana do Cambuci, onde foram encomendados 20 milhões de panfletos contra Dilma, dos quais 1 milhão foi apreendido pela PF, outro milhão já havia sido distribuído e não se sabe dos outros 18 milhões.



É preciso que cada militante, e também cada simpatizante, fique atento, fotografe e denuncie campanhas ilegais, e tome muito cuidado para não ceder a provocações de agentes infiltrados com camisetas do PT nos atos públicos. E vamos a luta rumo a vitória no segundo turno.

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Porque vou votar na Dilma

Antonio Tomaz Matta Machado, professor emérito do Departamento de Medicina Preventiva e Social de UFMG.

Desenrolaram a bolinha de papel

nela estava escrito...
Colaboração do navegante Marcus
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9 problemas de saúde que não podemos ignorar


1 Perder o canto externo das sobrancelhas
POR QUE SE INCOMODAR? “Sobrancelhas ralas podem ajudar a diagnosticar casos mais avançados de hipotireoidismo”, diz Paulo Lacativa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da regional Rio de Janeiro. Ter essa pista extra facilita o diagnóstico, quando analisada em conjunto com outros sintomas, que podem variar de acordo com a idade do paciente. “Nas pessoas mais novas, além do inchaço no pescoço (bócio), costumam surgir sintomas como sonolência, frio, prisão de ventre, pele ressecada e cabelo quebradiço. Já nos mais velhos, a depressão é o sintoma mais comum”, explica o especialista. O hipotireoidismo resulta de uma glândula tireoide hipoativa, que faz com que o corpo funcione mais devagar, e aumenta os riscos de cardiopatias, glaucoma e demência.
E DAÍ? Um exame de sangue revela se os níveis do hormônio estimulante da tireoide (TSH) ou do hormônio tiroxina estão baixos demais. Se estiverem, é preciso passar a vida toda tomando comprimidos de tiroxina.
2 Estômago inchado
POR QUE SE INCOMODAR? O câncer de ovário tem sintomas imprecisos que os médicos e as mulheres podem não perceber. Mas, segundo Luiz Mathias, chefe da Ginecologia do Instituto Nacional do Câncer (INCA), “o sintoma com mais alto risco de câncer de ovário é o aumento persistente do tamanho do abdome”. Outros sintomas incluem dificuldade de comer e sensação de estar cheia ou estufada, além de dor pélvica, nos casos mais avançados. A sobrevida chega a quase 100% se o diagnóstico for precoce, mas diminui exponencialmente se a paciente esperar muito para ir ao médico.
Sandra Clarke, que vive na Alemanha com o marido, que serve no Exército britânico, recebeu o diagnóstico de câncer no ovário aos 21 anos. Percebeu que engordara um pouco e que a calça jeans parecia apertada, mas não deu muita atenção. O que a fez procurar o médico foi uma dor aguda no abdome, que ela achava que devia tratar antes de viajar nas férias de verão. “Deve ter sido a decisão mais sábia da minha vida”, diz. “O médico me disse que eu tinha um tumor e que precisava me internar o mais rapidamente possível.”
Sandra extraiu o ovário direito e a tuba uterina, e passou por uma exaustiva quimioterapia. Mas, se tivesse demorado mais tempo, teria sido necessária uma histerectomia total. Sandra, agora com 33 anos, soube que ainda pode ter filhos.
E DAÍ? O ginecologista fará um exame interno à procura de cistos e pode, então, recomendar exames de ultrassom e de sangue.
3 Dentes desalinhados
POR QUE SE INCOMODAR? Dentes mal alinhados são difíceis de limpar, o que contribui para a periodontite. Além de amolecer os dentes e causar mau hálito, a periodontite está ligada a problemas bem graves. “Ela é vinculada a problemas gerais de saúde, como doenças cardiovasculares e diabete”, diz Ricardo Fischer, diretor do Instituto de Odontologia da PUC e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Pesquisas também sugerem que mulheres com periodontite podem ter bebês prematuros e abaixo do peso.
E DAÍ? Marque consultas com um ortodontista e um periodontista. “Pode-se fazer tratamento ortodôntico e periodontal em pacientes de qualquer idade”, diz Fischer. Não descarte, portanto, a possibilidade de usar aparelho nos dentes porque é adulto – embora os dentes demorem um pouco mais para se alinhar. E trate o sangramento das gengivas.
4 Pé chato
POR QUE SE INCOMODAR? O pé chato (ou planovalgo, como chamam os médicos) é uma fonte tradicional de piadas. Mas o pé sem curvatura pode gerar quadros dolorosos nos próprios pés, decorrentes do mau posicionamento dos joelhos, desnível dos quadris e da bacia, e alteração compensatória da coluna.
E DAÍ? “A maioria desses problemas pode ser corrigida com exercícios de fortalecimento e uso de palmilha, um dispositivo ortopédico utilizado dentro do sapato para corrigir a postura”, diz Marcelo Monteiro de Barros, médico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Também é possível usar sapatilhas e botas ortopédicas (órteses) para sustentar o arco do pé. Peça ao ortopedista que indique o melhor tratamento e faça com que este se encaixe em sua rotina. Deixar de calçar sapatos com salto alto e perder um pouco de peso também ajudam.
5 Ronco
POR QUE SE INCOMODAR? Segundo o Instituto do Sono, em São Paulo, pessoas que roncam têm chances maiores de ter pressão alta, cardiopatias, AVC, diabete tipo 2 e colesterol alto do que pessoas que só roncam de vez em quando. Ainda assim, elas esperam, em média, 18 anos para procurar tratamento. Não tratado, o ronco pode se transformar em apneia do sono, que provoca parada respiratória momentânea, fazendo a pessoa despertar seguidas vezes. Quem tem esse problema se sente constantemente cansado. De acordo com estudos recentes, acredita-se que este seja um dos motivos de grande parte dos acidentes de trânsito.
E DAÍ? A apneia do sono pode ser controlada com diversos tratamentos, incluindo um aparelho conhecido pela sigla CPAP (continuous positive airway pressure), que sopra ar pelo nariz para impedir que a garganta se feche. Mas emagrecer, parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas são as melhores soluções de longo prazo.
6 Secreçãovaginal
POR QUE SE INCOMODAR? Secreção vaginal é normal, certo? Não quando muda de cor (ficando esverdeada, amarelada ou sanguinolenta) e vem acompanhada de dores, coceira e mau cheiro. “A mudança na secreção pode indicar diversos problemas de saúde, inclusive uma infecção pélvica”, diz o ginecologista Hugo Miyahira, vice-presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro. Se ignorado, o corrimento pode causar lesões e resultar em doença inflamatória pélvica, uma das principais causas de infertilidade, gravidez tubária – que pode ser fatal – e dores abdominais crônicas.
E DAÍ? Procure o ginecologista. Um tratamento antibiótico imediato reduzirá o risco de complicações em longo prazo.
7 Manchasamarelas aoredor dos olhos
POR QUE SE INCOMODAR? Aquelas placas chatas, cerosas, que também aparecem nas pálpebras, são chamadas de xantelasma. São inofensivas, mas facilmente confundidas com xantomas, placas de gordura que indicam colesterol muito alto. “O xantoma não é um sintoma comum, mas quando surge é diretamente ligado ao colesterol em taxas perigosas, geralmente de origem genética”, diz Egon Daxbacher, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apesar de haver poucos sintomas óbvios, o colesterol alto pode congestionar as artérias e é fator de risco de AVC e infarto. Outro sinal é um anel branco ou cinza, visível e opaco, em torno da íris.
E DAÍ? Procure o médico e peça um exame de sangue. Se o colesterol estiver alto, pode ser que ele lhe peça mudanças no estilo de vida ou receite estatinas. “É possível tratar xantelasmas e xantomas com cirurgia para a retirada da placa, ou cauterização com bisturi dentro da lesão”, diz Daxbacher. “Peça encaminhamento a um dermatologista ou cirurgião especializado.”
8 Indigestão
POR QUE SE INCOMODAR? “Manifestações novas de indigestão – ou dispepsia – em pessoas com mais de 50 anos, principalmente quando ligadas a perda de peso, sempre fazem os meus alarmes dispararem”, diz José Augusto Messias, presidente da Sociedade de Gastroenterologia do Rio de Janeiro. Em algumas ocasiões, é sinal precoce de câncer de estômago, o que requer tratamento emergencial, com a remoção da parte atingida.
E DAÍ? Se o tratamento da indigestão não funcionar após seis semanas, é hora de explorar ainda mais, diz Messias. “A endoscopia detecta cânceres gástricos ainda no início e pode salvar vidas.”
9 Perda temporária de visão
POR QUE SE INCOMODAR? Hugh Thrift, de Gloucestershire, na Inglaterra, foi consultar seu médico com queixa de “joelho bambo”. Só mencionou os episódios oftalmológicos porque o médico perguntou se havia outras coisas que o incomodavam. De vez em quando, o engenheiro de 57 anos tinha a sensação de que descia uma cortina sobre um olho, restando apenas uma pequena abertura na parte inferior para ele enxergar. Porém, passados alguns segundos, a visão voltava ao normal.
Era amaurose fugaz, espécie de ataque isquêmico transitório ou miniderrame em que o fluxo de sangue para a retina é obstruído por uma minúscula gota de colesterol da artéria carótida congestionada. De fato, a carótida direita de Hugh estava com 75% de entupimento e ele teve de fazer uma endarterectomia da carótida para remover a placa. Cinco anos depois, ele toma aspirina e uma dose baixa de estatina para evitar um AVC.
E DAÍ? Consulte o oftalmologista para descartar um problema oftálmico. O médico poderá, então, pedir um ultrassom das carótidas.


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Duas jóias de suspiro

Entrei na joalheria e pedi para ver alianças de casamento. Encontrei uma de que gostei bastante e perguntei o preço.
– São 3.000 reais – respondeu a atendente.
Soltei um suspiro profundo, devolvi a aliança e peguei outra.
– E quanto custa esta aqui?
– Dois suspiros, senhor – respondeu a moça.

A hipocrisia do aborto

Teoria e prática de Mônica Serra
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Nesta campanha, o casal Mônica e José Serra rompeu a fronteira entre o público e o privado ao dar conotação eleitoreira ao tema do aborto. 
Quando retirou o procedimento da categoria de saúde pública ou de foro íntimo, o casal abriu um flanco na própria privacidade. 
Serra vinha condenando de forma sistemática a descriminalização ao aborto. 
Mônica, por sua vez, havia sido ainda mais incisiva, intrometendo-se no assunto durante uma carreata com o marido em Duque de Caxias (RJ): 
“Ela (Dilma) é a favor de matar as criancinhas”, disse a um ambulante que apoiava a candidata do PT. 
Não demorou para que o relato de um aborto feito por Mônica quando Serra vivia exilado no Chile virasse assunto público. 
O caso foi trazido à tona pela bailarina e coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro, 38 anos, ex-aluna de Mônica no curso de dança da Universidade de Campinas. 
Ao lado do marido, o antropólogo italiano Massimo Canevacci, Sheila assistia em sua casa a um debate entre os presidenciáveis quando Dilma Rousseff questionou Serra sobre ataques feito por Mônica. 
Surpreendida, Sheila se lembrou em detalhes de uma aula de psicologia ministrada em 1992 por Mônica para a sua turma na Unicamp. 
Ao discorrer sobre como os traumas da vida alteram os movimentos do corpo e se refletem no cotidiano, Mônica contara ao pequeno grupo de alunas do curso de dança que ficara marcada por um aborto que precisou fazer na época da ditadura, devido às condições políticas adversas em que vivia. 
“Fiquei assustada com o duplo discurso de minha professora”, afirma Sheila, que na manhã seguinte colocou uma reflexão sobre o assunto em sua página na rede social Facebook.
A coreógrafa acreditava estar compartilhando a experiência com um grupo de amigos, mas o texto se espalhou, ganhou as páginas dos jornais e até uma nota oficial da campanha de Serra negando o aborto. 
Já Mônica e Serra não fizeram qualquer desmentido sobre o caso. 
Na sequência, Sheila recebeu milhares de apoios, mas também críticas, incluindo a de ter traído sua antiga professora. 
“Foi ela quem traiu minha confiança como aluna e mulher”, diz a coreógrafa. 
“Ela não é a mulher do padeiro, do dentista. Ela é a mulher de um candidato a presidente da República. O que ela fala e faz conta”.
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As atitudes das personalidades públicas contam tanto que chegam a provocar temor. 
Colega de classe de Sheila, a professora de dança C.N.X., 36 anos, também se lembra do depoimento de Mônica na universidade, mas pede para não ser identificada. 
Recém-aprovada em concurso de uma instituição federal, ela acredita que, se eleito presidente, Serra pode prejudicar sua carreira. 
Quanto à aula de 1992, C.N.X. conta que o grupo de alunas não chegava a dez e estava sentado em círculo quando Mônica comentou que um dos fatores que tinham alterado sua “corporalidade” foi a vivência na ditadura e a necessidade de fazer o aborto. 
“Ela queria ter o filho, não queria ter tirado”, diz a professora de dança. 
“E eu fiquei muito chocada com o depoimento, pois na época era muito bobinha”, completa C.N.X., que passara no vestibular com apenas 16 anos e pela primeira vez vivia longe da família.
Na opinião da professora de dança, nada impede que, de 1992 para cá, Mônica tenha mudado de ideia: 
“Mas ela não pode ser hipócrita. Sabe que o aborto é uma experiência traumática”
Trata-se também de um tabu no País, embora 5,3 milhões de brasileiras entre 18 e 39 anos tenham feito pelo menos um aborto, de acordo com o Ministério da Saúde. 
Mais da metade das brasileiras que se submete ao procedimento acaba internada devido a complicações da intervenção. 
Como se não bastasse, pode ser condenada a pena de um a três anos de detenção, como prevê o Código Penal de 1940, exceto para os casos de estupro ou de risco de morte da mãe. 
A mudança dessa lei – ISTOÉ defende a descriminalização do aborto – pode ser o primeiro passo para acabar com a hipocrisia e transformar a interrupção da gravidez em uma questão de saúde pública e de foro íntimo.

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Delegada que prendeu engenheiro por receptação de joia roubada sofreu pressões do alto escalão do governo paulista para liberar o arrecadador tucano

Paulo Preto o protegido
Nos últimos dias, integrantes do PSDB voltaram a fazer contorcionismos verbais na tentativa de reduzir a importância do engenheiro e ex-diretor do Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, personagem revelado em agosto por ISTOÉ que tem trazido constrangimento para a campanha do candidato tucano à Presidência, José Serra. Até agora, era sabido que Paulo Preto, além de ex-diretor da estatal responsável pelas principais obras viárias de São Paulo, virou alvo de acusações de líderes do PSDB porque teria dado sumiço em R$ 4 milhões arrecadados de forma desconhecida para a campanha tucana. Sentindo-se abandonado, depois que o candidato do PSDB ao Planalto negou conhecê-lo, Paulo Preto fez ameaças públicas e passou a ser defendido por Serra. Todo esse enredo já seria suficiente para mostrar a influência do engenheiro, cuja força a campanha do PSDB insiste em tentar diminuir. Mas os bastidores da prisão de Paulo Preto, há quatro meses, por receptação de joia roubada, são ainda mais reveladores do peso do ex-diretor do Dersa nas hostes tucanas.
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IRREGULAR
TCE condena Paulo Preto e o diretor-presidente do Dersa
por contrato sem licitação em obra do rodoanel

O engenheiro foi preso em flagrante no dia 12 de junho, na loja de artigos de luxo Gucci, dentro do Shopping Iguatemi, no momento em que negociava ilegalmente um bracelete de brilhantes avaliado em R$ 20 mil. Detido pela polícia, Paulo Preto foi encaminhado ao 15° DP, localizado no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo. Por coincidência, estava na delegacia naquele momento, registrando uma ocorrência, o deputado Celso Russomano (PP-SP). Ali ele presenciou uma cena pouco usual. A delegada titular do distrito, Nilze Baptista Scapulattielo, conforme Russomano contou a ISTOÉ, foi pressionada por autoridades da Polícia Civil e do governo de São Paulo para livrar o engenheiro da prisão. “Ela recebeu ligação do Aloysio (Nunes Ferreira, ex-chefe da Casa Civil), do delegado-geral, do delegado do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), isso tudo na minha frente, para aliviar o Paulo Preto. A pressão era para não prendê-lo em flagrante delito”, disse Russomano.
Ou seja, dois meses depois de ter sido demitido da Dersa, o ex-diretor ainda era tratado com privilégios por membros da cúpula do governo paulista. Para defendê-lo, foram capazes até de agir ao arrepio da lei, que deveria valer de maneira igualitária para todos. Mas as pressões não foram suficientes para tirar do prumo a delegada, que cumpriu suas obrigações profissionais. Nilze Baptista é conhecida no meio policial pela competência e pulso forte. Além de prender Paulo Preto, enquadrou o engenheiro como receptador de joia roubada. No boletim de ocorrência, Nilze Baptista disse que, durante a detenção, foram encontrados R$ 2.742 na calça e R$ 8.500 no bolso da jaqueta bege de Paulo Vieira de Souza. Escapou-lhe, porém, um pequeno detalhe que joga um ingrediente ainda mais peculiar no episódio. “Quando Paulo Preto foi flagrado pela polícia, também havia dinheiro nas meias”, revela Russomano. Durante a ação policial, os agentes ainda apreenderam com Paulo Preto um veículo esportivo de luxo BMW Z4 2009/2010, avaliado em R$ 250 mil. Horas depois, o veículo foi liberado. Já o engenheiro passou dois dias no xadrez.
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DINHEIRO
Policiais encontram mais de R$ 11 mil
nas roupas do engenheiro

Em breve, Paulo Preto também poderá ter de se explicar por suas estripulias na esfera administrativa. Ao rejeitar as acusações sobre a suposta atividade de arrecadador informal do PSDB, o engenheiro estufa o peito para falar de suas qualidades de administrador probo e eficiente. Mas diversas ações abertas pelo Ministério Público de São Paulo desde 2008, para investigar problemas em contratos do Dersa, sugerem um quadro bem diferente do que pinta o ex-diretor. Há, por exemplo, sete investigações em curso sobre irregularidades e superfaturamento no pagamento das indenizações de desapropriação de imóveis para obras, como o trecho sul do rodoanel. Os promotores também apuram eventual prejuízo ao erário na execução do contrato firmado com o consórcio responsável pela mesma obra, tanto na “metodologia empregada para a construção de pontes” como no “emprego de material diverso do ajustado”. O trecho sul do rodoanel custou aos cofres públicos R$ 5 bilhões.
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Muitas dessas apurações partiram de processos julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), que no início de setembro condenou um contrato de R$ 1,4 milhão, firmado sem licitação pelo Dersa com o chamado Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental (IIEGA). O termo de parceria foi assinado em junho de 2007 por Paulo Vieira de Souza, então responsável pela engenharia, e o diretor-presidente do Dersa, Thomaz de Aquino Nogueira – que foi multado em R$ 16 mil. Para os conselheiros do TCE-SP, o Dersa não conseguiu justificar a escolha da contratada “em detrimento de outras instituições ou empresas habilitadas a prestar os serviços” e a “ausência de elementos utilizados para a avaliação da economicidade”. Curiosamente, o instituto de ecologia foi criado pelo cientista José Galizia Tundisi, que presidiu o CNPq durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na gestão de Tundisi, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou várias irregularidades e chegou a multá-lo por conta do aumento ilegal de 160% no valor de um contrato milionário firmado com a IBM.
Apesar das evidências envolvendo Paulo Preto, o PSDB e José Serra continuam a tratar o tema como um assunto de pouca importância. Embora tenha nomeado uma das filhas do ex-diretor do Dersa, Tatiana Arana Souza Cremonini, para cargo de confiança, no mês em que assumiu o governo de São Paulo, Serra disse que não teve responsabilidade pela contratação quando foi questionado sobre o indício de “nepotismo” em entrevista ao “Jornal Nacional” na terça-feira 19. Tatiana trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, com salário de R$ 4.595 e, segundo fontes ouvidas por ISTOÉ, era vista com frequência ao lado do então governador. Hoje, Tatiana está de férias. “Essa menina foi contratada – eu não a conhecia, não foi diretamente por mim – para trabalhar no cerimonial que faz recepções, que cuida de solenidades e tudo mais. Sempre trabalhou corretamente. Inclusive eu só vim a saber que era filha de um diretor de uma empresa muito tempo depois”, afirmou o tucano. Durante sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo, Serra contratou a mesma filha de Paulo Preto para um cargo de confiança na SPTuris.
As últimas revelações levaram os líderes do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo a pedir a abertura de uma CPI para apurar o caso. Em Brasília, os petistas, com o apoio de parlamentares do PDT, agiram em outra frente. Na terça-feira 19, protocolaram na Procuradoria-Geral da República representações pedindo a investigação de denúncias. A representação do PT é assinada pelos deputados Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo na Câmara, e por Fernando Ferro (PE), líder do PT. “Ele (Paulo Preto) é réu confesso. Depois das informações sobre o sumiço do dinheiro arrecadado para a campanha, ele deu entrevista dizendo que ninguém deu mais condições de as empresas apoiarem a campanha. Além disso, há sinais claros de enriquecimento ilícito, por isso pedimos a investigação dos fatos e das confissões feitas por Paulo Vieira. É dinheiro público, há evidência de corrupção”, afirmou Vaccarezza.
Colaborou: Alan Rodrigues

“Ele tinha dinheiro na meia”

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“Ela recebeu ligação do Aloysio, do delegado-geral e do delegado do Decap”


ISTOÉ – O sr. testemunhou a prisão do Paulo Preto?
Celso Russomano – Foi uma coincidência. Eu tinha ido ao 15° Distrito para resolver um outro problema envolvendo um segurança particular de um condomínio, que estava determinando quem podia e não podia estacionar em um espaço público. Quando eu cheguei à delegacia, a delegada titular do distrito me contou o que estava acontecendo. Ela me disse que o Paulo Preto estava lá e vi que ela estava sofrendo uma pressão grande.

ISTOÉ – Pressão de quem?
Russomano – Ela recebeu ligação do Aloysio (Nunes Ferreira), recebeu ligação do delegado-geral, do delegado do Decap, isso tudo na minha frente, para aliviar o Paulo Preto. A pressão era para não prendê-lo em flagrante delito. E aí eu até a aconselhei, dizendo para ela agir da forma correta. Disse até que ela não poderia prevaricar, senão seria crime. Ainda perguntei para ela: “Como a senhora vai explicar para o segurança e o gerente da loja que estão aqui?”

ISTOÉ – E o que ela disse?
Russomano – Ela disse, na frente do batalhão de advogados que estava lá, que realmente não poderia fazer nada errado e que se o Paulo Preto tinha sido encontrado com joia roubada ele era mesmo receptador. Ela então me relatou que quando o Paulo Preto foi preso e conduzido para o distrito havia sido encontrado dinheiro nas meias, na calça e na jaqueta. Ou seja, em todo lugar da roupa dele tinha dinheiro.

ISTOÉ – O que aconteceu depois?
Russomano – Depois dessa história várias pessoas me procuraram dizendo “É, você estava na delegacia, tal, esse cara é um cara que você precisava conhecer…” Respondi que não precisava conhecer, não. Conhecer por quê? Aí me disseram que hoje ele tem muita força.

Sérgio Pardellas e Claudio Dantas Sequeira – ISTOÉ


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