O submundo dos grampos

Dadá - ex-agente da aeronáutica - está por trás dos mais recentes escândalos da República. Saiba quem o contratou, quais são seus operadores na polícia e no Ministério Público e como funciona o esquema do araponga
por Claudio Dantas Sequeira
Assista ao vídeo que reúne os principais trechos dos diálogos mantidos pelo araponga Dadá:
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Antes de virar araponga particular, Dadá prestou serviços
à ditadura: foi infiltrado no MST e monitorou políticos
Em meio aos efeitos devastadores da Operação Monte Carlo, que prendeu o bicheiro Carlinhos Cachoeira, arrastou para a lama o senador Demóstenes Torres e lança suspeita sobre dois governos estaduais e a empreiteira Delta, líder em contratos públicos, um personagem saiu da sombra: o espião Idalberto Matias de Araújo. Conhecido como Dadá, ele tem 51 anos, é ex-sargento da Aeronáutica e está preso em uma unidade militar do Distrito Federal. Dadá é apontado pela Polícia Federal como o principal articulador de uma ampla rede de gravações clandestinas que vem assombrando Brasília há pelo menos uma década. Documentos e gravações telefônicas já analisados por delegados que estão à frente da Operação Monte Carlo indicam que as ações de Dadá extrapolam em muito os limites do esquema montado por Cachoeira e não têm coloração partidária ou ideológica. ISTOÉ obteve, com exclusividade, documentos sigilosos sobre o araponga e conversou com amigos dele, ex-colegas de farda e do submundo da espionagem. Em seu histórico de serviços oficiais prestados ao Estado durante três décadas, Dadá acumulou prestígio invejável dentro da comunidade de informações e fez amigos, muitos amigos, entre políticos, empresários, policiais, promotores e procuradores. Quando deixou de trabalhar para o Estado, Dadá se valeu dos antigos relacionamentos para fins particulares e se tornou o araponga que mais atemoriza os poderosos de plantão. De acordo com a Polícia Federal, Dadá montou o maior esquema de espionagem da história recente do País. Trabalhando na sombra, ele serviu e ajudou a derrubar políticos influentes, como o ex-ministro José Dirceu, por exemplo. Teve participação ativa na gravação que revelou um esquema de corrupção e loteamento político nos Correios que levou ao escândalo do Mensalão e influiu na celebração de contratos públicos em diversos setores.

Para manter em funcionamento um esquema que é capaz de gravar conversas telefônicas, eletrônicas ou pessoais, que acessa dados sigilosos da Receita Federal e dos mais variados órgãos de inteligência do governo federal e dos governos estaduais, Dadá tem a sua disposição uma equipe de colaboradores infiltrados em diversos órgãos. São agentes públicos que criminosamente vazam ao araponga informações sigilosas sobre pessoas e empresas e que também recebem de Dadá colaboração clandestina para investigações em curso. Um dos principais operadores do espião, segundo a PF, é o chefe do setor de Inteligência do Ministério Público do Distrito Federal, Wilton Queiroz. Gravações obtidas por ISTOÉ (leia quadro abaixo) mostram que Queiroz repassa ao espião dados confidenciais sobre inquéritos e processos que tramitam pelo MP. Com essas informações, Dadá pode prevenir seus clientes sobre futuras ações da Justiça. Em troca, o espião faz grampos clandestinos solicitados pelo promotor. Se as conversas interceptadas interessarem ao Ministério Público, posteriormente é obtida uma autorização judicial para a realização de gravações oficiais. Caso não interessem, o próprio Dadá tenta repassá-las a outros clientes. A PF já sabe que, além de Queiroz, há um outro promotor de Brasília que atua em parceria com o araponga: Libânio Alves Rodrigues, também mencionado nas gravações obtidas por ISTOÉ.
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EMPREGADORES
O bicheiro Carlinhos Cachoeira (acima) e o senador Demóstenes Torres
contrataram Dadá para monitorar inimigos políticos e interceder em contratos públicos
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Assim como os promotores, de acordo com as investigações da Operação Monte Carlo, o espião conta com parceiros na Corregedoria da Polícia de Goiás, nos serviços reservados das Polícias Civil e Militar de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na esfera federal, agentes da comunidade de informações do Exército, da Aeronáutica e da Marinha ajudam Dadá na elaboração de dossiês, e agentes da Abin contribuem para que o araponga obtenha dados bancários e fiscais de pessoas físicas e jurídicas. Na rede de operadores do esquema Dadá (leia quadro na pág. 46) também figuram delegados da própria Polícia Federal, já investigados pela Corregedoria.

Maranhanse de Bacabal, Dadá chegou a Brasília junto com os fundadores da capital no início da década de 1960. Sem estudos, buscou na Aeronáutica um meio de sobrevivência. Serviu cerca de seis anos como taifeiro e foi trabalhar na 2ª Seção, o setor de informações da FAB. “Dadá não sabia cozinhar. Não tinha futuro como taifeiro”, ironiza um colega. Em plena ditadura, da 2ª Seção ele foi para o temido Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), agência integrante do SNI, o aparato repressivo criado pelos militares. Sem formação para o trabalho interno, de análise, Dadá tornou-se agente de campo. Fez curso de operações no Cefarh, antiga Esni (Escola Nacional de Informações), e passou a atuar na coleta de dados na Seção de Busca da Divisão de Operações. Sua missão inicial era colher dados sobre pessoas que os militares chamavam de subversivos. Foi dessa maneira que começou a construir relações com a Polícia Federal e as PMs de vários Estados.
Mantida em segredo até agora, uma das primeiras missões do araponga a serviço do Estado foi monitorar o advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh. Em 1980, o petista fundou em São Paulo o Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Povos da América Latina (CBS), grupo de direitos humanos que fazia denúncias de tortura durante a ditadura e crítica aberta à doutrina de Segurança Nacional que ainda predominava no Brasil. Dadá integrou a equipe que seguia os passos do advogado, registrava seus encontros com membros de partidos até então clandestinos e grupos de esquerda de outros países, como Cuba e Nicarágua. Depois, Dadá foi escalado para espionar os chamados movimentos sociais. Foi ele o responsável pelas primeiras infiltrações no Movimento dos Sem-Terra (MST), por exemplo.
PATRIMÔNIO
Os rendimentos de Dadá se multiplicaram nos últimos três anos.
O apartamento em Brasília é avaliado em R$ 800 mil
Com a redemocratização do País, o sargento continuou a atuar nos bastidores, mas ainda a serviço do Estado, e não de clientes particulares. Colaborou com a PF em ações contra o narcotráfico em Roraima e no Rio de Janeiro, especificamente na operação contra o traficante carioca Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê. Ali, Dadá ajudou a descobrir um esquema de desvio de armas envolvendo oficiais da própria FAB. 

De volta a Brasília, e com a comunidade de informações em declínio, Dadá mergulhou no submundo da espionagem clandestina. Ao contrário de boa parte dos antigos arapongas do regime militar que viraram detetives particulares e passaram a bisbilhotar a vida alheia em busca de casos de adultério, Dadá colocou seus conhecimentos e seus contatos a serviço de empresários e políticos. Em Goiás, no primeiro governo do tucano Marconi Perillo (1999-2002), o bicheiro Carlinhos Cachoeira implantou o jogo do bicho eletrônico e passou a administrar a loteria estadual. Para manter a jogatina, porém, ele precisava do apoio da polícia e acabou se aproximando de policiais civis amigos de Dadá. A ligação foi automática. Cachoeira contratou o espião e o aproximou do PM Jairo Martins, vulgo Índio, que passou a ser um colaborador habitual – como no caso da gravação do diretor dos Correios Maurício Marinho, episódio que levou à eclosão do escândalo do Mensalão.

Os esquemas montados por Dadá começaram a despertar a atenção da Polícia Federal durante a Operação Satiagraha. Quando o delegado e atual deputado Protógenes Queiroz (PCdoB - SP) começou a investigar o banqueiro Daniel Dantas, pediu ajuda a Dadá para recrutar freelancers, como o ex-agente do SNI Francisco Ambrósio, e até servidores da Abin. O problema é que o recrutamento e o consequente compartilhamento de dados sigilosos com agentes de fora da PF acabaram sendo um tiro no pé. A Satiagraha, deflagrada em 2008 com ampla cobertura midiática, virou um escândalo. As provas foram anuladas e Dadá e Protógenes tiveram suas carreiras abreviadas. O delegado se elegeu deputado. Dadá ficou queimado como agente da Aeronáutica e foi obrigado a se aposentar, com rendimento de R$ 4 mil mensais. Mergulhou de vez na clandestinidade e passou a operar como empregado de Carlinhos Cachoeira. A partir daí a vida do espião mudou.
Casado com a enfermeira Maria de Lourdes Chagas e pai de dois filhos, manteve por anos uma vida simples, instalado num apartamento funcional da Asa Norte, bairro de classe média de Brasília. Com hábitos espartanos e sem hobbies, Dadá tinha uma Variant II, 1972, de cor azul, que ele chamava de “Mafalda”, por vezes abandonada sem combustível nas entrequadras de Brasília. Mafalda foi substituída por um Corsa 2003, sem ar-condicionado. Nos últimos três anos, porém, Dadá passou a circular de Passat alemão. Comprou um Grand Vitara Suzuki e uma motocicleta. Em janeiro de 2010, segundo a PF, comprou à vista um apartamento avaliado em R$ 800 mil, mas cujo valor registrado em cartório foi de apenas R$ 340 mil. O aumento patrimonial não foi declarado ao Fisco. As mudanças afetaram o jeito de ser do espião. Além de ostentar roupas de grife, o sargento adotou um tom esnobe. “O Dadá de hoje está irreconhecível. Parece ter assimilado os trejeitos e práticas do chefe dele, o Carlinhos Cachoeira”, diz um agente federal amigo do araponga. No mesmo ano de 2010, Dadá voltou às manchetes no caso do grupo de espionagem contratado pelo PT para montar um dossiê contra o candidato tucano José Serra. 
Pelo que se depreende da análise de diálogos e relatórios ainda inéditos da Operação Monte Carlo, obtidos por ISTOÉ, Dadá não mudou apenas seu estilo de vida. O ex-espião da FAB assumiu o papel de operador de Carlinhos Cachoeira e da empreiteira Delta. No governo de Goiás, coube a ele a indicação para diversos cargos do segundo escalão. Mais recentemente, ensaiava passos como empresário e sindicalista. Segundo a PF, Dadá é sócio oculto da Agência Plá junto a Marcelo Lopes, o Marcelão, ex-assessor da Casa Militar do Distrito Federal, e Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz. Além de expandir os negócios da Plá para Mato Grosso e Rio de Janeiro, Dadá, Marcelão e Monteiro teriam um projeto político independente de Cachoeira, mas que se beneficiaria dos contratos da Delta na área de limpeza urbana. Por isso, Dadá fundou em abril de 2011 a Associação Comunitária dos Trabalhadores em Limpeza Urbana do DF e Entorno. A ideia era evitar pressões sindicais contra a Delta e também mobilizar a massa de trabalhadores para eleger Monteiro deputado distrital, pelo PT. 

Relatório reservado da PF ao qual ISTOÉ teve acesso com exclusividade mostra que, na busca e apreensão realizada no apartamento de Dadá, foram encontrados documentos “pertinentes à possível prática de espionagem”. Foram apreendidas mídias eletrônicas, pesquisas de bancos de dados privativos dos órgãos de segurança pública (Infoseg) e relatórios de interceptação de linhas telefônicas de investigações do Núcleo de Combate a Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público em conjunto com a PF. Os acessos ilegais ao Infoseg tiveram como alvo o deputado federal Fernando Francischini (PSDB/PR), cujos e-mails também foram monitorados. O primeiro acesso foi feito em 25 de outubro de 2011, pelo agente da PF Paulo Áureo Gomes Murta, o Murtinha, amigo de Dadá. Outros dois acessos ao cadastro de Francischini foram efetuados pelos sargentos da PM Leonel Martins e Itaelson Rodrigues, lotados na Casa Militar do Distrito Federal por indicação de Dadá e comando do coronel Rogério Leão. Na época, o deputado vinha questionando possíveis desvios de recursos públicos ocorridos no Ministério dos Esportes e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os telefonemas e e-mails de Francischini também foram acessados pelo agente da PF Joaquim Gomes Thomé Neto, que mora no Rio de Janeiro. Em depoimento sigiloso à Polícia Federal, obtido pela reportagem de ISTOÉ, Thomé admite que foi contratado por Dadá para fazer o trabalho sujo por R$ 3 mil mensais. Esses e outros dados levaram a PF a abrir uma investigação paralela à Monte Carlo para apurar todos os tentáculos do araponga. No Congresso, os presidentes da Câmara e do Senado, Marco Maia (PT-RS) e José Sarney (PMDB-AP), finalizam a instalação de uma CPI. Para deputados e senadores que irão trabalhar na investigação o primeiro desafio será fazer Dadá quebrar o silêncio.
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CPMI da Tucademóspiganalhada vs Mensalão


CPI vs. Mensalão
Por Marcos Coimbra
Semana passada, o assunto político mais importante foi a criação da CPI do Cachoeira. Só se falou dela no Congresso e na imprensa.
De acordo com o requerimento para sua instalação, a comissão mista de senadores e deputados deverá investigar as ligações de Carlos Cachoeira com “agentes públicos e privados”. Poderá, portanto, examinar as relações do bicheiro e de seu grupo com parlamentares, governos estaduais, prefeituras e empresas.
p>É uma CPI inusitada, a começar pelo fato de ter sido proposta e bancada pelos partidos governistas. Normalmente, quem insiste na criação de CPIs são as oposições, para embaraçar o governo, gerar noticiário negativo e manter o foco da mídia em temas que o desgastem.  
Não por outra razão, o governo costuma convocar seus aliados para evitá-las.
Quem correu para que a nova CPI fosse instalada foi o PT, secundado pelo PMDB. Com o apoio dos maiores partidos, a proposta queimou etapas e a comissão deve começar a funcionar na terça feira.    
Ela recebeu o endosso de Lula, o que não é pouco. Mais que apenas por cálculo partidário, o ex-presidente teria motivos pessoais para querer que fosse criada. Consta que a vê como oportunidade para acertar as contas com adversários na política e na indústria de comunicação.
Pelo pouco que se conhece, até agora, da atuação de Cachoeira, parece que, em termos ideológicos, ele se alinhava preferencialmente com as oposições, seja na política nacional, seja em Goiás. Sua intimidade com Demóstenes Torres, o paladino do combate anti-petista no Senado, é reveladora dessa inclinação.  
Assim como a ligação umbilical que mantinha com alguns órgãos de imprensa assumidamente hostis ao PT e ao governo, como a revista Veja. Os dois viveram uma longa e mutuamente recompensadora parceria.
Não que essas afinidades inibissem o comportamento empresarial de seu grupo. Pelo contrário, na hora deganhar dinheiro, Cachoeira não olhava as diferenças entre gregos e troianos. Políticos de vários partidos surgiram nas investigações da Polícia Federal.
Para Lula e o PT, o prejuízo da CPI expor os vínculos de correligionários - incluindo o governador do Distrito Federal - com os esquemas do bicheiro deve ter sido avaliado como inferior aos benefícios que poderia gerar.
Nas oposições, a CPI não encontrou defensores entusiasmados, mas tampouco teve adversários. Vendo que era inevitável, suas lideranças não lhe colocaram entraves. 
Com isso, teremos, nos próximos meses, o assunto Cachoeira em pauta. Quanto a se a CPI será capaz de gerar novidades relevantes, só saberemos à medida que avançar.
Muitos comentaristas acham que sua criação é uma espécie de manobra diversionista do PT. Na sua opinião, ela teria sido criada fundamentalmente - ou, quem sabe, apenas - para desviar a atenção da população do julgamento do mensalão.
A suposição se assenta em duas premissas. Em primeiro lugar, que o Supremo pretende - ou tem condições técnicas - de iniciá-lo logo. Se não, porque querer instalá-la rapidamente? 
Isso, no entanto, está longe de ser certo. Pelo contrário.
A outra é que a opinião pública estará interessada no julgamento. Se não, por que seria preciso distraí-la com algum estratagema?
Não é, porém, uma hipótese provável.
Embora temido por governistas e desejado por oposicionistas, o julgamento do mensalão - quando ocorrer - não tem  os elementos que criam os fatos de opinião relevantes: surpresa, extensão e drama.
O caso é velho, seu tamanho está delimitado, perdeu a emocionalidade.
Para a opinião pública, o julgamento já aconteceu. A vasta maioria inocentou o único que a interessava: Lula. E aqueles que o culparam também já deram seu veredicto. 
Com ou sem CPI, pouca coisa muda no modo como as pessoas vão acompanhar a decisão do Supremo.

Derrubar juros e spread é política de governo


De nada vai adiantar reduzir a taxa básica de juros se os bancos não tornarem o crédito mais barato para o tomador final. A presidente Dilma Rousseff decidiu comprar essa briga, instruiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a endurecer ontem com os bancos privados e definiu a estratégia para induzir o sistema bancário privado a cortar seus spreads. Medido pela diferença entre o que o banco paga na captação e o que ele cobra em seus empréstimos, o spread no Brasil é um dos mais elevados do mundo.
“Juros em níveis civilizados é o nosso Plano Real”, sintetizou uma fonte do Palácio do Planalto, dando a dimensão do que o assunto significa para o governo. Na quarta-feira, quando retornou da viagem aos Estados Unidos, a presidente esteve por mais de uma hora com Mantega.
No encontro, o ministro relatou as conversas da terça-feira com os representantes dos bancos privados e a postura da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de passar a “bola” para a Fazenda, ao listar duas dezenas de propostas de medidas como precondição para reduzir o custo do dinheiro.
Mantega reagiu à Febraban após reunião com Dilma
Dilma considerou a reação dos bancos privados inadequada e recomendou ao ministro endurecer o jogo. Na noite da quarta-feira, sua assessoria avisou aos jornalistas que o ministro falaria ontem pela manhã sobre spread.
“O Murilo Portugal [presidente da Febraban], em vez de apresentar soluções, anunciando aumento de crédito, veio aqui fazer cobrança de novas medidas do governo”, disse Mantega. “Os bancos privados querem jogar a conta dos elevados custos do spread bancário nas costas do governo”, prosseguiu, e devolveu a “bola”, ao afirmar: “Os bancos têm margem para elevar o crédito no país sem que o governo tenha que mexer em nada”.
A Febraban apresentou um leque de sugestões para o governo, da redução dos impostos sobre a intermediação financeira à liberação de depósitos compulsórios, dentre outras medidas para melhorar as garantias dos bancos e o ambiente legal em casos de inadimplência. Cortar os impostos e aliviar o compulsório estão fora do radar do governo. As demais propostas podem ser analisadas, embora o clima entre o Palácio do Planalto e os bancos privados, que nunca foi de muita aproximação, tenha se azedado nesta semana.
Dois dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) reforçam os argumentos oficiais contra os altos spreads. Apenas o Zimbábue, numa lista de 137 países, tem essa margem maior do que a do Brasil. O spread médio naquele país é de 75 pontos percentuais e, aqui, está na casa dos 30 pontos percentuais, segundo estudo feito pelo FMI há dois anos e que retrata uma situação que não mudou muito de lá para cá.
De uma lista de dez países também selecionados em um trabalho do Fundo, feito no ano passado, os bancos no Brasil são os que têm a mais elevada taxa de retorno sobre o capital. Essa taxa é de 27,3% aqui, seguida de 23,4% no Canadá e de 20,6% na Austrália, dentre outros.
Dilma, desde a campanha eleitoral, está determinada a entregar o governo, em 2014, com juros reais na casa dos 2% ao ano, mais compatíveis com as taxas internacionais em tempos de normalidade. Esse é um objetivo que só faz sentido se reduzir o custo do capital para todos, consumidores e empresas.
No período em que a Selic caiu 2,75 pontos percentuais, de 12,50% em julho para 9,75% ao ano atualmente, no entanto o spread médio não teve nenhuma redução. Ao contrário, subiu de 27,4% em julho para 28,1%, segundo dados do Banco Central até fevereiro. Os dirigentes do setor privado alegam que essa margem cresceu por causa da inadimplência que, de fato, aumentou. Em entrevista durante a viagem aos Estados Unidos, Dilma considerou esse argumento uma mera “desculpa” ao comentar que a inadimplência na Europa hoje é elevadíssima e nem por isso os spreads cobrados pelos bancos europeus são os mais altos do mundo.
“Essa é uma briga de governo e a entrevista do ministro Mantega, hoje, não foi por acaso”, disse a fonte do Palácio do Planalto. Usar os bancos públicos – Banco do Brasil e Caixa – para liderar o processo de redução dos juros e dos spreads também “é uma política de governo”, completou, garantindo, ainda, que a presidente “tem uma estratégia”. Essa começa com a ação dos bancos públicos, cuja tática concorrencial é reduzir a margem, aumentar o volume de crédito e diminuir a inadimplência. Ao fim desse processo, acredita o governo, BB e Caixa sairão mais fortes e lucrativos. Mas haveria, também, outras armas que as fontes envolvidas nessa questão não antecipam.
A experiência da crise global de 2008/2009 foi emblemática para os bancos oficiais. Em dezembro de 2007 eles respondiam por 34,07% do crédito total e os privados, por 65,92% (sendo 43,82% dos nacionais e 22,1% dos estrangeiros). No auge da crise, o governo acionou suas instituições para ofertar crédito à economia, já que os bancos privados se retraíram e a recessão poderia ser mais profunda e duradoura. Hoje as instituições públicas detêm 43,78% do mercado de crédito e os bancos privados, 56,21% (38,99% dos nacionais e 17,21% dos estrangeiros), segundo dados do Banco Central de fevereiro.
Se o sistema privado não se mexer agora, pode perder mais mercado, avisou o ministro da Fazenda aos dirigentes dos bancos, na primeira reunião no fim de março.
A queda de braço entre governo e sistema financeiro em torno do spread é antiga, mas crises externas e internas sempre adiaram uma solução. Os bancos privados alegam que a margem bruta é elevada, mas há um oceano de custos envolvidos, parte deles impostos pelo governo, e o spread líquido (margem de lucro) obedece a padrões internacionais. A área econômica do governo rechaça essa tese e diz que já é hora de se discutir, no país, a produtividade e o lucro dos bancos.
Para o Planalto, a história está apenas começando. O que não está claro, no momento, é se o presidente da Febraban prosseguirá como o principal interlocutor do ministro da Fazenda.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

E-mail claudia.safatle@valor.com.br

Homofobia pode ser fobia de si mesmo


Marcos Guterman
Estudo recente indica que a homofobia é mais comum entre indivíduos que se dizem heterossexuais, mas que sentem atração por pessoas do mesmo sexo e tiveram de reprimir esse desejo por causa de pais autoritários, informa o Science Daily.
A pesquisa, a ser publicada no Journal of Personality and Social Psychology,seria a primeira a documentar o papel dos pais e da orientação sexual na construção da hostilidade aos homossexuais.
“Em muitos casos, são pessoas que estão em guerra consigo mesmas”, diz Richard Ryan, co-autor do trabalho. 
Os gays seriam uma ameaça a esses indivíduos porque sua mera existência seria uma forma de expor publicamente a homossexualidade que eles se esforçam em esconder. 
Casos em que ativistas antigays foram flagrados em atos homossexuais são citados na pesquisa, como prova dessa situação. 
“Fazemos piada com essa hipocrisia, mas essas pessoas são, elas mesmas, vítimas de repressão”, diz Ryan. 
“Homofobia não é engraçada. Às vezes, ela tem consequências trágicas.”

Artigo semanal de Delúbio Soares


DILMA, ALTIVEZ E FIRMEZA 
A visita da presidenta Dilma a Harvard, uma das mais prestigiosas universidades do mundo, tornou-se histórica pelos contornos que adquiriu.
Debatendo com dezenas de estudantes no centro de estudos políticos, Dilma falou com objetividade e firmeza sobre o que chamou “os Brasis” de antes e depois do presidente Lula. Abordando a questão econômica, nossa presidenta deixou claro que o país está bem preparado para fazer frente à crise internacional. Relembrou os sólidos fundamentos da economia de um país que cresce de forma consistente e, por obra dos governos seu e de Lula, vem resgatando a enorme dívida social e construindo uma sociedade mais justa e solidária.
Dilma recordou que durante 20 anos o Brasil aplicou apenas processos de consolidação fiscal, o que chamou de “ajuste fiscal radical”, e “a extrema dificuldade de sair do processo de estagnação, de crescimento baixo, de ausência de políticas sociais”. Tratou-se de uma crítica absolutamente procedente às políticas neoliberais do governo do PSDB que antecedeu o presidente Lula. Foi uma das páginas mais tristes de nossa história em vários aspectos, mas especialmente no descaso para com as camadas mais sofridas da população e na ausência absoluta de qualquer compromisso institucional, preocupação humanista ou políticas sociais para os excluídos.

Nossa presidente, com a altivez e firmeza que a caracterizam, recordou ainda que, antes da chegada de Lula ao poder em 2003, o Brasil dependia do Fundo Monetário Internacional (FMI). Hoje, é credor da instituição, que – por sua vez - faz empréstimos aos países europeus em crise, endividados e mergulhados em brutal recessão. E disse mais: que o Brasil e seus parceiros no BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) são os responsáveis por 56% do crescimento econômico global.

Nossa presidente citou os 40 milhões de brasileiros que deixaram a linha de pobreza nos últimos 9 anos, garantindo dinamismo à nossa economia, bastante menos dependente da situação internacional. E recordou uma frase do presidente Lula: “se não fosse por isso, um espirro aqui for levava a uma pneumonia no Brasil”.

Esta nova classe média “emergente” leva à necessidade de mudar a noção de que os serviços públicos devem ser voltados exclusivamente à população de baixa renda. E Dilma anunciou que isso significa que o Estado brasileiro vai ser cobrado no sentido de assegurar uma qualidade do serviço público que jamais teve antes: “o Brasil melhorou. Essas pessoas se tornam críticas, são capazes de reivindicar, e nós temos de dar a resposta”.

Os que tiveram a oportunidade de ouvir nossa presidenta, tem  absoluta certeza de seu comprometimento com a educação como eixo deste novo processo social e econômico. Dilma – dando continuidade ao que Lula já realizara - elegeu a educação como fator fundamental para que a nação brasileira possa ter um processo sustentado de desenvolvimento e de inovação. Um dado fundamental e que corrobora essa constatação foi a importantíssima parceria firmada durante sua exitosa visita aos Estados Unidos com o internacionalmente consagrado Massachusetts Institute of Technology, o MIT.  Lá irão estudar jovens brasileiros beneficiados pelo programa “Brasil Sem Fronteiras”, que tem como meta enviar 100 mil pós-graduandos ao exterior até 2014.

“O que caracteriza o século 21 é assegurar que seja possível essa trajetória em que o Brasil tem de correr muito para estar à altura dos desafios que se nos apresentam no caso da ciência, tecnologia e inovação”, afirmou Dilma diante de uma platéia que não economizou aplausos e demonstrações de simpatia e respeito.

A Chefe da Nação tem conseguido traduzir de forma objetiva e sem rodeios a postura firme de um país que se tornou a sexta economia mundial, superando a Grã-Bretanha e conquistando mercados crescentes para suas exportações. Nossa presidenta tem colocado, de maneira absolutamente transparente e incisiva, nossa disposição inarredável de ocupar o espaço que nos cabe no cenário internacional, sem qualquer subserviência, mas com responsabilidade redobrada.

 Eleita com 56% dos votos, Dilma Rousseff tem a aprovação de 77% dos brasileiros com apenas um ano de governo. Tem enfrentado com coragem e determinação toda sorte de desafios, correspondendo às melhores expectativas de nosso povo. Ainda agora enfrenta o abuso das altíssimas taxas de juros praticadas pelos bancos e recebe total apoio da cidadania, cansada da exploração e da usura. Não deixa críticas sem respostas e nem dúvidas sem esclarecimentos. Em suma: a presidenta que nós, os brasileiros, escolhemos em 2010, derrotando o que de pior existe no conservadorismo e na incompetência administrativa, tem dado continuidade ao excelente governo do estadista Lula e ampliado suas conquistas e realizações.

O mesmo presidente Barack Obama que afirmou que “Lula é o cara”, agora constatou que tem“muita sorte em ter uma parceira do nível de Dilma”.  Nossa presidenta é a imagem do novo Brasil que o mundo admira, respeita e aplaude.

Risoto com tiras de filé

Ingredientes

  • 500 gramas de filé em tiras
  • 1 xícara [chá] de maionese
  • 4 xícaras [chá] de água
  • 2 colheres [sopa] de extrato de tomate
  • 2 colheres [sopa] de azeite de oliva
  • 1 cebola grande ralada
  • 1 colher [chá] de orégano
  • Sal, alho e pimenta-do-reino à gosto
Como fazer
 Em uma tigela pequena tempere a carne com o sal, alho e pimenta-do-reino e reserve. Em uma panela média ferva a água. Junte o extrato de tomate, e ferva por mais 2 minutos. Reserve.  À parte em uma panela grande aqueça o azeite e doure a cebola. Junte o filé e refogue até perder a cor avermelhada. Adicione o arroz e refogue por mais dois minutos. Adicione aproximadamente uma xícara (chá) da água com o extrato de tomate reservada e cozinhe em fogo baixo até secar. Repita a operação até terminar o liquido. Acrescente a maionese e misture até o risoto ficar cremoso. Retire do fogo, adicione o orégano, tampe a panela e reserve por 5 minutos. Sirva em seguida.


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