Editorial do jornal VALOR

Superávit cresce e as contas públicas voltam à ‘normalidade’

O ano começou com notícias promissoras no front fiscal, um dos pilares da política de combate à inflação. Em fevereiro, o setor público consolidado (União, Estados e municípios e estatais) gerou superávit primário (conceito que exclui os juros da dívida) recorde para aquele mês – R$ 7,913 bilhões, o maior da série histórica, iniciada em 2001.
É verdade que o esforço fiscal de fevereiro foi puxado pelos governos estaduais, que economizaram R$ 4,323 bilhões, 54,6% do superávit total. Em janeiro tomaram posse os novos governadores, que, agora, estão arrumando a casa depois do ano eleitoral, período em que, tradicionalmente, os gastos sobem de forma vertiginosa. Embora possa se questionar a qualidade do superávit, para o controle da inflação o que importa é o efeito do corte de gastos públicos sobre a demanda agregada da economia.
Chama a atenção o comentário do chefe interino do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Moreira, durante a divulgação dos dados. Segundo ele, “está ocorrendo um retorno à normalidade”. De fato, o esforço feito neste momento pelo setor público contrasta com os resultados dos dois últimos anos. Em 2009, para combater os efeitos da crise financeira mundial, o governo federal, seguido por Estados e municípios, reduziu de forma drástica o superávit primário. E estendeu a frouxidão fiscal por todo o ano de 2010 – quando a economia já crescia a taxas exuberantes – com o foco na campanha eleitoral.
Com o resultado de fevereiro, o superávit acumulado no primeiro bimestre foi de R$ 25,6 bilhões, equivalente a 21,8% da meta fixada para 2011. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo correspondeu a apenas 15,2% da meta anual; e, em 2009, a 13,5%. “Antes da crise de 2008, a média era de 20% a 22% da meta, no acumulado dos dois primeiros anos do ano”, comparou Maciel.
Preocupado com a aceleração inflacionária, o governo prometeu rigor fiscal, iniciando sua gestão com o compromisso de manter as despesas públicas com crescimento abaixo da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Assim estará contribuindo com o esforço do Banco Central de conter o consumo e, consequentemente, a elevação dos preços.
Os gastos da União, que em janeiro aumentaram 24%, tiveram no mês de fevereiro uma sensível desaceleração, com crescimento nominal de 7,4%. No bimestre, porém, segundo os dados oficiais, o crescimento da despesa ainda foi 4% superior à variação nominal do PIB, de 11,3%.
Segundo o BC, nos 12 meses até fevereiro, alguns gastos, como os de pessoal e encargos e outros benefícios, já cresceram, em termos nominais, abaixo do PIB. “Temos claramente uma melhoria das contas públicas, que reflete, de um lado, o desempenho econômico, que repercute na arrecadação de tributos mais sensíveis ao crescimento, como também há alguns agrupamentos dos gastos públicos crescendo abaixo do PIB nominal”, atestou o chefe de Departamento do BC.
O superávit, que estava muito abaixo da meta cheia em 2009 e 2010, somou, em 12 meses até fevereiro, R$ 108,1 bilhões, próximo da meta (R$ 117,9 bilhões) fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias para este ano. A única ressalva é que nesse número estão contabilizados os R$ 32 bilhões resultantes da capitalização da Petrobras, uma arrecadação extraordinária que, portanto, não vai se repetir em 2011.
O que não está claro é se a desaceleração no ritmo de crescimento do gasto com custeio indicado pela performance do primeiro bimestre é suficiente para ajudar o Banco Central a esfriar a demanda. Na avaliação do economista Maurício Oreng, do Itaú Unibanco, para cumprir essa tarefa seria preciso um crescimento mais lento da despesa real. O gasto em custeio deveria aumentar apenas uns 2,5% em termos reais, face aos 8,5% registrados em 2010.
Um sinal de que o governo pode chegar lá é o atraso, que já vem se verificando, na execução de investimentos públicos. “Para fins de [resultado] primário, isto equivale a um ‘corte temporário’ no gasto de capital”, explica Oreng.
Um dado divulgado pelo BC mostra que a despesa anual com juros subiu para R$ 205,4 bilhões nos 12 meses até fevereiro. Uma das razões do aumento foi a elevação da taxa básica de juros (Selic), mas o principal dano decorreu da aceleração da inflação. Hoje a taxa Selic impacta pouco mais de 1/4 da dívida pública, enquanto os índices de preços indexam mais da metade da dívida.

Ditados populares

Santinha do pau oco
Significa: pessoa que se faz de boazinha, mas não é.
Sem eira nem beira
Significa pessoas sem bens, sem posses. 
Cair no conto do vigário
Significa: Que foi enganado.
Ficar a ver navios
Significa: Esperar em vão.
Dourar a pílula
Significa: melhorar a aparência de algo.
Chegar de mãos abanando
Significa: não carregar, obter coisa alguma.
Chato de galocha
Significa: um chato resistente, insistente.
Do arco-da-velha
Siginifica: coisa velha.

Contra-poder e 4º poder

(Mariano Grondona  -La Nacion, 03) 


1.  Para a presidente da Argentina e para o presidente da CGT, o jornalismo é sempre militante. Se milita a favor do governo, como fazem os jornalistas e os donos dos jornais financiados pelo governo, é governista. Se milita contra o governo, é oposição. Esta nítida divisão ignora o verdadeiro papel do jornalismo independente, cuja função em uma democracia é a crítica, mas não a “oposição”.

2. Existe um abismo entre ambos os conceitos. Exercer a crítica é o dever do jornalismo independente frente a qualquer governo, de qualquer tipo. Porque o chamado "quarto poder" não é propriamente um "poder" no mesmo plano que o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, mas um “contra poder” cuja missão é prevenir e combater os excessos do governo, tão comuns em uma "democracia autoritária" como ainda é a nossa, para consolidar essa república equilibrada, que deve ser o objetivo de nossa república imperfeita, em defesa da liberdade dos cidadãos, hoje ameaçada pelo Leviatã estatal.

3. Para ilustrar essa distinção basta ver como se comportam os supostos "jornalistas" do governo, que são escolhidos no rol da militância pró governo para serem não jornalistas, mas propagandistas a serviço do Leviatã. Este desvio conceitual que supõe que "todo" jornalismo é militante, contém uma armadilha para atrair os jornalistas independentes para o precipício do jornalismo de "oposição". Também os opositores, perfeitamente legítimos em uma democracia republicana, utilizam a crítica para questionar o governo.

4. Nada disto acontece com o jornalismo independente, para o qual a crítica não é um meio para “chegar” ao poder, mas um fim em si mesmo, cuja missão é “conter” o poder, não importa quem o exerça, em prol do equilíbrio republicano. Por isso é fácil que os políticos possam se confundir quando coincidem as críticas da imprensa ao governo, ao não atentar para o fato de que, embora jornalistas e opositores possam coincidir em um trecho do processo político, os verdadeiros jornalistas irão se afastar imediatamente desta coincidência, para proteger sua vocação, quando a oposição se transformar no portador de um novo governo.

Greenpeace

Olá, ciberativista
No começo desta semana, uma equipe de ativistas e cientistas do Greenpeace foi à região próxima a Fukushima, no Japão, para investigar os reais níveis de radiação decorrentes do acidente nuclear. O resultado não é nada bom. Jacob Namminga, um dos integrantes de nossa equipe, mandou seu relato via Skype no dia 26 de março:

“Estamos em Yonezawa, 45 km a noroeste de Fukushima. Trouxemos bastante comida de Osaka para evitar os alimentos produzidos por aqui, especialmente o leite, por conta do alto teor de contaminação. Ontem estivemos em um abrigo onde estão 500 pessoas, 300 delas refugiadas da radiação. Durante o dia os aparelhos de medição de radiação ficam ligados e o alarme soa o tempo todo avisando de níveis altos de radiação. As paisagens montanhosas deste lado do Japão são muito bonitas, pena que o olhar sempre se desvia para o medidor de contaminação”.

Dias depois, nossa equipe trouxe os primeiros resultados do trabalho. Na cidade de Iitate, a 40 km da usina, eles detectaram níveis de radiação acima do que é considerado seguro para seres humanos. O alerta foi confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no dia 31 de março, porém o governo mantém a área de evacuação somente a 20 km da usina, colocando a saúde de seus cidadãos em risco grave. O Greenpeace continuará na área avaliando os impactos do acidente.

Aparentemente o descaso com a população é comum na realidade japonesa tanto quanto é na brasileira. Aqui, o governo se recusa a repensar o programa nuclear brasileiro e mantém comunidades próximas das usinas Angra 1 e 2 sob ameaça – além de continuar o plano de construir ali uma terceira usina e outras no Nordeste. Isso no país com um dos maiores potenciais de geração de energia renovável do mundo.

Mais de 18 mil pessoas já assinaram a petição pedindo à presidente Dilma que pare o investimento em energia nuclear e opte por fontes renováveis, como vento e sol. Precisamos fortalecer nossa mensagem e dizer a ela que nós, brasileiros, não precisamos de nuclear. Assine a petição.

Ricardo Baitelo

Abraços,
Ricardo Baitelo
Coordenador de campanha de energia
Greenpeace Brasil

Empreiteira

Entrevista com sócios minoritários da Odebrecht
Os irmãos Gradin, sócios minoritários da Odebrecht, revelam os bastidores da maior disputa empresarial dos tribunais brasileiros e falam de planos para o futuro
Alexandre Calais e Patrícia Cançado,  O Estado de S.Paulo
Na semana que passou, dois episódios importantes marcaram a trajetória dos irmãos Bernardo e Miguel Gradin. No primeiro, a Justiça baiana derrubou o recurso apresentado pela Kieppe, holding da família Odebrecht, que pretendia tomar posse imediata de uma participação de 20,6% que a família Gradin detém no Grupo Odebrecht, além de ter mantido a audiência de conciliação na qual as duas famílias devem tentar começar a resolver a briga societária que envolve valores de, pelo menos, R$ 2,5 bilhões.
No segundo episódio, os irmãos abriram seu escritório em São Paulo, de onde pretendem começar a erguer um novo grupo empresarial. "Estamos com uma página em branco para preencher. Nossa rotina recente tem sido falar com fundos de investimento, com empresas estrangeiras que querem se instalar no Brasil, analisar novos negócios e novas empresas", diz Bernardo, o mais velho (46 anos), ex-presidente da Braskem. Miguel, de 42 anos, ajudou a criar e dirigia a Odebrecht Óleo e Gás.
Os irmãos são os protagonistas, juntamente com Marcelo Odebrecht, presidente do Grupo Odebrecht, da maior disputa empresarial já registrada nos tribunais brasileiros.
No ano passado, os Gradin foram comunicados por Marcelo de que os controladores pretendiam exercer um direito, que seria garantido em contrato de acionistas, de comprar a participação dos minoritários. Pagariam pela fatia dos Gradin um valor equivalente a US$ 1,5 bilhão, de acordo com uma avaliação feita pelo banco Credit Suisse. Os Gradin disseram que não tinham interesse em vender a participação, além de não concordarem com o direito de compra dos controladores.
Como não houve acordo, os irmãos entraram na Justiça, buscando uma arbitragem para resolver o caso. Os Odebrecht entraram com recursos contra a ação, que foram derrubados. Agora a Justiça deve marcar a data da audiência de conciliação.
Leia a entrevista Aqui

Elizabeth Taylor

[...] Nua aos 24 anos



Elizabeth Taylor posou para um amigo, o ator e fotógrafo Roddy McDowall
O Globo
RIO – Um presente de noivado, dado por Elizabeth Taylor ao seu terceiro marido, o produtor Michael Todd, depois de ter sido pedida por ele em casamento, em 1956, veio a público esta semana: uma foto inédita na qual a estrela aparece nua. Na ocasião, Liz tinha apenas 24 anos e, segundo o site “Daily Mail”, aceitou posar para as lentes de um amigo muito próximo, o ator e fotógrafo Roddy McDowall. Foi ele que a convenceu a fazer o retrato, lhe garantindo que seria realizado com muito bom gosto.
Ainda de acordo com o site, depois da curta relação que teve com Todd – ele foi morto 13 meses depois do casamento, quando seu avião particular caiu durante uma tempestade sobre o Novo México -, acredita-se que a atriz, abalada com o que aconteceu, teria entregue a foto à sua assistente e maquiadora Penny Taylor. Mais tarde, em 1980, o retrato foi comprado pelo colecionador Jim Shaudis, que só agora decidiu compartilhar a imagem com os fãs da estrela, morta aos 79 anos, de insuficiência cardíaca, no último dia 23, nos Estados Unidos.

por Ricardo Noblat

O 'fascismo do bem'

Imaginem a seguinte cena: 
em campanha eleitoral, o deputado Jair Bolsonaro está no estúdio de uma emissora de televisão na cidade de Pelotas. Enquanto espera a vez de entrar no ar, ajeita a gravata de um amigo. Eles não sabem que estão sendo filmados. Bolsonaro diz: "Pelotas é um pólo exportador, não é? Pólo exportador de veados..." E ri.
A cena existiu, mas com outros personagens. O autor da piada boçal foi Lula, e o amigo da gravata torta, Fernando Marroni, ex-prefeito de Pelotas. Agora, imaginem a gritaria dos linchadores "do bem", da patrulha dos "progressistas", da turma dos que recortam a liberdade em nome de outro mundo possível... Mas era Lula!
Então muita gente o defendeu para negar munição à direita. Assim estamos: não importa o que se pensa, o que se diz e o que se faz, mas quem pensa, quem diz e quem faz. Décadas de ditaduras e governos autoritários atrasaram o enraizamento de uma genuína cultura de liberdade e democracia entre nós.
Nosso apego à liberdade e à democracia e nosso entendimento sobre o que significam liberdade e democracia são duramente postos à prova quando nos deparamos com a intolerância. Nossa capacidade de tolerar os intolerantes é que dá a medida do nosso comprometimento para valer com a liberdade e a democracia.
Linchar Bolsonaro é fácil. Ele é um símbolo, uma síntese do mal e do feio. É um Judas para ser malhado. Difícil é, discordando radicalmente de cada palavra dele, defender seu direito de pensar e de dizer as maiores barbaridades.
A patrulha estridente do politicamente correto é opressiva, autoritária, antidemocrática. Em nome da liberdade, da igualdade e da tolerância, recorta a liberdade, afirma a desigualdade e incita a intolerância. Bolsonaro é contra cotas raciais, o projeto de lei da homofobia, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais gays.
Ora, sou a favor de tudo isso - e para defender meu direito de ser a favor é que defendo o direito dele de ser contra. Porque se o direito de ser contra for negado a Bolsonaro hoje, o direito de ser a favor pode ser negado a mim amanhã de acordo com a ideologia dos que estiverem no poder.
Se minha reação a Bolsonaro for igual e contrária à dele me torno igual a ele - eu, um intolerante "do bem"; ele, um intolerante "do mal". Dois intolerantes, no fim das contas. Quanto mais intolerante for Bolsonaro, mais tolerante devo ser, porque penso o contrário dele, mas também quero ser o contrário dele.
O mais curioso é que muitos dos líderes do "Cassa e cala Bolsonaro" se insurgiram contra a censura, a falta de liberdade e de democracia durante o regime militar. Nós que sentimos na pele a mão pesada da opressão não deveríamos ser os mais convictamente libertários? Ou processar, cassar, calar em nome do “bem” pode?
Quando Lula apontou os "louros de olhos azuis" como responsáveis pela crise econômica mundial não estava manifestando um preconceito? Sempre que se associam malfeitorias a um grupo a partir de suas características físicas, de cor ou de origem, é claro que se está disseminando preconceito, racismo, xenofobia.
Bolsonaro deve ser criticado tanto quanto qualquer um que pense e diga o contrário dele. Se alguém ou algum grupo sentir-se ofendido, que o processe por injúria, calúnia, difamação. E que peça na justiça indenização por danos morais. Foi o que fizeram contra mim o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas daí a querer cassar o mandato de Bolsonaro vai uma grande distância.
Se a questão for de falta de decoro, sugiro revermos nossa capacidade seletiva de tolerância. Falta de decoro maior é roubar, corromper ou dilapidar o patrimônio público. No entanto, somos um dos povos mais tolerantes com ladrões e corruptos. Preferimos exercitar nossa intolerância contra quem pensa e diz coisas execráveis.
E tudo em nome da liberdade e da democracia...