Reforma política

No Congresso Nacional caminha assim...
Re: Fotos, charges e tirinhas

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...é História

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 Não sei como o companheiro Flávio Pinheiro, chefe da redação de Veja em 1985, conseguiu convencer Tom Jobim. Mas lá estava o maestro, na Praia do Arpoador às seis e cinqüenta da manhã diante de um piano posto sobre as areias, ao ar livre. Flávio havia dedicado dias na apuração da matéria. Só faltava a foto de capa. Tom topou. O piano não foi tão difícil. A luz estava perfeita, transparente, o maestro de muito bom humor e o céu do Rio azul como nunca. Nem cheguei a interferir na pose. Era justo o que o lay-out do diretor de arte previa. Em quinze minutos, enquanto ele fazia acordes de algumas melodias, fiz três rolos de cromos. O bastante para garantir a capa da edição 842. Fiquei exultante, bela foto. Acompanhei o maestro até o automóvel, enquanto os carregadores começavam a transportar o piano de volta para o caminhão de mudança. De repente, pouco antes de chegar à porta do seu carro, Tom parou. Acenou para os homens do piano e pediu para esperá-lo um por instante. Sentou-se novamente no banquinho e disse-me, com o rosto iluminado pelos primeiros raios de sol de Ipanema: 
- Faltava essa!  Começou a tocar “Manhã, tão bonita manhã”, de Luiz Bonfá e Antonio Maria. Depois da última nota, olhou a paisagem, levantou-se e voltou sorridente ao volante do seu Voyage verde-água. Saiu dirigindo de vagarinho no rumo do Jardim Botânico. Voltei para São Paulo com fotos que jamais imaginei fazer e mais ainda fã daquele grande Tom Jobim. 
Orlando Brito.

por Hélio Gaspari

A bolsa COPOM plantou uma jabuticabeira
O andar de cima nacional precisa pensar na vida. A revista americana “Forbes” divulgou sua lista de bilionários e, nela, há 30 brasileiros e brasileiras com mais de US$ 1 bilhão.
O legendário banqueiro paulista Gastão Vidigal ensinava que instituições financeiras não lidam com produtos, pois “produto é coisa que se pode embrulhar”, como pregos e sabonetes.
Aplicando-se esse critério à lista da “Forbes”, resulta que no Brasil há 13 bilionários na turma dos produtos (Eike Batista, Jorge Paulo Lemann e Ermírio de Moraes, por exemplo), e outros 15 cujo patrimônio derivou principalmente da atividade bancária (Safra, Villela e Moreira Salles).
No grupo da banca, nove dos bilionários pertencem à segunda geração dos fundadores do Itaú-Unibanco e do Bradesco. Alguns deles têm outras atividades profissionais (quando as têm). Dos nove magnatas suíços, só um está no ramo de investimentos.
Na lista dos dez maiores bilionários do mundo, oito lidam com produtos e, entre eles, há apenas um lote de herdeiros, os Walton, do Wal-Mart, empresa que revolucionou os hábitos de consumo americanos.
O peso dos bilionários da banca brasileira é único. Para ficar na área dos Brics, dos 30 maiores magnatas russos, 20 lidam só com produtos; na Índia, 23; e na China, onde a banca é controlada pelo Estado, a turma está quase toda produzindo, ou negociando com imóveis.
Esse é o produto da Bolsa Copom, com seu juros lunares.
A lista em que falta o Brasil
Na mesma semana em que a revista “Forbes” iluminou 30 bilionários brasileiros, o semanário inglês “THE” (“Times Higher Education”) publicou sua lista das cem melhores universidades do mundo. Cadê o Brasil? Micou e não ficou sequer entre as duzentas. Em 2009, a USP fora a 92ª na área da saúde.
Cruzando-se a lista dos bilionários com a das universidades, a coisa fica feia. A China teve incluídas cinco instituições, a Índia e a Rússia têm uma cada. A América Latina, nenhuma.
Nem tudo é ruína. No pequeno mundo dos cursos de formação de executivos, uma avaliação do “Financial Times” deu a Pindorama o 8º lugar com a Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, e o 13º com o Insper, de São Paulo. Ambas são instituições privadas.
Não é o caso de retomar a discussão sobre o futuro das universidades públicas, até porque, com poucas exceções, o estrago da privataria na rede particular garante que ela ficará fora de qualquer lista por mais 50 anos.
Leia a íntegra do artigo Aqui

Espelho

Como homens e mulheres se vêem
Re: Fotos, charges e tirinhas

Fontes alternativas de energia



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Em declarações feitas ontem, o presidente americano, Barack Obama, disse que, em meio à crise em países no norte da África e no Oriente Médio, os Estados Unidos pretendem fortalecer as relações com outras nações produtoras de petróleo, e este será um dos temas discutidos em sua visita ao Brasil, na próxima semana. 

"No que diz respeito à importação de petróleo, nós estamos fortalecendo nossas relações-chave com outras nações produtoras. Isso é algo que vou discutir com a presidente Dilma Rousseff", afirmou.

Toda e qualquer discussão sobre petróleo é bem vinda, particularmente com um parceiro como os Estados Unidos, mas na política energética brasileira, apesar da importância da Petrobras e do pré-sal, o etanol e o biodiesel ocupam um lugar prioritário, na busca de fontes alternativas de energia.

Assim, discutir energia com Barack Obama, para além de fontes seguras de abastecimento para os Estados Unidos, é principalmente discutir como derrubar as barreiras ao nosso etanol no mercado dos Estados Unidos (nossa balança comercial é cada vez mais deficitária), e como encontrar, juntos, via pesquisas de novas tecnologias, novas fontes limpas de energia. Nesse campo os Estados Unidos e o Brasil têm muito o que cooperar, já que são as duas nações em melhores condições de desenvolver novas fontes de energia.

Agiotagem

CONTRA A NATUREZA  DAS COISAS

Deve ser preso como doido quem disser que é natural e  justo, que faz parte das leis da economia e do mercado, pertencendo o mundo aos vencedores das  competições  ou aos  bafejados pelo berço.

Falamos de recente matéria divulgada pela revista “Forbes”, a respeito dos cem maiores  bilionários do  mundo, entre os quais se incluem doze brasileiros. Puxa a fila um tal Eike Batista, filho de um dos maiores experts do comércio dos minerais, ex-ministro Elieser Batista. O  pimpolho ampliou os negócios do pai, sempre beneficiado por conselhos, exemplo e informações de cocheira, chegando hoje ao patrimônio de 30 bilhões de dólares. Basta a cifra gigantesca para se concluir a existência de algo de podre no reino do Brasil. E em outros reinos, onde o salário mínimo pode ser um pouco maior do que 545 reais.

O grave, porém,  é o  que vem depois. Os outros onze bilionários, cada um dispondo de mais de três bilhões de dólares, são todos proprietários, sócios ou herdeiros dos  maiores bancos privados nacionais, aqueles que  lucram bilhões a cada semestre.  O lucro sai de algum lugar, pode ser que da inteligência na prática dos negócios, mas, com toda certeza, muito mais da exploração do trabalho e das agruras alheias. Das facilidades estabelecidas por seus prepostos, governantes,  legisladores ou juízes.

Vamos poupar o leitor de fulanizações, mas os nomes dos privilegiados cidadãos e de seus bancos são daqueles que freqüentam a crônica  social faz décadas. Com raras exceções, jamais trabalharam. Ignoram o  que seja chegar em casa sem comida ou roupa para os filhos. Se é que existe casa.

Uma lista  dessa dimensão precisaria estar sob investigação.   Menos pela  Receita Federal, mais pela consciência coletiva da sociedade. Só que nessas horas tanto faz se  nos governam   generais-presidentes, neoliberais, socialistas, sociólogos  como Fernando Henrique ou torneiros-mecânicos como o Lula. Sequer tecnocratas como Dilma. Todos   acham natural esse escândalo que envergonha a nação.
Carlos Chagas

Reforma política

O que diz sobre o assunto o senador Francisco Dornelles, presidente da comissão que trata do assunto no senado. Abaixo trechos da entrevista que ele concedeu à reporter Adriana Vasconcelos:

- O que o faz acreditar que agora aprovarão a reforma? Não há um brasileiro que não queira a reforma política. Agora, cada um tem a sua. E essa é a dificuldade. [...] Ttemos de fazer um esforço para que, até dia 8 de abril, possamos apresentar uma proposta de reforma política. A grande distorção do sistema político brasileiro é o voto proporcional. De modo que teremos de analisar os sistemas eleitorais.
- É possível acabar com o voto proporcional? Há três propostas. Uma para manter o sistema proporcional, cujo principal defeito é votar em um candidato e eleger outro, levando cada partido a ir atrás do puxador de votos. A segunda seria o distritão, com voto majoritário para deputado federal. Consideraríamos cada estado um distrito, e os mais votados seriam eleitos. Acaba com a possibilidade de o eleitor votar em um candidato e eleger outro. A terceira alternativa é o voto em lista, e o eleitor vota na lista do partido.
- Quais as vantagens do distritão? O sistema favorece candidatos com mais recursos? A maior distorção do voto proporcional é o fato de você votar em um candidato e eleger outro. O endinheirado pode ser eleito no sistema de hoje, ajudando a eleger outros sem voto. No distritão, o endinheirado seria eleito, mas seus votos não ajudariam outros. No sistema de lista, o endinheirado pode comprar lugar na lista. Então, não há como dizer que o distritão favorece o endinheirado. Não prevalece a crítica de que o distritão acaba com o sentimento partidário. Hoje é a mesma situação, votamos na pessoa sabendo que pertence ao partido. No distritão, seria mantido. No voto de lista, é a pior situação, porque o eleitor não saberá em quem estará votando.
- Qual a segunda prioridade? Outro assunto é a suplência de senador. Uma alternativa seria acabar com o suplente, o que seria um problema, já que o Estado não poderia ficar sem representante. Outra possibilidade seria manter o suplente para ele substituir mas não suceder ao titular da vaga. Se o senador se afasta temporariamente, ele substitui. Se se afasta de forma definitiva, se convoca uma nova eleição.
- Como deverá ser tratada a fidelidade partidária? Uma reforma política cujo objetivo seja apenas abrir uma janela para o troca-troca ficaria desmoralizada. Um candidato eleito por um partido tem obrigação de permanecer filiado a ele por pelo menos três anos ou quatro anos. Não dá para estabelecer uma fidelidade partidária que só acaba com a morte. Diria o seguinte: candidatos eleitos nas eleições de 2012 e 2014 poderiam, três anos depois, mudar de partido. Mas a nova regra não atingiria quem já está eleito. A lei não deve retroagir.
- E o fim da reeleição? Minha impressão é de que existe posição majoritária a favor da reeleição.
- Há possibilidade de unificação do calendário eleitoral? Seria complexo. Uma eleição federal tem temática que difere das estaduais e municipais. Se fosse viável mudar, o ideal seria ter eleição presidencial, para senador e deputado federal numa data, e outra para governador, deputado estadual, prefeito e vereador. As eleições federais junto com a de governador criam problemas enormes num país multipartidário, onde a maior parte das coligações nacionais difere das estaduais.
- E o financiamento público de campanha? No financiamento público, o cidadão ajudaria a financiar todos os candidatos, inclusive os que não gostaria de financiar. E a distribuição do financiamento público, quem definiria? O dinheiro iria para as cúpulas dos partidos? Elas ficariam com um poder muito grande. Esse financiamento só teria possibilidade de passar no voto de lista. Sem ele, não pode haver financiamento público.
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