Energia e riqueza na Amazônia

- A Usina de Santo Antônio avança em meio à floresta.


- O rio Madeira deverá ser o sexto pólo hidrelétrico do mundo.

Começa a década da infraestrutura

– O Brasil inicia o maior ciclo de grandes obras dos últimos 30 anos. 


Nos próximos cinco anos, meio trilhão de dólares deverão ser investidos. 


A realidade mostra que o PAC vai além do discurso, felizmente.

Renda no Brasil volta a subir no ritmo pré-crise

O aumento da renda no Brasil retomou os níveis anteriores à crise de 2009, e o poder de compra das famílias atingiu o maior patamar em uma década e meia.


Além disso, a proporção de brasileiros abaixo da linha da miséria caiu 43% em 15 anos. 


Estima-se que o país tenha hoje 30 milhões de miseráveis sobrevivendo com R$ 137 ao mês. 


Para especialistas, porém, ele seriam mais de 50 milhões se a velocidade de diminuição da pobreza não tivesse se acelerado nos últimos sete anos. 


"A melhora hoje é muito mais sustentável, pois está apoiada mais na renda do trabalho", afirma Marcelo Neri, da FGV. 


Na média da década, esse fator explica 67% da redução da desigualdade; o Bolsa Família responde por só 17%.

Carville em xeque?

O marqueteiro James Carville prestou um belo serviço a William Jefferson Clinton quando mandou o então candidato democrata enfatizar as questões econômicas na campanha presidencial de 1992. “É a economia, estúpido!” Carville não tinha pirado, a palavra rude não era dirigida ao possível futuro presidente: no alvo estavam os membros do estafe que ainda resistiam a compreender a centralidade do tema.

Os americanos viviam a recessão, e as pessoas votaram para retomar o crescimento. Bill Clinton elegeu-se 42o. Presidente dos Estados Unidos, derrotando George H. W. Bush, o pai. Um ano antes a popularidade de Bush explodira na fácil vitória da Guerra do Golfo, que também acabara de fechar as feridas do Vietnã, removendo os medos americanos nascidos no pântano da Indochina. Mas Bush pai não conseguiu outros quatro anos.

Quando a economia vai mal, é razoável supor que as pessoas votem em quem julgam mais capaz de melhorá-la. E a frase de Carville ficou famosa, um lugar comum. Há porém certo detalhe menos célebre da estratégia democrata em 92. Além de mandar bater na tecla econômica, Carville sugeria a Clinton jamais esquecer de falar na reforma da saúde.

A História costuma sofrer de esquematismo, visto ser obra de historiadores, que carregam viés. Desde Clinton/Carville a centralidade da economia virou dogma, com algo de determinista. Ano e meio atrás a tese pareceu ser reforçada quando Barack Obama bateu John McCain, no auge da maior crise econômica americana e mundial desde 1929.

O massacre noticioso na eleição do primeiro negro presidente dos Estados Unidos e o efeito “landslide” (avalanche) no colégio eleitoral (365 votos eleitorais contra 173) deixaram um fato em segundo plano: Obama colocou apenas 10 milhões de votos sobre McCain num eleitorado de 130 milhões, algo como 7,5 pontos percentuais. Pouco. Isso com a economia afundando e a Guerra do Iraque batendo recordes de impopularidade.

A política existe. A oposição brasileira tem uma chance de eleger o presidente da República, mesmo lutando contra um governo bem avaliado. Luiz Inácio Lula da Silva quase levou a eleição presidencial de 1998 para o segundo turno, no qual teria grande possibilidade de vitória pois certamente receberia o apoio de Ciro Gomes e Enéas Carneiro. E ali as pessoas achavam que a economia estava bem. Só cairiam na real (e do real) no começo do ano seguinte.

Mesmo a questão econômica precisa ser observada com mais sutileza e sofisticação. As gentes votam de olho na economia quando ela vai mal. Mas por que votariam focadas na economia quando ela vai bem? Só para evitar um retrocesso, para impedir que desande. Por isso o PT desce a lenha em Fernando Henrique Cardoso, tentando construir o medo de que, no poder, o PSDB fará desandar os avanços econômicos dos últimos anos.

Vai funcionar? Até agora não tem funcionado, por algumas razões. Uma delas é o PT anunciar essa tática desde sempre, dando tempo suficiente aos adversários se adaptarem. Outro elemento é mais subjetivo. Nem José Serra nem Aécio Neves (quando era pré-candidato) conduziram administrações regressistas, ruinosas ou mal avaliadas. E tem o debate sobre quanto há de continuidade e ruptura na política econômica do governo do PT.

Um erro político é tomar o desejo pela realidade, a nuvem por Juno. Acreditar na própria propaganda. Tucanos acharem que Lula faz um mau governo não torna ruim a administração do PT. Do mesmo jeito, petistas falarem mal de Serra e Aécio não tem o efeito mágico de piorar as realizações políticas e administrativas de ambos.

Claro que tudo pode mudar quando Lula for à televisão para apelar ao eleitor. Resta esperar para ver como o eleitor reagirá. O incômodo, para o PT, é depender dessa única bala. E saber que a oposição sabe que um dia ela será atirada.

Falta moralidade aos mercados financeiros, e a crise não contribuiu para conter a cobiça. O drama grego é só mais uma evidência

Delfim Netto

Não há como negar que a moralidade é o fator mais escasso no mercado financeiro internacional. Isso ficou evidente na análise das causas da crise que abalou a economia mundial. Graças ao abandono pelo governo americano, a partir dos anos 80 do século XX, dos mecanismos de controle construídos nos anos 30 exatamente para evitar os excessos que conduzem a novas crises, o sistema financeiro passou a ditar as regras da economia global. No Hemisfério Norte, dedicou-se inteiramente às atividades especulativas e virou as costas à economia real, a quem deveria servir. Seus ganhos tornaram-se um fim em si mesmo.

As consequências foram terríveis para o setor produtivo: quando o processo especulativo entrou em colapso, arrastou para o abismo a produção de bens e serviços e desempregou milhões de trabalhadores que estavam ganhando a vida honestamente em todo o mundo! O Estado, cuja ingerência era execrada durante todo o processo, foi obrigado a socorrer o sistema financeiro podre para evitar o sucateamento do setor real da economia. Teve de fazê-lo inclusive porque ele próprio ofereceu as condições para a ocorrência da crise ao eliminar toda espécie de regulação. E ainda precisou, apesar das evidências (e da sinalização de algumas vozes sensatas), continuar apoiando fervorosamente a crença de que os agentes financeiros eram suficientemente honestos, sabiam o que estavam fazendo e sempre iriam manobrar as inovações em favor do desenvolvimento da economia.

Não se trata de desmerecer o papel do sistema financeiro para o desempenho da economia nem o valor das inovações para a aceleração do crescimento. Para ajudar o bom funcionamento de uma economia de mercado descentralizada, no entanto, o sistema financeiro precisa atender a dois requisitos básicos, a saber: 1. Ter eficiência para alocar os recursos de que dispõe aos usos na forma mais produtiva. 2. Ser capaz de construir mecanismos de administração de riscos que o habilitem a financiar as inovações do setor real da economia que em geral são mais arriscadas, mas têm maior taxa de retorno. Essa tarefa é a mais decisiva porque o desenvolvimento econômico é essencialmente a combinação de inovações com o crédito para colocá-las em prática.
Num comentário recente, Ross Levine, economista respeitado por suas análises empíricas sobre a relação entre o aperfeiçoamento do sistema financeiro e a aceleração do crescimento econômico, disse que “os últimos séculos demonstraram que as inovações financeiras são cruciais e de fato indispensáveis para a sustentação do desenvolvimento e da prosperidade. As finanças são poderosas e nos últimos anos demonstraram que as inovações financeiras podem tornar-se também verdadeiros instrumentos de destruição das economias”.

Já o competente economista Paul Volcker, o duro chairman do Federal Reserve nos anos 70 e hoje assessor do presidente Barack Obama, foi radical. Disse ele: “Quero que me mostrem a mais leve evidência de que as formidáveis inovações financeiras dos anos recentes tenham feito qualquer coisa para impulsionar a economia”.

O respeitado – e bilionário – financista Warren Buffett, que conhece como poucos o funcionamento dos mercados, foi rápido e econômico em seu comentário: “Os derivativos são poderosas armas de destruição em massa”. Na realidade, Paul Volcker está certo: qual é a evidência empírica de que os credit default swaps (CDS) ou outros derivativos em moda tenham dado a mais leve contribuição para aumentar a produtividade e estimular a atividade real das economias? Ao contrário, eles foram causas eficientes para produzir a tragédia que tirou o emprego e o sustento de milhões de famílias em todo o planeta.

Engana-se quem acredita que essa onda de choque pode contribuir de alguma forma para conter a cobiça e forçar um padrão de comportamento moral aos agentes. Na realidade, a única evidência é de que a moralidade continua sendo o fator mais escasso no mercado financeiro, conforme se conheceu agora no recentíssimo drama que vitimou a Grécia. Desde 2004, o Comitê Financeiro da Integração Europeia e o Banco Central Europeu sabiam que o governo grego e o banco Goldman Sachs realizavam operações para mistificar o déficit fiscal do país. Misteriosamente, nenhuma sanção foi adotada contra a Grécia, que, mesmo depois de conhecida a falsificação das estatísticas, foi admitida na União Europeia. A crise grega obrigou a revelação do mistério: não era só a Grécia, quase todos os demais países da comunidade estavam na mesma situação, envolvidos nas imoralidades pactuadas no sistema financeiro.

Santo do dia


Santo Apolônio, o Apologeta, Mártir
(+ Roma, 185)
Era senador romano e gozava de grande prestígio, não só por sua elevada condição social mas também por sua cultura excepcional, pelos dotes de eloqüência e pela distinção de maneiras. Converteu-se à Religião católica e iniciou um intenso e eficaz trabalho de apostolado junto às elites romanas. Denunciado às autoridades como cristão, aproveitou-se das suas condições especiais que lhe garantiam o direito de ser julgado pelo Senado, e ali desenvolveu uma longa e completa defesa do Cristianismo contra as falsas acusações de que este era objeto e declarando estar pronto a morrer por Nosso Senhor. Foi, efetivamente, condenado à morte e decapitado. No momento extremo fez ainda uma última profissão de fé. Sua morte teve, como é compreensível, enorme repercussão no Império e contribuiu muito para abalar o decadente paganismo.

Freddie Mercury - Guide Me Home/How Can I Go On