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Zé Dirceu, um homem que cultiva tâmaras

Por maioria, 3 votos a 2, a Segunda Turma do STF decidiu libertar o ex-ministro José Dirceu da prisão preventiva, decretada por Moro em 2015.
A minha decepção ficou por conta de Facchin que votou pela manutenção da prisão preventiva e a surpresa foi a declaração de voto de Gilmar Mendes, que criticou as longas prisões preventivas na forma praticada pelos irresponsáveis de Curitiba, em especial do tal Deltan Dallagnol, afirmando que "Não cabe a procurador da República pressionar o STF", algumas atitudes dos procuradores poderiam ser qualificadas de brincadeira juvenil de jovens que não tiveram vivência institucional.
Fato é que Zé Dirceu incomoda os obtusos, pois se movimenta e ao movimentar-se denuncia as injustas correntes que o prenderam e podem, a qualquer momento, prender cada um de nós. 
Esse mineiro de Passa Quatro não é apenas um político brasileiro, ele é uma das personalidades mais importantes da política brasileira desde as últimas décadas do século XX e no inicio do século XXI e antes ainda sua biografia é marcada pelo heroísmo daqueles que nos anos 60 e 70 opunham-se à ditadura militar e resistiram bravamente à sua lógica.
Mas algumas reflexões são necessárias.
Conta-se que um senhor de idade avançada plantava tâmaras no deserto quando um jovem o abordou perguntando: “Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?”. O senhor virou a cabeça e, calmamente, respondeu: “Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras”. Ou seja, não importa se você vai colher, o que importa é o que você vai deixar... Cultive, construa e plante ações que não sejam apenas para você, mas que possam servir para todos e para o futuro."
Zé Dirceu é assim, nosso plantador de tâmaras. 
É "herói de uma geração", geração dos meus pais. Todos os jovens progressistas da sua geração - que hoje tem entre 60 e 80 anos - que se opuseram à ditadura militar são heróis, afinal naquele contexto aqueles muitos jovens foram presos, barbaramente torturados, outros foram expulsos do país e outros foram mortos ou simplesmente desapareceram, tudo obra de uma ditadura militar cruel, era necessário ser um herói para manter-se na oposição. E todos o respeitam, a maioria o admira e muitos o amam.
Nós, democratas de esquerda, despidos de preconceitos temos de reconhecer e render homenagens incondicionais ao jovem Zé Dirceu e mesmo que venha a ser declarado culpado por malfeitos não podemos esquecer que em terras de cegos quem tem um olho, como Zé Dirceu, é apedrejado impiedosamente.
Mas o tempo, primo irmão da verdade, haverá de esclarecer o significado de tudo isso.
Aguardo de Zé Dirceu algo parecido com os “Cadernos do Cárcere” de Antonio Gramsci, pois se “Aos oito anos, todos nós somos guerreiros. Aos quinze, todos nós somos poetas. Daí para adiante nem sempre somos alguma coisa...”, mas ele é sempre foi muito e manteve sempre no coração, na mente e na ação, o guerreiro e o poeta vivos e em movimento livre, inquieto e inspirador. Força comandante, afinal “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!”.
Me alegro só de imaginar Zé Dirceu abraçando seus filhos, esposa e  a famílias, em especial D. Olga sua mãe, a quem devemos Zé Dirceu e Luiz Eduardo seu irmão em toda sua exuberante generosidade. 
by


Pedro Maciel -
advogado sócio proprietário da Maciel Neto Advogacia, autor de "Reflexões sobre o estudo do Direito", editora Komedi 2007.
"Quem não luta pelos seus direitos, não é digno deles", Rui Barbosa

Trumbo: O homem íntegro diante de um tribunal de exceção, por Léa Maria Aarão Reis*

Do blog Uma Coisa e Outra
O filme 'Trumbo', mesmo que o filme não faça justiça ao protagonista, mostra como se comporta um homem coerente diante de tribunais de exceção.
 ***
- Leia imaginando que em vez de um artista o personagem principal é um político. Então o título seria:

Dirceu, o homem íntegro diante de um tribunal de exceção. 

E o texto terminaria com a seguinte frase:

(...) Já Barbosa e Moro, bem, todos sabem, são lixos da História.
***
Nos anos 40, nos Estados Unidos, um escritor e roteirista de filmes consagrados e produzidos pela então superpoderosa máquina de Hollywood, se chamava James Dalton Trumbo. Era contratado a peso de ouro pelos grandes estúdios, possuía uma imensa capacidade de trabalho e era adorado pelo público, por conta das histórias e dos diálogos memoráveis que criou para o cinema.

A Princesa e o Plebeu, Spartacus, Exodus, O homem de Kiev, Kitty Foley, Por amor também se mata, Arenas Sangrentas, O roseiral da vida, Johnny vai à guerra (este, dirigido por ele a partir de um livro de sua autoria) foram alguns clássicos escritos com seu imenso talento. Descendente de suíços, e nascido no Colorado, Trumbo era um ídolo da inteligência nacional. Uma espécie de Chico Buarque, guardadas as diferenças de época e de cultura.

Uma noite, ao sair de uma sessão de cinema, em Los Angeles, e reconhecendo-o como a mesma pessoa que vira momentos antes, no cine jornal, sendo acusado de comunista e traidor, um agressivo midiota, perguntou: ’você é o Trumbo?’ e à afirmativa do escritor insultou-o, não o chamando de merda, como ocorreu com Chico, mas  atirando um copo cheio de bebida na sua cara.

Estava começando a temporada fascista que levou a sociedade americana ao inferno com o macartismo, e tendo como um dos seus alvos principais artistas de Hollywood. Pressionados a delatarem companheiros de trabalho filiados ao Partido Comunista e “com idéias marxistas”, dez deles se negaram a dedurar colegas, enfrentaram o temido senador Joseph McCarthy, um obcecado caçador de esquerdistas, e resistiram, durante anos, à marginalização profissional e aos preconceitos estimulados pela mídia da época. A repugnante colunista de fofocas de Los Angeles, Hedda Hopper, do influente jornal Hollywood Reporter, trabalhava nesse sentido na linha de frente – como faz a nossa mídia velha, corporativa, daqui. Era outra obcecada em manter Trumbo como um morto-vivo, sem nome e sem trabalho.
Muitos roteiristas e diretores, na época, perderam os empregos e dez deles foram incluídos na célebre Lista Negra do cinema americano. Trumbo era um deles. Em 1947 passou um ano em uma prisão federal condenado por desobediência civil. Recusou-se a delatar. Entrou na história do cinema como legenda, figura emblemática de um episódio de triste memória.

O diretor Jay Roach agora, conta, no seu filme, aspectos da vida desse que foi um dos maiores roteiristas de filmes. Faz um registro da vida dele superficial, leviano e “restrito a um drama familiar”, com assinalam, com razão, os seus admiradores apaixonados – como nós -, e desrespeitoso com um personagem histórico do cinema que foi tão coerente durante os anos sombrios da Lista Negra. Não  se detém na origem da opção ideológica dos dez da lista de McCarthy nem mostra como os seus companheiros enfrentaram os dedos-duros.”

O grande ator Edward G. Robinson foi um delator assim como os brilhantes diretores Elia Kazan e Edward Dmytrik, que ficaram estigmatizados por isto até perto do fim de suas vidas.

Uma pausa. Até que Zé Dirceu possa voltar a se manifestar.

No Blog do Dirceu:

Há poucos mais de dez anos nascia o Blog do Zé Dirceu, dentro de uma seção de blogs de colunistas políticos criada pelo portal iG e tendo como pano de fundo as eleições de 2006.

Em seus primeiros posts, Zé Dirceu, injustamente cassado pela Câmara dos Deputados em 2005, na esteira do chamado "mensalão", comentava temas que seriam recorrentes ao longo dos anos: a imprescindível reforma política com financiamento público de campanha, para acabar com a subordinação do Parlamento aos interesses econômicos; a necessidade de investimentos em infraestrutura para fazer o Brasil crescer; a defesa dos programas sociais do governo Lula para extirpar a miséria; o combate ao rentismo e ao receituário neoliberal para a economia.

Zé Dirceu engajou-se na campanha de 2006 por meio do blog. Sempre apostou na reeleição de Lula, animando a militância. Mas abria pausas em seu discurso político para recomendar, naquele agosto de 2006, em plena polarização eleitoral, o documentário de Sergio Rezende sobre Zuzu Angel, mãe do desaparecido político Stuart Angel e morta em um acidente de carro nebuloso, em plena ditadura.

Nesses dez anos, à exceção dos meses em que esteve preso como réu na ação penal 470, a ação do "mensalão", e em sua prisão mais recente, desde agosto deste ano, na operação Lava Jato, o blog foi uma atividade diária do político Zé Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula. Zé dedicava três a quatro horas diárias para o blog. Recebia o resumo do noticiário gerado na noite anterior, lia os jornais, conversava com pessoas e escrevia. E gostava de comentar tudo. Dos fatos internacionais relevantes à repressão policial nas periferias, alguma dose de cultura e política, sempre política.

O blog, montado pelo trabalho voluntário de um grupo de amigos jornalistas, ganhou peso, expressão e se tornou leitura obrigatória de colunistas e jornalistas políticos, de políticos da base de sustentação do governo e da oposição e de milhares de militantes.

Do trabalho voluntário nos primeiros meses, o blog conseguiu se profissionalizar à medida em que Zé Dirceu consolidava sua atividade profissional. Passou a ser um site com várias sessões, onde se destacaram entrevistas históricas onde ele próprio era o entrevistador.

A primeira entrevista foi com o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo, em agosto de 2006. Naquele momento, o governo Lula havia consolidado a estabilidade da moeda, ampliado a autonomia externa do país e praticamente zerado a dívida externa do setor público. Na época, ele disse: "Não há desenvolvimento sem a radicalização da democracia. A democracia entendida como a participação das massas. Aqui, no Brasil, há muito democrata que gosta da democracia sem a participação do povo. Quando o povo começa a colocar as mangas de fora, eles começam a achar ruim. Então, essa é a mensagem da Carta e também, ao mesmo tempo em que isso avance, isso se chama consolidação do Estado Democrático de Direito Social. Não há democracia sem ampliação dos direitos sociais. Nós estamos muito atrasados nisso aí". Poderia dizer hoje, novamente.

Foram dezenas de entrevistados e entrevistadas. Alguns exemplos: Venício Artur de Lima, José Eduardo Dutra, Tânia Bacelar, Ciro Gomes, Zé de Abreu, José Eduardo Dutra, Ermínia Maricato, João Carlos Martins, Delfim Netto, Sergio Amadeu, Daniela Silva, Ligia Bahia, Mário Magalhães, Luís Nassif, Ladislau Dowbor, Nelson Barbosa. O mais recente, antes da reprisão de Dirceu, foi Guilherme Boulos, falando da necessidade de construir uma ampla mobilização social para alterar a relação de forças e impulsionar um novo ciclo de luta de massas no país.

De 2006 até dezembro de 2015 foram cerca de 14 mil posts, 2,5 milhões de leitores únicos, 17, 2 milhões de pageviews. Em todos os posts, à exceção dos períodos de sua prisão, Zé Dirceu sempre deu ritmo ao blog. Quando não escrevia, recomendava, orientava e dizia o que era para publicar.

Sem a tribuna do Parlamento, o blog foi a sua tribuna. Para defender o PT – sem abrir mão das críticas –, defender suas ideias, orientar a militância, animá-la nos momentos dos embates mais difíceis. Foi a tribuna para fazer a sua defesa na ação penal 470, na qual foi condenado sem provas sob a teoria, sacada da algibeira pelo ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, do "domínio do fato". Para fazer a sua defesa, Zé Dirceu, além da publicidade dada pelo blog, percorreu o Brasil de Norte a Sul, com recursos próprios, ganhos em suas consultorias, reunindo-se com a militância, com políticos, com formadores de opinião. Expunha seus argumentos, suas provas, pois pela mídia tradicional já tinha sido condenado muito antes de qualquer prova.

Foi para fazer sua defesa, pagar os advogados, os profissionais do blog e percorrer o Brasil, que Zé Dirceu se tornou consultor. Com sua biografia, seus contatos em vários países da América Latina e mesmo Estados Unidos e Europa, ele tinha tudo para ser um consultor bem-sucedido. Essas atividades, que envolveram também a prestação de serviços para construtoras que terminaram envolvidas na Operação Lava-Jato, levaram à sua segunda prisão.

Hoje, voltamos ao ponto onde começamos. Desde a prisão do Zé Dirceu, em novembro de 2013, o site vem sendo tocado por um grupo de amigos. Até maio deste ano, foi possível manter dois profissionais contratados, um jornalista e um assistente. De lá para cá, continua no ar graças ao trabalho voluntário. Diante da indefinição de sua situação, de não sabermos quando ele poderá ter direito novamente a se manifestar, nós, os amigos do blog, chegamos à conclusão de que sua atualização diária deve ser interrompida temporariamente.

Não é o fim de uma história. É apenas uma pausa.

E, ao fazer esta pausa, um agradecimento aos nossos leitores e aos seus milhares de comentários, para o bem e para o mal, aos nossos colunistas, aos que deram suas horas de trabalho de forma voluntária. Nos orgulhamos de ter contribuído para o debate político, sempre do ponto de vista da esquerda e da defesa das mudanças ainda necessárias para que o Brasil se torne um país à altura de sua maior riqueza: os brasileiros, as brasileiras, a maioria da população que ainda enfrenta as injustiças geradas por centenas de anos de desigualdade. E tem muitos direitos a conquistar.

Briguilinks do dia








O caso Dirceu - uma narrativa dentro da história

- No ultimo programa Fatos e Versões na GLOBONEWS, a jornalista Andreia Saadi comentou que os petistas não mais apoiavam o ex-presidente do PT José Dirceu porque petistas não admitem companheiros que roubam para enriquecimento pessoal. Essa narrativa passou a ser difundida pela corrente eficiente, poderosa e imbatível de mágicos da mídia que pintando versões e  elaborando  narrativas delirantes  repetidas mil vezes até virar verdade. A narrativa ofende a logica e a inteligencia mas na historia da mídia são as versões que predominam sobre a historia.

  • 1. José Dirceu tem um longa biografia a serviço de uma causa politica. A essa causa dedicou-se, arriscou a vida, foi preso, fugiu para Cuba, arriscou novamente a vida voltando ao Brasil ainda durante o regime militar, depois construiu um partido, o presidiu e o levou à vitoria. Não é uma biografia qualquer, de politiquinho de arrabalde. Fez historia real e complexa, relacionou-se com lideres da America Latina, com importantes personagens da alta politica dos Estados Unidos, entre os quais teve respeito mesmo depois da queda, tem entre grandes admiradoras a jornalista herdeira do jornal The Washington Post.

Flash sobre Dirceu

"Ele analisa a conjuntura à maneira de Fernando Henrique Cardoso, que enraíza querelas brasilienses no solo mundial. Como Delfim Netto, pensa primeiro em objetivos nacionais e só depois na casta dos profissionais da política. À semelhança de Fernando Haddad, é realista e evita lero-lero numa conversa a dois."  Mário Sérgio Conti

"Dirceu optou por uma política e a defendeu com lealdade, sem dar golpes baixos"  Valério Arcary

"Uma pessoa extremamente obstinada, que nunca demonstrou desejo de tirar proveito pessoal da sua atividade política"  Tarso Genro

na Folha


Zé Dirceu mostra a verdade. MPF, Moro e pig mentem descaradamente


O ex-ministro José Dirceu passou a atuar como consultor empresarial a partir de 2006, depois que deixou o governo Lula, em 2005, e teve seu mandato de deputado federal cassado injustamente pela Câmara. Seu trabalho sempre foi o de assessorar, em sua maioria, empresas brasileiras e estrangeiras na construção de estratégias para atuação em mercados externos, como América Latina, Europa e Estados Unidos.

Por toda sua trajetória – de líder estudantil exilado durante a ditadura a ministro-chefe da Casa Civil -, José Dirceu possui inegável capacidade de análise de conjuntura política e econômica do Brasil e, sobretudo, da América Latina, Europa e Estados Unidos. Tal capacidade é reconhecida internacionalmente e foi de fundamental importância para a JD construir sua reputação e sua clientela dentro e fora do país.

Em nove anos, a JD – Assessoria e Consultoria atendeu cerca de 60 clientes de quase 20 setores diferentes da economia, como Indústrias de bens de consumo, Telecom, Comércio Exterior, Logística, Tecnologia da Informação, Comunicações e Construção Civil. José Dirceu trabalhou, entre outras, para as brasileiras Ambev, Hypermarcas, EMS, o grupo ABC do publicitário Nizan Guanaes, além de atender a espanhola Telefónica e dar consultoria para os empresários Carlos Slim, Gustavo Cisneros e Ricardo Salinas.

Entre 2006 e 2013, a empresa teve um faturamento bruto de R$ 39,1 milhões, como foi amplamente divulgado pela imprensa nos últimos meses. Do total da receita, 85% foi gasto com o pagamento de despesas fixas e operacionais e recolhimento de impostos. A empresa registrou, em média, lucro mensal de R$ 65 mil.

Foi com esse dinheiro que o ex-ministro José Dirceu viabilizou a contratação de advogados e assessoria de comunicação para fazer sua defesa na Ação Penal 470 e também financiou as dezenas de viagens por todo o país para se defender e também participar ativamente da vida política do PT nos 27 estados da federação.

Sobre a quebra de sigilos

O ex-ministro e sua empresa tiveram seus sigilos fiscal e bancário quebrados, em janeiro, pela Justiça do Paraná. A defesa de Dirceu só tomou conhecimento da quebra dos sigilos por meio de reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, em 22 de janeiro. Menos de uma semana depois, os advogados do ex-ministro se anteciparam e apresentaram à Justiça cópias dos contratos com as empreiteiras e das notas fiscais emitidas, além de todas as declarações de Imposto de Renda da empresa.

A petição também anexou cópia dos passaportes de José Dirceu, demonstrando que ele fez, sobretudo a trabalho, mais de 120 viagens ao exterior e visitou 28 países entre 2006 e 2012. Em mais de uma oportunidade, a defesa também já manifestou que José Dirceu está à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos sobre sua atuação como consultor.

Em março, o juiz Sérgio Moro levantou o sigilo dos autos, o que permitiu que todo o conteúdo da quebra dos sigilos bancário e fiscal de José Dirceu e sua empresa se tornasse público e ganhasse a atenção da mídia. Foram produzidas dezenas de reportagens, em jornais e TVs, detalhando a lista de clientes e o faturamento da consultoria entre 2006 e 2013.

Como não há mais segredo de Justiça na investigação, qualquer advogado sem procuração nos autos pode pedir vistas, por meio de petição eletrônica, e ter acesso à integra dos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro e sua empresa a partir do site da Justiça Federal do Paraná.

Sobre os contratos com as construtoras

As construtoras, que são alvo da Operação Lava Jato, não são os maiores clientes da JD Consultoria. O setor mais atendido por José Dirceu foi o das indústrias. Desde 2006, a indústria respondeu por um faturamento equivalente a 31,79% do total, enquanto as construtoras somaram 20%.

Como já informado à Justiça, a relação comercial da JD com as construtoras investigadas na Operação Lava Jato não tem qualquer vínculo com os contratos das empreiteiras com a Petrobras e José Dirceu já se prontificou, desde janeiro, a depor à Justiça sobre as consultorias prestadas. As próprias empresas e seus principais executivos também já afirmaram, em depoimento à Justiça, sobre a natureza e realização dos trabalhos. Além das construtoras, as demais empresas atendidas pela JD confirmaram à imprensa que recorreram ao escritório de Dirceu para prospectar ou destravar negócios no exterior.

Para o Ministério Público, no entanto, os contratos de consultoria com as construtoras seriam fictícios para encobrir o recebimento de propina. Diante de uma carteira que atendeu 60 clientes que reconhecem os serviços prestados por Dirceu, por que apenas os contratos com as construtoras seriam ilícitos? Por que os contratos com a Ambev e Telefónica, por exemplo, são regulares e a relação com Camargo Corrêa e Engevix seria cobertura de pagamentos ilícitos?

Em nome da transparência e de sua defesa – mesmo mediante cláusulas de confidencialidade previstas em contrato -, o ex-ministro tornou o público os serviços que prestou às empreiteiras no exterior.

Camargo Corrêa

O contrato com a Camargo Corrêa foi o primeiro a ser questionado pelo Ministério Público e foi divulgado em dezembro do ano passado por reportagem da revista Época. Foi a partir deste contrato que os procuradores pediram a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Dirceu e sua empresa. Em 10 meses de trabalho, a JD faturou R$ 900 mil prestando serviço para a construtora em Portugal e na Venezuela.

Foi a Camargo Corrêa quem recorreu ao ex-ministro para conhecer melhor o mercado português. A consultoria de Dirceu à Camargo foi divulgada pela mídia e está registrada na biografia não autorizada escrita pelo jornalista Otavio Cabral. Dirceu viajou cinco vezes a Portugal. A Camargo Corrêa informou à Justiça que a indicação para a contratação foi feita pelo presidente do Conselho, Vitor Hallack. A construtora também confirmou os encontros do conselheiro com José Dirceu durante a consultoria.

Engevix

O contrato com a Engevix foi assinado em novembro de 2009 e teve vigência até fevereiro de 2011, também conforme documentação encaminhada à Justiça do Paraná. O presidente do Conselho da Engevix, Cristiano Kok, e o ex-vice-presidente Gerson Almada já declararam à imprensa e à Justiça, respectivamente, que o contrato com a JD teve o objetivo de expansão dos negócios da companhia na América Latina, em especial Peru e Cuba.

Almada foi enfático ao afirmar que nunca conversou com José Dirceu a respeito de contratos na Petrobras nem nunca recebeu do ex-ministro qualquer pedido para doações eleitorais. Em depoimento dado à Justiça do Paraná, o executivo detalhou a relação com Dirceu: "Ele se colocou à disposição para fazer um trabalho junto à Engevix no exterior, basicamente voltando a vendas da empresa em toda a América Latina, Cuba e África, que é onde ele mantinha um capital humano de relacionamento muito forte", disse o empresário. "Fizemos uma viagem para o Peru com o José Dirceu, onde ele tinha um excelente relacionamento. É o que a gente chama de open door, (Dirceu) fala com todo mundo, bota você nas melhores coisas, mas não resolve o close door. A gente tem que fechar contratos. Ele nos colocava em contato com vários tipos de relacionamentos."

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Cristiano Kok deu a mesma explicação: "nunca foi propina. Dirceu foi contratado pelo relacionamento que tinha no Peru, em Cuba e na África. O contrato era em torno de R$ 1 milhão, não sei exatamente."

Depois do contrato diretamente com a Engevix, o ex-ministro manteve o trabalho por meio da empresa JAMP, de Milton Pascowith, que havia trabalhado por muito tempo para a construtora. O contrato com a JAMP foi assinado no mês seguinte ao término do contrato com a Engevix. O objetivo permaneceu o mesmo: prospectar contratos para a empresa no exterior, em especial no Peru.

Ações da Engevix no Peru

No período da prestação de serviços da JD Consultoria, a construtora atuou em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas ferroviárias no Peru:

Em agosto de 2008, empresa assina com o Instituto Nacional de Recursos Naturais do Peru autorização para execução de estudos para construção da hidrelétrica de Pakitzapango.

Em 2011, empresa também atuou nos estudos de impacto ambiental do projeto de irrigação da margem direita do rio Tumbes

Também em 2011 trabalhou no projeto do trem de Lima por 8 meses (mas deixou o trabalho por questão de desempenho).

A empresa também atuou na supervisão da central hidrelétrica Machu Pichu.

Demais empresas também confirmam consultorias

A imprensa, naturalmente, fez o seu papel e foi ouvir o que os demais clientes da carteira da JD tinham a dizer sobre os serviços prestados pelo ex-ministro. Todos referendaram a licitude dos contratos.

Uma reportagem do Estado de S. Paulo afirma: "Clientes dizem buscar negócios fora do Brasil", relatando declarações da EMS, Ambev e Hypermarcas. O Globo também ouviu uma série de empresas.

A Consilux Tecnologia reconheceu a contratação para assessorar a empresa "no relacionamento com o governo venezuelano". A Ambev também aponta o mesmo objetivo: ter apoio na relação com a Venezuela.

A farmacêutica EMS e a Solvi Participações disseram ter buscado com os serviços do ex-ministro a "internacionalização de suas empresas".

A Hypermarcas confirma a contratação de Dirceu para receber análises e palestras sobre o cenário político brasileiro, usando as informações como suporte para suas decisões de investimento. O publicitário Nizan Guanaes também reconheceu que se valia das análises de Dirceu para orientação estratégica do Grupo ABC.

Jô Soares provoca a Globo mais uma vez

Jô Soares não deixou barato a reformulação do "seu" programa imposta pela direção da emissora. 
Depois de criticar os histéricos que vivem de Vai para Cuba, Bolivarianismo e elogiar biografia impecável de José Dirceu, aprontou mais uma. No momento que a Globo faz campanha escancarada para prejudicar e Petrobras, vem ele e aconselha os brasileiros comprarem ações da estatal. As meninas do plim-plim quando morrem do coração.
Até onde ele quer chegar, ser demitido?...



Briguilinks

Faça da tua vida um road movie Pronto para o passeio? A estrada é suave e a conversa vai ser boa. Para dar a partida, temos todo um gênero no cinema dedicado a filmes que se passam nas estradas, com protagonistas em fuga ou em rumo de um destino especial. São road movies, e a lista desse gênero, além de enorme, inclui algumas das melhores obras da história do cinema. Você provavelmente
O meio termo vale a pena? Em muitos casos, ao balançar entre preço mais baixo e benefícios, você acaba ficando sem os dois. Felizmente, este não parece ser exatamente o caso da família 730, embora ainda haja algumas falhas que vamos explorar mais para frente.Antes de tudo, vamos ser diretos: a única diferença entre o 730 e o 735 é que o primeiro tem suporte a dois chips SIM permitindo
Nos últimos programas, ele tem dito coisas que não estão no roteiro do pessoal da Globo. A última delas foi uma defesa da "biografia impecável" de Dirceu perante um pelotão de velhas senhoras furiosas. Não vejo Jô, e para ser sincero não me interessa a razão pela qual ele tem saído do trilho da Globo. Mas vi um vídeo de pouco mais de um minuto em que ele falou de Dirceu. O que mais me chamou
Para os apresentadores e comentaristas dos telejornais da Globo se indignarem com apropriação indébita e sonegação de grandes empresas. Por que será, que isso nunca acontece? Briguilinas do dia>>> 
...Desde que o homem se apercebeu que seria lucrativo para ele contar com dinheiro para dois, o mercado produtor - trabalho e capital - perdeu importância. Os agiotas, financistas, rentistas e cia institucionalizaram a corrupção. Esta máxima (acima) só não vale para o Brasil. No Brasil a corrupção teve início no dia Primeiro de Janeiro de Dois Mil e Três (01/01/2003), quando Luis Inácio Lula da
A comissão nacional da verdade (CNV) divulgou ontem seu relatório final, onde relaciona 377 nomes sob a qualificação de 'autores de graves violações de direitos humanos'. Nela consta o nome de Leo Guedes Etchegoyen. Sobre o fato, nós, viúva e filhos, manifestamos a nossa opinião. Jamais fomos contatados por qualquer integrante ou representante daquela comissão, nem o Exército recebeu qualquer
no Diário do Nordeste Espanto, e enorme, provoca-me a sucessão de prisões, ao longo de todo o País, de executivos de grandes empresas ou de administradores do setor público, sob a acusação de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa / passiva, desvios de verbas, lavagem de dinheiro etc. Consultei um de meus botões - especialista em "Três meus; um, teu" - e o tal botão pediu-me cautela,
Sem manchete "espetaculosa", sem repercussão nos portais de seus jornais e sem chamada no televisivo Jornal Nacional, a revista Época, da Globo, publicou na terça-feira (9) que, a operação Lava Jato da Polícia Federal (PF) apreendeu, três semanas atrás, na sede da empreiteira Camargo Corrêa, uma tabela que relaciona políticos, obras e valores em dólares. Suspeita-se que a lista indique propinas
A melhor piada sobre a paixão dos franceses pelo Woody Allen foi feita pelo próprio Woody Allen. Naquele filme em que ele é um diretor que fica cego no meio das filmagens, continua a filmar mesmo sem enxergar nada e, claro, faz um filme que ninguém entende — a não ser os franceses, que descobrem significados ocultos no caos. O filme termina com o diretor, ridicularizado pela crítica americana,
Agora só falta o PAC do pig - regulamentação da mídia - João Augusto Briguilinas do dia>>> 
Sete Selos: Antologia Apocalípticapor Vários AutoresO medo do fim do mundo assola a humanidade desde suas primeiras civilizações. Apocalipse, Armageddon, Dilúvio, Profecias Maias... Nosso planeta nunca esteve tão ameaçado. Prever um futuro incerto e envolto em tragédia, pode ambientar nosso lar em diferentes situações e inesperados fins: fogo, gelo, água, areia, fome, pestilências,



Paulo Nogueira: Deu a louca no Jô?

Nos últimos programas, ele tem dito coisas que não estão no roteiro do pessoal da Globo.

A última delas foi uma defesa da “biografia impecável” de Dirceu perante um pelotão de velhas senhoras furiosas.

Não vejo Jô, e para ser sincero não me interessa a razão pela qual ele tem saído do trilho da Globo.

Mas vi um vídeo de pouco mais de um minuto em que ele falou de Dirceu.

O que mais me chamou a atenção ali foi uma frase de Jô simples, banal, ordinária – mas ignorada por supostos sábios do país.

Jô disse mais ou menos o seguinte: “O sujeito vê uma notícia num jornal e já sai fazendo julgamento.”

Como dizia Danusa, per-fei-to.

Lembro de um celebrado voto, no Mensação, em que o magnífico juiz começava assim: “Não se passa um dia sem que a gente abra os jornais e encontre um escândalo.”

O juiz mostrou ser um mentecapto. Porque, sabemos todos, jornais mentem, jornais inventam escândalos, jornais fazem o diabo para liquidar seus inimigos.

Claro: não apenas jornais. Mas também revistas, rádios, telejornais.

Ou você lê com cuidado e senso de crítica a mídia ou você vira um revoltado online, ou um Lobão, e vai para Brasília lutar por coisas das quais não faz a mais remota ideia, como a emenda fiscal.

Não é de hoje esse comportamento da imprensa. Mas ele se exacerbou desde que o PT subiu ao poder. Aconteceu antes com Getúlio, na década de 50, e com Jango, nos anos 60.

Todo dia, sob Getúlio e Jango, você abria os jornais e encontrava escândalos. Lacerda consagrou a expressão “mar de lama”, contra Getúlio.

O tempo mostraria que grande parte da lama era inventada para sabotar governos com foco nos mais pobres.

Como por milagre, quando está no poder um amigo dos donos da mídia, a lama desaparece. O país parece que recebeu um fabuloso banho de Omo.

Aquele juiz que usou os escândalos noticiados pelos jornais em seu voto no Mensalão ficaria satisfeito, em sua ingenuidade boçal, ao ver que somos mais limpos eticamente que a Escandinávia.

Enquanto isso, a rapinagem grassaria sob sua toga monumental sem que ele tivesse ciência.

Felizmente, para a sociedade, surgiu a internet para colocar fim, na prática, ao monopólio das grandes empresas jornalísticas.

Nem Getúlio e nem Jango contaram com um contraponto ao massacre da imprensa. Visionário, Getúlio criou a Última Hora, e a entregou ao grande Samuel Wainer, mas era um jornal numa multidão de outros dedicados a tirá-lo do poder.

Não sei, repito, o que está acontecendo com Jô. Cansaço de ficar ao lado de sabotadores como Jabor, Merval et caterva?

Insatisfação com a Globo, que decidiu tirar sua plateia e pode suprimir também o sexteto?

Só Jô pode dar a resposta correta.

A mim, pouco importa.

O que quero sublinhar é seu acerto ao dizer, a seu jeito: amigos, tomem cuidado com o que lêem na imprensa.

Briguilinas do dia>>>

A perseguição insana do pig contra José Dirceu

O último vazamento da Operação Lava Jato foi um contrato com a Camargo Correia, tentando envolve-lo com a Lava Jato, conforme reportagem da revista Época. Houve uma nota da JDA (José Dirceu e Associados): 

"A JDA informa que prestou consultoria à Camargo Corrêa, entre 2010 e 2011, para assessorar a companhia em sua atuação internacional. A JDA repudia com veemência qualquer associação de seus serviços prestados com os contratos entre a Camargo Corrêa e a Petrobras."

Tivesse o repórter um pouco mais de objetividade, teria constatado que o tal contrato já havia sido mencionado por Otávio Cabral na sua polêmica biografia sobre Dirceu.

Na página 279, Cabral fala do contrato de R$ 1 milhão por serviços prestados à Camargo Correia.

Segundo o livro, a aproximação de Dirceu com o grupo português Ongoing permitiu-lhe conhecer o advogado português João Abrantes Serra, do escritório Lima, Serra e Fernandes & Associados, de Lisboa.

A partir desses contatos, Dirceu teria tentado convencer a TAP a adquirir a Varig. Depois, passou a intermediar a compra da cimenteira Cimpor pela Camargo Correa e Votorantim. O pagamento teria sido pela compra da Cimpor.

do Jornal GGN

Imprensa familiar

Editora da Folha de São Paulo vai se declaram impedida? O marido dela trabalha para Aécio Neves


Jeferson não quis seguir carreira com Aécio
por Rodrigo Vianna
No mesmo dia, duas revelações: a campanha do PSDB assediou dois comunicadores, tentando atraí-los para a candidatura de Aécio Neves.
Jeferson Monteiro, responsável pelo perfil @dilmabr (o famoso “Dilma bolada”), disse não aos tucanos. Ofereceram dinheiro para que ele se bandeasse pro outro lado. É o que diz o Jeferson (leia abaixo a carta boladíssima, em que ele esculhamba a campanha do PSDB).

Aécio e Veja: aliança agora explícita
Otavio Cabral, jornalista da revista “Veja” disse “sim” aos tucanos. Cabral é o mesmo que escreveu uma biografia de péssima qualidade sobre o ex-ministro José Dirceu. Mario Sergio Conti (que de petista não tem nada, mas mantem o hábito de escrever em português intelígível, e de desprezar jornalistas que pisoteiam a verdade factual) esculhambou o Cabral. Disse que a biografia é “invencionice delirante”.

Aécio não se importou com isso. O sujeito é ruim de apuração, escreve mal? Não tem problema nenhum. Importante para o PSDB é consolidar as alianças formais com a mídia velhaca. Assim como tenta fechar com o Meirelles do PSD para vice, Aécio propõe aliança formal com a Abril. São partidos políticos: Abril, PSDB, Folha, Globo, DEM. E jogam juntos. Os cabrais fazem o serviço sujo enquanto os patrões se acertam pelo alto.

Jeferson não foi para a campanha de Aécio, ok. Mas Cabral, a rigor, também não “foi”. Ele sempre esteve nela. Jamais deixou de estar. Agora formalizou tudo.  Outro fato: Cabral é casado com a editora da coluna ”Painel” da “Folha” – dedicada a temas da Política. A tal editora (Vera Magalhães) vai-se declarar impedida para publicar qualquer nota sobre a eleição presidencial? Bobagem. A mulher de Ali Kamel (Patricia Kogut) assina a coluna de TV de “O Globo”. E não há qualquer impedimento. Tudo se resolve em casa. Mirem-se no exemplo daquelas mulheres… 

A mídia velhaca brasileira é um grande acerto familiar. A Revolução de 30 não chegou à imprensa – que vive como se ainda estivéssemos na República Velha.

Jeferson é o ponto fora da curva nessa história de acertos familiares. Não é à toa que os cabrais, mervais, kamels e koguts sejam filhos da … (ops, calma) velha imprensa. Enquanto os jefersons, cloacas e outros detestados pelos kamels e mervais são resultado da revolução digital.

O Aécio está errado? Não. Claro que não. Ele se cerca de gente da mais absoluta confiança. Já o PT faz o que? Contrata para SECOM, para campanha e tudo mais, jornalistas ligados ao tucanato.

Cabral segue firme, construindo uma gloriosa biografia no jornalismo familiar, cujo subproduto é o tucanato.

Jeferson fez uma opção diferente. O que posso dizer é que, ao recusar o convite do PSDB, o criador de “Dilma bolada” perdeu a chance de construir – ao lado de Aécio – uma longa e brilhante carreira.

A Carta de Jeferson no Facebok

Acabou a ditadura fardada, começou a ditadura togada

Acabou a censura fardada, começou a censura togada

“Desde que acabou a ditadura, você vai perceber que em alguns momentos fica muito claro, em certos setores da sociedade, que acabou a censura fardada e começou a censura togada”, diz Morais.

Ele cita como exemplo a proibição de obras literárias pelo Judiciário. “Quem está censurando livro no Brasil? Quem tirou livro do Ruy Castro de circulação, que decretou a incineração da biografia do Roberto Carlos, quem é que me condenou a pagar multa se eu falasse em público de um trecho de um livro meu?”, questiona. 


“Nem a ditadura fez isso. Fez pior, matou, torturou, mas nunca proibiu um autor de falar publicamente sobre seu trabalho. Quem está fazendo isso? A ditadura, a censura togada.”

Os fatos que envolvem José Dirceu são um “negócio armado”. “Não me surpreendo mais, perdi a ilusão. Sempre fui muito pessimista sobre esse processo [do mentirão], desde o começo, sobretudo quanto ao Dirceu, que eu achava que ia para a cadeia”, conta. “Porque a cada dia que passava ficava mais claro que se tratava de um processo político, um processo simbólico, porque, embora tenham escolhido o Dirceu para ser o ‘cabra marcado para morrer’, no fundo estão tentando condenar o PT, o Lula, a Dilma, o primeiro governo progressista que este país tem em muitas décadas.”

Fernando Morais 

Covardia - Roberto Freire mostra que consegue superar-se ao atacar Dirceu

A nova contribuição de Roberto Freire para atualizar sua biografia consiste em pedir o bloqueio das doações destinadas
a José Dirceu. 
 
Vamos combinar: é uma covardia absoluta  atacar um cidadão preso. 
 
Dirceu não tem como defender-se, não pode dar entrevista nem explicar seu pronto de vista a ninguém. 
 
Vítima de uma denúncia infame, sem pé nem cabeça, desmontada pela direção do presídio,  Dirceu é mantido há 90 dias sob
regime fechado, embora tenha direito legítimo ao regime semiaberto, conforme já foi reconhecido pelo ministro Rciardo Lewandovski. 
 
Embora não se pratique a tortura na Papuda, como acontecia nos tempos em que o pai de Tuminha -- novo amigo do deputado -- 
reinava no DOPS, basta ter alguma sensibilidade para se reconhecer que Joaquim Barbosa aplica aos condenados da AP 470 um regime de terror. 
 
Os direitos estão suspensos, o perigo pode vir de qualquer lugar e aquilo que que deveria ser o traço máximo da Justiça -- a previsibilidade -- já deixou de existir. 
O que se quer é a execução social dos prisioneiros, que devem ser reduzidos a condição de seres manipuláveis e disponíveis, sem consciência nem vontade própria.
As doações mostram que esse esforço é inútil.
Para desespero de quem imaginou que os prisioneiros seriam levados ao ostracismo -- como o próprio Joaquim cobrou da imprensa -- a campanha confirma que eles têm base social e reconhecimento. 
 
Com todas as diferenças que se possa  imaginar, as doações de 2014 lembram a reação dos militantes do PT em 2005, quando 312 000 filiados participaram da escolha da nova direção do partido, surpreeendendo aqueles que apostavam na derrocada final da legenda depois da denúncia de Roberto Jefferson e das CPMIs do Congresso. 
 
O ataque a Dirceu comprova, por outro lado, que Roberto Freire conseguiu  superar-se. Perde referencias, abandona o próprio passado. Não é tudo por dinheiro, como aqueles infelizes nos programas de auditório. É tudo para aparecer na mídia. Tudo. At~e a coragem dos covardes, que batem em indefesos.  
 
Dias atrás se alinhou a Romeu Tuma Jr para pedir uma investigação sobre a insinuação de que Luiz Inãcio Lula da Silva teria sido informante da ditadura.
Fernando Henrique Cardoso deixou claro, numa entrevista ao Manhathan Conection, que está fora desse jogo sujo. 
 
Mas Roberto Freire mergulhou na lama sem receio de manchar sua biografia.  
Porque toda pessoa que tenha participado da resistencia a ditadura sabe que insinuações sobre personagens da luta contra o regime  -- Lula é só o último exemplo entre tantos -- destina-se a acobertar os verdadeiros carrascos, os que comandavam a tortura e as execuções. 
 
Já era sintomático, semanas atrás, que Roberto Freire tenha apelado a Comissão da Verdade para apurar o papel de Lula.
Era muito mais fácil e decente pedir que se apurasse, prioritariamente, o papel de Romeu Tuma, pai, homem de confiança
dos militares, cujo papel no aparelho repressivo, em São Paulo, foi embranquecido e passado a limpo, a tal ponto
que no fim da vida era tratado como amiguinho -- e até como democrata -- pelos desavisados, ingenuos e interesseiros. Bastava uma conversinha com vozes do porão para se saber de outras coisas.  
A farsa, a fraude, o absurdo reside nisso. Para acobertar um papel vergonhoso e lamentável durante o regime militar,
procura-se espalhar a calúnia, a mentira, sobre pessoas contra as quais não há fato algum. Toda vez que fez uma
insinuação sobre Lula, seu filho (ajudado por Roberto Freire) deu um lustro na estátua do próprio pai. 
Compreende-se que um filho  faça isso. Até que anuncie um segundo volume com novas besteiras. Todo mundo precisa ganhar vida e nunca faltarão amiguinhos sem pudor para dar auxílio e divulgação. Amor filial existe. 
E amor próprio?
Um deputado comunista, que perdeu vários companheiros nas masmorras onde Tuma agia como
um gerente -- que jamais ajudou a localizar um desaparecido, nunca deu uma pista para condenar um torturador -- não deveria portar-se de modo tão vergonhoso. 
 
Também não deveria, agora, agredir quem não tem como se defender.
Paulo Moreira Leite

Nem na Rússia czarista petista seria proibido de ler

por Felipe Carvalho Olegário de Souza, especial para o Viomundo

Iniciei, nesta semana do Natal, a leitura do terceiro volume da biografia/estudo crítico da obra de Fiódor Dostoiévski, escrita por Joseph Frank, intitulado Os efeitos da libertação.
Cuida esse livro da fase “pós-Sibéria” (onde cumprira pena por crime político) da vida/obra daquele que considero, sem maiores pretensões, o maior escritor de todos os tempos.
Historicamente (1860 a 1865), é momento de grande agitação política, cultural e social na Rússia czarista, no qual vários setores da intelligentsia disputavam que modelo de governo seria o ideal para garantir direitos aos mujiques, cujo desprezo fazia parte da educação das classes mais abastadas.
A expressão “Rússia czarista”, ainda hoje, faz estremecer o mais corajoso oposicionista, em qualquer parte do mundo, por conta da força extrema utilizada pelo governo para reprimir a mínima discordância que fosse ao poder estabelecido.
Pois bem.
Narra Joseph Frank (Os efeitos da libertação, p. 203 e seguintes) que, por volta de 1861, o governo czarista determinou a prisão de vários estudantes que haviam distribuído panfleto denominado “O Grande Russo”, considerado subversivo pelas autoridades.
Diz o biógrafo que os estudantes confinados na temida Fortaleza de Pedro e Paulo recebiam visitas diárias de intelectuais e apoiadores da causa, que, entre outros presentes, entregavam-lhes livros para suavizar a dor da ausência de liberdade.
Imediatamente, veio-me à mente as restrições impostas pela Administração do Presídio da Papuda à leitura por aqueles que ali estão presos. Para completar a medida “moralizadora”, os livros entregues por amigos a José Dirceu e Delúbio Soares foram “obrigatoriamente doados” (a expressão que ofende à língua de Camões está contida no texto d’O Estado de S. Paulo) à Biblioteca do referido estabelecimento prisional.
Ao ler o teor das notícias veiculadas sobre tal fato, mormente pelos sites, jornais impressos e telejornais da “grande mídia”, mesmo descrente de alguma imparcialidade por parte desses, esperava haver ali um mínimo de indignação.
Se é inadmissível a “frieza” do profissional das letras (para mim, jornalista ainda é profissional das letras) sobre os fatos acima, como qualificar a reação midiática de considerar “privilégio” a leitura por tempo indeterminado pelos detidos na Papuda?
Não bastasse terem sido mutilados os direitos constitucionais de José Dirceu e Delúbio Soares ao duplo grau de jurisdição e ao cumprimento da pena somente após o trânsito em julgado da condenação, aos dois réus, pelo menos essa é a impressão que se tem a partir dos escritos difundidos por VejaEstadãoFolha de S. PauloO Globo etc., não é suficiente o cárcere, deveriam os petistas sair “piores” do que entraram.
Lógico que o regime prisional impõe obrigações inafastáveis ao preso, conforme previsão da Lei de Execuções Penais, art. 39. Pelo que se sabe, Dirceu e Delúbio não se escusaram de cumprir tais deveres (limpeza e conservação da cela, obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; urbanidade e respeito no trato com os demais condenados etc.).