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Mapa da derrota da direita na Venezuela, por Marco Teruggi

A essa hora a direita estaria, pelos cálculos dela mesma, numa posição de força totalmente diferente da atual. Ou sentada no Palácio de Miraflores, ou tratando de um governo paralelo combinado com movimentos de massa e ações violentas, inclusive militares. Apostou no tudo ou nada/agora ou nunca, e hoje está enredada numa disputa interna para ver como seguir, tentando para não acabar pior que ao começar a escalada dos 100 dias.

Aconteceu o que tantas vezes acontece à direita: erraram nas análises. Superestimaram a própria força, subestimaram o chavismo, leram de maneira errada o estado de ânimo das massas, calcularam mal as coordenadas do campo de batalha. E nas batalhas as responsabilidades são coletivas, mas diferenciadas: o peso maior cai sobre os generais – como ensina, dentre outros livros, A Estranha Derrota, de Marc Bloch.


Porque fato é que houve a derrota, derrota tática, no marco de um equilíbrio instável prolongado, mas derrota, sim, e derrotas implicam mudanças, rompimentos, debandadas e mudanças de posição.
Por que a direita avaliou tão erradamente as condições para tomar o poder pela força na Venezuela? Foram vários elementos combinados. Em primeiro lugar, a posição da classe dirigente. A direção do movimento golpista estava e está em mãos de homens e mulheres da burguesia, da oligarquia, quadros em sua maioria de classe média alta, formados todos nessa política imaginária tão típica das direitas em todo o mundo. Não é verdade que a direita não desenvolveu estruturas em algumas zonas populares, mas não dirigem realmente coisa alguma e onde existem, são minoritárias. A esse elemento soma-se outro, que agrava o risco do cálculo e leva a erro: uma parte da direção do movimento golpista, tanto venezuelanos como norte-americanos, vive fora da Venezuela, muitos nos EUA.

Essas interpretações, marcadas por grande distância de classe e de país, acabaram por fracassar pelo efeito bumerangue de uma de suas reconhecidas forças: as redes sociais predominantemente de direita. A direita golpista venezuelana assumiu que a dinâmica manifestada nas redes seria representativa do estado de ânimo das maiorias e que essas maiorias seriam de direita. Pensaram que a fortuna que consumiram – da ordem de milhões de dólares – com veículos das empresas Twitter, Facebook, Instagram, Youtube, obtivera real sucesso, seria a expressão da verdade, o que realmente existia no mundo real, que a radicalidade da direita ali expressa seria a radicalidade popular real.

Aline Borges - ⁠⁠⁠Por que a Venezuela aparece todos os dias no noticiário?

Porque tem um "ditador" no poder?
Não! 
Há diversos ditadores no mundo, ex: Camboja, Camarões, Chad, China, etc...
PS: Em nenhum deles o "ditador" foi eleito democraticamente.
Por que está a beira do descalabro?
Não! 
Há vários outros países a beira do colapso. ex: Mauritânia, Argélia, Etiópia, Nigéria, etc.
Por que há pessoas morrendo de fome?
Não!
 Há inúmeros outros países com muitíssimo mais gente morrendo de fome. ex: Burundi, Erítrea, Comoros, Sudão, etc.
Por que é de ideologia esquerdista?
Não!
Há outros países com ideologia de esquerda. ex: China, Cuba, Coréia do Norte, etc.
E qual é o motivo pelo qual a Venezuela vive no noticiário?
Porque é o país que possui a maior reserva de Petróleo do mundo, e os Estados Unidos, responsáveis pela propaganda mundial anti venezuelana, estão somente esperando para que ignorantes midiotizados, forneçam o aval mundial para que o país possa ser, finalmente, invadido pelos EUA, através de um procedimento idêntico ao feito com o Iraque, como feito com a Líbia, com a Síria, etc...



Mercosul suspende Venezuela por "Cláusula democrática"

(...) a medida foi liderada pelo golpista, corrupto e tucano (a ordem dos fatores não altera a porcaria), Aloysio Nunes Ferreira, que representa um governo ilegítimo desprezado por mais de 90% dos brasileiros.

O crápula afirmou: 
"É intolerável que nós tenhamos no continente sul-americano uma ditadura. Houve uma ruptura da ordem democrática na Venezuela".

Canalha!  
***
São os cliques nos anúncios do Google que renumera este blogueiro

Frase do dia

Sou jornalista de formação e nunca vi nem na Globo nem nos jornais brasileiros uma única notícia positiva sobre a Venezuela. Uma única. A gente pode ter a opinião que a gente quiser sobre a Venezuela, é um país muito complicado. Agora, será que em 15 anos de chavismo naõ aconteceu nada positivo? Eu nunca vi. Não é possível que só mostrem o que é supostamente ruim. Cadê o outro lado? Será que os venezuelanos que votaram no Chávez e no Maduro são tão burros, de votar em governo que só faz coisa errada?” Igor Fuser

O presidente da Venezuela expulsou funcionários da embaixada americana no país

Mesma coisa que ter dado um chute na cara dos baba ovos dos EUA no Basil

Terrorismo imperial em busca do petróleo do planeta

A batalha da América Latina
Brasil e Venezuela: a guerra da informação

por Rodrigo Vianna
São tristes, preocupantes, mas não chegam a surpreender as cenas de violência e confronto aberto na Venezuela. Nos últimos 6 anos, estive lá cinco vezes – sempre na função de jornalista. Há um clima permanente de conflagração.
As TVs privadas, com amplo apoio das classes médias e altas, tentaram dar um golpe em 2002 contra Hugo Chavez (sobre isso, há umdocumentário excelente – “A Revolução Não Será Televisionada”). Chavez resistiu ao golpe com apoio dos pobres de Caracas – que desceram os morros para apoiá-lo – e de setores legalistas do Exército. Desde então, o chavismo se organizou mais, criou uma rede de TVs públicas para se contrapor ao “terror midiático” (como dizem os chavistas), e se organizou  no PSUV (ainda que o Partido Comunista, também chavista, tenha preferido manter sua autonomia organizacional).
Jornais e meios de comunicação jamais tramaram golpes no Brasil com apoio da CIA...
É preciso lembrar que TVs e revistas brasileiras (Globo e Veja) comemoraram o golpe contra Chavez em 2002 – e se deram mal porque ele voltou ao poder 2 dias depois.
Nas ruas de Caracas, ano a ano, só senti o clima piorar. Confronto permanente. Acompanhei na região de Altamira, em Caracas, o ódio da classe média pelos chavistas. Com a câmera ligada, eles não se atrevem a tanto, mas em conversas informais surgiam sempre termos racistas para se referir a Chavez – que tinha feições indígenas, mestiças, num país desde sempre dominado por uma elite (branca) que controlava o petróleo.
O chavismo tinha e tem muitos problemas: dependia excessivamente da figura do “líder”, a gestão do Estado é defeituosa, há problemas concretos (coleta de lixo, segurança etc). Mas mesmo assim o chavismo significou tirar o petróleo das maõs da elite que quebrou o país nos anos 80. Além disso, enfrenta o boicote econômico permanente de uma burguesia que havia se apropriado da PDVSA (a gigante do Petróleo venezuelana).
O chavismo sobreviveu à morte de Chavez. O chavismo, está claro, não é uma “loucura populista” ou uma “invenção castrista” – como querem fazer crer certos comentaristas na imprensa brasileira. O chavismo é o resultado de contradições e lutas concretas do povo venezuelano – lutas que agora seguem sob o comando de Nicolas Maduro, que evidentemente não tem o mesmo carisma do líder original.
Vejo muita gente dizer que o “populismo” chavista quebrou a Venezuela. Esquecem-se que a economia venezuelana cambaleava muito antes de Chavez. Esquecem-se também que o tenente-coronel Hugo Chavez Frias não inventou a multidão nas ruas. A multidão é que inventou Chavez. A multidão precedeu Chavez. Em 89, o governo neoliberal de Andres Perez ameaçou subir as tarifas públicas – seguindo receituário do FMI. O povo foi pra rua, sem nenhuma liderança, noCaracazo (uma rebelião impressionante que tomou as ruas da capital).
O chavismo foi a resposta popular à barbárie liberal, foi uma tentativa de dar forma a essa insatisfação diante do receituário que vinha do Norte. Os responsáveis pela barbárie liberal tentam agora retomar o poder – com apoio dos velhos sócios do Norte. E nada disso surpreende…  
O que assusta é o nível dos comentários sobre a Venezuela nos portais de notícia brasileiros.
Há pouco, eu lia uma postagem do “Opera Mundi” (sítio de esquerda, mas hospedado no UOL). Quem tiver estômago pode conferir as pérolas dos leitores… Resumo abaixo algumas delas:
- “A VENEZUELA SERÁ PALCO DA PRIMEIRA GUERRA CIVIL PLANEJADA PARA A TOMADA DO PODER COMUNISTA NA AMÉRICA LATINA.”
“O chavismo conseguiu levar a Venezuela à falência. Um país sem papel higiênico e muita lambança comunista para limpar.”
- “Aquele pais virou um verdadeiro lixo, podia ser uma potencia de tanto petroleo que tem, mas o socialismo acabou com tudo. O que sobrou foi uma latrina gigante.”
- “Vai morar na Venezuela então , por mim os venezuelanos tem que matar o maduro.”
- “É fácil quando a eleição é manipulada. Maduro ganhou pq roubou a eleição como foi comprovado.”
Envenenados pela “Veja”, “Globo” e seus colunistas amestrados, esses leitores são incapazes de pensar por conta própria. Repetem chavões anticomunistas, e seriam capazes de implorar pela invasão da Venezuela pelos EUA.
Desconhecem a história da Venezuela pré-Chavez… Não sabem o que é a luta pela integração da América Latina – diariamente combatida pelos Estados Unidos.
Se Maduro sofrer um golpe, se os marines desembarcarem em Caracas, muitos brasileiros vão aplaudir e comemorar. Não são ricos, não são da “elite”. São pobres. Miseráveis, na verdade. Indigentes em formação. Vítimas da maior máquina de desinformação montada no Brasil: o consórcio midiático (Globo/Veja/Folha e sócios minoritários) que Dilma pretende enfrentar na base do “controle remoto”.
A América Latina pode virar, nos próximos anos, mais um laboratório das técnicas de ocupação imperialista adotadas no século XXI. Terror midiático, ataques generalizados à “política”, acompanhados de ações concretas de boicote e medo – sempre que isso for necessário.
Não é à toa que movimentos “anarquistas” e “contra o poder” tenham se espalhado justamente pelos países que de alguma forma se opõem aos interesses dos Estados Unidos.
O imperialismo não explica, claro, todos os problemas de Venezuela, Brasil, Argentina. Temos nossas mazelas, nossa história de desigualdade e iniquidade. Mas o imperialismo explica sim as seguidas tentativas de bloquear o desenvolvimento independente de nossos países.
A morte de Vargas no Brasil em 1954, a derrubada de Jacobo Arbenz na Guatemala no mesmo ano, e depois a sequência de golpes no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile (anos 60 e 70) são exemplos desse bloqueio permanente. Não é “teoria conspiratória”. É a História, comprovada pelos documentos que mostram envolvimento direto da CIA e da Casa Branca nos golpes.
A Venezuela não precisou de golpes. Porque tinha uma elite absolutamente domesticada. Com Chavez, essa história mudou. A vitória de Chavez foi o começo da “virada” na América do Sul.
Os Estados Unidos e seus sócios locais empreendem agora um violento contra-ataque. Na Venezuela, trava-se nas ruas um combate tão importante quanto o que se vai travar nas urnas brasileiras em outubro. Duas batalhas da mesma guerra. E pelo que vemos e lemos por aí, o terror midiático fez seu trabalho de forma eficiente: há milhares de latino-americanos dispostos a trabalhar a favor da “reocupação”, da “recolonização” de nossos países.
Por isso, essa é uma guerra que se trava nas ruas, nas urnas e também nos meio de Comunicação. Uma guerra pelo poder nunca deixa de ser também uma guerra pelos símbolos, uma guerra pela narrativa e pela informação.
Leia outros textos de Palavra Minha

Opera Mundi: Lula declara, em vídeo, apoio à candidatura de Maduro na Venezuela


“Maduro presidente é a Venezuela que Chávez sonhou”. É com essa frase que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclui vídeo em apoio ao candidato à Presidência da Venezuela, Nicolás Maduro. Ao longo do depoimento, obtido com exclusividade por Opera Mundi e divulgado nesta segunda-feira (01/04), Lula lembra o estreito contato com o ex-chanceler durante seu governo no Brasil e aposta que a vitória na eleição – marcada para 14 de abril – significaria a continuidade do projeto pensado por Hugo Chávez para a Venezuela.

Abaixo, o vídeo, na versão de 2 minutos


José Dirceu: Chávez e seus ideais


A notícia mais temida pelo povo venezuelano infelizmente se concretizou. A morte do presidente Hugo Chávez, anunciada na tarde de terça-feira pelo vice-presidente do país, Nicolás Maduro, deixou de luto uma nação que, sob a condução de uma das maiores lideranças políticas recentes, viu uma verdadeira revolução social acontecer.
Tido por muitos como o maior fenômeno político da América Latina dos dias atuais, esse homem de fibra inigualável chegou ao palácio de Miraflores em janeiro de 1999, em um momento em que o socialismo encontrava-se desacreditado devido à dissolução da União Soviética e à hegemonia do modelo neoliberal em quase todo o mundo.
Nesse contexto, avesso ao surgimento de governos socialistas e às ideias de esquerda, Chávez surgiu como uma voz dissonante a antecipar a necessidade de fazermos uma inflexão nos governos do continente, resgatando os princípios de soberania, igualdade e enfrentamento das desigualdades históricas - suportadas pelas mesmas elites combatidas por Chávez.
Sem temer as barreiras impostas pelas forças dominantes, não só na Venezuela, mas em boa parte do mundo, Chávez mostrou que seria possível, sim, fazer uma revolução socialista no Século 21, fundamentada no resgate da dignidade de milhares de cidadãos há séculos oprimidos e marginalizados.
Encarnando sentimentos profundos de insatisfação e inconformismo, Chávez conseguiu falar ao povo venezuelano como um irmão que entende sua dor e seu sofrimento. Ao exercer, desde o início, uma liderança genuína, o presidente tornou-se personagem fundamental para ajudar a entender como o povo se relaciona com a política.
Sua capacidade de mobilização popular não só derrotou nas urnas e nas ruas a política aristocrática representada por governos conservadores, mas também fez surgir na Venezuela um governo soberano, popular, democrático e transformador.
Depois de retomar o controle da PDVSA, petrolífera que sempre foi a principal fonte de riquezas do país, direcionando a maior parte da renda do petróleo para retirar da extrema pobreza milhares de venezuelanos, e enfrentar a dependência político-econômica da Venezuela em relação aos EUA, Chávez se tornou odiado pelas elites de dentro e fora do seu país.
Demonizado pela imprensa local e internacional, que estão sob controle dos interesses dos grupos dominantes, ridicularizado e caracterizado como um líder populista exótico, afeito a arroubos exagerados, Chávez, na verdade, era a expressão viva de uma crença inabalável na justiça e na igualdade social.
Mesmo sob oposição brutal da mídia monopolista, da direita conservadora, seguiu adiante e mostrou-se um administrador habilidoso, um homem não só de sonhos, mas de ideias e projetos, capaz de enfrentar problemas sociais graves como o analfabetismo, a insegurança alimentar, a precariedade da saúde pública e o déficit habitacional da Venezuela.
Com as chamadas missões, os programas sociais realizados em parceria com Cuba, o comandante fez chegar à população serviços essenciais como água potável, atendimento médico e vacinação. As missões de alfabetização, segundo a Unesco, em três anos livraram a Venezuela do analfabetismo. A mortalidade infantil foi reduzida quase pela metade e o consumo de alimentos mais que dobrou durante o governo chavista.
Inspirado na memória e na luta de Simon Bolívar, o herói da independência da América Espanhola, Chávez foi um dos protagonistas do esforço para um projeto de afirmação e integração regional, enxergando na união dos governos populares, progressistas e democráticos da América Latina um caminho para o desenvolvimento do continente.
É extensa a lista de conquistas obtidas sob os governos de Chávez. O seu legado, compartilhado pelos venezuelanos e por todos aqueles que se sensibilizam com a ascensão democrática das forças populares na América, deve ser preservado e continuado.
A oposição venezuelana, que jamais apresentou alguém minimamente capaz de disputar com Chávez de igual para igual, é vazia de ideias e dependente da estratégia norte-americana para o país. Sem um líder popular e uma proposta alternativa que a justifique, não será capaz de derrotar o chavismo, que certamente perdurará como força maior, libertadora e progressista.
Depois de vencer tantas batalhas, o comandante sucumbiu à doença que enfrentava como grande combatente que foi diante de todas as causas de sua vida. Porém, jamais se poderá dizer que perdeu essa ou qualquer outra contenda.
Das muitas vitórias deste grande homem, a maior delas talvez seja, após a sua morte e a exemplo dos verdadeiros heróis, continuar vivo e vibrante no coração de seu povo. Assim, Chávez e seus ideias permanecerão vivos.

EUA é a praga

O NYT distorce a Venezuela, outra vez

Imagine que você foi ver o filme de Steven Spielberg, “Lincoln”, e tudo o que aparece nele é  o ponto-de-vista dos senhores de escravos brancos do Sul dos Estados Unidos, durante a Guerra Civil. Isso é análogo ao que você está recebendo em quase toda a cobertura da grande mídia sobre a Venezuela.

Na semana passada, o New York Times fez algo que nunca fez antes —  em seu “espaço para o debate” ofereceu pontos-de-vista diferentes sobre a Venezuela. Nos 14 anos desde que Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela, o Times tem oferecido muitos artigos de opinião e editoriais contra a Venezuela — incluindo seu próprio editorial de apoio ao golpe militar de 2002 (do qual mais tarde recuou, sem pedir desculpas).

Mas o Times nunca se deu ao trabalho de publicar mesmo um único artigo de opinião (ou reportagem) que contraste com a sua linha editorial sobre este país rico em petróleo. Isto contrasta com quase todos os jornais de tamanho médio ou grande, nos Estados Unidos — desde o LA TimesBoston Globe, ou Miami Herald, até mesmo o neoconservador Washington Post, além de dezenas de jornais de outras cidades  que publicaram ao menos algum artigo oferecendo o outro lado da história.

Vale a pena revisitar o debate que apareceu na edição do Times online, porque lança luz sobre alguns dos problemas sobre  o que lemos e ouvimos sobre a Venezuela.

Moisés Naím afirma que a Venezuela, cuja economia cresceu cerca de 5,5 por cento em 2012,  está a caminho de “uma crise econômica de proporções históricas.” (Bem, pelo menos ele disse que “está a caminho” de uma crise. Anita Issacs, cientista política que participou do debate , curiosamente se refere ao  ”colapso da economia da Venezuela” — como em “o colapso da economia dos Estados Unidos” em 2004).

Jânio de Freitas: À brasileira


A decisão, adotada na Venezuela, de adiar indefinidamente a posse do hospitalizado Hugo Chávez tem um precedente: é milimetricamente igual à decisão que adiou indefinidamente a posse do hospitalizado Tancredo Neves. O que faz com que a decisão no caso de Chávez receba exaltada condenação moral no Brasil e no caso de Tancredo Neves fosse louvada, com alívio e emoção, pode ser muito interessante. Mas não é para um artiguinho. E não é tão difícil de intuir, ao menos na superfície.

Convém lembrar que a crítica à solução brasileira só veio, e muito forte, no segundo passo daquele veloz processo. Foi quando a decisão à brasileira avançou muito mais do que a Venezuela: morto Tancredo, o mandato que não recebeu e a Presidência foram transferidos ao vice, sob muita contestação jurídica e ética.

As circunstâncias venezuelana e brasileira são diferentes? Sim, claro. As circunstâncias são sempre diferentes. Mas sem essa de que a oposição Venezuela está lutando pela democracia, e o chavismo é um sistema contrário à liberdade, e coisa e tal. Seja o que for o chavismo e o que pretenda a "revolução bolivariana", o que a oposição quer é restaurar o sistema de poder anterior: um dos mais corruptos e socialmente opressores da América Latina, de menor e mais imoral "liberdade de imprensa" e de pensamento.

Ao longo do século passado, a Venezuela dos hoje saudosistas deixou exemplos de barbaridade ditatorial escandalosos mesmo para o padrão latino-americano, caso do ditador-bandido Perez Jimenez, entre outros; e uns dois governos decentes, digo dois só para não deixar o romancista e presidente Romulo Bittencourt sem companhia em meio a cem anos.

Mas, a não ser muito eventuais obviedades "de esquerda", nunca li ou ouvi críticas no Brasil aos donos daquela Venezuela e seu sistema de domínio e exploração.

Supremo da Venezuela decide que presidente continua no cargo sem posse e por tempo indeterminado

Vice-presidente Nicolás Maduro poderá permanecer à frente do governo após decisão de juízes; oposição, que queria decretação de ausência temporária, denuncia inconstitucionalidade da medida.

O TSJ - Tribunal Supremo de Justiça - da Venezuela, considerou que a posse de Hugo Chávez, prevista para hoje, é um “formalismo que deve ser cumprido, mas não é obrigatório para a continuidade do governo”. 

Para os magistrados, não é necessário decretar a ausência temporária do presidente porque a Assembleia Nacional autorizou que ele viajasse para se tratar do câncer.

Ricardo Noblat sofre de anorexia política ou é semvergonhice mesmo?

Leia o texto dele abaixo e deixe sua opinião nos comentários
Tem golpe em marcha na Venezuela, por Ricardo Noblat

Ameaçado por um câncer de pélvis, entregue aos cuidados de médicos cubanos e russos em um hospital de Havana, Hugo Chávez, presidente da Venezuela reeleito pela terceira vez no ano passado, deverá reassumir o cargo na próxima quinta-feira, dia 10. É o que manda a Constituição do seu país.
Se não o fizer, a vaga dele caberá ao presidente do Congresso. Que num prazo de 30 dias convocará nova eleição para a escolha em definitivo do sucessor de Chávez.
Na madrugada da última sexta-feira, em cadeia nacional de rádio e de televisão, Nicolás Maduro, vice de Chávez, anunciou que não será bem assim.
Digo eu: Chávez carece das mínimas condições para assumir o cargo em sessão da Assembleia Nacional (Congresso) ou do Supremo Tribunal de Justiça como determina a lei. São aparelhos que ainda o mantém vivo.
A hipótese de sua recuperação é remota. Só cogitam dela os que acreditam em milagres.

Hugo Chávez anuncia 4ª cirurgia e indica vice como sucessor

Depois de relatar piora da doença - câncer - Chávez admite que pode não concluir o mandato.

Presidente venezuelano retorna a Cuba para nova operação, e apela aos partidários para que votem em Nicolás Maduro caso seu estado de saúde o obrigue a deixar o comando do país e seja marcada nova eleição

Dois dias após voltar de Cuba, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, surpreendeu o país ao anunciar, que fará nova cirurgia — a 4ª desde que adoeceu em junho de 2011 — para tratar de uma recidiva do câncer. 


Chávez admitiu pela 1ª vez que pode ter de deixar o comando da Venezuela e não cumprir o atual mandato, que termina em janeiro. Há dois meses, ele foi reeleito para mais seis anos. Ontem, nomeou como sucessor o vice-presidente e chanceler, Nicolás Maduro. Emocionado, apelou aos venezuelanos: 

"Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Maduro.” 

Caso seja impossibilitado de concluir o mandato, Chávez, que viajaria ontem para Cuba, disse que o vice assumiria e convocaria novas eleições.

Jimmy Carter: A Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo


Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, explica os motivos que o levam a crer na excelência do sistema eleitoral venezuelano. Foto: divulgação
O processo eleitoral na Venezuela é considerado o melhor do mundo pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que coordena uma instituição de monitoramento de eleições ao redor do mundo há mais de uma década. Em conferência anual do Carter Center, o norte-americano também garantiu que Hugo Chávez venceu de forma “justa” o último pleito presidencial, em 2006.
Carter elogiou o sistema de votação venezuelano por incluir duas formas de contagem, o que dificulta qualquer tipo de tentativa de fraude. No país, os eleitores escolhem o seu candidato em uma urna eletrônica e ainda recebem um comprovante, que é depositado em uma caixa vedada, aberta para confirmar os resultados eleitorais. Além disso, um dos dedos é manchado com tinta indelével.
O democrata disse que enquanto os sistemas de financiamento de campanha nos países latino-americanos melhorou significativamente, nos EUA se consolidou uma “corrupção financeira” alimentada por “resoluções que facilitaram o fluxo de dinheiro privado para as contas dos candidatos”.
Suas declarações vieram no mesmo dia em que jornalistas se reuniram no Carter Center para um workshop sobre a cobertura midiática das eleições venezuelanas. A instituição quer preparar os profissionais para escreverem retratos profissionais e não partidários do próximo pleito no país, que ocorre no dia 7 de outubro deste ano.
“O espaço que o treinamento do Centro fornece para reunir jornalistas de mídia divergentes é uma contribuição importante para diminuir a polarização e fortalecer a democracia venezuelana”, afirmou Andres D’Alessandro que coordenou atividades em junhos deste ano.
“As oficinas me ensinaram que tenho de fazer jornalismo – não jornalismo de oposição ou jornalismo oficial”, disse David Ludovic da ONG Instituto Prensa y Sociedad, que monitora o direito à liberdade de expressão na Venezuela. “Eu devo trazer apenas dados e explicações para o meu público”, acrescentou.
Por mais de uma década, o Carter Center conduziu observações eleitorais e treinamento para jornalistas na Venezuela. A organização norte-americana vai realizar estudo autônomo e independente sobre as eleições presidências deste ano no país, incluindo percepções da população sobre o processo eleitoral.
Marina Mattar, Opera Mundi

A Venezuela mudou. E para melhor


Após 12 anos de governo de Hugo Chávez, a Venezuela mudou. E para melhor. De coqueluche dos Estados Unidos, por conta de suas reservas de petróleo, o país se transformou em um dos maiores opositores da política neoliberal do continente, retomou o controle de sua renda petrolífera e destinou-a aos programas sociais devolvendo a cidadania para os venezuelanos. 

Nesta trajetória arrojada e de assumida independência ante as exigências de Washington, o governo Chávez desagradou – e muito – a direita conservadora nacional e internacional, o que já lhe rendeu um golpe de Estado (em 2002) e a oposição ferrenha, dia e sim e no outro também, da mídia. Mas, segundo Maximilien Arvelaiz, embaixador da Venezuela no Brasil, valeu a pena. “Basta caminhar pela Venezuela para ver o quanto o país mudou”, comemora.

Agora, rumo à consolidação de sua independência, a Venezuela de Hugo Chávez retorna, mais uma vez, às urnas. Com data marcada - 7 de outubro – a eleição venezuelana é o retrato da forte polarização da sociedade venezuelana, conta Maximilien, a da esquerda unida a Chávez e a da direita, representada por Henrique Capriles. 

Nesta entrevista, Maximilien não apenas conta como está a campanha, como nos traz um retrato fiel da sociedade venezuelana, suas conquistas e aspirações. 

Membro do governo Chávez desde o início, Maximilien também explica por que o país é tão combatido pela mídia. E avalia as oportunidades – tanto para eles, quanto para nós – abertas com ingresso recente da Venezuela no MERCOSUL. 

Confira a entrevista e compreenda o que está em jogo na América Latina e por que o ex-presidente Lula afirmou recentemente a Chávez “sua vitória, nossa vitória”. Leia a entrevista Aqui

Venezuela: País menos desigual da América do Sul


Abaixo seguem os links para a segunda parte da reportagem especial sobre Venezuela na era Chávez, que o Opera Mundi começou a publicar dia 21 de agosto. 


Os três textos de hoje versão sobre a redução da desigualdade social e a radicalização do confronto político. 


O primeiro dos artigos busca informar sobre as bases do processo que levaram à hegemonia do campo
liderado pelo atual presidente. 



Os outros dois fazer um perfil tanto da oposição quanto dos setores que apoiam a revolução bolivariana.

Leia a série em português: Venezuela é cenário de forte confrontação política

ORAÇÃO A CHÁVEZ NOSSO

Chávez nosso, que estás na prisão,
Santificado seja teu golpe,
Vinga a todos nós, teu povo,
Faça-se a tua vontade
E a de teu Exército.
Dá-nos hoje a confiança já perdida
E não perdoes aos traidores.
Assim como também não perdoaremos
Aos que te prenderam.
Salva-nos de tanta corrupção
E livra-nos de Carlos Andrés Pérez.
Amém.

Escrita por um anônimo, a oração, além de emblemática, sintetiza de forma significativa, uma das principais, senão a principal, base de sustentação da Revolução Bolivariana: a integração cívico-militar.

por Brizola Neto


Até a direita tem medo da doença de Chavez
A nossa imprensa costuma apresentar Hugo Chávez como um bronco, um desqualificado e, sobretudo, um ditado, embora ele tenha enfrentado – e vencido – uma dezena de eleições em seus 11 anos, quase 12 de poder.
Ele é de fato, a mais perfeita encarnação do que o elitismo costuma chamar de populista.
Não apenas fala com o povo, mas fala ao povo, de uma maneira que, longe de ser simplória, é marcada permanentemente por uma preocupação didática e histórica e continental.
É a ele, desde sua ascensão ao poder, em 99,  antes mesmo de Lula, que se deve o fato de a América Latina ter voltado a ser uma peça no cenário geopolítico mundial, e isso é algo que todo raciocínio honesto, mesmo que não simpático a ele, precisa admitir.
E, de alguma forma, admite, mesmo quando se percebe uma imensa “torcida”  midiática internacional para que seu estado de saúde se agrave e ele seja forçado a deixar o cenário político-eleitoral do país.
Torcida, é verdade, também cheia de medo. Os efeitos do drama pessoal que vive o presidente venezuelano podem enfraquece-lo, fisicamente, mas o ampliam politicamente.
Porque ele tornou-se uma referência para os venezuelanos – tanto para os que o apoiam quanto para os que o combatem, mas também  para os que, sem uma atitude ou outra, perceberam que seu país passou a existir como algo além de uma grande jazida petrolífera.
E para a América Latina, porque provou que é possível sobreviver ao confronto com a grande potência, meio século depois de Cuba ter sido a pioneira sobrevivente.
Mesmo que – e isso parece improvável, hoje – a doença o fragilize para o embate eleitoral de 2012, quando buscará a reeleição, restaria à oposição ter vencido um homem abalado por um mal que não é político, mas humano.
Mas o que parece vir de agora por diante é diferente. O Chávez enfraquecido fisicamente pelas cirurgias que enfrentou e o tratamento que enfrentará não se enfraquecerá politicamente po isso, ao contrário.
As limitações físicas só aumentam sua percepção como símbolo, como o sol do poente aumenta a sombra que alguém projeta. E se Chávez vencer esta batalha médica, irá mais forte do que estava para a batalha eleitoral.

por Cesar Maia

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NO PERU: 
RISCO DE SANDUÍCHE CHAVISTA COM A COLÔMBIA!
                          
1. Raramente as pesquisas eleitorais, em qualquer país, num período de uns 45 dias, produziram tantas nuances como essas para a eleição do novo presidente do Peru. Especialmente porque os candidatos todos têm clara identidade político-ideológica. As pesquisas começaram com Castañeda, ex-prefeito da Grande Lima -com boa vantagem lambendo os 30% das intenções de voto. Era seguido pela deputada Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Fujirmori que se encontra preso. Ela faz campanha acentuando essa relação e o compromisso de soltar seu pai. Flutuou sempre na faixa dos 20% de votos.
          
2. Mais abaixo vinha o ex-presidente Toledo, com uns 15% das intenções de voto. Depois Humala, chavista explícito, com uns 7% e, finalmente, o empresário de sotaque americano e com propostas liberais fortes, Kuczynski -PPK- com uns 5% ou menos. O quadro foi mudando e Castañeda trocando com Toledo elevou Toledo àqueles 30% das intenções de voto. Keiko permanecia em seus 20%, enquanto Humala e PPK cresciam ainda lentamente.
          
3. Nas últimas duas semanas o panorama mudou. Humala e PPK cresceram de forma mais acentuada e Toledo foi caindo. No Peru as pesquisas são proibidas nos 15 últimos dias. Portanto, nas duas últimas semanas só por informações boca a boca.
          
4. Todas as últimas pesquisas divulgadas no domingo e segunda passados (27 e 28) deram Humala na frente, com empate técnico com Keiko, Toledo e PPK. Numa delas, Humala fica à frente, fora do empate técnico, mas com diferença ainda pequena. Humala, sentindo o cheiro do segundo turno, pediu que o presidente Chávez não opinasse mais, pois poderia prejudicá-lo. Keiko pediu que o presidente Piñera, do Chile, não opinasse mais. A consciência geopolítica é evidente.
          
5. O segundo turno é inevitável. As pesquisas mostram que Toledo e Castañeda venceriam Humala e Keiko no segundo turno. Memória da eleição de Alan Garcia. Keiko e Humala estão empatados. Mas segundo turno é segundo turno. E tudo pode acontecer.
          
6. Nos últimos dias apareceu uma enorme corrente por mala direta e via internet levantando o "risco Humala" e pedindo aos eleitores de Castañeda e PPK que façam um voto útil e passem taticamente para Toledo.
          
7. O fato prático é que se Humala vencer, a Colômbia -com fronteiras com a Venezuela, Equador e Peru- será o queijo ou o presunto de um sanduíche bolivariano. Queiram ou não, não se trata de risco, mas de uma situação geopolítica inexorável se vier a vitória de Humala.

PAZ ENTRE COLOMBIA E VENEZUELA

DERROTA PARA O URIBISMO TUCANO 

Álvaro Uribe despediu-se do poder regurgitando provocações contra Chávez, que o ignorou. 
A tentativa algo desesperada de impedir que o belicismo desagregador personificado por ele virasse passado na política regional não deu certo. 
Nem bem a cadeira presidencial esfriou, seu sucessor, Juan Santos, recebeu o venezuelano para restabelecer a paz nas relações bilaterais. 
A atitude madura reforçada pela intermediação cuidadosa da Unasul, através de Nestor Kirchner, adiciona um caminhão de más notícias à candidatura do presidenciável brasileiro, José Serra. 
Esganado pela mão dupla de uma economia que bate recordes sucessivos na geração de empregos e tem um Presidente com 80% de aprovação, interessaria ao tucano vocalizar o uribismo no ambiente eleitoral brasileiro. 
Seu parceiro de chapa e idéias, Índio da Costa, e o back-vocal obsequioso da mídia demotucana, foram insuficientes, porém, para emplacar o delirante enredo que insinuava a existência de um ‘eixo do mal’ latinoamericano, formado por guerrilheiros das Farcs, tráfico, o PT e, claro, a candidatura apoiada por Lula. Era o título pronto de um filme à moda Stallone: ‘Uribe e Serra contra o Mal’: 
Eles cortam cabeças de pessoas’, disse o ex-governador de São Paulo na pré-estréia. 
O reatamento das relações entre Venezuela e Colômbia indica que o trem da paz pode incorporar uma solução política para o futuro das Farcs. 
O rápido avanço das negociações no ambiente pós-Uribe avulta a desconcertante inadequação e o esférico despreparo da dupla Serra & Índio para liderar o mais influente guarda-chuva econômico e político de uma convergencia regional assentada na paz e na cooperação: 
a chefia do Estado brasileiro.
 

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