Imprensa em debate

Participei ontem como moderador de um painel na Câmara dos Deputados sobre como a imprensa pode contribuir para o fortalecimento da democracia representativa. O evento foi organizado conjuntamente pela Casa e pelas principais entidades empresariais do setor.

Entra governo, sai governo, a discussão muda pouco. O poder se incomoda com o olhar da imprensa, e esta fica incomodada quando se vê — ou sente-se — pressionada pelo poder. Mas nem todas as situações são iguais.

Os grandes veículos de comunicação têm mais afinidade com alguns governos que com outros. E há governos que estimulam mais ostensivamente atitudes críticas ao jornalismo.

Deveria ser visto como coisa normal, da vida. Aqui uma curiosidade: este governo e o presidente da República oscilam entre extremos. Uma hora proclamam que a explosão das comunicações e redes digitais relativizou a influência dos grandes veículos. Outra, debitam na conta da imprensa parte ponderável das dificuldades cotidianas do poder.

Debate fascinante. Nunca um presidente foi tão popular e teve tanto apoio político quanto Luiz Inácio Lula da Silva. E nunca um presidente reclamou — ou fez reclamarem — tanto da imprensa. Ora, se quanto mais Lula “apanha” mais forte fica, qual é mesmo o problema? Em teoria, talvez fosse o caso de “deixar a imprensa falando sozinha”. Não é, presidente?

A trajetória do jornalismo brasileiro no último quarto de século, quando atingiu finalmente a maturidade profissional e empresarial, ainda deverá ser objeto dos indispensáveis estudos acadêmicos. Mas um traço parece consensual. Ao mesmo tempo que fez da profissionalização a marca registrada no período, a imprensa pátria manteve o traço de militância presente desde os primórdios.

O cruzamento desses dois vetores dá um bicho meio estranho. As diretas já, um marco, foram muito boas para o Brasil. Aceleraram a transição e criaram as condições para implantar plenamente a democracia. Não tenho certeza, entretanto, se foram igualmente salutares para a imprensa.

Desde então, ela vem reinventando esse viés militante pronunciado, também como meio de exercício do poder. Só que aí aparece a dificuldade estrutural. Se a imprensa entende, corretamente, sua liberdade como primordial e absoluta em algum sentido (desculpem a contradição aparente), ela talvez precise vacinar-se mais contra as tentações partidárias.

Porque uma coisa é a sociedade aceitar e defender a liberdade absoluta de imprensa como direito de ela, sociedade, manter desobstruídos os canais de diálogo consigo própria. Outra coisa é quando a sociedade passa a enxergar na imprensa a defesa do interesse de uma parte (“partidária”), e não do todo.

Reconheço que essa “vacinação” é simples de receitar, mas difícil de praticar. Afinal, cada veículo tem o direito de definir soberanamente sua linha editorial. Se, no limite, todos os veículos tiverem a mesma orientação editorial sobre determinado assunto, ninguém tem nada a ver com isso. Como então garantir a pluralidade?

Na busca da solução, o governo tem agido bem por um lado e mal por outro. Age bem quando estimula a desconcentração econômica do setor. E age mal quando dá curso a tentativas de controlar a produção da imprensa, ainda que revestidas do belo adjetivo “social”.

Só existe uma forma aceitável, na democracia, de controlar a atividade jornalística: a posteriori, pelo Judiciário. Pode haver mecanismos de autorregulamentação — que já defendi aqui —, mas ela é prerrogativa do setor.

Até porque o assim chamado “controle social” apresenta uma dificuldade técnica intransponível: quem o executaria? Se for alguém indicado pelas instituições estatais não serve, pois um papel da imprensa é exatamente fiscalizá-las. E infelizmente não há alternativa. E a mesma tensão estaria presente se a indicação coubesse às organizações sociais. Quem então as fiscalizaria?

Uma imprensa plural jamais poderá ser imposta manu militari por um poder político nela supostamente interessado, ainda que disfarçado de “sociedade civil”.

Assaltando o colega

Contraditórios sentimentos


parodiando o artigo " Sentimentos contraditórios " do tucademopiguista Merval Pereira:
Fora o fato de que, se não fosse o PIG, a candidatura de José Serra à Presidência da República pelo PSDB jamais existiria, neste momento da campanha eleitoral ela só existe pela expectativa de que o FGE - FolhaGlobEstadão - terá a capacidade de levá-lo à vitória em outubro.
Mas as notícias não são boas, nem as objetivas nem as de bastidores, que falam de novas pesquisas, depois da saída de Ciro Gomes, que indicariam a aproximação da Dilma ante José Serra.
A campanha de Serra não passa um dia sem ter sobressaltos, e sempre relacionados com uma maneira nada popular de se comunicar do candidato piguista, o que exacerba o contraste com as virtudes performáticas dos meios de comunicação(?), ampliando os defeitos do protegido em campanhas eleitorais.
Os movimentos bruscos da corja piguista nos últimos dias, alternando uma excitação desproporcional com uma emotividade excessiva diante da aproximação do início legal da campanha, indicam que as coisas não estão saindo como eles planejaram.
O PIG não engoliu com gosto a indicação de Lula pela revista Time como a personalidade política mais influente do mundo, fez questão de espalhar que ele tinha sido escolhido como "uma das"... A inveja da tucademopiganalhada já não cabe mais dentro das redações e mansões dos Jardins.
Fora o fato de que a inveja é coisa de mau gosto, fica o registro de um momento de fragilidade emocional de uma elite extremamente impopular que vê se aproximando o fim de seu "reinado" e que quer desesperadamente voltar ao Planalto através do seu escolhido.
É justamente esse desespero que está chamando a atenção de tantos quanto participam dessa campanha eleitoral.
Colocar como objetivo máximo eleger seu candidato, depois de literalmente impo-lo a Aécio e demos, é uma prova inegavel de desespero dos que antigamente elegiam e derrubavam presidentes - Collor é o exemplo mais recente -.
Mas, mesmo com todo o seu empenho, já paira no ar a certeza de que José Serra é pesado demais mesmo para o PIG, e uma indicação clara disso é o apoio formal do PMDB a Dilma na corrida presidencial.
Poucos meses atrás, a neutralidade do partido na campanha eleitoral, diziam os tucanos era uma decisão automática. 
Ontem, depois de um jantar com o presidente do PMDB - Michel Temer - Dilma a candidata de Lula/PT saiu comemorando a aliança.
O PMDB garantiu apoiar e indicar o vice na chapa da Dilma, que significa na prática uma derrota achapante para a oposição.
Com os arranjos que estão sendo negociados nos bastidores, a vantagem da Dilma se manterá, será o massacre anunciado.
No momento, o presidente Lula excerce sua liderança tentando conter um sentimento de empolgação exagerada dos partidos que embarcaram na campanha apostando na sua reconhecida sensibilidade política e, mais que isso, na sua popularidade recorde.
O deputado federal Ciro Gomes já disse que apoiará Dilma Rousseff.
O fato é que o presidente Lula embarcou nessa viagem com uma certeza de chegar a porto seguro, que, se vê agora, tem mais a realidade a embasar.
Precisa agora despender energia política para manter acesa a responsabilidade de seus aliados, e não deixa-los entrar naquela do "Já ganhamos". É preciso calma e trabalho até o dia da eleição.
Assim, forma-se um círculo virtuoso, com o presidente alimentando a chama do poder, e os partidos que fazem parte de sua base aliada aguardando a confirmação de que a sua capacidade de transferência de votos é uma realidade.

Diferenças mínimas que são verdadeira máximas

Na questão da previdência o que prevalece são as máximas: Farinha pouca?... Meu pirão primeiro e Arrastando brasa para minha sardinha.

Os graúdos não aceitam que a aposentadoria seja a média de todas as contribuições - desde a primeira -, que o que é justo. Porém diminuiria e muito do que eles recebem enquanto ainda trabalham.

As mulheres vivem pregando a "igualdade de direitos", mas não abrem mão de se aposentarem 5 anos antes que os homens.

Como podemos ver é cada um olhando apenas o próprio umbigo.

Durma-se com um barulho deste.

Aviso: Um dia a casa cai e por bem ou por mal será feita a reforma previdênciaria.

Indústria - melhor resultado em 20 anos


Jacqueline Farid

A indústria praticamente zerou os efeitos da crise e cresceu acima do esperado em março. A produção aumentou 2,8% ante fevereiro e subiu 19,7% na comparação com março do ano passado, no melhor resultado desde abril de 1991. Com a aceleração do processo de recuperação no início deste ano, o setor fechou o primeiro trimestre com expansão acumulada de 18,1%, o melhor resultado trimestral em 20 anos.
A indústria operava, em março, em patamar apenas 0,1% abaixo do nível recorde de setembro de 2008, antes do início dos efeitos da crise sobre o setor, segundo observou o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. “A indústria praticamente eliminou os efeitos da crise observados nos últimos três meses de 2008″, disse.
Em fevereiro de 2010, o setor ainda operava em patamar 2,8% inferior ao recorde de setembro de 2008. Segundo Macedo, os dados de março mostram “um perfil generalizado de crescimento e recuperação da atividade industrial”. Prova disso é que 77% dos produtos pesquisados pelo instituto registraram aumento da produção no mês, no melhor resultado desde o início da série histórica desse indicador, em janeiro de 2003.
Nível histórico. Entre as categorias de uso pesquisadas, apenas os bens de consumo semi e não duráveis (alimentos, vestuário, calçados) já operam em patamar acima (3,0% maior) de setembro de 2008, no maior nível histórico de produção. Macedo lembra que essa categoria vem sendo impulsionada pelos bons resultados do emprego e da renda.
A categoria de bens intermediários (aço, insumos para construção civil) já empatou (0,0) com o patamar daquele período, enquanto bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos, com -0,6%) e bens de capital (-7,4%) não conseguiram ainda se recuperar integralmente.
A alta apurada na produção da indústria em março ante o mês anterior veio acima do esperado por analistas econômicos que, segundo levantamento da Agência Estado, projetavam, em média, um crescimento de 1,85%.
Segundo Macedo, a forte expansão ante março de 2009 reflete a baixa base de comparação, “o maior ritmo da produção em 2010″ e o fato de que março deste ano teve um dia útil a mais do que o mesmo mês do ano passado.
Perspectivas. Apesar de comemorarem o forte crescimento industrial no primeiro trimestre e projetarem um resultado positivo no ano, economistas acreditam em declínio no ritmo da expansão. O economista da LCA Consultores Douglas Uemura acredita que a produção vá se acomodar, ainda em patamar elevado mas com ritmo de crescimento menor.
Já o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza considera os dados do primeiro trimestre “excelentes”, mas também projeta uma desaceleração. / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

Telebrás vai gerir banda larga

Depois de seguidos adiamentos, o governo Lula anuncia hoje o Plano Nacional de Banda Larga, com a Telebrás como gestora.

Nos locais em que as empresas privadas não tiverem interesse em atuar, o programa prevê que a estatal ofereça internet rápida.

Uma das bandeiras da campanha do PT, o plano quer acesso universal à web, mas terá abrangência inicial de cem municípios.

Crédito cresce mais na Região Nordeste

O crescimento da oferta de crédito no Nordeste, que há pelo menos cinco anos avança em ritmo mais acelerado que o das demais regiões do país, é alimentado com recursos captados na Região Sudeste, centro financeiro do país, onde está concentrado o maior volume do dinheiro captado pelas instituições financeiras para depois ser transformado em empréstimos.

Dados do Banco Central (BC) referentes a janeiro deste ano - os mais recentes - mostram que as captações realizadas no Sudeste correspondiam a 72,2% de todo o dinheiro que é recebido pelos bancos no país. Os números incluem depósitos à vista, públicos e privados, além dos depósitos a prazo. A participação da região no crédito, no entanto, é de 57,2%. O Nordeste tinha 11,6% do crédito e apenas 8,5% dos depósitos.