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Zuenir Ventura: a violência como diversão


O Globo

A violência “lúdica”, praticada como entretenimento e esporte, está tão banalizada, tão na moda, que uma impressionante foto publicada nos últimos dias do ano passou quase despercebida. Era do lutador Cigano com um olho roxo, os lábios inchados, o rosto dilacerado, deixando o hospital e ainda pedindo “desculpa”.
Por que? Talvez porque, massacrado numa luta, foi levado ali para se tratar e não para o cemitério.
Numa outra imagem, o americano Caim enfia-lhe um soco boca adentro como se o adversário caído ao chão fosse o próprio Abel bíblico. Já me disseram para “deixar de frescura” porque essas lutas sempre existiram, não são de hoje. De fato, são do tempo em que os cristãos eram jogados na arena para leão faminto comer.
Outro dia uma senhora me desafiou: “Por que o senhor não fala mal também do automobilismo, que mata mais do que o MMA?”.
Não contestei a discutível afirmação e preferi dizer que nas corridas de automóvel o objetivo não é a violência, mesmo quando ela ocorre. Já nessas lutas, sim. Vence quem der mais cotoveladas, joelhadas e pontapés no outro, de preferência no rosto.
Outra alegação é a crescente popularidade do espetáculo, que só perde, dizem, para o futebol. Mas popular o crack também é, e cada vez mais.
Recebi uma carta-queixa da qual publico um trechinho sem comentário, porque ainda não a digeri: “Eu já gosto muito do senhor e acho que vai gostar de mim quando eu começar a falar. Só não consigo entender essa diferença de tratamento entre eu (sic) e Alice. É porque sou Flamengo? Mas, vô, alguém tem que ser amigão do meu pai! Ele merece um ombro amigo para chorar as derrotas do Mengão. Eu vou fazer três meses, e escuto as pessoas dizerem que sou um meninão, um príncipe, uma gracinha, que tenho cara de homenzinho, enfim, faço um sucesso danado, menos pro senhor. E aí, vô, não dá para escrever algumas palavras bonitas sobre mim? Eric”.
Um dos espaços mais concorridos nessa virada do ano — competindo com as congêneres do Vidigal e da Rocinha — foi a recém-inaugurada “Laje do Moreno”. Como atração, além da vista, as delícias da chef Carlúcia.
Ao contrário do que se especula, não haverá shopping subterrâneo na Praça N. S. da Paz. Quem garante é o governador, que informa nunca ter pensado nisso.
Que bom! Espero que meu próximo desmentido seja: “Ao contrário do que se especula, não haverá acesso ao metrô na Praça N.S. da Paz, que será preservada em benefício dos bebês, dos idosos e do meio ambiente. Quem garante é o governador...”

A Presidente Dilma lança o Plano Brasil Medalhas


A presidenta Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira (13) o Plano Brasil Medalhas 2016, que terá investimento de R$ 1 bilhão para colocar o Brasil entre os 10 primeiros países nos Jogos Olímpicos e entre os cinco primeiros nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Os recursos serão destinados às modalidades com maior probabilidade de conquista de medalhas. Foram escolhidas 21 modalidades olímpicas e 15 paralímpicas. Veja, abaixo, a apresentação feita pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo:

As modalidades olímpicas selecionadas são: águas abertas (novo nome para maratona aquática), atletismo, basquetebol, boxe, canoagem, ciclismo BMX, futebol feminino, ginástica artística, handebol, hipismo, judô, lutas, natação, pentatlo moderno, taekwondo, tênis, tiro esportivo, triatlo, vela, vôlei e vôlei de praia. As paralímpicas são: atletismo, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeiras de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, tênis de mesa e voleibol sentado.


O plano vai investir no apoio ao atleta de alto rendimento por meio de bolsas para o pagamento de técnicos, preparadores físicos e nutricionistas; além de recursos para 22 centros de treinamento – 21 para modalidades olímpicas e um centro nacional paralímpico para várias modalidades. As demais modalidades continuarão sendo apoiadas pelo Ministério do Esporte e seguirão recebendo recursos pelas fontes tradicionais de financiamento público.

Futebol: a seleção Maguila


Muitos daqui se lembram do simpático ex-pugilista Adilson Rodrigues, o Maguila, um bom boxeador em nível regional que alguns brasileiros espertos tentaram elevar a fenômeno internacional.
Para fazer cartel, como se chama no boxe (acumular vitórias), Maguila lutava contra sparrings e pugilistas inexpressivos, alguns barrigudos e flácidos, em lutas transmitidas como se fossem espetáculos inesquecíveis da Nobre Arte pelo locutor Luciano do Valle.
Quando ousou enfrentar pugilistas de destaque dos EUA, precisou de uma ajudinha dos juízes num resultado que entrou para a história do boxe, no Maracanãzinho, e foi à lona em lutas nos Estados Unidos. Tornou-se “campeão mundial” por uma obscura associação.
Pois bem, parece que a História se repete, e desta vez como segunda farsa. Estamos vendo nos gramados a Seleção Maguila.
Desde que o técnico Mano Menezes pediu à CBF para desmarcar amistosos contra a Espanha e a Itália, no final de 2011, optando por jogar contra Gana, Gabão e Egito e virando motivo de chacota internacional, a Seleção adotou a tática Maguila para permitir ao seu treinador fazer cartel e evitar derrotas humilhantes contra grandes adversários.
Quem acompanha a Seleção há décadas e já teve de conviver, infelizmente, com técnicos como Falcão, Lazzaroni e Leão, sabe que mesmo nos piores momentos nunca tivemos medo. Na linguagem futebolística, nunca fugimos do pau. Até a Era Mano Menezes. Até a Seleção Maguila.
O primeiro resultado dessa tática covarde, motivada em parte pela pior colocação da Seleção na história da Copa América, foi a perda de uma medalha de ouro fácil nos Jogos Olímpicos. E há dois anos não ganhamos de nenhuma Seleção importante.
Após o fiasco em Londres, Galvão Bueno, que faz o papel então reservado a Luciano do Valle, tentou convencer o País de entrávamos numa fase de “reinício de trabalhos” – e não, obviamente, de continuidade: o mesmo treinador, os mesmos jogadores, a mesma tática, os mesmos adversários.
Goleamos a China por 8x0 ontem.
Quem é a China?
Uma Seleção já eliminada da Copa do Mundo de 2014 num grupo de quatro Seleções que contava com Iraque, Jordânia e Cingapura. Iraque (do treinador Zico) e Jordânia se classificaram para a fase seguinte. A China ocupa atualmente a 78ª colocação no ranking da Fifa (África do Sul, penúltimo adversário da Seleção, ocupa a 74ª colocação).
Como a grande mídia não gosta de fazer jornalismo, nós fazemos. Vejam essa curiosa diferença de escalação inicial, do último jogo da China nas eliminatórias para o jogo da vitória maguiliana.
China 3x1 Jordânia.
C. Zeng, X. Sun, P. Zhao, L. Zhang, J. Liu, J. Hao , T. Chen , S. Qin, H. Yu, P. Lu., L. Gao.
Brasil 8x0 China.
Dalei; Lin, Jianye, Lu Peng e Xiang; Yang, Hanchao, Zhao Peng e Xuri; Zhi e Ting.
Isso mesmo. A Seleção que derrotamos por um placar patético não é sequer a Seleção principal da patética equipe chinesa (aliás, a Seleção com o pior ranking enfrentada na Era Mano).
Agora pensemos alto. Temos a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo em 2014. Qual é a utilidade de jogar partidas em que ficamos 90% do tempo no campo do adversário? Testa-se a defesa, o meio de campo, o ataque – este, contra defesas eficientes?
Que conclusões podem ser tiradas sobre o desempenho dos jogadores se estamos jogando contra Seleções que não participarão dos principais torneios que precisamos ganhar? Como esses atletas jogarão contra grandes Seleções, aquelas que precisamos derrotar para conseguir títulos? Que treino é esse?
Seleções principais derrotadas na Era Mano: Estados Unidos, Irã, Ucrânia, Escócia, Romênia, Equador, Gana, Costa Rica, México, Gabão, Egito, Bósnia, Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, África do Sul e China.
Esta é a nossa turma.
Só há duas utilidades efetivas nesses jogos: fazer cartel para o treinador e vender jogadores para o exterior.
É esta a nossa outrora gloriosa Seleção Canarinho: a Seleção Maguila, a Seleção da Era Mano.
Fiquem certo os mais jovens: nunca foi assim. Nunca passamos vergonha por medo, nunca precisamos de vitórias questionáveis contra Seleções ridículas para segurar treinadores e dar confiança a jogadores.
Podíamos nem ter bons jogadores, mas ao menos tínhamos coragem. Éramos homens em campo.
O Escritor

Olimpíadas e esporte espontâneos


 por Luis Fernando Veríssimo

Não sei muita coisa a respeito de judô. Sempre me pareceu que uma luta de judô consiste em um tentando desarrumar o pijama do outro. Mas uma coisa me surpreendeu, vendo o judô das olimpíadas na TV: como judoca é emotivo.

Tem-se visto manifestações de sensibilidade em outras modalidades, claro. Todo mundo se emociona na vitória ou na derrota, na hora das medalhas e na hora dos hinos. Mas você imaginaria que judocas fossem pessoas duronas, que soubessem conter suas emoções. O simples fato de o puxa-puxa das suas lutas não desandar em brigas de rua, com pontapés e ofensas à mãe (pelo contrário, nada mais civilizado do que as formalidades entre os lutadores antes e depois das lutas), seria uma prova de controle absoluto. Mas não, judocas choram quando ganham e choram quando perdem. O que não deixa de ser muito simpático.
Sempre achei que as olimpíadas se tornariam mais simpáticas se incluíssem o que se poderia chamar de esportes espontâneos. Por exemplo: queda de braço e bolinha de gude. A incorporação destas modalidades populares favoreceria países sem tradição olímpica, que nunca competem nos esportes nobres, mas poderiam muito bem mandar uma delegação vencedora de jogadores de pauzinho (também, conhecido como, desculpe, porrinha).
Qualquer frequentador de bar brasileiro conhece o jogo de pega-bolacha, que consiste em empilhar bolachas de chope na borda da mesa, mandá-las para o alto com um golpe e tentar agarrá-las no ar. Duvido que o Brasil encontrasse adversário à sua altura numa competição de pega-bolacha.
Há esportes espontâneos com uma longa história que quem praticou em criança nunca esquece, como bater figurinha. Com alguns meses de treinamento, qualquer adulto pode recuperar sua habilidade em bater figurinha e ir para os Jogos.
Outras modalidades: embaixada com laranja ou qualquer outra coisa esférica; tiro ao alvo com bodoque; arremesso de invólucro de canudo soprando o canudo; par ou impar. Etc, etc.
E não vamos nem falar nos vários jogos de cartas, como o truco, nos quais nossas chances de ganhar o ouro seriam grandes. Talvez houvesse alguma dificuldade em acordar a delegação do pôquer para o desfile inaugural, e imbuir todo o mundo do espírito olímpico, mas fora isso...

Olimpíadas 2012: a imagem do Brasil até agora


Diego Hipólito chorando e pedindo desculpas aos seus patrocinadores. É a imagem destas olimpíadas, do lado do Brasil.
Dinheiro de patrocínio – às vezes público - jogado no imediatismo e em pessoas específicas não melhora o nível esportivo e, por tanto, a imagem do Brasil. Se o atleta perde, é dinheiro fora. Se ganha, também é jogado o dinheiro fora, pois o sucesso é passado à comunidade nacional como um assunto individual, de quem quer surgir na vida correndo ou lutando e, espera-se, no máximo, que surja mais um talento individual. Quando fica mais velho vira comentarista esportivo e o dinheiro de patrocínio é apostado em outro “cavalinho”.
Como esticar o sucesso de determinadas nações? Principalmente pelo planejamento e a visão nacional do assunto.
Se o mesmo dinheiro da Caixa, Petrobrás e do BB, entre outros, fosse canalizado para as universidades federais, por exemplo, poderiam ser construídos centros esportivos públicos (pois as universidades são públicas), com estádios, piscinas, quadras, etc., campeonatos universitários - em nível nacional – amadores, em dezenas de atividades “olímpicas”, caça de talentos pelas próprias universidades nos colégios da região, incentivos e becas de estudo aos bons esportistas da comunidade, associando esporte, nação e educação numa única equação.
Por isso o sucesso dos EUA. Enquanto isso, a geração da Marta passou o seu tempo esperando que o mundo profissional, via CBF, tornasse viável a sua atividade de futebol feminino. Acredito que um campeonato feminino de futebol universitário seria melhor, pois geraria a base e o interesse das gerações em determinados esportes, para aí sim, passarem ao “profissional” quando o ambiente profissional achar interessante.
Deste modo o Estado atua como indutor e trabalha no ambiente amador do esporte, que tantas satisfações tem dado a muito países socialistas e, também nos EUA, onde o ambiente universitário dá cobertura a todos estes esportes.

por Alexis

O vale-tudo mundial


É do conhecimento até do mundo mineral que a crise mundial é o efeito anunciado de uma nova religião de origem anglo-americana fiel do deus mercado, chamada neoliberalismo, responsável pelo surgimento de uma oligarquia financeira internacional à qual se sujeitam os governos nacionais. Epicentro do sismo Wall Street, com a inegável participação de outras praças satelitares. Mesmo assim, Obama, imperturbável enquanto o resto dos crentes ainda não abjurou, diz que culpada é a Grécia.
Excluída a possibilidade de que o presidente dos Estados Unidos se refira à inestimável contribuição da antiga Hélade à cultura do mundo, permito-me imaginar Obama dedicado à prática do pôquer. Tão logo lhe seja possível, deveria rumar para Monte Carlo, que de longe prefiro a Las Vegas, de sorte a explorar convenientemente seu talento, tão bem representado por suas faces pétreas. Cito Obama como a enésima prova de que o vale-tudo político não é exclusivo do Brasil.
Diante de uma declaração que esticaria o nariz de Pinóquio até o horizonte, prefiro a última fala de Paulo Maluf: “Perto do PT, hoje eu sou comunista”. Bem mais esperto, ou menos ingênuo, que o presidente americano. A respeito da surtida malufista, leiam Mauricio Dias em sua Rosa dos Ventos. Muitos petistas, aliás, para justificar o acordo Lula-Maluf a favor da candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, apressaram-se a lembrar que Fernando Henrique Cardoso já fez algo similar. Não menos que José Serra contra Marta Suplicy. Ora, ora, não seria lógico que os petistas pretendessem diferenciar-se dos tucanos?
Recordo tempos de patrulhamento feroz organizado pelo PT na oposição, ao defender uma pureza que faltava a todos os demais. A questão discutida na semana passada refere-se ao ritual encenado para sacramentar o entendimento. Assim como faz parte do jogo da política nacional a presença do PP de Maluf na base de sustentação do governo Dilma, o apoio a Haddad cabe na norma, por mais indigesta que pareça. A chamada realpolitik admite concessões, resta ver quais são seus limites.
É da norma, digamos, que os governos chamados a combater a crise tomem medidas que antes de mais nada aproveitam à oligarquia financeira? Até o momento, tudo que se fez não passou disso, e no caso a norma prejudica o mundo. Estamos à espera dos resultados da cúpula da União Europeia, onde se desenha o confronto entre Angela Merkel e François Hollande na esperança da mediação de Mario Monti, singular figura a representar com insólita dignidade uma Itália à deriva, até ontem entregue ao vale-tudo comandado por Berlusconi.
A resistência do euro e o abrandamento sensível de uma política toda voltada para a austeridade teriam efeitos benéficos globais. Contra o vale-tudo dominado pela prepotência e pela hipocrisia. O mesmo vale-tudo que no Paraguai pretende apresentar um golpe de Estado como ato legítimo absolutamente constitucional. Aos meus desolados botões pergunto: qual é a norma? Leio as reações da mídia nativa e lá vou com outra pergunta: e qual é, especificamente, a norma do jornalismo pátrio? Se a norma é a do vale-tudo sem limites, então, meu caro, sossegue seu coração, respondem os botões, entre a melancolia e a irritação.
Derrubar um presidente constitucionalmente eleito em nome da Constituição é o que é, e fica dentro da norma de uma América Latina que permanece bananeira. Quanto aos editoriais dos nossos jornalões, vivem uma norma duradoura há um lustro. Quem estiver em idade adequada e conservar a boa memória, haverá de pensar ter voltado atrás no tempo 48 anos exatos ao tropeçar nas análises da mídia nativa sobre a situação paraguaia. Esforço brutal fiz eu, depois de enfrentar alguns destes textos, para ter certeza de que a data não era um dia de março de 1964. Pois é, pasmem os homens de boa vontade, mas por aqui, pelas redações, a norma ainda é aquela. E só Deus sabe, como diria Armando Falcão, amigão e partícipe da tigrada, aonde seriam capazes de chegar.
De muitos pontos de vista continuamos ancorados no passado. Refiro-me, por exemplo, à chamada, absurda lei da anistia. Um torturador emérito como o coronel Brilhante Ustra tem de ser processado no Cível para ser levado a ressarcir a família do jornalista Luiz Eduardo Merlino, torturado e assassinado nas masmorras da ditadura. Lembrei-me de um episódio marcante que remonta a 1977, em plena ditadura, quando os advogados Marco Antonio Barbosa e Samuel McDowell com rara coragem e competência processaram o próprio Estado ditatorial e conseguiram para a família o ressarcimento pela morte de Vlado Herzog em ação cível. Lei imposta pela ditadura não tem valor algum se vigora a democracia, mas ainda há quem discuta se a paradoxal lei da anistia permite demandas no Cível. Pois esta dita lei teria de ser letra morta, mesmo que tenha havido quem a aceitou naqueles tempos em nome de um justificável vale tudo. Ou a democracia, no caso, foi aposentada?

por Mino Carta

Crônica dominical de Luiz Fernando Verissimo


GERAL

Pra quem aprecia futebol, por Luis Fernando Veríssimo

Pouca gente “aprecia” futebol como se fosse uma obra de arte. 
“Apreciar” significa distanciamento, um prazer puramente estético sem outro tipo de envolvimento. Quem gosta mesmo de futebol geralmente gosta desde pequeno, e tem time. É um apaixonado, e um apaixonado não “aprecia”.

Um apaixonado se envolve. E vendo esses jogos da Eurocopa me ocorreu que o sentimento mais apaixonado, portanto menos estético e mais genuíno, que se pode ter em relação ao futebol bem jogado é o ressentimento. Um apreciador do futebol se encanta com uma trama do time espanhol que vem sendo costurada lá de trás, no famoso toque-toque do Barcelona transformado em estilo nacional, e que quase sempre acaba com um atacante concluindo dentro da pequena área.
Um apaixonado — principalmente se o seu time não estiver bem — se sente afrontado pela trama perfeita. Seu pensamento é: se eles podem, por que o meu time não pode? Rancor e inveja são os sentimentos mais verdadeiros de um apaixonado por futebol vendo o bom futebol dos outros.
Quanto melhor o futebol sendo visto, maior a revolta. Onde estão o Xavi e o Iniesta do meu time? Por que um Schweinsteiger e um Pirlo estão brilhando lá e não aqui no meu meio-campo?
O toque-toque da Espanha não funcionou contra Portugal, o que nos encheu de alegria. De certa maneira, o fracasso de grandes times desagrava a mediocridade do nosso. Se Portugal pode parar a Espanha é porque a perfeição não existe e ainda temos esperança.
A Alemanha que perdeu para a Itália na quinta-feira lembrou a Alemanha da Copa da África do Sul, quando pintou como o grande time do torneio num jogo e deu vexame no outro. A grande imagem do jogo Alemanha e Itália — e nisto o apreciador e o apaixonado podem concordar — foi a do Balotelli depois de marcar o segundo gol italiano.
Vítima costumeira de insultos racistas, Balotelli arrancou a camiseta e ficou parado, uma estátua dele mesmo numa pose de guerreiro africano, ostentando desafiadoramente a sua negritude e seu orgulho até ser quase derrubado pelos companheiros no festejo do gol.
No meio da semana houve o empate do Corinthians com o Boca em Buenos Aires e um episódio que nos consola, já que só o futebol brasileiro é capaz de produzi-lo.
Um tal de Romarinho, recém-contratado pelo Corinthians, e que já fizera dois gols no Palmeiras no domingo anterior, entrou quase no fim do jogo, fez o gol do empate na sua primeira jogada e transformou-se num desses fenômenos instantâneos que nos redimem.
Já é um herói, já deve estar tratando dos seus primeiros contratos publicitários e terá um grande futuro. Infelizmente no Corinthians, e não no nosso time. Danação!

Motojada: esporte com adrenalina

As regras para a ova modalidade do esporte são as mesmas da vaquejada, com o boi percorrendo uma extensão de 100 metros até ser derrubado na areia. A adrenalina do motociclista aumenta até alcançar o animal e fazer o manejo adequado. O animal deve cair na areia, após seguro pela cauda. O motoqueiro deve ter habilidades com a prática de trilha e usar equipamentos de segurança como capacete, joelheiras, cotoveleiras e colete. Os bois são de pequeno porte, chamados de garrotes, o que facilita a derrubada. Cada competidor tem dois bovinos para suas tentativas de derrubada. A queda fora da linha significa uma eliminação da prova. Ao vencedor será oferecido um prêmio de R$ 2 mil.
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Sarney e Kassab afirmaram que torcerão para que Corinthians e Boca Juniors ganhem a Libertadores


Após crispado debate para definir a posição do PMDB frente à crise política no Paraguai, José Sarney anunciou que o partido não transigirá e, com desassombro, adotará a posição resoluta de apoiar tanto Fernando Lugo quanto Frederico Franco.
“Somos intransigentemente a favor de quem foi deposto e de quem depôs”, perorou o senador vitalício, com firmeza. “Há espaço para todos!"
  
Sarney anunciou que, nas próximas horas, uma comitiva do PMDB desembarcará em Assunção para ajudar a compor o governo de transição.
"Temos experiência em gerir crises políticas. No Brasil, produzimos e nos beneficiamos de quase todas", disse, com ar grave.
O diretório internacional da Juventude Peemedebista instalou-se na casa de Fernando Lugo com o objetivo de capitanear uma revolta infanto-fisiologista que leve o ex-presidente de volta ao poder.
Até o momento, o partido já conseguiu aumentar substancialmente o número de empregados domésticos do ex-presidente. De uma diarista que vinha às segundas, quartas e sextas, Lugo agora busca recursos para remunerar dois mordomos, três cozinheiros, sete copeiras e três arrumadeiras, todas ligadas à família Sarney, além de um indivíduo cuja função é estabelecer parcerias com ONGs de cunho social com o intuito de desviar o curso de pelo menos duas quedas d’água de Itaipu.

7 exercícios para definir sua barriga

Trabalhe o abdômen e queime calorias com esportes como a natação

A competição é acirrada: de um lado, a vontade em conseguir uma barriga definida. Do outro, a preguiça em encarar o abominável sobe e desce do abdominal. Entre um e outro, ficam você e a culpa por não dar um fim nessa situação. "Mas existem outras maneiras de definir o abdômen, ganhando tônus e alcançando a hipertrofia dos músculos", afirma o professor Diogo Cestari de Aquino, especialista em fisiologia do exercício e reabilitação cardíaca. Mudanças na respiração e a prática de ioga podem ajudar nesta missão. Descubra como. Aqui

Com 10 votos a favor STF aprova cotas raciais no futebol

do Niu Iorque Taimes
Por unanimidade os ministros do *STF consideraram constitucional o sistema de cotas raciais criado pela CBF para os jogadores profissionais.  A votação, que terminou com 10 votos favoráveis e nenhum contrário, foi encerrada por volta das 20h10 desta terça-feira com pronunciamento do presidente da Corte, Aires Brito. "O Brasil tem mais um motivo para se olhar no espelho da história e não corar de vergonha", disse o ministro ao proclamar o resultado.
O julgamento teve início na segunda-feira quando Ricardu Levandosqui, relator da ação do Movimento Branco contra o sistema de reserva de vagas do Clube de Regatas Flamengo, rejeitou o pedido do movimento e reconheceu a constitucionalidade do ingresso. 
O sistema do Flamengo prevê a destinação de 30% das vagas do time titular a jogadores autodeclarados branco ou amarelos. 
O Clube defendia que isso soluciona uma desigualdade histórica. 
O Movimento Branco, por sua vez, afirmava que o sistema fere o princípio da igualdade e ofende dispositivos que estabelecem o direito universal ao esporte.
A ministra Roza Ueber, por sua vez, afirmou: 
"A representatividade, na pirâmide futebolística, não está equilibrada. Se os brancos não chegam à seleção brasileira de futebol, por óbvio não compartilham com igualdade de condições das mesmas chances dos negros. Se a quantidade de brancos e negros fosse equilibrada, seria plausível dizer que o fator cor é desimportante. A mim não parece razoável reduzir a desigualdade futebolística brasileira ao critério econômico", disse a ministra.

Sumô ganha praticantes em São Paulo


 alunos do Mie Nishi, no Bom Retiro
Em julho do ano passado, a capital ganhou um tatame bastante incomum. O dohyo, ringue de sumô, construído no bairro do Bom Retiro, tornou-se o único espaço público fora do Japão dedicado exclusivamente à modalidade com tamanho e padrão profissionais. É também uma das atrações doEstádio Municipal Mie Nishi, que oferece esportes como beisebol e gateball, espécie de críquete oriental. Os treinos para as lutas acontecem aos domingos, das 9 às 14 horas, reunindo cerca de trinta aprendizes. Como a procura foi maior do que o esperado, os organizadores pretendem oferecer aulas também aos sábados. “Ficamos surpresos com o sucesso, pois a modalidade é pouco difundida por aqui”, afirma Olívio Sawasato, diretor do Mie Nishi. “Recebemos interessados de todas as idades.”
Surgido no Japão, o sumô é uma luta milenar bem menos violenta do que um leigo pode supor olhando as formas rotundas de seus praticantes. O objetivo é derrubar o oponente ou tirá-lo da área do tablado. Os lutadores são divididos em quatro categorias, de acordo com a idade. Em geral, as estrelas do circuito fazem dietas especiais para ganhar o perfil de verdadeiros pesos-pesados. Ostentando 1,84 metro e 158 quilos, o paulistano Luccas Kyuichi Aburaya, de 16 anos, um dos pupilos do Bom Retiro, é a promessa nacional. Filho de pai japonês e de mãe brasileira, ele já faturou três títulos em sua categoria e, agora, sonha com uma carreira fora. “Quero brilhar no Japão, onde estão os melhores”, afirma ele. Um de seus colegas no Mie Nishi é o estudante Diogo Uehara, que tem a mesma idade, mas sofre por ter quase 40 quilos a menos que o companheiro. “Eu apanho dele há muito tempo”, afirma, em tom de brincadeira.
Cida Souza
 ex-lutador, hoje dá aulas e serve a dieta dos campeões em seus restaurantes
Fernando Kuroda: ex-lutador hoje dá aulas e serve a dieta dos campeões em seus restaurantes
“Não tenho grandes pretensões com a atividade, faço apenas como lazer.” Um dos técnicos do Bom Retiro é o ex-atleta Fernando Kuroda, que competiu profissionalmente durante mais de uma década no Japão, chegando à segunda divisão dos lutadores. Hoje, ele se reveza entre as aulas, que divide com uma dupla de professores, e a administração de dois restaurantes de culinária japonesa, ambos batizados de Bueno (um na Liberdade, outro no Jardim Paulista). Quando está no ringue, faz trabalho voluntário. “Gosto de ajudar os jovens com a minha experiência”, conta. No cardápio de seus estabelecimentos, Kuroda oferece o chanko nabe, uma caldeirada com shimeji, shiitake, frango, tofu e legumes servida tradicionalmente aos atletas após os treinos. “É uma excelente receita para recuperar as energias”, diz.
 Chanko nabe, servida aos atletas após os treinos
Chanko nabe: servida aos atletas após os treinos
O sumô faz parte de um projeto especial da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação para difundir por aqui modalidades ainda pouco conhecidas. Nos últimos anos, ela implementou também cursos gratuitos de gateball e de rúgbi (veja abaixo). Agora, está entre os planos da administração criar o primeiro campo público de golfe utilizando uma área na Represa de Guarapiranga, na Zona Sul, e trazer para o Brasil uma máquina de ondas artificiais para o ensino do surfe. “Algumas dessas atividades receberam o carimbo de exóticas porque poucos têm acesso a elas”, afirma o secretário Bebetto Haddad. “O nosso objetivo agora é democratizá-las.”

Fifa precisa de um chute na bunda

Tá mais que na hora das autoridades brasileiras darem um chute bem aplicado no traseiro dos dirigentes da Fifa. Quem está organizando a Copa somos nós. Eles não estão satisfeitos?...Que então façam em outro lugar.

A Fifa e o esporte necessita do nosso futebol, nós não precisamos dela.

O legado do PAN-2007

[...] Paul McCartney consagra o Engenhão

O Show de Paul McCartney -realizado semana passada no Engenhão (Estádio Olímpico João Havelange), construído pela Prefeitura do Rio para os Jogos Pan-americanos de 2007- deu visibilidade nacional ao estádio. Entrevistas realizadas por jovens, dentro e fora do estádio com pessoas de outros Estados que vieram para o show, mostraram o entusiasmo com o equipamento, seja por sua beleza, como pela facilidade de mobilidade interna. Foram impactadas. E ficaram espantadas ao comparar os 340 milhões de reais aplicados na obra específica do estádio, com 700 e 1 bilhão de reais em seus estádios.
                    
O PAN-2007, pela dimensão de turistas e de público, não exigia grandes obras urbanas. As que exigiam foram feitas, como a duplicação da Avenida Abelardo Bueno e o Viaduto Pedro Ernesto de acesso, básica para os equipamentos concentrados na área do autódromo: Arena Multiuso, Parque Aquático e Velódromo. Continua>>>

Esporte

Gentil Soares de Lima, 47 anos, professor de Umuarama (PR) - Quais projetos e programas serão efetivados em seu governo para fazer chegar de forma concreta o esporte ao ambiente escolar?

Presidente Dilma - Nós já temos diversos programas em andamento e vamos ampliar ainda mais o acesso dos estudantes à prática esportiva. Com uma rotina de vida saudável, com regras de convivência, os jovens desenvolvem a autoestima, ficam distantes da criminalidade e entre eles podem despontar futuros competidores. Uma das principais iniciativas nesse campo é o Mais Educação, implementado em 2007 pelo Ministério da Educação (MEC). Em 2010, o programa beneficiou 2,2 milhões de estudantes com várias atividades fora dos horários de aula, incluindo cultura, artes, educação científica e esportes. O braço esportivo do Mais Educação é uma parceria com o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Os estudantes podem praticar modalidades como vôlei, basquete, handebol, tênis de mesa, judô, caratê, taekwondo, yoga, natação, xadrez, atletismo, ciclismo e tênis. Para este ano, a meta é atender 15 mil escolas públicas e oferecer educação integral para 3 milhões de alunos. O Ministério do Esporte tem também o Bolsa Atleta, que financia alunos de escolas públicas ou particulares com potencial para se tornarem atletas olímpicos. E mais: o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC, está financiando a construção, pelas prefeituras, de quadras poliesportivas cobertas. Desde janeiro, 249 prefeituras já foram autorizadas a construir 454 quadras, das 2.500 planejadas para este ano.

Os inventores

[...] por Luis Fernando Verissimo


Não há muito o que inventar no futebol. Depois que desapareceram os ponteiros e os laterais viraram alas, o futebol parou de mudar. Ficou mais corrido e mais disputado, é verdade, mas isto tem a ver com preparo físico e com o robustecimento geral da espécie, nada a ver com táticas.

Hoje um técnico de futebol interfere no jogo pela quantidade de jogadores que escolhe por setor. Três atrás, uma multidão no meio e um na frente. Quatro-quatro-dois. Etc. Sua criatividade se resume em variar os números.
Criatividade mesmo é a do bom jogador, que dentro de campo inventa muitas maneiras diferentes de jogar, e aí o mérito do treinador é o de tê-lo escalado. Mas qual foi a última vez que apareceu uma nova tática, uma quebra na ortodoxia do futebol?
Aquela seleção da Holanda em que todo o mundo jogava em todo o campo o tempo todo foi uma demência que deu certo, e nem tão certo assim, mas demência não pode ser exemplo. Quem mais?
E no entanto houve um tempo de inventores. Quando o próprio futebol primitivo se prestava à experiência e à novidade. Sabemos dos inventores por relatos nem sempre confiáveis. Nunca fica claro onde termina a memória e começa a fantasia. Aimoré Moreyra era mesmo o mago que dizem, ou sua fama de estrategista tem mais mito do que fato?
Flávio Costa, técnico da seleção na fatídica Copa de 50, tinha inventado a “diagonal”, que nunca se ficou sabendo exatamente o que era. Mas era uma experiência nova. Não havia um Martim Francisco, considerado o filósofo do futebol? O ex-jogador Tim se transformara em técnico e também conquistara a fama de grande estrategista.
Transmitia suas teorias aos jogadores e demonstrava como deveriam fazer na prática com botões em cima de uma mesa. E constantemente se queixava porque seus botões se movimentavam melhor do que seus jogadores.
Mudanças pequenas podiam ser revolucionárias, quando o futebol de hoje começava a tomar forma. O simples recurso de jogar com um ponteiro direito recuado e fechando o meio-campo, no caso o Telê, fez do Fluminense dos anos, sei lá, 50 um time diferente e vitorioso.
A tática passou a ser copiada, mas tornou-se mais comum recuar o ponteiro esquerdo, e o exemplo mais bem sucedido desse “jogador tático” foi o Zagalo, consagrados — o jogador e a tática — na Copa do Mundo de 58.
Talvez o ponteiro armador tenha sido a última invenção da era dos estrategistas, reais ou mitológicos, antes da grande revolução que acabou com os ponteiros e inaugurou a ortodoxia atual. Hoje bom treinador é um bom psicólogo, que saiba condicionar e empolgar seu time, enxergue as falhas e saiba corrigi-las e acerte na distribuição dos seus números.
Talvez ainda se usem os botões do Tim, mas não há mais nada para ser mudado.