Fortaleza, Rio, Paris

Nunca pensei em morar no exterior. Aquele sonho que para tantos amigos e colegas parece algo de incrível nunca ocupou minha mente. Também não viajei muito, ao contrário da Clélia, que é uma estradeira e que conhece Oropa, França e Bahia. Tão animada que toda hora percorre de ônibus o sertão brabo do Ceará, em várias direções, à frente de um grupo de alunos. Durante os quatro anos em que viveu na Europa, Clélia também visitou todos os lugares possíveis: foi à China, ao Marrocos, à Grécia, levando a reboque e por vezes, a contragosto, o seu Valmir.



Eu, não. Eu vim para o Rio em 1977 e aqui fiquei. A viagem que faço sempre que posso é a Fortaleza. Na semana passada, quando ia de taxi do aeroporto para a casa da mamãe olhando pela janela a paisagem tão conhecida, lembrei daquela frase bonita que abre um dos livros do Lustosa: "Fortaleza, voltei, meu lugar é aqui. Além de Messejana estou no exílio".



Mas essa frase não serve para mim. Fui embora aos 21 e hoje, passados 33 anos, o Rio é que é a minha cidade. Se em Fortaleza ainda estão meus maiores afetos, mãe, filho, irmãos, alguns poucos amigos e as melhores lembranças, o Rio foi a cidade que eu plantei para mim, como naquela música. Aqui, amarguei solidão, angústia e medo; desilusões amorosas, decepções pessoais e ambientes de trabalho hostis. Mas foi aqui também que vivi as maiores aventuras da minha vida, as maiores paixões e fiz minhas maiores conquistas profissionais. Foi aqui que nasceram meu filho, Chico Bento, e meu marido, Mario Bag. Meu filho, Chico Bento, apesar de nascido e criado no Rio de Janeiro, escolheu ser cearense e hoje vive muito feliz em Fortaleza, entre amigos que meus amigos seriam se eu tivesse a sua idade. Já em Mario Bag, que é também meu melhor amigo, talento, inteligência e senso de humor são a mais perfeita encarnação do Rio de Janeiro no que tem de melhor.



Lembro que quando fui embora de Fortaleza a música que para mim mais simbolizava essa partida era "Além do Cansaço". Com letra do Brandão e música do Petrúcio Maia, essa linda e amargurada canção dizia: 



Engraçado pensar que aos 20 anos a gente se sentisse assim. Creio que são os exageros naturais da juventude, a vontade de dramatizar tudo. Isto ou aquilo, o fato é que, aos 21, eu acreditava que "uma cidade sozinha" não comportava a procura da vida e vim. Foi uma experiência dura e creio que, por causa dela, nunca pensei em fazer um segundo movimento em direção a outra cidade. É verdade também que o Rio é a capital cultural do País e continua a ser uma cidade maravilhosa, talvez por isso não me tente a ideia de trocá-la por outra. Os estudos que venho realizando ao longo de minha carreira se centram basicamente em histórias que se passaram no Rio ou que tiveram o Rio como referencia. Mais um motivo para me prender aqui.



No entanto, agora, resolvi arriscar uma temporada mais longa em Paris. Afinal, não se vive duas vezes. E depois da virada do meio século a gente começa a avaliar essas coisas. Ainda é cedo para encostar as chuteiras, mas daqui a pouco vai ser tarde para empreender aventuras mais ousadas. Uma coisa que foi básica para tomar essa decisão foi a estabilidade emocional. Uma zona de conforto que uma relação estável e um filho bem criado proporcionam. Mas também um momento bom na vida profissional, que fez com que ao invés de ir como aluna fosse como professora.



Isto tudo posto, lá vou eu passar quatro meses dando aulas em francês na Cidade Luz. De lá, dou notícias. Torçam por mim.

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Empresário "da propina" desmente a Veja

Empresário "da propina" desmente a Veja

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Caros Amigos: O lulismo tem esquerda e direita

Caros Amigos: o lulismo tem esquerda e direita
A revista “Caros Amigos” acaba de mandar às bancas uma edição especial sobre as eleições. Entre os destaques, a ótima entrevista de Tatiana Merlino com o cientista político André Singer.

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Velhice é um conceito velho

Os outros
Aprendi com Pedro Nava que você está envelhecendo quando começar a achar os contemporâneos decadentes: "Vê como o Fulano está acabadinho". Quem está acabada é toda a nossa geração, a minha, a dele, a nossa. De fato, não se passa um dia em que um de nós não inteire 70 anos. No passado, 70 anos equivaliam a um século. Hoje, não. Somos septuagenários e ninguém se deu conta disso.

Vei
Quando alguém se queixa de que está envelhecendo, costumo lembrar-lhe que quem não quer viver tal fase da vida, morra antes. É o que dizia mais civilizadamente Maurice Chevalier, para quem a alternativa era fatal.

Velhotes acesos
No passado, o sujeito, nessa idade, se aposentava e ia para o fundo da rede, esperar a indesejada. Quando muito ouvia as novelas de rádio, antes de dormir cedo, porque naquele tempo ainda não havia televisão. Hoje, os velhotes estão acesos e, depois do Viagra, fazendo fila à porta dos motéis. Tenho contemporâneo, dois ou três anos nascido antes de mim, que só agora lembra, e lembra com tanto fervor, a vizinha, filha de crupiê de cassino do Ideal que, quando raspava os pelos das coxas, lhe pedia para conferir se o serviço fora bem- feito, se a pele estava lisinha, digna de ser acariciada. E ele, na inocência dos seus 14 anos, se encarregava de tal avaliação que não consegue esquecer.

Conceito
O conceito de idoso mudou muito. Lembram os leitores de como as mulheres dantanho esqueciam o ano do próprio nascimento e, quando dele se lembravam, era com desconto de dez, 20 anos que as faziam quase da idade das netas? Hoje, não. Elas agradecem a Deus a idade, a vida e vão vivendo. As colunas sociais estão cheias de "moçoilas" anunciando estar completando 60 anos, em plena forma. E às festas comparecem as nonagenárias que não se cansam de dançar com os netos ou com estes profissionais de festas que tanta alegria lhes causam.

Vexames
Antes de chegar aos 72, fui muito mais moço. Nem por isso escapei de vexames. Sempre conto que tinha 40 e poucos anos e voltava no velho Fusca que meu pai me emprestava da Praia do Futuro, quando me detive à esquina do Náutico. Logo duas suburbanas, esplendidamente despidas, me abordaram. Uma delas botou a cabeça para dentro da janela do carrinho e caiu na besteira de indagar: "Tio, o senhor deixa a gente no Centro?" Claro que tio não dá carona a ninguém. No máximo até o motel. Danado da vida, respondi-lhes com um sonoro não.

Velho
Lembro que, por esta época, ia saindo do estacionamento da Câmara dos Deputados quando cumprimentei Ary Ribeiro, colega de "O Estado de S. Paulo", que também encerrara suas tarefas. Meu filho Carlos Eduardo teve o desplante de indagar: "Quem é este velho?" Que diabo! O outro era de minha idade, dois ou três anos mais velho, se tanto. Um contemporâneo que meu filho alistara na legião dos anciãos, como eu.

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Preparativos de uma morte anunciada

parodiando a *Elisa Palatinik 
Serra, acabei de pegar teu exame. O médico disse que você vai morrer [politicamente]no dia 03 de Outubro.
— Hein?! O quê?!
— Você morre dia 03 de Outubro. Dia da votação.
— Mas... que coisa horrível!
— Horrível por quê? Melhor que morrer, sei lá, no dia do Índio. No dia da Secretária. No dia do Ginecologista.
— Meu Deus! Vou morrer em vinte e poucos dias e você me conta assim, na bucha, sem me preparar?
— Deixa de ser infantil, Serra. Você não é prato de bacalhau pra eu te preparar.
— Em poucos dias... Eu estou chocado! Se bem que...
— O quê?
— Quer saber? De certa forma foi bom saber logo. Assim aproveito o tempo que resta. Vou viajar, beber, comer e dizer que eu tenho direito.
— Aí é que está, Serra. Você vai ter que fazer dieta.
— Dieta?!
— Pra emagrecer. O caixão que a gente tem não é seu número. Com essa barriga, você não entra naquele ataúde de jeito nenhum. Só entra de lado. Você quer ser enterrado de lado, Serra?
— Claro que não! Mas... não dá pra trocar de caixão?
— É doado pelo FHC teu amigo, conhecido mão-de-vaca. Fui do comitê eleitoral direto pra lá, e foi o que ele me deu. Ele só trabalha com modelagem única e a gente não tem dinheiro pra comprar outro.
— Mas não é justo! Tenho que fazer regime na última eleição da minha vida?
— E ginástica. E cooper. Talvez até balé — que só regime não vai dar conta dos 15 quilos que você precisa perder. Já te matriculei numa academia.
— Mas...
— Outra coisa. Não esquece de começar a convidar as pessoas pro velório.
— Eu?!
— É, ué. Não é você que vai morrer? Era só o que me faltava... você é que vai morrer e eu é que tenho o trabalho... Aliás, por falar em trabalho, arranja doação extra essa semana pra conseguir dinheiro — pra pagar a dívida da campanha.
— Peraí... regime, ginástica, e agora... trabalho extra? Eu estou doente, estou cansado!
— Deixa de frescura, Serra. Daqui a uma semana você vai ter tempo de sobra pra descansar. E se eu não pagar essa dívida, o seu Dantas disse que me mata.
— Ele disse isso?
— Disse. E pode me matar em menos de uma semana. E aí eu vou ser enterrada no seu caixão. E você fica sem dinheiro pra comprar outro caixão. E aí você não vai ser enterrado. Vai ficar por aí, pelas ruas, em processo de decomposição.
— Meu Deus!
— Mais uma coisa. Você vai ter que visitar a tia Augusta.
— Ah, não! Visitar a tia Augusta não! Estou brigado com ela, você sabe disso.
— Vai na quinta feira. Já marquei.
— Assim não dá! Eu, pensando que ia passar uma semana boa, tranqüila, esperando pra morrer... mas nada. Já vi que vai ser um inferno. E se eu não for na casa da tia Augusta?
— Ela vai se sentir culpada por não ter feito as pazes antes de você morrer. E vai acabar morrendo de desgosto.
— E eu com isso? Não quero saber.
— Não quer saber? Acontece que está provado que uma pessoa leva, em média, uns seis meses pra morrer de desgosto.
— E daí?
— Daí que daqui a seis meses é o casamento da tua filha. E se a tua tia morrer, a gente vai ter que adiar o casamento. E se a gente adiar é capaz do noivo desistir de casar. Se ele desistir, tua filha vai ficar arrasada e pode sair por aí namorando o primeiro que aparecer na frente. E o primeiro que aparecer na frente pode ser um drogado. E tua filha pode virar uma drogada. E daí para o crime e para a prostituição é um passo. E daí ela pod...
— Chega! Eu vou visitar a tia Augusta!
— Ótimo.
— Que mais? O que mais você quer que eu faça nessa semana? Já tá perdida mesmo...
— Mais nada. Só cavar sua cova — pra economizar no coveiro, que coveiro está saindo pela hora da morte.
— Deixa eu anotar, senão esqueço... com tanta coisa... Cavar a cova.
— E não esquece de, no dia da tua morte, ir pro lugar do velório cedo. Pra morrer lá mesmo... pra gente também economizar no transporte do corpo. Vai de ônibus.
— Mas...
— De preferência atrás, agarrado no pára-choque, pra não pagar.
— É uma boa... No pára-choque. Só uma coisa. Uma dúvida.
— Fala.
— E se, por um acaso... eu não morrer?
— Tá maluco, Serra? Depois desse trabalhão todo? Nem pensa nisso! Esquece essa possibilidade!
— É que de repente...
— De repente uma pinóia! Vê lá, hein, Serra? Não vai me fazer a gracinha de aparecer no teu velório... vivo!


*Elisa Palatnik, carioca nascida em 1962, desponta com uma das melhores escritoras de humor da nova geração. Começou sua carreira em 1988, como uma das redatoras do Chico Anísio Show. Hoje faz parte da equipe de redação final do programa Sai de Baixo.




O texto acima foi extraído do jornal "O Globo", onde a autora mantinha uma coluna. Como disse Nani no primeiro livro da autora, "A Paranóica e Mestre Pierre", Editora Record/1997, "Elisa, ciente de que o humor é o menor caminho entre duas pessoas, escancara frente a nossos olhos esse mundo absurdo à nossa volta. A surpresa de descobrirmos isso é o que nos leva a rir. Humor é a surpresa". Marcelo Madureira, do grupo "Casseta e Planeta" afirma: "No trivial variado dos seus contos pode-se provar o tempero do seu fino humor além de uma certa angústia judaico-carioca que fazem de Elisa a Woody Allen das Laranjeiras".

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Twittada do dia

@thiagobeleza RT @norma_sv: RT @nildoforte VEJA: Não compre. Se comprar, não abra. Se abrir, não leia. Se ler, não acredite. Se acreditar, relinche...
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Companheir@s blogueir@s, Boa tarde! Tudo bom?

Amanhã, domingo (12), é dia de debate televisivo com Dilma, pela Rede TV!. Vamos fazer aquela tradicional divulgação e cobertura colaborativa?

A equipe da #dilmanarede estará em Osasco, na sede da emissora, e trará todas as informações de bastidores. Acompanhe pelo site e pelo Twitter @dilmanarede. Também vamos transmiti-lo em tempo real no mesmo canal de sempre (canal #dilmanarede) e por meio do código de incorporação. Fiquem a vontade para transmitir também!

O debate da Rede TV! começa a partir das 21h, e é realizado em parceria com a Folha de S.Paulo. Também participarão os candidatos José Serra, Marina Silva e Plínio de Arruda. Será dividido em cinco blocos, sendo três com perguntas entre os candidatos e outros dois com questionamentos de jornalistas.

Comício
Na segunda-feira (13), nossa candidata e Lula participarão de um grande comício em Joinville (SC). O ato será às 19h30, na Praça Dário Salles - Centro. Desta vez, a transmissão será pelo canal de eventos - canal ao vivo. Fiquem a vontade para transmitir este também!

Contamos com vocês! Falem o que pensam, mostrem seu apoio e desejo por um País melhor...Contribuam para uma cobertura democrática! ;)

Carta Capital
Vocês viram a matéria de capa da Carta Capital desta semana? 
Do Boca no Trombone: 
Um abraço,
Paulo.

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