TUCANO PODE

Se existe um bicho que se acha, esse bicho é o tucano.
Tucano acha que pode tudo.
Os tucanos, salvo raríssimas excessões, são donos de uma soberba e empáfia amazônicas, constragedoras.
Na verdade, os tucanos são mesmo é complexados.
Por complexo, se tornaram agressivos, se inflam raivosamente para parecerem grandes e se apequenaram no debate político.
Os tucanos não debatem ideias. Eles impõem as deles pela via da acusação e da condenação. Sempre com gestos que espelham a indignação quase odienta, alá Tasso, Virgílio, Guerra...
Mas quando acusados se defendem acusando, atacando, difamando. Incriminando. Criminalizando.



Todos podem errar. Os tucanos nunca erram. Eles são os pais da ética, da sabedoria e da verdade. Quem acusa um tucano pode passar de acusador a acusado, assim... tipo um Protógenes e um Fausto de Sanctis.
E, agora, Joaquim Barbosa.
O senador e ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo chama o juiz do STF, Joaquim Barbosa, de mentiroso e diz que este plantou um recibo falso no processo do “mensalão mineiro”, onde Azeredo aparece como o “precursor” e o idealizador dos mensalões brasileiros.
O senador faz uma grave acusação. E todo mundo sabe que está blasfemando, sobretudo o PIG – que proposital e convenientemente não diz nada, como que a aprovar o que diz o tucanão corrupto.
Ele desrespeita e desacata, ele afronta e desafia a Justiça do País.
Ele pode porque é um tucano. E tem o PIG para aplaudí-lo e protegê-lo.
E, lá mais na frente, terá o Gilmar Mendes, aquele que dispensa apresentações.
Se José Dirceu tivesse dito algo idêntico sobre o mesmo Joaquim Barbosa que recomendou sua cassassão, quando de seu julgamento pelo Supremo, o PIG o teria condenado antecipadamente.
A Globo e o Ibope teriam feito pesquisa aprovando a pena de morte para ele.
A Míriam Leitão seria escolhida para puxar a corda. Aí ela convidaria para ajudá-la o Bóris Casoy.
O Fernando Henrique teria antecipado a sua carta-testamento “Para onde vamos” e o Serra afirmaria que Dirceu cometeu uma trapalhada.
Seria o início do Apocalípse.
Mas quem acusou um juiz de criminoso foi um tucano.

E os tucanos, por complexo de inferioridade, pensam que são maioria e que podem como a maioria.
Como não podem, mas permanecem inferiores e complexados, preferem continuar atacando e acusando quem tem a coragem de apontar –lhe os erros.
E isso os tucanos acham que não tem.
Por que eles não são os outros.

Caetano - escuta-te

O autorismo popular, segundo FHC


Do Valor Econômico

Autoritarismo popular pelo voto direto

Maria Inês Nassif
Ao final de sete anos de governo e à véspera de uma eleição em que a sua simples presença de um lado da disputa pode definir a sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está dando um nó na cabeça da oposição. Não só pela sua popularidade, mas pela forma como conseguiu usar essa popularidade para mudar completamente uma agenda política e econômica à qual, no primeiro mandato, parecia amarrado.
À direita e à esquerda, essa mudança de agenda está sendo colocada como autocrática. Todavia, como definir historicamente uma mudança de agenda política e econômica num regime democrático sem a suposição de que existe apoio popular a ela? O apoio é a um presidente ou a um outro projeto de poder? Como desvincular o presidente Lula do seu partido político, o PT, quando a história política de ambos é a mesma (e isso é um fato mesmo se constatando que, depois de quase dois mandatos como presidente num regime presidencialista, Lula tornou-se maior que o PT)? Se projetos políticos não se sucederem no poder, em alternância, o que se pode querer de uma democracia? É personalismo ou projeto político diferenciado uma inversão completa de agenda em relação aos governos anteriores?
A definição – ou acusação – imputada a Lula pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo recente publicada em dois jornais paulistas (”Folha de S. Paulo” e “Estado de S. Paulo”), e reiterada em entrevista ao colunista Vinicius Torres Freire, ontem, na “Folha”, de exercer uma “Presidência imperial”, ou ser o artífice de um estado de “apatia com autoritarismo popular”, não parece plausível. Não dá para “acusar” alguém de ser popular. FHC também o foi no seu primeiro mandato e venceu as eleições para a reeleição no primeiro turno, em 1998. Não dá para “acusar” alguém por estar no poder, se essa pessoa foi eleita. FHC também foi, duas vezes. E, como Lula, também tentou, embora não com tanto empenho, fazer o seu sucessor.
Como Lula, Fernando Henrique Cardoso foi vitorioso como principal articulador de uma nova agenda política e econômica – no seu caso, o discurso vitorioso foi o de rompimento com a agenda nacional-populista de Vargas que ainda estava entranhada na sociedade. Como Lula, FHC teve que fazer valer o seu projeto num regime presidencialista com forte dispersão partidária. Ninguém o acusou de autoritário por isso. E não existe nenhuma objetividade numa acusação de autoritarismo se a pessoa que está sendo acusada se submeteu às urnas e mantém-se estritamente no jogo político institucional (ainda anteontem, Michael Bloomberg se elegeu, pela terceira vez, prefeito de Nova York).
A grande arte do Brasil democrático foi a de conseguir criar, mesmo após longo período de ditadura militar, uma cultura democrática. Foi arte, não foi sorte. Um único presidente, Fernando Collor, tinha um perfil que tendia ao autoritarismo mas, salvo a edição do Plano Collor numa conjuntura de hiperinflação no primeiro dia de seu governo – que enxugou drasticamente a liquidez com o confisco de poupança -, o autoritarismo não conseguiu passar de um discurso forte com cores nazistas. Collor mais ladrou do que mordeu: aceitou sem reações um processo de impeachment que acabou se tornando um símbolo da democracia brasileira. O presidente Itamar Franco, eleito como seu vice, governou por dois anos, tinha tradições democráticas e não as negou no poder.
Antes deles, o primeiro presidente civil depois do golpe de 1964 e último a se eleger pela via indireta, José Sarney, teve muitos defeitos, mas seu governo foi fundamental para a consolidação da democracia. Foi nesse período que funcionou a Assembleia Nacional Constituinte. Não consta que Sarney, mesmo com o pecado original de ter antes vivido à sombra do regime autoritário, tenha cometido atentados contra a então tenra democracia. Como vice do presidente eleito pelo Colégio Eleitoral, Tancredo Neves, Sarney ascendeu ao poder pela morte de um dos grandes articuladores da transição para a democracia. Estava comprometido com as forças democráticas, já majoritárias na sociedade, e não conseguiria sobreviver no poder sem o apoio delas.
Os governos do presidente Fernando Henrique Cardoso tiveram grande conteúdo democrático. FHC vinha da oposição institucional ao regime militar, o MDB, ingressou no PMDB e ascendeu pelo PSDB, partido surgido de um racha do PMDB. FHC, assim como Lula, esteve presente nos grandes movimentos pela democracia no pré-85. No governo, foi um hábil, e democrata, articulador de forças econômicas que emergiam num Brasil que se abria para o capitalismo financeiro internacional. Não houve autoritarismo nessa mudança de agenda: ele articulou forças que se moviam no cenário democrático a partir de mandato ao qual foi investido pelo voto popular. FHC foi bastante popular no final do primeiro governo, quando o Plano Real produziu um ganho de distribuição de renda incomum num país de renda concentrada como o Brasil. Perdeu esse legado no segundo mandato, quando a renda voltou a se concentrar.
O presidente Lula não foi nem mais, nem menos democrático que os outros civis. Foi igualmente democrata. Com mandato popular, articulou forças que se moviam no território da democracia para mudar a agenda política e econômica. A interpretação de que é a figura central de um “autoritarismo popular” não leva em conta a origem do mandato de Lula – o voto, como os dois mandatos de FHC -, mas o fato de que o atual presidente articula outras esferas da sociedade que foram incorporadas ao projeto de poder tucano apenas durante o Plano Real, e dele foram apartadas por sucessivas crises e um modelo de acumulação que se tornou excludente, passado o efeito desconcentrador do êxito anti-inflacionário.
A designação de “autoritarismo” não leva em conta o voto; a “acusação” de popular não faz justiça a quem vota.

Projeto ficha suja ou ficha limpa é...

Sobre o projeto " Ficha Limpa ", que considero um absurdo, vou fazer três perguntinhas aos que patrocinaram, defenderam e assinaram esta aberração.
  1. Senhores representantes do Comitê Nacional de Combate a Corrupção eleitoral, vocês sabem que...“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”(Art.5º,LVII, CF)?
  2. Existem associados de vocês que continuam exercendo a profissão mesmo já tendo sido condenado em 1ª instância?
  3. Se existe condenado entre vocês é porque para pertencer a categoria pode ter a "ficha suja"?
  • Minha opinião é que este projeto Ficha Suja ou Ficha Limpa é pura demagogia!

Solidariedade a Luíza Erundina


Luiza Erundina está sendo executada judicialmente pela única condenação que obteve durante toda a sua vida política. Trata-se de uma Ação Popular ajuizada pelo cidadão Ângelo Gamez Nunes (processo nº 053.89.707367-9 / Controle 159/89 – 1ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo) quando Luíza era Prefeita de São Paulo, e visava obter a reposição aos cofres públicos de dinheiro utilizado pela Prefeitura com publicações jornalísticas nas quais a então Prefeita manifestou apoio à greve geral de 1989. A sentença entendeu que a matéria publicada não atendia ao interesse público e condenou pessoalmente Luiza Erundina a pagar o elevado valor de R$ 350 MIL REAIS.
Trata-se de decisão definitiva em razão da qual já foram penhorados o apartamento onde mora (seu único imóvel), seu carro e ainda 10% da remuneração mensal como Deputada. Mesmo assim, seu patrimônio é inferior ao total da dívida.
Como a ex-Prefeita Luiza Erundina foi alvo de enorme injustiça, com decisões que tangenciam o preconceito social, ideológico e político, é hora de nos unirmos para demonstrar nossa solidariedade.
Amigos de Luíza Erundina promovem jantar de solidariedade à deputada
O jantar de solidariedade acontecerá na próxima segunda-feira (9), às 20h, no Grand Hotel Ca’d’Ouro ( Rua Augusta, 129 – Consolação, São Paulo).
O convite custa R$ 100.
Você pode ligar no hotel, reservar e pagar na hora. Pode também entrar em contato com o escritório de Luiza Erundina – (11) 5078-6642
Alem disso, há uma conta bancária, no Banco do Brasil, em nome de “Luiza apoio você”
– ag. 4884-4, conta corrente 2009-5

Abraços
Carlos
Petista de Uberlandia -MG

4 erros

A revista Isto É publicou uma excelente entrevista com Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de  empresas pela USP, consultor  organizacional e conferencista de  renome nacional e internacional.

Uma das perguntas  desta entrevista, e a respectiva resposta,  você verá a seguir. Medite sobre ela. 

ISTO  É – Muitas pessoas têm buscado sonhos  que não são seus, isso é verdade?  
 

Shinyashiki
 - A sociedade quer definir o  que é certo. São quatro loucuras da sociedade: 

 primeira, é  instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados  individuais. 

 segunda loucura é:
Você  tem de estar feliz todos os  dias. 

 terceira é:
Você  tem que comprar tudo o que puder.  O resultado é esse consumismo absurdo. 

Por  fim, a quarta loucura:
Você  tem de fazer as coisas do jeito certo.  Jeito certo não existe. Não há um  caminho único para se fazer as coisas.  

As  metas são interessantes  para o sucesso,  mas não para a felicidade. 
Felicidade não é uma meta, mas  um estado de espírito. 


Tem  gente que  diz que não será feliz  enquanto não  casar, enquanto outros  se dizem infelizes justamente por causa  do  casamento. 
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa
com a família  ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. 


Quando  era recém-formado em São Paulo, trabalhei  em um hospital de pacientes terminais. 
Todos  os dias morriam nove ou dez pacientes.  Eu sempre procurei conversar com eles  na hora da morte. 
A maior parte pega o médico  pela camisa e diz: 


"Doutor,  não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei  a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la  e                 ser feliz". 
Eu sentia uma dor enorme  por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade 
é feita de coisas pequenas.

 Ninguém  na hora da morte diz se arrepender  por não ter aplicado o dinheiro em  imóveis ou ações, ou por não ter  comprado isto ou aquilo, mas sim de  ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a  vida. 
Roberto  Shinyashiki 

....”aprendi  que a felicidade é feita de coisas pequenas....

Todos,  na hora da morte....                                ”dizem se arrepender de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.”...  

Pense....  medite.... 

Alguma  coisa parece semelhante  em tua vida?

Descendo na banguela

Qual é a lógica de indexar todas as aposentadorias e benefícios da Previdência Social ao reajuste do salário mínimo? Como o nome diz, o mínimo é um salário relativamente pequeno. Deve portanto ser objeto de políticas agressivas de recomposição e aumentos reais. Em teoria, pode-se defender que as aposentadorias muito baixas recebam também um tratamento especial. Mas todas? Qual é o sentido?

Os aposentados naturalmente defendem a indexação em linha. Estão no direito deles. Mas, e o governo? Este parece novamente contar em último caso com o patriotismo da oposição. Com honrosas exceções, é flagrante o pânico governista diante do desgaste de impor uma posição antipopular. Daí que o Palácio do Planalto prefira repassar o ônus aos senhores parlamentares. Que preferem um veto presidencial. Óbvio. Coisa de que Luiz Inácio Lula da Silva não quer nem saber. Mais óbvio ainda.

Como a popularidade do presidente é o maior ativo do situacionismo, vão de novo suas excelências congressuais para o sacrifício. Cést la vie. E segue o Congresso Nacional na dança maluca, desde que as medidas provisórias pararam de bloquear a pauta: 1) o governo finge que não é governo, 2) a oposição oscila entre o impulso do “quanto pior, melhor” e o medo de — se ganhar a eleição — receber um abacaxi e tanto lá na frente e 3) o Tesouro, tadinho, fica sem ter quem o defenda.

Discussão séria sobre a Previdência Social? Esqueçam. Pelo menos nestas vésperas de eleição. O governo tem suas razões para fugir do debate como o diabo da cruz. Qualquer passo “construtivo” seria tragado na voragem da luta política. E o estado gelatinoso da base governista — ao menos em pontos doutrinários — não dá margem de segurança para passar o trator.

Um dia o Brasil precisará voltar ao tema. Talvez já no próximo quadriênio. O desenho da Previdência brasileira nada tem a ver com a atual realidade. Dado o aumento exponencial da expectativa de vida, daqui a pouco chegaremos a uma situação em que o sujeito ficará aposentado o mesmo tanto de anos que passou trabalhando. E com uma vantagem: se vingarem as pressões por reajustes em linha vinculados ao salário mínimo, os vencimentos vão convergir para o que ganha o trabalhador da ativa.

É bom? Ótimo, desde que se saiba quem vai pagar a conta. Porque entra governo, sai governo e uma coisa não muda: os políticos enxergam o Tesouro como uma fonte inesgotável de maná, um saco sem fundo de bondades. Daí que, ciclicamente, o governante que dá azar de ser eleito na hora “errada” precise fazer um ajuste daqueles, enfrentando o desgaste alimentado exatamente pelos que criaram o problema.

Solução à vista? Estrutural? Esqueçam. Bem na hora que o Congresso Nacional redescobriu seu poder e o governo só quer saber da sucessão? Quem vier depois que fique com o mico. E que pague a conta. Até lá, o caminhão continuará a descer a ladeira na banguela.