A democracia mudou de face


Parece que interessa mais ao eleitorado os líderes de popularidade do que as próprias estruturas partidárias. É uma tendência mundial, do final do século XX, que está ligada à fragmentação do sistema partidário, a crise da representação e a diluição das grandes identidades políticas, que em nosso país adquiriram contornos muito contundentes depois da crise de 2001. Entre as consequências deste fenômeno, estão a flutuação do voto e uma maior autonomia cidadã em relação aos partidos. A democracia representativa tradicional, baseada em um sistema partidário, já não é o que era. A democracia mudou de face.


Não se trata somente das novas tecnologias da comunicação política, das redes sociais, que ampliaram o espaço público para novas formas de comunicar e participar, mas também de uma democracia de contato com os cidadãos.  Com isso, faço menção ao enlace que se estabelece entre os eleitores e os "líderes de popularidade", que são aqueles reconhecidos pelo grande público, que não provem do âmbito da política. A democracia imediata exacerba, sem dúvida, o personalismo na política.

Hugo Quiroga, politólogo da Universidade de Rosario

Receita de Torta de Coco Dourada

torta-de-coco-dourada-f8-11264.jpg Ingredientes

Massa

2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de açúcar
2 colheres (sopa) de margarina Qualy 
1 colher (sopa) de fermento químico em pó 
1 de ovo

Recheio

3 copos de leite
6 colheres (sopa) de açúcar
3 colheres (sopa) de amido de milho

Cobertura

1 pacote de coco ralado 
1 lata de leite condensado 

Modo de preparo

Massa
Misture todos os ingredientes, amasse até obter uma massa homogênea. Abra a massa e aplique sobre uma fôrma de fundo removível, deixando descansar por 10 minutos. Aplique o recheio e leve ao fogo médio (180º) até que esteja dourada.
 
Recheio
Leve todos os ingredientes ao fogo e quando o creme estiver pronto, aplicá-lo sobre a massa.
 
Cobertura
Polvilhe o côco ralado sobre o recheio e, em seguida cubra com o leite condensado. Leve ao forno. 
 

Esta receita foi preparada pela especialista em confeitaria Renata Karan. 


Aprendizados duros

Não há nada de bom em tragédias como a que aconteceu na Noruega. Foi uma coisa estúpida, que causou a morte de quase 80 pessoas e trouxe dor a todo um país. Alguém teria coragem de dizer que foi boa, em qualquer sentido que seja?
A respeito das tragédias, só uma coisa se sabe. Que, quase sempre, poderiam ser piores. Em chacinas e atentados como esse, mais gente poderia morrer, mais destruição advir, maiores os custos humanos e materiais. Nos desastres ambientais, como o recente no Japão, maior o impacto e o tempo de recuperação.
No morticínio na Noruega, tudo seria pior se o assassino não fosse um nórdico louco de direita. Se não tivesse as características exteriores de um “legítimo” cidadão de seu país.
Quem viu o manifesto deixado por ele terá notado o paradoxo do ato que cometeu à luz das ideias em que acreditava. Diz que a Europa precisa se proteger de três forças que ameaçam destrui-la: o “marxismo cultural”, o “multiculturalismo” e o “islamismo”. Era um militante de extrema direita, um convicto defensor do “monoculturalismo” (segundo sua definição) e um devoto do extremismo cristão.
O paradoxo está em que, por suas mãos, a morte veio de dentro, e não de fora da sociedade. Dizendo-se defensor, foi o verdadeiro agressor. Quem matou não foi “o estrangeiro”.
E se tivesse sido? Se estivesse certo e fosse real uma ameaça como aquela que imaginava? Se as 76 mortes tivessem sido causadas por um outro louco, só que imigrante? Árabe? Africano? Sul-americano? Se fosse esquerdista? Anarquista? Eco-radical?
O fortalecimento de partidos de direita na Europa é a parte visível de um movimento mais profundo, de xenofobia e preconceito, que se dissemina por todo o continente, dos maiores aos menores países. São cada vez mais frequentes os episódios de conflito social e racial, que só fazem subir as tensões entre europeus de diferentes origens.
Se um radical islâmico, por alguma razão maluca, matasse 68 jovens noruegueses, na festa alegre de uma sexta feira de verão, um tsunami de intolerância varreria a Europa. É difícil imaginar o que aconteceria, mas é certo que as fogueiras estariam queimando.
O governo social-democrata norueguês reagiu ao massacre de forma exemplar. O primeiro-ministro prometeu que enfrentaria suas consequências andando para diante e não recuando. Seria com mais democracia e mais liberdade que seu país responderia, e não aumentando controles e reduzindo direitos civis.
Trata-se de receita inversa à que mistura paranóia e vingança (na base do “olho por olho”), tão típica nas reações de vários países quando passam por traumas parecidos, a começar pelos Estados Unidos.
A experiência brasileira com esse tipo de tragédia é pequena. Não que sejamos uma sociedade menos violenta (ao contrário), mas, no Brasil, são raros os casos de assassinos com motivações e comportamentos semelhantes.
No evento mais grave de nossa historia, o da escola de Realengo, em abril deste ano, a reação do sistema político e da sociedade foram tão elogiáveis quanto agora na Noruega. Por mais chocados que tenhamos ficado com a morte de 12 crianças, ela não nos levou a retroceder em opções fundamentais.
Não mudou, por exemplo, a política de abertura das escolas, por mais que, logo após o tiroteio, tivesse havido quem pedisse que fossem cercadas e contratados guardas armados para servir de porteiros.
No fundo, não há mais o que fazer em tragédias. É possível encontrar algum conforto imaginando que poderiam ser piores. E torcer para que tenhamos sabedoria para não afundar com elas.
Marcos Coimbra 

O que se dá para um amigo

Amigo é um ser muito especial na vida de cada um de nós. Quem tem um amigo, guarda a certeza de que jamais enfrentará tempestades a sós

Sempre poderá contar com um ombro acolhedor, uma mão que se estende, alguém que chora e se alegra com as suas dores e as suas alegrias.

E quando se deseja presentear um amigo, o que se deve dar?

Por vezes, ficamos preocupados, porque desejamos ofertar o melhor ao amigo e nos faltam recursos amoedados.

Essa indagação nos recorda de uma história que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, em terras alemãs.

O tempo era de escassez, de medo e perseguições. A família era alemã, em solo alemão, ocultando, na intimidade da sua casa, um judeu.

Pior que tudo: um judeu enfermo. E Max era isso: um judeu muito doente.

A menina da casa lhe cedeu a cama. Ela já fora conquistada por aquele homem solitário e tão perseguido. Somente por ser judeu.

Fora conquistada pela sua forma de parecer invisível, de não desejar incomodar, de quase se sentir culpado por existir.

Quantas horas haviam passado juntos! Mas agora ele estava ali, imóvel, sobre o leito e o prognóstico não era dos melhores.

Não se podia chamar um médico para medicá-lo. Isso significaria prisão para todos.

Não havia nada que se pudesse fazer. A não ser amá-lo.

A menina pensou que se lhe desse motivos para viver, Max retornaria à vida, sairia daquele torpor em que a febre, a tristeza ou o que fosse o mergulhara.

Assim, todas as tardes, ela passou a ler, em voz alta para ele. Era um livro de quase 400 páginas.

Ela lia, falava com Max e o convidava a acordar, dia após dia.

Depois ela pensou em lhe levar presentes. Primeiro, foi uma bola furada que encontrou na rua.

Ela queria que ele tivesse motivos para viver. Achou uma fita na sarjeta, um botão encostado numa parede da sala de aulas, uma pedrinha chata e redonda do rio.

Todos os dias, voltando da escola, ela procurava algo que pudesse levar para ele.

Um invólucro de bala liso e desbotado. Uma pena linda, encontrada presa na dobradiça de uma porta.

Finalmente, ela quis lhe dar uma nuvem.

Como se pode dar uma nuvem a alguém?

Então a descreveu para Max.

Era uma nuvem gigantesca. Como uma grande fera branca e veio por cima das montanhas.

Imaginou a nuvem passando de sua mão para ele, através dos cobertores. E a escreveu num pedaço de papel, colocando a pedrinha em cima.

Tudo era deixado na mesa de cabeceira. Os tesouros de uma menina para um judeu que tinha perdido a vontade de viver.

Finalmente, um dia, ele abriu os olhos.

Quando ela o viu, ele estava sentado na cama, com a bola murcha de futebol no colo.

Max sorria, acariciando cada um dos preciosos presentes na mesa de cabeceira.

Adorei a nuvem! - disse ele.

E não voltou a adoecer.
 


Temos de fazer mais pelo Real


ImageO câmbio vai continuar se valorizando, os juros permanecerão altos e a liquidez persistirá no mundo. O mesmo vale para as políticas cambiais e de juros administradas nos Estados Unidos e China – ou seja, as guerras comercial e cambial seguirão o seu curso.

Devemos e podemos fazer mais para impedir uma valorização maior do real. Mas, enquanto não mudarmos nossa política monetária, não haverá solução no curto prazo. Ela só é possível no médio prazo, com menos impostos e dinheiro mais barato, melhor infraestrutura e logística, mais educação e, principalmente, inovação tecnológica.

Já é hora de o governo e de todo país priorizar - de fato - a educação e a inovação. Temos de fazer a reforma tributária, implantar a nova fase da política industrial e evitar todo tipo de dumping e fraude comercial, como, por exemplo, as famosas triangulações via MERCOSUL. E, inclusive, fazer avançar a integração regional. Isso significa dar um salto no próprio bloco comercial do continente (leia mais neste blog). E, como sabemos, nada disso se dá no curto prazo.

Taxas imbatíveis


Daí, a urgência de uma mudança na política de juros, que hoje paga quase 6% de juros reais. Com a taxa Selic a 12,50% e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 6,71%, no acumulado de 12 meses até junho, os juros reais no Brasil tornam-se praticamente "imbatíveis", segundo analisa boa parte dos estrategistas do mercado financeiro.

Com essa taxa, não há câmbio que se sustente! A título de exemplo, a Índia, um país emergente e do grupo dos BRICS como o Brasil, com seus 9,44% de inflação anuais tem juros de 8%, ou seja, negativos. Por outro lado, como o Brasil está crescendo, oferece oportunidades de investimento, garantia e segurança jurídica - fundamentos razoáveis no mundo de hoje - o capital, como ave de rapina, não tem dúvidas: ruma para cá.

Basta ver que nosso país saltou do 15º lugar para o 5º, na lista mundial do investimento direto estrangeiro, o famoso IDE, levantado pela UNCTAD, a agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento.

Não deveríamos ter permitido a venda da Repsol


Por aqui, o IDE aumentou 84,6% em 2010 na comparação com o ano anterior, totalizando US$ 48,4 bi, de acordo com esse estudo da UNCTAD chamado Investimento no Mundo 2011. E, mesmo que US$ 7 bi contabilizados neste ranking sejam resultantes da venda da filial brasileira da Repsol espanhola para a chinesa Sinopec - o que nunca deveríamos ter permitido, comprando nós a Repsol - o grosso dos valores do IDE representa investimentos voltados à produção.

Esse volume de IDE veio, portanto, para a criação de fábricas e para diversas operações empresariais internacionais, como fusões e aquisições, compra de participações acionárias, empréstimos para filiais e reinvestimento dos lucros. Ainda bem.
Zé Dirceu

Indagação pública

A política tem razões que a população desconhece. Quais são as razões que fizeram Lula nomear e Dilma deixar  o " modestissímo ", sr. Nelson Jobim no ministério da defesa?...

Para que este tucano no governo?...

Para fazer jogo duplo?...

Saúde: O nó vem do Nordeste?...

Ainda que com jeito, os governadores do Nordeste deixaram em mãos da presidente Dilma Rousseff um nó daqueles dignos de Alexandre, capaz de ser desatado apenas com a espada. Deixaram claro que sem a volta da CPMF ou sucedâneo não poderão cumprir o dispositivo constitucional do teto mínimo com gastos de saúde pública. A situação em seus estados é lamentável, sem exceções.

Sem dúvidas a maior derrota parlamentar do popularíssimo governo Lula foi a queda da CPMF, no Senado. Insistir no retorno ao imposto do cheque, para Dilma, será tirar passaporte para a derrota, mas encontrar solução parecida na criação de mais taxações não será nada diferente. E sem a garantia de preencher o vazio nos cofres estaduais, porque o cheque vem se tornando rapidamente coisa do passado. Instrumento em desuso no mundo financeiro, substituído pelos cartões de crédito. Quanto a esses, melhor não mexer, já submetidos a juros escandalosos na hora de esticar as dívidas.

Fazer o quê? Contar com os lucros do pré-sal antes da hora não dá. Arcar com despesas estaduais também não. Deixar a população à míngua, sem receber o mínimo imprescindível em termos de saúde pública equivalerá a armar uma bomba dos diabos, capaz de explodir em eleições próximas.

Na reunião de segunda-feira, em Alagoas, nem tudo foram comemorações e abraços entre a presidente e os governadores do Nordeste. Ficou o nó.
Carlos Chagas